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PRODUTOS DOMISSANITÁRIOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE E AO MEIO AMBIENTE

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Rev. Augustus | Rio de Janeiro | v.22 | n. 44 | p. 66-88 | jul./dez. 2017 66 DOI: https://doi.org/10.15202/1981-1896.v22n44p66-88

PRODUTOS DOMISSANITÁRIOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE E AO MEIO

AMBIENTE

Francisco Moysés de Carvalho Neto* José Teixeira de Seixas Filho** CEFET-RJ FIPERJ/UNISUAM revistaaugustus@unisuam.edu.br jseixais4@gmail.com

Silvia Conceição Reis Pereira Mello*** Patrícia Maria Dusek****

FIPERJ/UNISUAM UNISUAM/UCB silviaqua@uol.com.br patricia.dusek@unisuam.edu.br

Katia Eliane Santos Avelar***** Reis Friede******

FIORUZ/UNISUAM UNISUAM/UNIRIO

katia.avelar@gmail.com assessoriareisfriede@hotmail.com

Maria Geralda de Miranda******* UNISUAM/USU mariamiranda@globo.com

*Mestre em Desenvolvimento Local pela UNISUAM; Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho;

Graduado em Engenharia Química pela UFRRJ (1979) e em Administração pela Federação das Faculdades Celso Lisboa (1989). É professor do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca - CEFET-RJ.

** Graduado em Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas pela Fundação Técnico Educacional Souza

Marques (1981), mestrado em Zootecnia pela UFV (1990), doutorado em Zootecnia pela UFV (1998) e Pós-doutorado em Bioquímica/Enzimologia pela UFV (2008). Professor Titular da UNISUAM.

*** Doutora (2009) e Mestre (2000) em Higiene veterinária e processamento tecnológico de produtos de origem

animal pela UFF. Graduada em Zootecnia pela UFRRJ. Pesquisadora da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro e professora e orientadora do curso de Mestrado em Desenvolvimento Local e do curso de graduação em Ciências Biológicas da UNISUAM.

**** Pós Doutora pela Universitá di Pisa (2015). Doutora em Direito pela Universidade Veiga de Almeida (2014).

Mestre em Direito pela Universidade Cândido Mendes, onde também obteve o título de graduação na mesma área. Especialista em Direito pela EMERJ. Professora da Universidade Castelo Branco e do Centro Universitário de Barra Mansa.

***** Professora do Mestrado em Desenvolvimento Local do Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM).

Coordenadora do Laboratório de Referência Nacional para Leptospirose do Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Doutora em Ciências Biológicas pela UFRJ (2002), mestre em Ciências Biológicas pela UFRJ e graduada em Farmácia e Bioquímica pela UFJF (1993).

****** Reis Friede é Desembargador Federal, Diretor do Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF), Mestre e

Doutor em Direito. Professor e Pesquisador do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Local do Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM).

******* Professora da Graduação e Mestrado em Desenvolvimento Local do Centro Universitário Augusto Motta

(UNISUAM). Pós-doutora em Estudos de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa pela UFRJ. Doutora em Letras com ênfase em estudos pós-coloniais pela UFF, especialista em Literaturas Vernáculas pela UERJ e mestre em Literatura Comparada com ênfase nos estudos culturais pela UFF.

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Rev. Augustus | Rio de Janeiro | v.22 | n. 44 | p. 66-88 | jul./dez. 2017 67 RESUMO

O presente estudo é resultado de pesquisa junto às comunidades do Complexo do Alemão, região metropolitana do Rio de Janeiro, em que se verificou que a melhoria das condições de crédito da população (seja por meio de meio de políticas públicas estatais, seja pelo acesso ao emprego) propiciou acesso a produtos e serviços antes restritos a classes sociais de maior poder aquisitivo. Entre tais produtos destaca-se em maior escala os saneantes, despejados diretamente nos mananciais hídricos da região, já que as habitação destas populações urbanas ainda não são contempladas pelo saneamento básico. Os dados obtidos, por meio de aplicação de questionários semiestruturados, permitiram primeiramente analisar o baixo nível de conhecimento da população em relação ao potencial de dano destes produtos e suas substâncias químicas à saúde e ao ambiente e concluir acerca da necessidade de medidas educacionais preventivas contra a possibilidade da transformação de um agente químico, comumente utilizado em domicílio, em um agente causador de doenças, lesões e, até, óbito.

Palavras-chaves: Ambiente; Saúde; Informação; Conhecimento; Socioeconomia.

DOMESANITARY PRODUCTS AND THEIR CONSIDERATIONS FOR HEALTH AND

ENVIRONMENT

ABSTRACT

The present study is a result of a survey carried out in the communities of Complexo do Alemão, in the metropolitan region of Rio de Janeiro, where it was verified that the improvement of the credit conditions of the population (whether through state public policies, employment) provided access to products and services previously restricted to social classes with higher purchasing power. Among these products, the sanitizers, which are dumped directly into the water sources of the region, stand out on a larger scale, since the housing of these urban populations is not yet covered by basic sanitation. The data obtained through the application of semi-structured questionnaires allowed us to first analyze the low level of knowledge of the population regarding the potential harm of these products and their chemical substances to health and the environment and to conclude about the need for preventive educational measures against possibility of the transformation of a chemical agent, commonly used at home, into an agent that causes disease, injury and even death.

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PRODUTOS DOMISSANITÁRIOS E SUAS Francisco Moysés de Carvalho Neto; José Teixeira de Seixas Filho CONSEGUÊNCIAS À SAÚDE E AO MEIO Silvia Conceição Reis Pereira Mello; Patrícia Maria Dusek AMBIENTE Katia Eliane Santos Avelar; Reis Friede Maria Geralda de Miranda

Rev. Augustus | Rio de Janeiro | v.22 | n. 44 | p. 66-88 | jul./dez. 2017 68 1 INTRODUÇÃO

A intoxicação é um conjunto de sinais e sintomas que demonstra o desequilíbrio promovido pela ação de uma substância tóxica, resultando num estado patológico do organismo. Alves (2005) relatou que os agentes que assumem a designação de tóxicos são normalmente substâncias químicas de origem inorgânica ou orgânica, às quais em sentido lato, se podem associar certos agentes físicos ou outras condições.

Atualmente, o homem vem empregando a química em grande escala nas indústrias de materiais de limpeza e alimentos, buscando sempre seu conforto. Normalmente, as pessoas, quando compram os produtos de limpeza, desconhecem o conteúdo de sua composição e acreditam que estão levando para casa limpeza e bem-estar do ambiente; sendo assim, por falta de informação, ignoram que atrás de um produto perfumado pode se esconder uma substância química maléfica ao ambiente e à saúde.

O consumidor não tem o hábito de ler a composição química de produtos de limpeza doméstica ou, mesmo quando lê, não tem e não conseguem alcançar o conhecimento técnico sobre efeitos maléficos que esses componentes químicos podem causar ao meio ambiente e à sua saúde. Para suprir a falta de informação sobre os malefícios que determinadas substâncias provocam ao homem, procura-se investigar a composição química dos produtos de limpeza sua correlação com danos à saúde e integridade física de pessoas a eles expostas, bem como ao meio ambiente. No entanto, trabalha-se o lado técnico da questão sem considerar a necessária universalização do acesso, fácil e claro, às informações que permitam ações preventivas contra ocorrências danosas.

No Brasil, as intoxicações constituem um problema de saúde pública e o Estado deve fornecer informações sobre o risco que os produtos químicos representam para a saúde. Para que se possam delinear estratégias de ação, é preciso que as informações sejam confiáveis e fornecidas adequadamente (SANTANA, 2005).

Parte significativa da população de cidades grandes, como o Rio de Janeiro, reside em áreas densamente povoadas e pouco assistidas pelo Poder Público. Nos dias atuais, observa-se mudança de comportamento das autoridades, que tem buscado urbanizar estes bolsões populacionais denominados de favela. Desta ação, resulta, além do desenvolvimento local, clara melhoria de qualidade da vida das populações periféricas, a chamada classe C.

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Esta mudança, porém, é acompanhada da tendência natural ao acesso intenso e facilitado a itens de conforto doméstico, advindo do progresso social. Com isto, potencializa-se o uso, no ambiente doméstico, de produtos químicos até então inacessíveis, dado potencializa-seu custo elevado, para a população menos favorecida. Dentre esses produtos podem ser elencados desde medicamentos a itens de higienização doméstica, passando por elementos utilizados nas reformas das residências ou mesmo na construção civil, como cimento e areia. Todos com potencial para gerar danos ao ambiente e à saúde.

2 UM POUCO DE HISTÓRIA

A limpeza doméstica é praticada desde os tempos mais remotos, quando o ser humano sentiu a necessidade de se proteger das intempéries da natureza e passou a conviver em áreas protegidas e comunitárias. Há registros muito antigos do uso de plantas e barro (argilas), que promoviam a limpeza do corpo, e artefatos que lembram vassouras para a limpeza de ambientes (REIS, 2000).

O historiador Plínio, o Velho (23-79 d.C.), já havia descrito a produção de sabão como uma atividade de seus contemporâneos. No entanto, estima-se que o início desse tipo de atividade se deu muito antes de sua época. Especula-se que a produção de sabão teve seu início nos tempos pré-históricos. Naquela época, supõe-se, os grupos de humanos primitivos notaram que, durante chuvas fortes, apareciam espumas no local onde foram feitas as fogueiras para cozinhar seu alimento. Esses homens e mulheres primitivos podem ter observado, ainda, que surgiam espumas na água colocada no recipiente que havia sido utilizado para a cocção de seus alimentos e que, por isso, continham cinzas. As mulheres, em função da atividade de cozinhar a elas atribuída, devem ter observado que aqueles recipientes ficavam mais limpos ou pelo menos que suas mãos ficavam mais limpas (REIS, 2000).

O primeiro material semelhante ao sabão de que se tem notícia foi encontrado em cilindros de barro durante escavações na Babilônia, o que indica que o sabão já era conhecido no ano 2800 a.C., fabricado com gorduras que eram fervidas com cinzas.

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Ainda segundo Reis (2000) os antigos egípcios se banhavam regularmente e usavam uma combinação de óleos vegetais e animais com sais alcalinos para formar um material semelhante ao sabão. Já os gregos tomavam banho por razões estéticas, mas não usavam sabão. Limpavam-se com argila, areia, pedra-pomes e cinzas e, em seguida, se ungiam de óleo e retiravam a sujeira usando como instrumento de raspagem o estrígil, uma semente áspera para raspar areia, cinzas e óleo que cobriam o corpo e, para completar o banho, o corpo era coberto com ervas.

No fim do império romano, o sabão além de ser utilizado para fins medicinais, era recomendado para deixar a pele bonita. As pessoas começaram, então, a tomar banho com o sabão. Os romanos já percebiam a necessidade de asseio nas vestimentas e lavavam as roupas nos córregos, embora sem uso de sabão (ABLIPA, 2012).

Uma mistura de gordura animal derretida, ou sebo, com cinzas da madeira e óleo da argila encontrada na região conhecida como Monte Sapo possibilitou que as roupas fossem lavadas pelas mulheres romanas com menor dispêndio de esforço. Isso agradou àquelas mulheres que passaram a chamar aquela mistura de sabão; nome que perdura até os dias atuais para determinada linha de produtos destinada à higienização de roupas, pisos e utensílios em geral.

Os famosos banhos romanos ʹ o primeiro foi construído em 312 a.C. ʹ se popularizaram rapidamente e o sabão era, àquela época, utilizado tanto para fins de asseio como de medicação. As condições de vida insalubre da população, que contribuíram para a explosão das grandes epidemias na Idade Média, especialmente a peste bubônica ocorrida no século XIV, eram o cenário ideal para o surgimento de produtos voltados para a higiene e saúde das pessoas (ABIPLA, 2012).

A mistura de cinza vegetal, gordura animal, e carbonato de potássio, era deixada em repouso até a sua secagem, o que levava alguns dias. O sabão, na verdade, nunca foi uma descoberta, mas surgiu gradualmente da mistura de substâncias graxas e materiais alcalinos. Somente a partir do século XIII que o sabão passou a ser produzido em quantidades suficientes para ser considerada uma indústria.

O sabão foi, seguramente, o primeiro detergente utilizado pelo homem, sua origem perde-se na história, sendo mencionado pelo historiador Plínio no ano 70 a.C. No ano de

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1841 detectou-se a diferença entre gorduras e sabão e somente em 1911 é que os seus componentes foram identificados (RITTNER,1995).

Segundo dados da ABIPLA (2012) a primeira descoberta para a fabricação do sabão, conforme conhecido na atualidade, ocorreu por volta de 1740 e passou por diversos estágios: desde o processo para a fabricação de carbonato de sódio a partir do sal comum até a descoberta da química natural e da relação das gorduras, glicerina e ácidos gordurosos, que estabeleceram a base para a fabricação de gordura e química do sabão. A invenção do processo da amônia, em meados de 1800, que usava placas de sal comum ou cloreto de sódio na produção do carbonato de sódio, reduziu o custo de obtenção do alcalino e aumentou a qualidade e a quantidade de carbonato de sódio disponível para uso no sabão.

Na Europa, a produção em escala industrial do sabão foi iniciada no século XVIII. Os fabricantes mantinham a formulação do produto guardada a sete chaves. Sabe-se, no entanto, que os óleos vegetais e os de origem animal eram usados com cinzas de plantas misturadas às fragrâncias. Gradualmente novas variedades de sabão tornaram-se disponíveis, tanto para a lavagem de roupas, principal aplicação nos dias de hoje, quanto para ser usado no banho, para lavar os cabelos ou fazer a barba.

A indústria cresceu rapidamente e, em meados do século XIX, o sabão transformou-se de item de luxo para necessidade diária. Com o uso difundido, apareceram formulações mais suaves para banho e até os específicos para máquinas de lavar, já acessíveis aos consumidores no início do século XX. Produtos biodegradáveis e a utilização de matérias-primas naturais bem com a substituição de insumos considerados altamente poluentes são atitudes que sinalizam essa tendência. Tem-se, no segmento de detergentes para lavar roupas e louças, um claro exemplo, inclusive há marcas específicas compostas por itens naturais e biodegradáveis.

2.1 Produtos de limpeza na atualidade

A evolução do mercado químico-industrial fez crescer a variedade dos produtos domissanitários com elevada toxicidade, alguns com embalagens impróprias e sem informações adequadas sobre a composição, medidas preventivas e de tratamento em caso de acidentes. Além, de buscarem estimular a atração pelo conteúdo por meio do uso de

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cores e boa estética da embalagem, o que favorece os acidentes infantis (RODRIGUES e RODRIGUES, 1980). Como exemplo tem-se o registro extraído do Boletim Informativo da ANVISA (2001):

Embalagem de soda cáustica será mais segura. A preocupação com este tipo de produto surgiu pela necessidade de evitar acidentes com saneantes envolvendo crianças, que, baseando-se em informações do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas ʹ SINITOX, do período de 1997 a 1999, foram as maiores vítimas de acidentes com este tipo de produto.

A química para a fabricação de sabões se manteve inalterada até o início da Primeira Guerra Mundial, quando a gordura para sabão ficou escassa. Na ocasião, foi desenvolvido, na Alemanha, o primeiro detergente sintético, que oferecia a vantagem de não formar a substância insolúvel denominada coalho do sabão.

A produção dos detergentes de uso doméstico nos Estados Unidos começou no início da década de 30 e ganhou mercado após a Segunda Guerra Mundial. Os primeiros detergentes foram usados, sobretudo, na lavagem manual de louças e produtos finos. O avanço no desenvolvimento de produtos de uso múltiplo ocorreu em 1946, com o ƐƵƌŐŝŵĞŶƚŽ ĚŽ ƉƌŝŵĞŝƌŽ ĚĞƚĞƌŐĞŶƚĞ ĐŽŵ ͞ďƵŝůĚĞƌ͕͟ ƐƵďƐƚąŶĐŝĂ ƋƵĞ ĨĂĐŝůŝƚĂ Ž ƉƌŽĐĞƐƐŽ ĚĞ limpeza promovida pelo tensoativo na remoção da sujeira.

Em 1953, os sabões perderam mercado nos Estados Unidos para os detergentes que eram até então o principal produto de limpeza para a lavagem da roupa, de louça e limpeza doméstica. Isoladamente ou em combinação, os detergentes com o sabão eram encontrados em barra ou na forma líquida. A partir daí, passaram por inovações constantes para atender às exigências dos consumidores e oferecer segurança e eficiência sem agredir o meio ambiente.

Principais consumidoras de materiais de limpeza, as mulheres, cada vez mais dedicadas ao trabalho fora do lar, passaram a exigir produtos de aplicação simples e eficiência comprovada para os mais diversos fins.

Os fabricantes, conscientes dessa necessidade, rechearam as prateleiras dos supermercados com uma gama de novos produtos, desde removedores de mancha na lavagem; detergentes em pó com enzimas para lavagem de roupas; enzimas na fase pré-molho; amaciante de tecidos, adicionado ao ciclo de lavagem de roupa de cama; produtos multifuncionais (detergente com desinfetante, entre outros); líquidos para lavadoras

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automáticas de louça; sabão em pó concentrado para a lavagem de roupa; sabão em pó ultra (super concentrado) e detergentes líquidos; ultra amaciantes de tecidos; géis para lavadoras de louça automáticas; e refis de produtos de limpeza e de lavagem de roupa, entre outros.

A evolução dos produtos de limpeza no Brasil se deu de forma idêntica àquela observada no mundo. O sabão em barra, constituído de sebo animal e gordura vegetal, foi usado na remoção da sujeira de roupas e ambientes, e até na higiene pessoal. A primeira evolução do produto se deu por volta de 1940, quando apareceu o sabão em flocos com adição de coco, indicado para aplicação em roupas finas. Na década seguinte foi lançada a versão em pó do sabão.

3 PRODUTOS DOMISSANITARIOS E A INTOXICAÇÃO NO LAR

Apesar da enorme diversificação de substâncias a disposição do consumidor, é visível uma preponderância de intoxicações por produtos de limpeza doméstica como a soda cáustica, hipoclorito e derivados de petróleo. Isto se deve ao fato de não serem observadas as normas básicas de segurança por aqueles que manuseiam os produtos, na limpeza do lar. O mecanismo de toxicidade dos produtos varia de acordo com as propriedades das substâncias e as vias de intoxicação são basicamente dérmicas e inalatórias (FERREIRA et al., 2001).

Muitos produtos químicos disponíveis no mercado não foram testados e por isso é impossível atestar seus efeitos no organismo humano. Alguns riscos são associados ao manuseio inadequado dos produtos químicos como doenças cancerígenas, disfunções hormonais, intoxicações e acumulação dos produtos no organismo (LABOLITA et al., 2007).

Esta lacuna de conhecimento se deve ao fato de que a maioria dos estudos é pontual, ou seja, não considera o ecossistema como um todo. Existem ainda inúmeros compostos perigosos nos produtos de limpeza, tais como: como cloro, soda cáustica, soluções fenólicas, formaldeído e ácido oxálico. Estes produtos são corrosivos e tóxicos e devem ser usados com cuidado.

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Alguns autores se referem à ignorância das pessoas em relação ao produto consumido em associação ao intenso uso e imprudência ou negligência no manuseio e acondicionamento do mesmo. Outro aspecto levantado é a reutilização de embalagens para outros fins, proporcionando o contato com os resíduos do produto tóxico que era acondicionado na mesma embalagem anteriormente. (SOUZA; RODRIGUES; BARROSO, 2000). O elevado número de acidentes em domicílio de zona urbana pode ser decorrente inclusive do maior acesso aos diversos produtos domissanitários em meios urbanos e amplamente divulgados em meios de comunicação (FOLHA DE SÃO PAULO, 1999).

Portanto, torna-se necessário a adoção de medidas preventivas e educativas, principalmente voltadas à família, a fim de conscientizá-la sobre os potenciais riscos de acidente, em potencial as intoxicações exógenas. Além de ações de vigilância sanitária sobre os produtos comercializados, que geralmente trazem recomendações mínimas em suas embalagens a respeito do grau de toxicidade e das medidas a serem tomadas em caso de ocorrência de intoxicações por estes produtos (FERREIRA et al., 2006).

A agência norte americana de proteção do meio ambiente (U.S. Environmental Protection Agency) relaciona como principais substâncias químicas encontradas em domissanitários, com indicação de danos causados ao organismo humano as que seguem no Quadro 1:

Quadro 1: Principais substâncias químicas encontradas em domissanitários, com indicação de danos causados ao organismo humano.

Substâncias Possíveis danos diante de exposições

Hipoclorito de sódio (alvejantes)

-Água sanitária

Provoca irritação de olhos e pulmões.

Dentre os alvejantes domésticos é aquele que mais comumente é ingerido acidentalmente pelas crianças. Se misturado com amônia ou outro detergente de base ácida (incluindo o vinagre), libera o gás cloroamina, altamente tóxico. Uma pequena exposição a este gás pode causar

sintomas asmáticos brandos ou problemas

respiratórios mais sérios. (Fonte: Children's Health Environmental Coalition)

Destilados do petróleo. (polidores de metais) - Querosene, água raz

Mesmo uma exposição por curto espaço de tempo pode causar, temporariamente, embaçamento dos olhos. Uma exposição por período mais longo pode afetar o sistema nervoso, pele rins e olhos.

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Amônia (limpa-vidro)

- Sabão para carpetes (tira manchas), amoníaco

Pode causar irritação de pele e pulmões. Se misturado com cloro libera o gás tóxico cloroamina. A exposição a este gás mesmo por

curto período pode causar tosse, parada

respiratória e danos aos pulmões. Os asmáticos são particularmente vulneráveis aos vapores deste gás. (Fonte: Children's Health Environmental Coalition) Fenol e Cresol

(desinfetantes) -lustra móveis, fenol

Corrosivo.

Pode causar diarréia, vertigem, tonteira e danos aos rins e ao fígado.

Nitrobenzeno

(lustra-móveis e ceras para o chão)

Pode provocar dificuldades na respiração, vômitos, e mesmo morte. Esta substância está associada com o câncer e defeitos de nascimento.

Formaldeído

(matéria prima de muitos produtos caseiros, de uso proibido pela ANVISA (2008), tais como móveis de madeira compensada)

- Alisamento de cabelo

Provável carcinógeno humano.

Um nível de formaldeído no ar tão baixo quanto 0,1 p.p.m (parte por milhão) pode causar lacrimejamento, sensação de ardência nos olhos, nariz e garganta, dificuldades para respirar, náusea, tosse, pressão no peito, rachaduras na pele e reações alérgicas.

(Fonte: U.S. Consumer Product Safety Commission) Percloroetileno ou

solventes 1-1-1 tricloroetano (lavagem à seco, removedores de manchas, limpadores de carpete)

Provoca irritações nos olhos, pele e pulmões. Pode prejudicar o fígado e os rins se for ingerido. O percloroetileno pode causar câncer em alguns animais de laboratório e é considerado um provável carcinógeno humano.

Pode se acumular e persistir nos tecidos gordurosos humanos e nas lactantes.

Naftaleno ou

paradiclorobenzeno (bolinhas de naftalinas, e sapólios, utilizados para limpar pias e vasos sanitários)

Os vapores do naftaleno podem irritar os olhos, a pele e o sistema respiratório.

A exposição crônica ao naftaleno pode causar danos ao fígado, rins, pele e sistema nervoso central.

O paradiclorobenzeno é um provável carcinógeno que também pode afetar o sistema nervoso central, fígado e rins.

Uma alta concentração dos seus vapores pode irritar os olhos, nariz garganta e pulmões.

(Fonte: Children's Health Environmental Coalition) Ácido hidroclorídrico ou

sulfato ácido de sódio (sapólios)

Ambos podem causar queimaduras na pele, vômitos, diarréia e queimação no estômago se ingeridos. Também podem causar cegueira se descuidadamente caírem nos olhos.

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pentaclorofenol (sprays) pulmões.

Fonte: Adaptado de U.S. Environmental Protection Agency, 2004.

As substâncias químicas encontradas nos ambientes, sejam domésticos, sejam laborais, apresentam características que podem torná-las elementos de agressão à integridade física ou à saúde das pessoas a elas expostas. Dependendo da concentração dessas substâncias no ambiente, a atividade ali desenvolvida poderá ser dita insalubre, situação na qual foi excedido o limite de tolerância do organismo humano àquela espécie química. Tem-ƐĞ ĐŽŵŽ ůŝŵŝƚĞ ĚĞ ƚŽůĞƌąŶĐŝĂ ͞Ă ĐŽŶĐĞŶƚƌĂĕĆŽ ŽƵ ŝŶƚĞŶƐŝĚĂĚĞ ŵĄdžŝŵĂ ŽƵ mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará ĚĂŶŽăƐĂƷĚĞ͘͟KƐůŝŵŝƚĞƐĚĞƚŽůĞƌąŶĐŝĂĚŝnjĞŵƌĞƐƉĞŝƚŽăƋƵĞůĂƐĐŽŶĐĞŶƚƌĂĕƁĞƐŵĄdžŝŵĂƐĚĞ agentes químicos às quais, uma vez expostas diária e repetidamente, as pessoas possam se expor diária e repetidamente (SILVA FILHO, 1999).

4 METODOLOGIA PESQUISA

A pesquisa foi desenvolvida, por amostragem, com sessenta e um moradores das comunidades de áreas da região conhecida como Complexo do Alemão e adjacências, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Desenvolveu-se junto a moradores de sub-regiões conhecidas como Mangueiras, Alvorada, Areal, Fazendinha, Nova Brasília, Morro das Palmeiras e Mineira, no Complexo do Alemão. Além daqueles, moradores de comunidade de Inhaúma e Costa Barros também fizeram parte da amostra analisada.

Foi utilizado um questionário, desenvolvido e testado, cujas questões visam identificar a percepção dos sujeitos envolvidos, buscando dados relacionados às práticas que envolvem o manuseio de substâncias químicas habitualmente utilizadas nas residências. Nesta etapa do processo, visando sua boa qualidade, buscou-se a total abrangência do problema investigado em suas múltiplas dimensões.

Para coleta dos dados foi utilizada, como instrumento, entrevista semiestruturada e individual, direcionadas para estabelecer o perfil dos participantes e identificar os produtos domissanitários mais comumente utilizados, bem como ocorrem o manuseio destes

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produtos e a possível intoxicação de algum participante. A análise dos dados foi realizada a partir do aspecto multirreferencial buscando-se identificar vários pontos de vista para apreensão da realidade estudada, enriquecendo o processo analítico.

As informações foram coletadas de maneira que permitiu a construção das seguintes categorias de análise: (a) quais são os produtos químicos domésticos utilizados; (b) quais são as formas de uso, dos produtos químicos na manutenção do lar; (c) como o usuário manuseia o produto químico adquirido para a manutenção do lar; (d) qual é o nível de consciência quanto ao impacto causado pelo seu descarte na natureza. Essas categorias possibilitaram a estruturação de um conjunto de conceitos articulados entre si, constituindo assim um instrumento válido para o desenvolvimento do tema da pesquisa.

Para a análise das entrevistas foram adotados os seguintes procedimentos: leitura e releitura das entrevistas; mapeamento das falas individuais com base nos aspectos relevantes, definidos a partir da leitura e dos objetivos da pesquisa e análise-síntese das entrevistas, baseada nas palavras e/ou frases significativas que serão interpretadas. Posteriormente, foram analisadas e classificadas à luz do referencial teórico.

5 RESULTADOS

5.1 Produtos mais utilizados nos domicílios das localidades analisadas

Diante da pergunta de número 2 do questionário aplicado, os entrevistados informaram que sabonete, desinfetante, xampu, sabão em pó, detergente, álcool, sabão em pedra, esmalte de unha e acetona compõem o grupo de produtos utilizados em 90% ou mais de domicílios (Quadro 2); da mesma forma que em mais de 50% dos domicílios não são utilizados produtos como removedor, cera de móveis, sapólio, creolina, produtos contra ratos, polidor de metais, óleo lubrificante, cera de chão, mata mosquitos em espiral, auxiliar ĚĞůŝŵƉĞnjĂĚĞĐŽůĂƌŝŶŚŽƐ͕ƐŽĚĂĐĄƵƐƚŝĐĂŽƵ͞ĚŝĂďŽǀĞƌĚĞ͟;YƵĂĚƌŽϮͿ͘

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Quadro 2: Produtos utilizados nos domicílios

PRODUTO % FAZEM USO

% NÃO FAZEM USO Sabonete 100% 0% Desinfetante 98% 2% Xampu 98% 2% Sabão em pó 98% 2% Detergente 97% 3% Álcool 97% 3% Sabão em pedra 92% 8% Esmalte de unha 92% 8% Acetona 90% 10%

Amaciante para tecidos 87% 13%

Alvejante 85% 15%

Sabão em pasta 82% 18%

Lustra móveis 77% 23%

Mata mosquitos em aerosol 70% 30%

Tinta para cabelos 67% 33%

Removedor de gordura 66% 34% Removedor 44% 56% Cera de móveis 44% 56% Sapólio 44% 56% Creolina 43% 57% Polidor de metais 36% 64% Óleo lubrificante 31% 69% Cera de chão 25% 75%

Mata mosquitos em espiral 18% 82%

Soda cáustica 15% 85%

Fonte: Elaboração dos autores

5.2 Uso de proteção

Conforme mostra o Gráfico 1, abaixo, diante das respostas à questão referente à utilização de algum tipo de proteção preventiva contra o contato direto com os produtos utilizados em casa, foi possível constatar que 75% dos entrevistados afirmou recorrer a algum recurso com esse objetivo e que 25% da amostra não se utiliza de qualquer tipo de prevenção para proteger-se.

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Gráfico 1: Uso de proteção preventiva

Fonte: Elaboração dos autores

Ao se analisar dados referentes ao comportamento masculino e feminino constatou-se que entre os homens predomina o hábito de não adotar o comportamento preventivo. No grupo de homens entrevistados predominou o comportamento de não recorrer a algum tipo de proteção contra os agentes químicos de uso domestico (84,6153%). Apenas 15,3846% dos homens entrevistados informou utilizar-se de algum equipamento de proteção ao manipular produto químico em sua residência. A Tabela 1, abaixo demonstra que essa constatação é válida, também, para o grupo de mulheres, no qual não usar equipamento de proteção é comportamento predominante (72,9166%).

Tabela 1: Comportamento de gêneros frente ao uso de equipamento de proteção ao lidar com produtos químicos no lar.

Você costuma utilizar algum tipo

de proteção durante o manuseio dos produtos? Entrevistados: 61 Total % Feminino: 48 Masculino: 13 Quantidade % Quantidade % Sim 15 24,5901 13 27,0833 2 15,3846 Não 46 74,4098 35 72,9166 11 84,6153 0 0 0 0 0 0 25% 75%

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Sem resposta

Fonte: Elaboração dos autores

A partir dos dados coletados, foi possível constatar que 11% da amostra informou utilizar-se, como equipamento de proteção, de saco plástico enrolado na mão, 17% de meia enrolada na mão, 17% de avental de tecido de algodão; enquanto que 55% dos entrevistados informou recorrer ao uso de luvas para a realização de atividades para as quais seja necessário manusear produtos químicos. Essa última parcela da amostra não soube especificar, por ignorar, o tipo de luvas adequado ao tipo de tarefa realizada quando do uso das mesmas (Gráfico 2).

Gráfico 2: Recursos de proteção utilizados

Fonte: Elaboração dos autores

5.3 Explicações para o não uso de proteção

ŽŶĨŽƌŵĞ ĚĞŵŽŶƐƚƌĂĚŽ ŶŽ 'ƌĄĨŝĐŽ ϯ͕ ĂďĂŝdžŽ͕ Ϯϱй ĚĂ ĂŵŽƐƚƌĂ ĂĨŝƌŵŽƵ ƋƵĞ ͞ŽƐ ƉƌŽĚƵƚŽƐŶĆŽĨĂnjĞŵŵĂů͕͟ϮϵйĚĞĐůĂƌŽƵƚŽŵĂƌĐƵŝĚĂĚŽ͕ƐĞŵĞƐƉĞĐŝĨŝĐĂƌĚĞƋƵĞ tipo, para evitar riscos, 11% informou acreditar que, se o produto é liberado para comercialização, significa que o mesmo é inócuo, 22% afirmou não utilizar-se de qualquer tipo de proteção

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por ter boa saúde e, assim, os produtos domissanitários não lhe causa dano e 13% dos entrevistados informou motivo inespecífico.

Gráfico 3: Motivos para não recorrer a equipamento de proteção

Fonte: Elaboração dos autores

Além dos dados apresentados acima, alguns entrevistados responderam que não se utŝůŝnjĂŵ ĚĞ ƋƵĂůƋƵĞƌ ƌĞĐƵƌƐŽ ƉƌŽƚĞƚŽƌ ͞ƉŽƌ ŶĆŽ ƚĞƌ ĚŝŶŚĞŝƌŽ ƉĂƌĂ ĐŽŵƉƌĂƌ͟ ;Ϯ͕ϱйͿ͕ ͞ƉŽƌ ĂƚƌĂƉĂůŚĂƌ Ž ŵĂŶƵƐĞŝŽ͟ ;ϭйͿ͕ ͞ƉŽƌ ĂĐƌĞĚŝƚĂƌ ƋƵĞ͕ ƐĞ Ă ƐƵďƐƚąŶĐŝĂ ƉĞŶĞƚƌĂƌ Ă ůƵǀĂ͕ ƉĞůŽ ĞƐƉĂĕŽ ƉĞƋƵĞŶŽ͕ ĨŝĐĂƌĄ ŵĂŝƐ ĐŽŶĐĞŶƚƌĂĚĂ͕ ƉŽĚĞŶĚŽ ĐĂƵƐĂƌ ŵĂŝƐ ĞĨĞŝƚŽƐ ĚĂŶŽƐŽƐ͟ ;ϮйͿ͘ Destas respostas pode-se inferir mais um dado indicativo de que há cidadãos com pouco conhecimento e da importância do mesmo no que diz respeito à proteção ao seu próprio organismo.

Um ato básico de higiene compôs o objeto da pesquisa: lavar as mãos após o manuseio de produtos químicos de uso domiciliar. As respostas foram variadas, indo desde a ĂĨŝƌŵĂƚŝǀĂƋƵĞĂƐŵĆŽƐƐĆŽůĂǀĂĚĂƐ͞ƉŽƌƵŵĂƋƵĞƐƚĆŽĚĞŚŝŐŝĞŶĞ͟;ϲϱйͿ͕ƉĂƐƐĂŶĚŽƉŽƌĨĂůĂƐ ĐŽŵŽ͗͞ƉŽƌƋƵĞŽƐƉƌŽĚƵƚŽƐĨĂnjĞŵŵĂůăƐĂƷĚĞ͟;ϭϲйͿ͕͞ĚĞǀŝĚŽĂŽĐŚĞŝƌŽ͟;ϱйͿ͕ĂƚĠ͞ŚĄďŝƚŽ͟ ;ϰйͿĞ͞ŽƵƚƌŽƐ͟;ϭϬйͿ͕ĐŽŶĨŽƌŵĞĚĞŵŽŶƐƚƌĂŽ'ƌĄĨŝĐŽϰ͕ĂďĂŝdžŽ͘

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Gráfico 4: Razões para lavar as mão após uso domiciliar de produto químico.

Fonte: Elaboração dos autores

5.4. Uso de embalagens indevidas

Um grupo de entrevistados, em resposta à questão sobre utilização de produtos ĚŽŵŝƐƐĂŶŝƚĄƌŝŽƐĞŵďĂůĂĚŽƐĞŵŐĂƌƌĂĨĂƐƉĞƚ͕ĂĨŝƌŵŽƵĂĚŽƚĂƌĞƐƐĞƉƌŽĐĞĚŝŵĞŶƚŽ͞ƉŽƌƋƵĞƐĆŽ ŵĂŝƐďĂƌĂƚŽƐ͘͟ƐƚĂƌĞƐƉŽƐƚĂĨŽŝĚĂĚĂƉŽƌϲϰйĚĂĂŵŽƐƚƌĂ͘ƐĚĞŵĂŝƐũƵƐƚŝĨŝĐĂƚŝǀĂƐƉĂƌĂĞƐƐĂ prática foƌĂŵ͗ ͞ĨĂĐŝůŝĚĂĚĞ ĚĞ ĂĐĞƐƐŽ͟ ;ϮϭйͿ͕ ͞ƉŽƌƋƵĞ ƚĞŵ ďĞůĂƐ ĐŽƌĞƐ Ğ ďŽŵ ŽĚŽƌ͟ ;ϳйͿ͕ ͞ƉŽƌƋƵĞƐĆŽŵĞůŚŽƌĞƐƋƵĞŽƐde marca ͞ϰйͿĞ͞ƉŽƌƋƵĞŶĆŽĨĂnjĞŵŵĂůăƐĂƷĚĞ͟;ϰйͿ͘ƐƐĞƐ dados são representados no Gráfico 5.

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Gráfico 5: Razões utilizar domissanitários comercializados embalados em garrafas pet

Fonte: Elaboração dos autores

5.5 Hábitos no descarte de embalagens de produtos químicos utilizados

Conforme demonstra o Gráfico 6, abaixo, diante da pergunta a respeito da forma de descarte praticada na comunidade, a amostra respondeu que o comportamento varia entre ĚĞƐĐĂƌƚĂƌ͗ĂͿ͞ŶŽƐĂĐŽĚĞůŝdžŽĚŝĄƌŝŽĚĂĐĂƐĂ͟;ϵϱйͿ͕ďͿ͞ƐĞƉĂƌĂŶĚŽĚŽůŝdžŽĐŽŵƵŵ͟;ϯйͿ͕ĞĐͿ ͞ĚĞŝdžĂŶĚŽ-ĂƐŶĂĐĂůĕĂĚĂƉĂƌĂƋƵĞŽŐĂƌŝĂƐƌĞĐŽůŚĂ͟;ϮйͿ͘

No entanto, é necessário registrar que, no decorrer da pesquisa, houve conversas com moradores da comunidade, durante as quais ficou claro que existem, ali, pessoas preocupadas com o descaso, tanto da população quanto das autoridades, para com a coleta seletiva de lixo como recurso para minimizar a degradação ambiental dentro e no entorno dos seus locais de residência.

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Gráfico 6: Hábitos de descarte das embalagens de produtos químicos usados nos domicílios da comunidade.

Fonte: Elaboração dos autores

6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Por meio da pesquisa tornou-se possível detectar que há pessoas que não utilizam qualquer tipo de proteção ao manipular produtos químicos domésticos. É oportuno lembrar que muitas alterações ambientais e danos à saúde humana originam-se do uso incorreto e descarte inadequado de produtos domésticos perigosos.

Constatou-se, através dos dados coletados, que parte significativa da população não se protege contra o potencial que os produtos químicos têm para causar dano, tanto à integridade física, quanto à saúde daqueles que com eles lidam de forma inadequada. Ou seja, não utiliza equipamentos de proteção individual.

Ainda em relação ao uso de algum tipo de proteção, os dados colhidos levam à constatação de que, no ambiente doméstico, o hábito de procurar usar algum tipo de equipamento para proteger a integridade física ou a saúde é predominantemente feminino (86.6666% dos que usam alguma proteção são mulheres, conforme dados apresentados no Quadro 1).

De acordo com MENDES, René (2005),

As medidas preventivas, tais como o uso de equipamentos de proteção individual, armazenamento dos produtos em recipiente bem identificados e em locais adequados e seguros, treinamento dos trabalhadores em relação aos cuidados com a manipulação das substâncias e esclarecimento dos riscos relacionados com suas

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Rev. Augustus | Rio de Janeiro | v.22 | n. 44 | p. 66-88 | jul./dez. 2017 85 atividades, assim como a manutenção de ambiente de trabalho bem ventilado, têm fundamental importância na prevenção dos acidentes tóxicos e das intoxicações crônicas.

Os equipamentos de proteção individual devem ser adequados ao risco de cada atividade (SALIBA, 2011) ou agente de risco, no caso ao produto químico manipulado pela pessoa, seja num ambiente laboral ou no ambiente doméstico.

A Portaria MTE nº 3214 de 8 de junho de 1978 aprova as Normas Regulamentadoras ʹ NR ʹ do Capítulo V, do Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança ĞDĞĚŝĐŝŶĂĚŽdƌĂďĂůŚŽ͘ĞƐƚĂEZ͛Ɛ͕ĠĂĚĞŶǑϬϲ͕ĐƵũŽƚşƚƵůŽĠƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽƐĚĞWƌŽƚĞĕĆŽ Individual ʹ EPI -, aquela que norteia a questão de uso de equipamento de proteção individual, particularizando, para cada parte do corpo do trabalhador, o tipo adequado de prevenção a ser adotada. Estas informações não alcançam a população que exerce atividades laborais no ambiente doméstico favorecendo, assim, sua inadequada exposição aos riscos químicos. Importante registrar que equipamento de proteção individual, o EPI, a rigor não previne a ocorrência dos acidentes, mas apenas evita ou atenua a gravidade das lesões (GONÇALVES, 2011).

Foi possível constatar, por meio da análise das respostas à pergunta a respeito do tipo de proteção utilizada, que parte da população não utiliza ou, quando o faz, não lança mão de conhecimento técnico adequado para a escolha de recurso adequado à manipulação de produtos químicos.

A constatação do baixo nível de conhecimento acerca da possibilidade de vir a sofrer um dano qualquer no organismo fica patente ante as respostas dadas à pergunta a respeito dos motivos através dos quais os entrevistados procuraram explicar porque não lançam mão de qualquer tipo de proteção, ao realizar tarefas domésticas que demandam manuseio de produtos químicos.

Diante das respostas dadas à questão relativa ao comportamento imediatamente posterior à utilização de um domissanitário, percebe-ƐĞ ƋƵĞ Ă ͞ŚŝŐŝĞŶĞ͟ ĨŽŝ Ž ĨĂƚŽƌ determinante para que a população lavasse suas mãos após utilizar produto químico em alguma tarefa doméstica. Não houve influência na atitude lavar as mãos das possíveis informações que a população pudesse ter em relação à toxicidade, por exemplo, desse ou daquele produto. Este fato reforça a constatação de que, embora a higiene seja fator

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relevante, falta à população informações que a dotem de princípios defensivos de sua saúde, de sua integridade física e, em adendo, da preservação da qualidade do meio ambiente, diante da ação danosa de produtos químicos.

Agravando a situação, a pesquisa permitiu que se chegasse à informação segundo a qual há pessoas que não lavam suas mãos, nem por questão de higiene, após o uso de um produto químico em seu ambiente doméstico. Estas pessoas apresentaram, dentre os ŵŽƚŝǀŽƐ ƉĂƌĂ ƚĂů͕ ĂĨŝƌŵĂƚŝǀĂƐ ĐŽŵŽ͗ ͞ŵƵŝƚĂƐ ǀĞnjĞƐ ŶĆŽ ƚĞŶŚŽ ƚĞŵƉŽ ƉĂƌĂ ƉĞŶƐĂƌ ŶŝƐƐŽ͟ ;ϱϬйͿ͕͞ŽƉƌŽĚƵƚŽũĄĂƐĚĞŝdžĂůŝŵƉĂƐ͟;ϮϱйͿĞ͞ĚĞƐĐĂƐŽ͟;ϮϱйͿ͘

No que diz respeito ao cuidado necessário diante do uso de garrafas pet como embalagem de domissanitários não foi levado em conta, pelo grupo que respondeu ao questionário, que esse tipo de acondicionamento é inadequado e oferece acentuado grau de risco, no ambiente doméstico, para crianças abaixo da idade escolar, e seu uso surge como mais um fator de confirmação de que parte da população é merecedora de maior atenção no que diz respeito ao acesso à informação sobre os riscos que envolve a manipulação inadequada de domissanitários.

A falta de controle de qualidade, citada por 46% dos entrevistados, que afirmam não utilizar domissanitários comercializados em garrafas que foram fabricadas, em geral, para embalar refrigerantes, portanto não se prestando adequadamente como contendores de produtos químicos domissanitários, é um forte indício de que esse assunto interessa a, pelo menos, parte da população (Figura 6). A partir dessa observação se pode inferir que a outra parte dessa mesma população deveria receber orientação adequada nesse sentido, visando um trabalho de conscientização em relação à melhoria de sua qualidade de vida.

Diante da questão que trata de armazenagem dos produtos domissanitários, nas residências, os entrevistados demonstraram pouca ou nenhuma preocupação com a facilidade de acesso e uso indevido dos mesmos. Uma das importantes causas de acidentes domésticos com produtos químicos, principalmente com crianças, é a adoção de locais impróprios ou inseguros para a sua armazenagem nos lares em geral. Assim é que predomina na população a prática de guardar esses produtos em locais próximos ao piso, sob o tanque de lavar roupas principalmente, ou no banheiro da residência, expondo os menores ao risco de lesões, doenças e até óbito ou contaminação do meio ambiente.

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Rev. Augustus | Rio de Janeiro | v.22 | n. 44 | p. 66-88 | jul./dez. 2017 87 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quanto às questões relativas ao descarte de embalagens de produtos químicos utilizados, concluiu-se que os dados apresentam um quadro que comprova o desconhecimento da população de necessidade de se conscientizar em relação ao prejuízo que se causa ao meio ambiente ao se deixar de fazer o descarte das embalagens de forma adequada. A quase totalidade da população não se preocupa em selecionar os resíduos produzidos em sua residência e, principalmente, as embalagens de produtos químicos que, via de regra, terminam por se transformar em agentes de degradação do meio ambiente.

Das informações obtidas, após estudo das respostas dadas conclui-se que o maior contato das populações com produtos e substâncias químicas de uso doméstico, deve ser acompanhado de esclarecimentos e orientações preventivas contra a possibilidade da transformação de um agente químico, comumente utilizado em domicílio, em um agente causador de doenças, lesões e, até, óbito. Partindo do princípio de que há pouca informação científica ou divulgação de estudos a respeito das intoxicações, por produtos domissanitários, nos lares da cidade do Rio de Janeiro, a ocorrência de acidentes não sofre qualquer tipo eficaz de refreamento.

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ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Boletim Informativo, nº 10, p. 1-8, 2001. ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Curso de capacitação em Toxicologia [CD-ROM], 2002.

CALDAS, L.Q.A.; MORAES, A.C.L.; UNES, A. Toxicologia Médica: a desinformação é alarmante.

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FERREIRA, Alexandre; BORELLI, Evelyse; CASON, Andresa; SANTOS, Fabiano Mosconi dos; OLIVEIRA, Magda Lúcia Félix de. Acidentes Infantis Domésticos por Produtos Domissanitários Registrados em Centro de Assistência Toxicológica da Região Sul. Espaço para a Saúde, vol.3, n.1, 2001.

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MENDES, René. Patologia do Trabalho, 2ª Ed. Atualizada e ampliada, ed. Atheneu, SP, 2005 RITTNER, H. Sabão: tecnologia e utilização. 1. Ed. São Paulo: Câmara Brasileira do livro. 1995.

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Tabela 1: Comportamento de gêneros frente ao uso de equipamento de proteção ao lidar  com produtos químicos no lar
Gráfico 2: Recursos de proteção utilizados
Gráfico 3: Motivos para não recorrer a equipamento de proteção

Referências

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