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Subsídios para o estudo da hygiene e demographia da cidade de Bragança

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SUBSÍDIOS

HYGIENE E DEMOGRAPHY

CIDADE DE BRAGANÇA

DISSERTAÇÃO INAUGURAL

APRESENTADA. Á

Escola Medico-Cirurgica do Porto

PORTO

Typ. a vapor da Empreza Litteraria e Typographica

178 — Bua de D. Pedro —184 1903

(2)

Escola Medico-Ginirgica do Porto

Director—ANTONIO JOAQUIM DE MORAES CALDAS Lente secretario interino— JOSÉ ALFREDO MENDES DE MAGALHÃES

Corpo ca/tliecLratic© Lentes cathedraticos i.' Cadeira—Anatomia

descripti-va geral Luiz de Freitas Viegas

2.» Cadeira—Physiologia . . Antonio Placido da Gosta 3.* Cadeira—Historia natural dos

medicamentos e materia

me-dica Illydio Ayres Pereira do Valle 4." Cadeira —Pathologia externa

e therapeutica externa . . Antonio J. de Moraes Caldas 5." Cadeira—Medicina operatória Clemente J. dos Santos Pinto 6.a Cadeira—Partos, doença das

mulheres do parto e dos

re-cem-nascidos Cândido A. Corrêa de Pinho 7." Cadeira—Pathologia interna

e therapeutica interna . . José Dias d'Almeida J.°r 8." Cadeira — Clinica medica . Antonio d'Azevedo Maia 9." Cadeira—Clinica cirúrgica . Roberto B. do Rosário Frias 10.a Cadeira—Anatomia

patholo-gica Augusto H. d'Almeida Brandão

ll.a Cadeira — Medicina legal. . Maximiano A. d'Oliveira Lemos 12." Cadeira—Pathologia geral,

semeiologia e historia medica Alberto Pereira Pinto d'Aguiar 13." Cadeira—Hygiene . . . João Lopes da S. Martins Junior 14.a Cadeira—Hystologia . . . José A. Mendes de Magalhães lo." Cadeira—Anatomia

topogra-graphica Carlos Alberto de Lima

Lentes jubilados

Secção medica José d'Andrado Gramaxo Secção cirúrgica . . . ^ Pedrí> Augusto Dias

s s ( Dr. Agostinho A. do Souto

Lentes substitutos

Secção medica j Xaga

Secção cirúrgica \ YaP . T -, „ T .

* b l Antonio J. de Sousa Junior

Lente demonstrador

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1

AO MEU DIGNÍSSIMO PRESIDENTE DE THESE,

O TALENTOSO PROFESSOR,

dll.mo e &xmo Sm.

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0 desideratum ultimo do hygienista, ao de-frontar-se-lhe o intrincado problema da hygiene urbana, depois de afincadamente ter rebuscado todos os dados necessários para o resolver, dde a ddemographia do agglomerado até ao es-tudo dos males physicos da unidade social em si e nas suas causas, é, por um lado, atalhar e prevenir taes males, por outro, salvaguardar a saúde das populações, revigorando-as.

Mas, para conseguir esse fim, são precisos os esforços das melhores boas-vontades e o con-curso das intelligencias mais robustas; e,isso, porque a sobrecarga de estudo e a energia a desenvolver são demasiado pesadas, para hom-bros mesmo de um gigante.

Já no estudo de cada um dos dados — ques-tões de per si bastante complexas — precisa de

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outras sciencias lhe podem fornecer para attin-gir a finalidade a que mira ; mas a tarefa mais se difficulta ao querer conjugar, relacionar e confrontar entre si esses dados, depois de os ter feito passar previa e cuidadosamente por uma investigação minuciosa e cheia de critério, de maneira a tirar d'elles as conclusões as mais seguras em problema de tão alta importância social.

Ao escolher para assumpto da minha these um assumpto de hygiene urbana, só bastante tarde, depois de embrenhado já n'um labyrin-tho de questões, lhe vi as difficuldades.

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com elle, implicitamente poderia indicar pre-tensão da minha parte em as remover.

Mas não tive tal intuito.

Não me seja tomado, pois, o atrevimento á conta de tola vaidade.

Como ao ver o terreno que pisava não ti-vesse já tempo de sobejo para escolher novo assumpto; pondo este de parte, decidi não de-sistir e sim continuar, contribuindo com os ele-mentos que podesse adquirir para o estudo da demographia e hygiene da cidade de Bragança, na certeza, porém, de não poder apresentar, como seria meu desejo, um trabalho tão com-pleto quanto me fosse possivel.

Quem foi, de resto, modesto alumno d'um curso medico não pode realisar obra que resulte de valia.

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Braga e Olympio Cagigal, illustres clínicos de Bragança, a boa-vontade corn que me fornece-ram grande numero de indicações para a fei-tura do meu trabalho, que tão pobre é por ser elaborado por mim.

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9

DA ORIGEM E DESENVOLVIMENTO

DA

CIDADE DE BRAGANÇA

I

Estende-se até aos dominios da lenda e n'elles se perde, a origem de Bragança, por alguns con* siderada como remontando aos tempos de Moysés, por outros, aos tempos de um certo rei chamado Brigo, que governaria a Hespanha, ahi por o anno 1900 antes da era Christã e do qual querem estes últimos derivar o nome da cidade.

Sem documentos nem factos que justifiquem taes assertos, que a phantasia de certos escripto-res creou, só posso affirmar, por o que li, que o local aonde hoje assenta a cidade de Bragança, assim como parte da região visinha, foi habitada desde os primitivos tempos.

Vestígios encontrados por os archeologos co-mo sejam, machados e facas de silex, o co-

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mento megalitbico da Porca da Villa e alguns

cas-tros ou circos, provam tal affirmação.

Vestígios mais nítidos do domínio romano têm sido descobertos na região e colhidos rebuscando archivqs, por quem cuidadosamente os tem procu-rado, estudado e colleccionado com a boa vontade de fazer algo de util ao tratar de historiar e es-tabelecer a origem da cidade de Bragança.

A Brigantia dos romanos, que parece ter adqui-rido com elles uma importância grande pelo eleva-do numero de «castros» —restos de povoaeleva-dos mor-tos de que ainda hoje existem vestígios — é con-siderada pelos melhores chorographos como sendo o território de que todas essas povoações extin-ctas 'fizeram parte.

Mas, seria no local aonde a Quinta da Bem-querença se estendeu e aonde hoje se ergue a ci-dade de Bragança, que existiu a povoação chama-da Brigantia, mais tarde Juliobriga em honra de Julio Cesar?

Documentos ha em virtude dos quaes no es-pirito fica a ideia de que ahi, ou proximo do local aonde esteve o berço da actual cidade de Bra-gança— a Bemquerença do começo da nossa mo-narchia — existiu uma povoação romana com esses nomes, embora as investigações archeologicas fei-tas in loco não tenham, aparte pequenos indícios, dado o resultado desejado de maneira a valorizar taes documentos, comprovando-os.

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23

É exactamente essa falha que tem levado al-guns archeologos a considerar como cabeça da re-gião da Brigantia certos «castros» aonde, mais do que aqui, se teem encontrado vestígios da do-minação romana.

Mais tarde, com a invasão destruidora dos bár-baros, o povoado, escapado á sorte de muitos ou-tros, não desappareceu por completo.

Ainda que as noticias históricas da cidade actual n'essa epocha sejam incertas e, em períodos lar-gos, falhem, encontramos o povoado com a deno-minação de Vergança ou Bergança, pelo século ix com a dominação dos Suevos.

Crescendo de importância depois, com os Go-dos, foi mais tarde completamente destruído pelos arabes.

De novo attinge essa importância no governo dos reis de Leão,'fazendo parte d u m condado feu-datario, para por ultimo perder até.o nome.

Por fim, com a designação de Quinta da Bem-querença, apparece-nos no começo da dynastia, até que D. Sancho i, mandando por foral de 1187 estabelecer uma colónia n'esse logar, elle passa, pouco depois, a chamar-se Bragança, adquirindo somente foros de cidade em 1464 por alvará de D. Affonso v.

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I I

Seria interessante e instructive) seguir, pouco a pouco e bem de perto, as variações da sua po-pulação desde a pequena colónia, accumulada na cerca do Castello e fundada por D. Sancho I, até aos dias d'hoje; tomando conta, ao mesmo tempo, das causas que retardaram ou acceleraram o seu desenvolvimento.

Mas, para isso, seria preciso dispor de tempo, que não tive, para ir aos archivos rebuscar e com-pulsar documentos authenticos, que nos dissessem que modificações a sua população vem soffrendo, e quaes as causas que contribuíram para taes mo-dificações— tarefa muito espinhosa e em que ha-via a temer insuecesso, pois,- como é sabido, os elementos estatísticos n'essa epocha falham quasi por completo.

As influencias diversas que pesaram sobre os movimentos da população do paiz nas edades me-dia e moderna, em que as condições nosologicas, os princípios sociaes, económicos e hygienicos eram tão différentes dos d'hoje, deviam reflectir-se n'el-la necessariamente.

Além d'outras causas, as continuadas guerras contra os lyonezes e castelhanos nas luetas da in-dependência, as guerras civis e as da invasão na-poleonica, durante as quaes a cidade soffreu

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va-->b

rios cercos e nos arredores da qual se deram mui-tos combates, vendo os seus campos devastados pelas correrias inimigas, evidentemente lhe de-viam acarretar variações de movimento popula-cional.

As suas condições topographicas e militares, n'um tempo em que a guerra se limitava quasi que exclusivamente a uma serie de arremettidas e defezas, Bragança, que era como que uma alerta vigilante contra as investidas castelhanas, deveu principalmente a sua existência.

Ainda hoje, a cidade, conserva vestígios d'es-sas epochas e nos mostra monumentos que o tem-po não derruiu tem-por completo.

Pouco populosa ainda no reinado de T>. João i, que, para a desenvolver, ahi mandou estabele-cer uma feira franca annual, começa a accentuar-se o seu progredir com o governo dos duques de Bragança.

Tendo, já em 1531, muito maior importância commercial do que hoje tem, em 1846, então, a cidade enche-se de centenares de teares manufa-cturando seda, velludo e gorgorão, tecidos que eram mandados para todo o reino e para o ultra-mar; a cidade sustentava ao mesmo tempo um grande commeroio com os hespanhoes.

Actualmente desappareceu tudo por completo; assim também, em logar d u m a população opera-ria, vê-se um agglomerado vivendo principalmente

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do regimen agrícola e da creação dos suideos, n'u-ma miséria enorme, apertado n'um estreito circu-lo, sem tendência a desenvolver-se, mal alimen-tado, habitando casebres immundos, sem, hábitos de limpeza e sem as mais rudimentares noções de hygiene individual e domestica.

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A CIDADE ACTUAL

Climatologia

Para fazer o estudo das condições climatéricas d'uma região qualquer, importa necessariamente conhecer a sua formula meteorológica, formula que só pode ser obtida effectuando observações regulares e n'um largo periodo, no que diz res-peito ás suas temperaturas médias, ás suas oscil-lações e variações thermicas decenaes, annuaes e diárias, á humidade, ao estudo da pressão athmos-pherica, ao conhecimento dos ventos predominan-tes, etc. ; só então, digo, poderemos tomar conta da maneira de 'ser habitual da athmosphera nos logares.

Mas, a cidade, pobre n'isto como em tudo o mais, não podendo com os encargos de despezas que um posto meteorológico acarreta, dispensa-se pela força das circumstancias d'um luxo que a grande maioria das cidades do nosso paiz não usufrue.

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Na impossibilidade de apresentar esses dados, importantíssimos e indispensáveis para o estudo das condições climatéricas da cidade, não deixarei, apezar d'isso, de frizar que a temperatura no in-verno é aqui extremamente baixa, descendo a co-lumna thermometrica, muitas vezes, alguns graus abaixo de zero, devido, por um lado, á sua alti-tude, por outro, á notável influencia que a serra hespanhola de Senabria exerce sobre esta região em virtude de se encontrar quasi todo o anno co-berta de neves.

O vento norte, ao passar por os gelados cumes da serra, extremamente frio e secco, vem exercer a sua influencia thermica sobre a planicie que per-corre.

O vento frio do nordeste, aqui predominante, contribue ainda para um tal rigor de estação.

O não participar, a par d'isso, do benéfico in-fluxo egualisador do Oceano, porque a noroeste a serra de Montesinho lhe tira essa regalia, ao servir-lhe de anteparo, é uma das causas que ás outras se junta para tornar os invernos tão ás-peros.

É esta causa ainda que, no verão, contribue para as altas elevações de temperatura da cidade, em parte devidas também á escassa arborisação dos arredores.

O thermometro accusa muitas vezes 33° cen-tígrados á sombra.

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São muito frequentes, n'esta estação, as varia-ções bruscas e irregulares de temperatura, no mes-mo dia ou d'um dia para o outro. Chega mesmes-mo a observar-se uma differença de 15° centigrados do dia para a noute.

A primavera é fria e húmida; o outomno, a mais amena e temperada das estações.

O adagio popular de que Bragança tem 9 me-zes de inverno e 3 de inferno, é justificado por estes dados.

Situação

A cidade de Bragança, situada n'uma região muito montanhosa e extraordinariamente acciden-tada, quasi que no extremo nordeste da província de Traz-os-Montes, a 41° 49' de latitude, a 2o 20' de longitude oriental pelo meridiano de Lisboa, á altitude de 650m, assenta n'uma planície da mar-gem esquerda do rio Fervença, entre duas collinas que a limitam e resguardam a leste e a oeste ; a oeste, o cabeço do Forte de Cavallaria, com 717m de altitude; a leste, a collina da Villa, com 695m.

Protegida ao norte pela Serra de Senabria, a poente pela Serra de Nogueira e a noroeste pela de Montesinho, que, respectivamente, se encon-tram ás distancias de seis, uma e três léguas da

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cidade e teem as altitudes de (?), 1325 e 1376 me-tros, .Bragança é abrigada ao sul, em quasi toda a sua extensão, pelo cabeço de S. Bartliolomeu, de 833'" de altitude, no sopé do qual corre o rio Fervença que, nascido nos flancos da serra de Nogueira, a pouco mais de uma légua de distan-cia, vem limitar toda a parte sul da cidade, para correr n'ella extremamente apertado e como que sumido no fundo dos escarpados declives da col-ima da Villa e do Cabeço.

Topographia

Estendendo-se, como disse, da Collina da Villa ás faldas da encosta do Forte de Cavallaria, n'uma direcção leste-oeste accentuada, é, em dimensões, mais comprida do que larga.

A duas praças, como extremidades d'um eixo longitudinal que percorresse a cidade, respectiva-mente situadas nos sopés das duas collinas, vão convergir as principaes ruas do agglomerado ur-bano.

Na extremidade oeste fica a praça rectangular da Sé. Dos ângulos do lado voltado para oeste, partem duas ruas principaes que, divergindo, for-mam entre si um angulo agudo: a dos Oleiros,

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que caminha para noroeste, e a de Fora de Por-tas, para oeste.

A rua do Conselheiro Eduardo Coelho seguin-do a direcção norte-sul, corta ceseguin-do as duas pri-meiras, e continua-se, a partir dos pontos de cru-zamento, mudando ligeiramente de direcção, com a do Conde Ferreira, a nordeste, e a do Loreto, a sudoeste, de maneira a descrever com estas duas ultimas uma curva na concavidade da qual se en-contra, a collina que contornam.

Dos ângulos do lado este, partem também, e quasi que parallelamente, duas outras ruas prin-cipaes : a de Traz, continuada pelas ruas da Al-fandega e S. Francisco que, pelo norte, vão con-tornar a collina da Villa; e a rua Direita que ap-proximadamente se confundo com o eixo de dire-cção leste-oeste e que termina na praça situada a leste — a chamada praça de Baixo.

D'esta outra praça partem ainda duas ruas de grande inclinação que sobem, n'uma direcção leste, pela encosta da Villa : a Costa Grande e a Costa Pequena. Entre a Costa Pequena e a rua da Alfandega ha a rua da Amargura.

Dois largos: o de Camões, e o de Santo An-tonio, estão situados, o primeiro ao sul da rua Direita e proximo da sua extremidade oeste, o se-gundo, ao norte da rua do Conde Ferreira.

A nordeste d'esté largo encontra-se ainda o cemitério publico.

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Bairros peripherics, agglomerados de casas de construcção a mais primitiva, como que en-quadram a cidade, limitando-a.

Ao sul, os bairros dos Batocos, Moreirinhas, e Além do Eio, este ultimo situado no começo da encosta do cabeço de S. Bartholomeu e ligado á cidade por uma antiquíssima ponte de alvenaria; ao norte, os bairros da Estacada e do Picadeiro ; a este, o da Villa, cercado pelos muros da antiga fortaleza e aonde uma densa população se agglo-méra; a oeste, os da Calleja do Forte, da Calleja das Pedras e o da Boa-Vista.

Travessas e outras ruas de menor importância ligam entre si os largos, praças, ruas e bairros cuja topographia acabamos de esboçar.

Os seus campos circumvisinhos onde outr'ora se colhia vinho em abundância produzem hoje, apenas, cereaes, batatas, castanhas e legumes.

Orientação e Plano

A sua orientação, em que a irregularidade pre-domina, o que de resto acontece com todas as cidades antigas, não obedece a um plano formado antecipadamente de maneira a respeitar as mais elementares regras hygienicas desconhecidas cie então.

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Via Publica

As onze ruas principaes da cidade são sufi-cientemente largas, e de onde a onde cortadas por ruellas transversaes. Marginadas por casas pouco elevadas, satisfazem assim, debaixo d'estes pon-tos de vista, ás condições requeridas por a hy-giene da via publica.

As correntes de ar circulam facilmente ; ha-veria luz bastante para banhar as habitações se estas, a seu turno, fossem edificadas obedecendo aos preceitos que a hygiene aconselha na sua construcção.

A inclinação d'algumas ruas não é tão grande que produza fadiga percorrel-as e é bastante para

favorecer um escoamento fácil das aguas pluviaes. Algumas ha, é certo, como a Costa Grande,

que são muito Íngremes.

Nas ruellas transversaes e nos estreitos beccos

que cruzam os immundos bairros da cidade, a luz mal apparece, como que envergonhada de mostrar tanta immundicie.

O ar que se respira não se renova: enriquece-se á custa de princípios orgânicos que o inquinam. O pavimento das ruas é uma superficie cheia de asperezas, coberta de monturos, onde se accu-mula toda a espécie de immundicie, excellente

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veiro para milhões e milhões de bactérias que ahi encontram um bom meio de cultura.

Nos beccos da cidade, principalmente, onde não ha oxygenio para queimar a substancia orgânica e luz para destruir esses micro-organismos, são os monturos, perigosos focos de infecção.

Só por excepção, em muito poucas das princi-paes ruas da cidade, é que se não vêem os animaes domésticos passear livremente pela via publica.

Os regulamentos em vigor, a este respeito, são aqui, letra morta.

A limpeza publica é descurada.

Os habitantes, na sua grande maioria, seguem na esteira do desleixo administrativo ; não cuidam da sua hygiene individual, uns porque lhe não nhecem, talvez, os benefícios, outros porque, co-nhecendo-os, os desprezam.

Casas

A construcção das casas que, mesmo nas ruas principaes do centro da cidade é má, nos bairos periphericos e ruellas transversaes é, então, per-feitamente primitiva.

A par de algumas casas de boa apparencia exterior, de construcção moderna, encontramos muitas casas antigas, cujas paredes espessas,

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ver-35

dadeiras muralhas, assentam sobre um fundo tér-reo de natureza schistosa, empedrado e transfor-mado em pateo, de maior ou menor largura, onde começa uma escadaria de granito que conduz ao interior da habitação.

Esta é dividida em acanhadíssimos quartos, baixos e estreitos, com cubagem insuficiente, com pouco ar e pouca luz, que recebem por postigos ou por janellas estreitíssimas.

A cosinha, pequena ou grande, está situada geralmente n'um recanto da casa, em franca com-municação com ella, e é quasi sempre mal are-jada e sem luz. É ahi, ao lume da lareira, ou em

quartos com a tradicional brazeira transmontana, que se accumulam todas as pessoas da casa, nos frigidissimos dias d'inverno.

Mas, indo vêr o casario dos seus bairros e niel-las transversaes, não se chega a comprehender co-mo seres humanos possam ahi viver.

Creio dar uma ideia de como são construídas essas habitações, em algumas das quaes entrei, pela descripção d'uma casa do bairro da Villa.

Quatro paredes esburacadas por onde o ar pas-sa livremente, formam-lhe o recinto; uma trave ao comprido, outras transversaes, e telha a cobrir este travejamento, eis o tecto. Um fundo térreo, húmido sempre, mesmo no rigor do verão, e mui-to abaixo do nivel da rua, é o seu pavimento.

Um sobrado de madeira, fendido, lascado pela *

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humidade, divide este espaço em dous andares, ou antes em duas tocas, uma térrea, para os ani-maes domésticos, aonde se accumula a estrumeira, outra, dividida em dous compartimentos, servindo um, de cosinha e sala de jantar, e outro, de dor-mitório para toda a família.

Casas ha ainda com o andar térreo somente, dividido em dous compartimentos por um tabique de madeira carunchosa e communicando entre si por uma pequenissima porta.

Os animaes dormem então com as pessoas da casa, que nada se preoccupam com essa repugnan-te promiscuidade.

As habitações d'estes bairros são construidas, com pequenas variantes, segundo estes dois typos.

É em casas como estas, sem ar, sem luz, cheias de immundicie, que vivem amontoadas cinco a seis pessoas e mais, porcas e esfarrapadas, enfezadas e cheias de fome, cuidando mais em que não fal-te a vianda ao porco do que na sua limpeza indi-vidual e domestica.

Com taes hábitos hygienicos só tomando em conta as condições naturaes da cidade, se pôde ex-plicar o não terem adquirido as epidemias que por vezes a teem visitado um grande caracter de ex-pansão e gravidade.

A civilisação da cidade avaliada pela sua limpeza publica e individual, deve ser das mais baixas. E assim é realmente. Uma grande

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igno-m

rancia' corresponde á miséria e á falta de hygiene dos seus habitantes.

Hospitaes

Tem a cidade dous hospitaes : o civil, ou da Misericórdia, e o hospital militar.

O hospital civil não satisfaz de forma alguma as necessidades d'uma população tão pobre quanto numerosa.

Antigo e acanhado edifício, situado no centro da cidade, fazendo corpo com a Egreja da Mise-ricórdia e encravado entre habitações, proximo do insalubre bairro da Estacada, é tudo quanto ha de mais anti-hygienico.

Dous velhissimos aposentos onde o ar dificil-mente tem' accesso, um destinado a homens, outro a mulheres, com seis camas cada um, servem de enfermarias.

Com altura apenas de dous metros, mal po-dem ter cubagem para mais de duas pessoas.

Mal arejadas e sombrias por só receberem ar e luz por as poucas e pequenas janellas que pos-suem, a ellas não cabe propriamente o nome de enfermarias hospitalares.

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pre-sos'que estejam doentes, e um quarto particular com uma cama.

Sem uma sala de operações, sem um pavilhão de isolamento para doentes affectados de molés-tias contagiosas e sem espaço onde se possam construir, está ainda, pelas suas dimensões e si-tuação, em lucta aberta contra as mais elementa-res regras da hygiene hospitalar.

Como typo de habitação hygienica, está ena relação com as habitações da cidade.

HOSPITAL MILITAR

O antigo e espaçoso convento de S. Francisco, transformado hoje em hospital militar, já se en-contra em melhores condições hygienicas.

Situado ao norte do bairro da Villa, isolado e um pouco afastado da cidade, apresenta boas en-fermarias com ar, luz e capacidade sufficiente, de maneira a accommodar em regulares condições a população militar doente.

Este modesto hospital, apesar de não ter uma enfermaria de isolamento, podo aproveitar, no en-tanto, em casos de epidemia, uma ou duas salas próximas d'essas enfermarias.

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Aguas

A AGUA DO RIO

A agua do rio Fervença, recolhendo e accum-mulando todas as immundicies que a canalisação de exgotos ahi lhe verte, e sem corrente sufhciente para as remover, servindo, além d'isso, para a lavagem das roupas, é imprópria para o consumo.

É agua estagnada, d'um perfeito charco, gor-durosa e impura.

AGUA POTÁVEL

A cidade é abastecida de agua potável em quantidade snfficiente para as necessidades do consumo, somente.

Essa agua provém de quatro fontes respecti-vamente chamadas da Fontainha, do Jorge, da Avelleira e Santa Clara, e, além d'isso, de dous reservatórios situados fora da cidade, dando agua em abundância.

Uma canalisação distribue a agua d'estes re-servatórios pela cidade, por intermédio de marcos fontenarios, situados nas suas différentes ruas.

Da analyse feita em 1900 a estas aguas, pelo distincto clinico snr. dr. Olympio Cagigal, que

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teve a amabilidade de me fornecer os resultados, conclue-se que as melhores aguas sob o ponto de vista microbiológico são as dos dous reservató-rios, que deram pela analyse bacteriológica os se-guintes resultados: duas placas, semeadas em abril d'esse anno, conservaram-se estéreis. Não são, comtudo, as mais agradáveis ao paladar.

A analyse da agua das fontes revelou o que segue :

A agua de Santa Clara é riquíssima em coló-nias, apresentando estas, duas espécies différentes de bastonetes, grossos e curtos, fundindo uma, e outra não, a gelatina.

Na agua do Jorge ha a notar quatro espécies différentes, mas um menor numero de colónias do que na agua de Santa Clara. A primeira, formada de bastonetes compridos, funde ligeiramente a gelatina; a segunda, de bastonetes curtos, não a funde; a terceira, constituída por cocus, funde-a muito lentamente, desenvolvendo, ao mesmo tem-po, bolhas gazosas, que se encravam na porção ainda não fundida; e a ultima, idêntica á terceira, é caracterisada por não fundir rapidamente esse meio.

A agua da Avelleira, ainda menos rica do que a anterior, é formada por uma só espécie de co-lónias, constituída por grossos cocus que fundem rapidamente a gelatina e não produzem bolhas gazosas; caracter que as distingue da quarta

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es-41

pecie, que entra na formação das colónias da agua do Jorge.

A agua da Fontainha, de todas a menos rica em colónias, apresenta uma só espécie, formada de micro-cocus que deprimem, mas não fundem a gelatina.

Ha annos, as aguas dos reservatórios revela-ram a existência de colli-bacillos ; actualmente, depois de feita uma boa canalisação, são as me-lhores. É por isso que, de preferencia ás das fon-tes, devem ser usadas como bebida.

No entanto, como a agua das fontes, especial-mente a das três ultimas, seja mais saborosa do que a dos reservatórios, é aquella que, para seu uso, os habitantes escolhem com mais agrado.

Canalisação de esgotos

A canalisação de esgotos é formada de canos de pedra pouco resistentes, e n'alguns pontos fra-gmentados, com pequena inclinação, fracas dimen-sões e pequena secção, mal cimentados ou sem re-vestimento impermeável, á excepção de dous, que correspondem ás ruas de mais declive.

Existindo só nas principaes ruas da cidade, ella corre umas vezes ao lado, outras, sobrepos-ta á canalisação das aguas, para terminar quasi

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que a descoberto em trez pontos différentes do Fervença.

Agua para varrer os canos de esgoto não a ha, porque, como disse, ella só chega para o consu-mo; o rio que, no verão, se encontra quasi secco, esse não tem inclinação e corrente sufficiente para remover as immundicies, como referi.

N'uma canalisação, como a que acabo de des-crever, não admira que ellas se accumulera.

Assim é realmente ; e a prova é que das boccas

de lobo se exhala, sobretudo no verão, um cheiro

muito desagradável.

É, principalmente na parte baixa da cidade, que se accumula a immundicie devido a serem ahi os canos mais pequenos e menos inclinados.

A accumulação chega a ser de tal modo notá-vel, que a resistência por ella opposta á agua plu-vial que a deveria arrastar, é muito maior do que a que lhe oppõem o cano e o pavimento da rua. Estes, submettidos assim a uma maior pressão, chegam por vezes a ceder de maneira que a agua jorra por ahi abundantemente.

Esta canalisação encontra-se como vemos nas peores condições de salubridade. ,

Má canalisação, falta d'agua para arrastar a immundicie; o rio, um charco onde ella se accu-mula, são razões sufficientes para condemnar em Bragança, o systhema d e — Tudo ao esgoto.

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domesti-43

cas faz-se, nas ruas por onde passa a canalisa-ção, pelo systhema que liga o cano da casa ao

cano-mestre. Nos bairros pobres, onde ella não

pas-sa e não pôde, portanto, ser aproveitada para ahi serem lançados os dejectos, os seus habitantes não se preoccupam muito com a sua remoção.

Accumulam-os nos palheiros e curraes, e quan-do a abundância é grande removem-os, então, pa-ra as terpa-ras. O que perdem sob o ponto de vista da saúde, é-lhes compensado pelo fertilissimo adu-bo que adquirem; mas esta compensação não é para desejar porque a saúde deve estar acima de todas as outras conveniências.

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A população da cidade de Bragança tem va-riado irregularmente, ainda que dentro de estrei-tos limites, de 1878 para cá.

As cifras dos respectivos roes censuarios mos-tram-no claramente.

Assim é que a sua população de facto, sendo em 1878, de 5071 habitantes, já em 1890 o censo, accusa a cifra de 5840 e em 1900 a de 5476.

De 78 a 90, ha pois uma differença, para mais, de 769 habitantes, a que corresponde um augmen-to medio annual de 64 ; de 90 a 900,. uma diffe-rença, para menos, de 364, a que corresponde uma diminuição media annual de 36,4.

Referindo estes créscimos e decréscimos a 1000 habitantes vemos que a taxa de crescimento, de 78 a 90, foi de 12,6 e a de decrescimento, de 90 a 900, de 6,2.

Os números mostram á evidencia, que a cida-de, em vez de augmentar, se despopularizou.

(38)

46

A taxa de crescimento que no período de 78 a 90 é superior á do districto (5,1), e á do continente (8,8), fica inferior em relação ás do Porto (17) e de Lisboa (21,2).

No período de 90 a 900 cahe extraordinaria-mente, tornando-se negativa, como vimos.

A do districto, que era do 5,1 n'este ultimo período, desceu também a 2,75.

Estas taxas mostram bem a fraca intensidade de crescimento no período de 90 a 900, que mui-tas causas: a emigração, o movimento da popula-ção militar, especialmente, devem explicar.

A tabeliã i dá conta da população de facto e respectivas taxas de crescimento, da cidade e do districto, nos dois períodos.

T a l > c l l a I

População de faoto de crescimento Taxas 1878 1890 1900 De 1878 a 1890 De 1890 a 1900 Dtstikto

de Bragança 168G51 179678 185586 5,1 2,75

(39)

Freguezias e fogos

' Tem a cidade duas freguezias : a da Sé e a de Santa Maria.

Lendo a tabeliã n, podem colher-se immedia-tamente o numero de fogos e habitantes n'ellas existentes, á data dos recenseamentos de 1878 e 1890.

Não inscrevo aqui os números relativos a 1900 porque não estão publicados ainda os resultados definitivos do censo d'esse anno.

T ato e l l a I I

Data dos

Freguezia da Sé de Santa Maria Freguezia censos H." de logos População

de facto tf." de fogos População de facto

1878

1890 439 546 2460 2730 582 595 2611 3110

Em 1878, a cidade tinha 1128 fogos, o que dá uma média de 4 a 5 habitantes por casa; em 1890, o censo dá-lhe somente 1034, a que corresponde uma média de 5 habitantes por domicilio.

(40)

48

Em 90 ha, portanto, 94 fogos a menos e a mais 769 almas do que em 78.

Significa isto que a cidade, em logar de se es-tender, pelo contrario se adensou.

Dos 1128 fogos existentes em 1878, pertencem á Sé 546, e a Santa Maria 582 ; dos 1034 existen-tes em 1890, tem a Sé 439, e 595 Santa Maria.

Ha, pois, em 90, na Sé, menos 107 fogos e mais 270 almas, e em Santa Maria mais 13 fogos e mais 499 almas do que em 78.

0 adensamento incidiu portanto accentuada-mente sobre a freguezia da Só.

Densidade

A densidade ou população especifica, isto é, a relação entre o- numero total de habitantes e a area territorial considerada, exprime-se pelo nu-mero de habitantes que, em media, correspondem a um kilomètre quadrado.

Na tabeliã u i inscrevo as respectivas popula-ções, as superficies e as densidades relativas ao Continente e ao districto e concelho de Bragança, segundo os censos de 1890 e 1900.

A taxa de densidade do districto de Bragança, que está abaixo da média geral do continente 52,4 em 1890, e 61,1 em 1900, mostra que o

(41)

dis-H H H © fi H <3> t ï • a CD C -^ - * TjT g (M (M o ( H H H ^ O W I O r~ o a co co Ï 5 l O co o • o o

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(42)

50

tricto transmontano, é um tracto demographico pobre, que é uma das zonas menos povoadas do paiz conjunctamente com Évora e Beja que, em ordem decrescente, o são menos ainda.

A do concelho, um pouco mais fraca do que a do districto, augmentou muito ligeiramente, 0,1 apenas, de 90 a 900.

Comparando a taxa relativa a 90 com as taxas d'outros concelhos do mesmo districto excedem-na consideravelmente Carrazeda de Anciães com 53 e a de Yilla-Flor com 49. Abaixo d'ella só ficam a de Vimioso com 19 e as de Vinhaes e Moga-douro com 21.

Attendendo a que a distribuição das popula-ções nos territórios depende da natureza, situação e clima e ainda das boas ou más communicações, do regimen a que esses povos se dedicam, etc., não nos espantam taes resultados.

Sendo o regimen agrícola aquelle de que vi-vem quasi que exclusivamente os transmontanos e enormes as faltas de communicações, a estatís-tica não lhe deveria dar, como não dá, uma forte densidade.

(43)

Naturalidade

Effectuando, para mil habitantes, a destrinça numeral da população, relativamente ao Conti-nente, districto, concelho e cidade de Bragança, obtemos os seguintes números inscriptos na ta-beliã IV.

T a t > e l l a , I V — C e n s o d e 9 0

Continente Dtstrlcto Concelho Cidade

N a t u r a e s do próprio concelho de residen-890 42 60 8 950 29 14 7 913 61 16 10 725 198 61 16 Naturaes d'outro

con-celho do mesmo dis-890 42 60 8 950 29 14 7 913 61 16 10 725 198 61 16 De qualquer outra

pro-cedência do paiz . . . . Estrangeiros 890 42 60 8 950 29 14 7 913 61 16 10 725 198 61 16 Total 1000 1000 1000 1000

Estas cifras mostram que, na cidade, os natu-raes d'outro concelho do mesmo districto, são em numero avultado e relativamente grande em rela-ção ao Continente, districto e concelho.

(44)

52

A elevada taxa cia cidade explico-a não por um grande commercio e industria que não tem, mas por ella ser a sede de dous regimentos, um de infanteria e outro de cavallaria que á provin-, cia vão buscar os seus effectivos, e além d'isso á presença de individuos pertencentes a outros con-celhos do mesmo districto que aos estabelecimen-tos scientificos da cidade vêm buscar a instrucção que os habilite para o magistério, carreira

eccle-siastica e cursos superiores.

O districto e o concelho são caracterisados como os números da tabeliã iv indicam, por um sedentarismo grande que o regimen agricola e a falta de communicações, explica.

Sexo

Portugal, em confronto com os outros paizes, como a estatistica mostra, é, numericamente, o mais feminil.

O censo de 90 dá para o continente a percen-tagem geral de 93,4 varões para 100 fêmeas.

Lendo a tabeliã v que dá conta das percenta-gens relativas á cidade, concelho e districto, e referidas aos censos de 78, 90 e 900 notamos que em 900 o numero de fêmeas, no districto, excede, mas pouco, o numero de varões ; na cidade, a

(45)

dif-H fi «S

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a

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o < ÉS 0SS3DX3 H 9 LL2 Par a 100 0 varõe s h a : E m 900 , 100 5 fêmea s E m 90 , 88 8 E m 78 , 86 1 » H fi «S

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SS3UI3J WIZ 899S IfSS

Par a 100 0 varõe s h a : E m 900 , 100 5 fêmea s E m 90 , 88 8 E m 78 , 86 1 » H fi «S

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1

Dat a do s censo s 1900 CO

" 1

(46)

54

ferença é menor ainda; no concelho, pelo contra-rio, é maior a percentagem dos varões.

Em 90, ha maior numero de varões, tanto no districto e concelho como na cidade, sendo a dif-ferença n'esta ultima notável.

E m 78 ainda se nota na cidade esse excesso n'uma média de 116 varões para 100 fêmeas; no districto ha maior numero de mulheres.

Estas variantes nas percentagens, que se no-tam de censo para censo, accentuam-se sobretudo na cidade.

O numero de varões superior ao de fêmeas, augmenta, de 78 a 90, para cahir depois conside-ravelmente, de 90 a 900.

A baixa da população em 900 é devida prin-cipalmente á baixa de varões, pois que o numero de fêmeas augmentou, ainda que ligeiramente.

Á sahida em 1895 para a Africa d'um batalhão expedicionário se deve principalmente atribuir a diminuição da população, que incidiu notavel-mente sobre a percentagem de varões que, relati-vamente a 90, é muito inferior.

Estado Civil

Como os resultados provisórios do censo de 1900 não tragam a composição demographica se-gundo o estado civil, referir-me-hei somente ao

(47)

censo de 90, confrontando as percentagens da ci-dade com as do concelho, districto e continente, n'esse anno, e com as da cidade de Bragança ainda no anno de 78.

Na tabeliã vi podem ler-se essas percentagens para 1000 habitantes, distinguindo o estado civil e o sexo.

T a b e l i ã VI —Censo de ©O

CONTINENTE BRAGANÇA (districto)

Solteiros Casados Viúvos Solteiros Casados Viúvos

V. I F. V. F. V. F. V. F. V. F. V. F. 300 6( 308 )8 164 166 SO 19 6 43 2 324 307 il 153 3( 152 )5 23 6-41 í

BRAGANÇA (concelho) BRAGANÇA (cidade)

Solteiros Casados Viúvos Solteiros Casados Viúvos

V. F. V. F. V. F. V. F. V. F. V. F.

356 303 142 142 22 35 367 265 160 158 17 33 6E .9 2Í 4 5 7 632 318 50

(48)

56

C e n s o cio f^ BRAGANÇA (cidade) Soltetrcs Casados Viúvos V. F. V. F.

v . j ,

389 204 129 125 19 44 ^—^^ -. , -— . ,— , s

683 2B4 63

A cidade tem mais solteiros do que o conti-nente, e menos do que o concelho; em relação ao districto, tem quasi numero igual.

Em casados, está abaixo do continente, mas apresenta um numero superior, comparando-a com o concelho e districto.

Em viúvos, accusa uma cifra baixa.

O numero de solteiros é duplo do de casados, e o excedente de solteiros varões para o de sol-teiros fêmeas é considerável (102).

O numero de varões casados eguala quasi o numero de fêmeas n'este estado.

Emquanto a viúvos a cidade não foge ao phe-nomeno normal que se dá em todos os paizes; tem um numero de viuvas que excede o de

(49)

viu-vos, mas no entanto em menor numero do que no continente e districto.

De 78 a 90 a percentagem das pessoas casa-das augmentou na cidade; houve portanto melho-ria no fomento matrimonial.

Instrucção elementar

Portugal é um dos paizes em que a instrucção elementar está bastante atrazada.

Pelo censo de 90 só 20,8 por cento da popu-lação sabia 1er.

Estes 20,8 °/0 não estando distribuidos

regu-larmente pelos différentes districtos, concejhos e freguezias, devemos encontrar nas différentes di-visões administrativas taxas variáveis no que res-peita a instrucção elementar.

No districto de Bragança só 15,4 °/0 da

popu-lação sabe 1er e escrever — é dos districtos menos instruidos. No concelho a percentagem ainda é inferior (15,3).

Fazendo a destrinça da instrucção elementar, distinguindo o sexo, nas duas freguezias da cida-de, obteremos para mil habitantes os números apresentados na tabeliã vu.

(50)

58

Xal>ell» V I I — C e n s o d e 1 8 9 0

Analphabètes Sabem só 1er Sabem 1er e escrever

Freguezia de Santa Maria V. F. V. F. V. F. 251 Freguezia da Sè 315 566 13 21 256 157 413

Em 5840 habitantes que o censo de 90 accusa, 3603 eram analphabetos.

É, na freguezia de Santa Maria, que ha um maior numero de individuos sem instrucção al-guma.

N'essa freguezia, para o total de 668 analpha-betos, em mil habitantes, contribuiram mais os varões do que as fêmeas.

Dos instruidos, os varões são também em maior numero e quasi que duplicam as fêmeas.

Na freguezia da Sé a educação elementar está mais adiantada. Em 1000 habitantes sabem 1er e escrever 413.

(51)

370, portanto abaixo da do Porto (448) e muito mais abaixo da de Lisboa (525).

Eeferindo as taxas a 1000 individuos do mes-mo sexo, sabem 1er, por mil varões, 441; por mil fêmeas, 288.

(52)

MOVIMENTO POPULACIONAL

Os créscimos ou decréscimos que se notam nas populações são influenciados por causas múltiplas ; umas, intrínsecas, outras, extrínsecas, que nos vêm explicar o seu dynamismo.

Os dados demographicos para o conhecer são, por um lado, natalidade, nupcialidade e m o r t e : por outro, as migrações.

Mas, e isto d'um modo geral, a querer conhe-cer intimamente as razões d'essas variantes, pre: ciso é exteriorisar e salientar também phenome-nos sociaes diversos: costumes, leis, princípios re-ligiosos, etc., que a esses factores, tão intimamente se encontram ligados.

Ao estudar o movimento populacional de Bra-gança eu limito-me só a apontar succintamente os factores demographicos: nupcialidade, natalidade e morte, que investiguei no curto período de 1901 a 1902.

(53)

Preciso comtudo frizar que os dados relativos a 1901 são insuficientes porque, até então, se não procurava indagar a edade e estado civil ; e incor-rectas ainda no que diz respeito ao concelho e dis-tricto, por varias causas, entre as quaes avulta o desleixo dos elementos officiaes.

Computo da população

A primeira operação a fazer quando se queira determinar o movimento demographico d'uma po-pulação qualquer, é calcular—baseado no principio de que os aggregados crescem uniforme e progres-sivamente— qual é a população cie facto existente no agglomerado, isto é, effectuar o computo da sua

T a b e l i ã V I I I

Cidade Concelho Dietricto Taxa %„ = 12,6

de 78-90 Taxa °/oo = 0,5 de 90-900 Taxa %n = 2,75 de 90-900

1900 5476 30G97 185586

1901 5544 30712 185997

(54)

63

população utilizando as taxas de crescimento. Pa-ra fazer esse computo nos annos de 1901 e 1902, sirvo-me de taxa de crescimento relativa ao pe-ríodo de 78 a 90, admittindo que a partir de 900 o crescimento se deu na mesma proporção.

Casamentos

Designa-se por nupcialidade ou taxa nupcial geral, a taxa que se obtém reduzindo á proporção de mil habitantes, o total de casamentos effectua-dos durante o anno.

A tabeliã IX dá conta dos casamentos e taxas nupciaes, referentes aos annos de 1901 e 1902.

Os dados recolhidos referentes ao concelho di-zem respeito só ao anno de 1902.

Confrontando as différentes taxas resulta o co-nhecimento de que a cidade de Bragança, occupa um logar muito accentuado na nupcialidade n'es-ses dous annos.

A sua elevada taxa 9,3 é superior ás do distri-cto e do continente, 6,2 ; é superior ainda á taxa nupcial media do Porto, (7,53) no período 91-96, cidade que é considerada como sendo das mais elevadas do paiz, no dado da nupcialidade.

Para notar ainda, será reconhecer, que na ci-dade e no districto contrariamente ao que se dá

(55)

em quasi todas as outras cidades e paizes, o va-lor das taxas augmentou d'um para outro anno.

T a b e l i ã I X

Annus Cifras Médias Taxas

Cidade 1901 1902 47 58 52,5 8,4)

io,3 r

Concelho 1901 1902 193 — 6,2 Vtstrlcta 1901 1902 1093 1241 1167 5,8 \ 6,2 6,6)

Continente De 1891 a 1896 — — (taxa média) 6,2

Como o censo não .dê a distribuição por eda-des, em Bragança, não me é possivel corrigir esta taxa nupcial bruta, referindo-a á população mari-davel, isto é, a mil individuos viúvos, ou solteiros com mais de 15 annos.

(56)

65

Estado civil dos nubentes

Como somente varões solteiros ou viúvos, po-dem consorciar-se com fêmeas n'rnn estado de

sol-T a b e l l a X IKTA. C I D A D E / Solteir Solteiras os com Viuvas Viuvo Solteiras s com Viuvas Total 1902 45 4 6 3 58 Por °jm casamentos 775,9 G8,9 103,5 51,7 1000 UNTO C O N C E L H O -Solteii Solteiras os com Viuvas Viúvos com Solteiras Viuvas Total 1902 165 13 11 4 193

(57)

teria ou viuvez, decompondo o numero de casa-mentos effectuados na cidade e no concelho, em 1902, nas quatro espécies de uniões que se podem formar, teremos os números inscriptos na tabeliã x. Da suadeitura, conclue-se que o concelho está

superior á cidade, na união de cônjuges solteiros.

T a t o c l l a , X I

Nubentes segundo o estado civil em 1902, na cidade e concelho de Bragança

NOIVOS Na cidade No concelho

De 1000 noivos são De 1000 solteiros casaram-se com De 1000 viúvos casaram-se com NOIVAS

De mil noivas são

De 1000 solteiras casaram-se com De 1000 viuvas casaram-se com solteiros .. 844,8 viúvos . . . . 155,2 solteiras . . 918,3 viuvas . . . . 81,0 solteiras .. 666,6 viuvas . . . . 338,3 solteiras . . 879 viuvas . . . . 120,G solteiros viúvos .. 882,3 117,6 solteiros . . 571,4 viúvos . . . . 428,5 922 78 927 73 733 267 912 88 937,5 62,5 765 235

(58)

07

Comparando as percentagens para mil habitan-tes da cidade e concelho com a percentagem me-dia annual do continente, no triénio 93 a 95, (850,3) vemos, que a do concelho é superior e a da cida-de inferior, á percentagem do continente.

O maior numero de casamentos, tanto na ci-dade como no concelho, em 1902 como a tabeliã xi indica é de solteiros com solteiras, em segui-da de viúvos com solteiras, e por ultimo o de viú-vos com viuvas.

Edade dos nubentes

Este dado demographico interessante que a estatística do paiz colheu somente a partir de 94, desde que o professor Ricardo Jorge o introduziu no seu boletim, estudado no anno de 1902 na ci-dade e no concelho mostra-nos, como a tabeliã x n indica, que é entre os vinte e os trinta annos que no concelho e na cidade casa a maioria dos noivos.

Antes dos vinte e depois dos 50, são poucos os casamentos.

(59)

H H e H fi m fi H p> s : ■ r i o Tots / de noi­ vos no concelho

o " ^H" r-T i o" co" co" co" 2 C M C O - ^ ^ C O C O C O ^1 CM CO T H CO O J r H CO CO Tots / de noi­ vos no concelho - * , - 1 CD CO t > C - [ - C O L O CO CM i-H -r-i CO O J r H CO CO SOÍUSWSSdO 0001 "d CO LO ^ H CM l ^ . ^ " ^ " ^ cxfr-T-iTurcrcra" ■*"■<# C D C M C M C O C M O C O C O CO CM H H CD có~ CT3 CO J M / 0 1 I SOp mm ^ œ c o ^ ^ ^ e q c x i co 110 CD có~ CT3 CO c i K l

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(60)

69

Nascimentos

Emquanto em Portugal se não impozer aos pães, por lei, a denuncia do nascimento das

crean-ças, n'um curto praso de dias, á semilhança do que se pratica em certos paizes da Europa, a lista da natalidade lia de apresentar sempre números infe-riores aos verdadeiros, confundindo-se a lista da nascença com a lista baptismal — isto porque os nados qua fallecem antes do baptismo não são ins-criptos.

Eemedeia-se comtudo o mal, addiccionando á lista total dos nados o numero d'esses indivíduos.

Na tabeliã xin encontram-se as cifras natalí-cias e taxas respectivas para mil habitantes, refe-rentes á cidade, concelho e districto em 1901 e 1902, e as medias correspondentes ao período 901-902.

Comparando essas cifras e taxas de natalidade, com a percentagem media annual relativa ao Con-tinente (30,5), no período de 91 a 95, podemos no-tar que esta, regular no confronto com as taxas d'outros paizes, fica inferior á da cidade, eguala a do concelho e é superior á do districto.

De 901 a 902 a natalidade subiu tanto na ci-dade como no concelho e districto, salientando-se consideravelmente essa subida n'este ultimo.

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T a t o e l l a , X I I I

Cidade de

Bra-gança Conceito de Bra-gança Districto de Bra-gança

diras Taxas Ciitas Taxas Cifras Taxas

1902 1901 181 170 32,2 80,6 998 853 32,4 27,7 G076 4951 32,G 2G,6 MÉDIA 175 31,4 925 30,5 5513 29,6

Taxa média annual do continente de 91-95 — 30,5 É preciso, comtudo, dizer que os numéros refe-rentes ao concelho e districto no anno de 1901 são inferiores aos verdadeiros, porque as notas de nas-cimentos e óbitos d'algumas das suas freguezias são incompletas ou faltam totalmente.

Natalidade por sexos

Fazendo a destrinça do total de nascimentos na cidade, em 1901, segundo o sexo, encontramos 89 varões e 81 fêmeas, quer dizer, 1098 rapazes para mil raparigas.

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cie fêmeas a 85 o que dá uma percentagem de 1129 varões para mil fêmeas.

No concelho, em 1902, nasceram 520 rapazes e 478 raparigas; no districto, 3224 indivíduos do sexo masculino e 2852 do feminino, ou, respecti-vamente, 1087 e 1130 varões para mil fêmeas.

O exame da natalidade por sexos dá-nos, pois, grandes percentagens de rapazes quer no conce-lho, quer na cidade e districto, taxas que são su-periores á percentagem média annual do Conti-nente, no período de 90-96 (1067 v. para 1000 f.)

A não haver uma grande emigração ou uma mortalidade considerável nos indivíduos do sexo musculino, o censo não devia accusar um maior numero de fêmeas, o que, como vimos, succède.

Nados legítimos e illegitimos

A legitimidade e a illegitimidade são factores sociaes importantes a estudar, quer pelas causas que os determinam, quer pelas consequências que d'ahi resultam.

A sã educação moral ou o desbragamento dos costumes, a miséria ou a riqueza dos povos, re-flectem-so na estatistica que, segundo a causa,, nos

apresenta ou um augmente ou uma diminuição nas porcentagens de legitimidade.

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As doenças, principalmente a tuberculose, esco­ lhem e ceifam de preferencia os illegitimos, como sequencia natural da miséria ou da falta de edu­ cação moral dos filhos naturaes.

P o r isso mesmo, a destrinça, impõe­se. Á relação de illegitimidade aprecia­se compa­ rando o numero de filhos naturaes ao total de nas­ cimentos.

Da leitura da tabeliã XIV podem collier­se im­ mediatamente, as cifras dos filhos legítimos e na­ turaes, nados no concelho e distrioto em 1902, e na cidade em 1901 e 1902, assim como as respe­ ctivas taxas de crescimento.

T s i b e l l t i X I V Cidade de Bragança Concelho de Bragança Districto de Bragança 6 "5b ■A S g a . u S1 c "£b f i ­§ 5b o « s

1

"5b Kt .g "Sb tu C Cl 5 6 _5j ^ 1901 1902 129 140 41 41 170 181 241 226 788 210 998 210 4897 1179 6076 194

A taxa de illegitimidade em 1902, elevadíssi­ ma j á no districto (194), augmenta no concelho

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(210), e sobe mais alto ainda na cidade (226). N'es-ta, em 1901, era mais elevada ainda (241).

Estas percentagens excedem a taxa do conti-nente, no período de 86-96, (128), superior também ás da maior parte das nações da Europa.

Bragança, é certo que não apresenta tantos il-legitimos como Lisboa (327), mas quasi que egua-la o Porto (252).

Se o censo apresentasse a destrinça da popu-lação por edades, podia exprimir-se a legitimidade ao total das mulheres casadas até aos 50 annos, e a illegitimidade ao total de solteiras e viuvas até essa mesma edade, como Bertillon aconselha.

Óbitos — Balanço da população

O movimento physiologico da população, re-sultante do confronto estabelecido entre o total de nascimentos e o total d'obitos, traduz-se quer pelo seu crescimento, quer pelo seu deficit physiolo-gico.

Se a lista da nascença é superior á lista obi-tuária, as populações crescem; no caso contrario, definham.

O factor migratório intervém comtudo, modi-ficando, n'um ou n'outro sentido, o chamado mo-vimento physiologico.

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O continente, Lisboa e Porto, são a este res-peito, como a estatística prova, exemplos nítidos das modificações que tal factor pôde trazer ao cres-cimento ou ao deficit physiologico das populações.

Assim, no continente, o excedente considerá-vel da nascença gasta-se em parte na emigração, dé maneira que o augmente real é inferior ao phy-siologico.

O Porto, acolhendo no seu âmbito uma nume-rosa população que lhe vem de fora, cresce mais á custa d'ella do que á custa do seu augmento physiologico que é pequeno.

Lisboa com um deficit considerável na nascen-ça, cresce unicamente á custa dos extranhos que ahi acorrem em grande numero.

A cidade de Bragança apresenta no período 901-902, como a tabeliã xv indica, um augmento physiologico, por assim dizer, nullo.

Em 1902 morreram até mais indivíduos, do que nasceram ; houve deficit.

No concelho e districto o saldo é positivo, mas o factor emigratorio intervém de modo que o cres-cimento real se torna inferior ao physiologico.

Sendo o augmento médio annual da população, de 90-900, de 36,2 no concelho, e 590 no districto, devem estes tributar á emigi-ação um considerá-vel numero de habitantes, pois que o excesso an-nual dos nascimentos sobre os óbitos é superior aos créscimos médios annuaes das populações do

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districto e concelho, determinados sobre os censos de 90 e 900.

Os excedentes 210 — 36,2 = 173,8 e 1841 — 590 = 1251 devem ser gastos na emigração.

M

c3 E3 c3 M P S «3 CK S3 cj pq o o ■+* o "ÍH S O 3 140 1 228 1 184 1 9, 9 «3 CK S3 cj pq o o ■+* o "ÍH S o -o 355 0 379 5 CM c-CD CO T H «3 CK S3 cj pq o o ■+* o "ÍH S 495 1 607 6 CO .—1 IO IO CD GÍ~ CM C H o 6 0 (3 m t i o .a ■—1 o o a o o a Cl o ^ CD CO T H CM o CM CO C H o 6 0 (3 m t i o .a ■—1 o o a o o • o co c-03 CO CD t -I O t H CM co" CM C H o 6 0 (3 m t i o .a ■—1 o o a o o • o CO CO I O o CO O ) CM 05 IO o" CO cd c3 6 0 M CD • d o l i O co CO , CM I O o" cd c3 6 0 M CD • d o l i O CM - d ) CD 0 0 T - i T H CO 0 0 1—( 03 o" CO cd c3 6 0 M CD • d o l i O d! O —i C - CO r-l T H IO T - T CO /SO / /S0 2 C M 3 | S Percentagens médias para 1000 habitantes

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Mortalidade

Mortalidade geral ou taxa obituária bruta, é a taxa que se obtém reduzindo á proporção de mil habitantes as cifras obituárias.

Na tabeliã xvi podem lêr-se as cifras e taxas obituárias relativas á cidade, concelho e districto nos annos de 901 e 902.

Do seu confronto resulta que, para a cidade, a média foi de 173 com uma taxa media de 30,9; para o concelho,'de 715, com uma percentagem média de 23,2; para o districto, de 3672, com uma taxa media de 19,7.

Comparando estas taxas com a do continente (20,9), no período 91-96, e com as do Porto (28,8), e Lisboa (27) no período 91-95, nota-se que a taxa obituária da cidade de Bragança é superior a qual-quer d'essas percentagens.

A tabeliã xvi mostra ainda, que as taxas do dis-tricto e concelho, são muito mais baixas do que a da cidade, sendo no entanto, a do concelho, supe-rior, e a do districto infesupe-rior, á taxa obituária do continente.

A cidade apresenta, pois, uma grande morta-lidade que augmentou de 901 a 902. De 29,2, em

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H > e8 H H 0 P (3 i-i o o ca o H S S 19, 1 20, 3 (3 i-i o o ca o •3 C D . CO tax a média 19,7 (3 i-i o o ca o 355 0 379 5 c3 o » a <a bO M û> tS o .a r - 1 <D O o o 6 i 22, 5 23, 9 c3 o » a <a bO M û> tS o .a r - 1 <D O o o -5 taxa média 23, 2 c3 o » a <a bO M û> tS o .a r - 1 <D O o o <3 co r -CÃ) co «3 D-O f «3 6 0 c3 f-i o <o <a o 29, 2 32, 7 O f «3 6 0 c3 f-i o <o <a o •3 CO T-i *3 ■3 "! §■ g co O f «3 6 0 c3 f-i o <o <a o CS c3 CM -tf CD CO T - l T H C 3 1 c a crj O l O )

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Obituário por sexos e edades

Fazendo a destrinça do obituário da cidade e concelho de Bragança, por sexos e edades, relati-vamente a 1902, notamos que o numero de varões fallecidos excede o de fêmeas.

Assim, na cidade, em 184 óbitos, 102 perten-cem ao sexo masculino e 82 ao feminino ; quer di-zer, em 1000 fêmeas que morrem, enterram-se 1243 varões, ou para mil óbitos, 554 varões e 446 fêmeas.

No concelho, morrem 384 varões para 353 fê-meas, ou 1087 varões para 1000 fêmeas.

Para 1000 óbitos, 521 rapazes e 479 raparigas. Analysando a tabeliã xvn em que se faz a des-trinça do total dos óbitos, por edades, em Bra-gança, vemos que a morte ceifa de preferencia as creanças de 0 — 5 annos, n'um total de 77 óbitos, com a percentagem elevadíssima de 418 por 1000 óbitos de todas as edades; em seguida os adultos de 50 — 80 e mais annos; as edades mais poupa-das, são as de 5 — 20 annos.

Fazendo a destrinça dos óbitos por edades no concelho, ainda são os individuos de 0 — 5 que fornecem para o total de óbitos (737) o maior con-tigente com 308 óbitos, o que representa ainda uma mortalidade infantil elevada; em seguida vêm.

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os de 50 — 80 e mais annos, corn 258, depois ainda, os de 20 aos 50 annos com um total de 109 e por ultimo os de 5 — 20, corn 62 óbitos, apenas.

T a b e l i ã X V I I 1902 — Obituário por edades e sexo

EDADES

SEXO POB 1000 ÓBITOS

Varões Fêmeas Total Varões Fêmeas Total 0 — 1 1 — 2 2 — 5 5 — 10 10 — 15 15 — 20 20 — 30 30 — 40 40 — 50 50 — 60 60 — 70 80 — 80 Mais de 80 23 18 6 2 2 1 3 3 7 14 10 7 6 19 8 3 4 2 4 ' 4 3 4 5 8 7 11 42 26 9 6 4 5 7 6 11 19 18 14 17 123 97,8 32,6 10,8 10,8 5,4 16,3 16,3 38 76 54 38 32,6 103,2 43,4 16,3 21,6 10,8 21,6 21,6 16,3 21,6 27 43,4 38 64,8 226,2 141,2 48,9 32,4 21,6 27 37,9 32,6 59,6 103 97,4 76 97,4 TOTAL 102 82 184

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Depois de ter esboçado nos capítulos anterio-res o estado actual da-cidade de Bragança sob o ponto de vista da sanidade, e de ter recolhido al-guns dados demographicos sobre movimento po-pulacional, apresentarei, nas paginas seguintes, quaes as doenças que n'estes dous últimos annos mais contribuíram para as elevadas percentagens' obituárias da cidade.

No quadro adiante se annota quaes as doen-ças que principalmente dizimaram a população de Bragança nos dous annos de 190Í e 1902.

N'esse quadro, como se vê, a cabeça do rol é occupada, tanto em 1901 como em 1902, pela de-bilidade congenita, diarrhea e enterite, e ainda pela tuberculose.

A meningite que em 1901 grassou epidemica-mente, contribuindo com 13 óbitos para a-somma obituária d'esse anno, diminuiu de intensidade em

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