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A avaliação da aprendizagem como norteadora do processo de gestão escolar

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Academic year: 2021

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A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM COMO NORTEADORA DO PROCESSO DE GESTÃO ESCOLAR

FRANCISCA IVONEIDE FERREIRA Secretaria de Educação Básica de Morada Nova-CE fivoneideferreira@yahoo.com.br Introdução

O conhecimento claro da função social da escola e sua importância na vida dos seres humanos é essencial para que todos os gestores, alunos, pais, funcionários, tenham um projeto pedagógico que delimite os objetivos a serem atingidos em suas escolas. Os agentes educativos devem focalizar sempre o sucesso e a permanência dos alunos na escola como uma das maiores funções sociais da mesma, fazendo dessa instituição um espaço onde todos possam conviver quebrando as barreiras, onde as parcerias sejam criadas para que venham participarem de forma autônoma e feliz das decisões da escola.

Envolver a todos no processo de gestão escolar é promover espaço de participação das pessoas e setores da comunidade, na busca de estimulá-las a contribuir com os rumos da sociedade. É importante que todos sintam-se co-partícipes das decisões da escola, sabendo que possuem direitos e deveres para com a instituição a qual pertencem. Assim a escola terá subsídio e ajuda de todos quando necessitar discutir o rumo da mesma seja FINANCEIRO, FÍSICO, PATRIMONIAL, PEDAGÓGICO, dentre outros.

Neste sentido o PROGESTÃO (Programa de Capacitação a Distância para Gestores Escolares), veio dar ênfase a formação de um gestor público capaz de lutar juntamente com todos que fazem parte da escola (pais, alunos, professores, funcionários etc), pela melhoria da aprendizagem e do sucesso escolar dos alunos, por uma gestão democrática, pela formação em serviço de sua equipe de gestão, ambos em consonância com o resgate da qualidade do ensino-aprendizagem.

O objetivo desta pesquisa foi captar de cada segmento da escola (gestor, aluno, pais, funcionários), o que compreendem?, como compreendem?, porque compreendem assim?, os principais eixos que compõem a escola publica como: Função Social da Escola, Gestão Democrática, Recursos Financeiros, Avaliação, Convivência Democrática, Projeto Político Pedagógico. Saber como cada segmento “vê” a sua escola, como ela se “veste” no seu papel de garantir de fato que todos aprendam, refletindo acerca do trabalho que realiza

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na sociedade a qual faz parte, além de analisar com mais profundidade a importância da avaliação da aprendizagem subsidiando a gestão escolar nos momentos de avaliação institucional. A pesquisa é fruto do resultado final do PROGESTÃO, à nível de pós-graduação

Para aprofundar e teorizar os assuntos levantados, vários autores auxiliaram na reflexão do objeto de estudo: Celso dos Santos Vasconcellos, Ana Maria Saul, Philippe Perrenoud, Cipriano Luckesi, Maria Estela Fernandes, Heraldo Marelim Vianna.

O procedimento utilizado para a coleta dos dados foi a pesquisa de campo, de análise qualitativa, por descrever situações procurando detalhá-las cuidadosamente, como é o caso da fala dos entrevistados. As técnicas utilizadas para auxiliar na busca das informações foram entrevistas direcionadas por meio de questionários para um gestor, um aluno, um pai e um professor de uma instituição municipal de ensino. Os dados interpretados são referentes a avaliação da aprendizagem, vertente da avaliação institucional, como promotora do sucesso da gestão escolar, visando a melhoria da escola com um todo.

Em suma o tema tem relevância nacional. A cada momento em quase todos os recantos escolares são realizadas reflexões conscientes acerca da avaliação da aprendizagem, como eixo da avaliação institucional, na busca de uma compreensão mais exata de como ocorre o processo de ensino aprendizagem das instituições escolares. Avaliar hoje em dia faz parte de todo o cotidiano da vida terrena, e avaliar a avaliação da aprendizagem é refletir como os gestores estão conduzindo a escola junto com todos os segmentos na concretização da transformação dos conteúdos curriculares em aprendizagens.

Por isso é urgente e necessário que todos gestores tenham a avaliação como lâmpada que ilumina a situação pedagógica da escola e busque uma reflexão mais profunda e consciente acerca da mesma.

A avaliação da aprendizagem e a gestão escolar

A avaliação da aprendizagem realizada hoje em nossas escolas está a serviço de uma pedagogia dominante, servindo a um modelo social dominante, que teve sua origem desde a Revolução Francesa, bem precisamente quando a burguesia se instalara no poder.

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Então todas as formas avaliativas carregam resquícios de um modelo social liberal conservador que se perpetua claramente às relações de poder que se executam em nome da prática avaliativa que retrata a sociedade capitalista, burocrática, punitiva, excludente que desabrocha seus percalços na educação. Mudaram-se apenas às épocas, as formas de autoritarismo mascararam-se, mas permanece a herança entrelaçada na cultura de que os melhores foram os que mais estudaram, que mais se esforçaram, negando o processo ao longo do curso da vida cheio de incertezas, entraves, obstáculos decorrentes muitas vezes - ou quase todas - da condição social, econômica que se colocam, o local que ocupam na pirâmide das classes sociais.

Por liberal aqui entende-se a igualdade de direito, no qual o indivíduo com seu próprio esforço, livre perante à lei, deve buscar sua auto-realização pessoal, por meio da conquista e do usufruto da propriedade privada e dos bens. Não inclui-se aqui a igualdade de chances e meios que garantam essa igualdade (LUCKESI, 2001, p. 29).

Não podemos também esquecer que os professores e professoras que estão frente ao “comando” das salas de aulas realizando avaliações da aprendizagem e utilizando vários elementos como prova, nota, conceitos, boletim, recuperação, reprovação, vivenciaram enquanto alunos e alunas uma avaliação que via no erro, na nota, armas de punir o aluno. Hoje esses castigos manifestam-se não como castigos físicos como deixar o aluno “em pé” durante a aula, “de joelhos” sobre grãos de feijão, mas em nossos dias ele aparece de forma sutil, onde o clima de medo, tensão, ansiedade, é visível em dias de provas, que são elaboradas - quase sempre - para atingir ao “fraco”, aquele que não sabe, neste contexto esboça-se a “violência simbólica”.

Todo poder que chega a impor significações e como legítimas, dissimulando as relações de força que estão na base de sua força, isto é, propriamente Simbólica, a essas relações de força. (Bourdieu & Passeron, 1975, pág. 19).

Parece não termos mais espaço para uma avaliação classificatória, se ela causa tantas conseqüências desastrosas nos nossos alunos, como traumas, medos, e desenvolve personalidades submissas; com isso, não facilita a melhoria da aprendizagem, somente colabora com a seletividade, por meio das reprovações.

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Com a função classificatória, a avaliação constitui-se num instrumento estático e inibidor do processo de crescimento; com a função diagnóstico, ao contrário ela constitui-se num momento dialético do processo de avançar no desenvolvimento da ação, do crescimento para a autonomia, do crescimento para a competência, etc. (LUCKESI, 2001, p.35).

Em nossos dias encontramos professores dizendo-se construtivistas, libertadores. Mas para assim ser, é necessário um conhecimento profundo acerca da gênese do conhecimento, que compreenda a criança, o jovem, o adulto na busca de conhecimento possível para ele e quais as formas como se dá a interação entre o objeto desconhecido e o meio, para que desenvolva-se a sua capacidade de conhecer. Ou seja, compreender o processo cognitivo, onde o educador seja um facilitador de oportunidades, para que o aluno reflita sobre o mundo, construa suas verdades e formule-as num processo de abstração e reflexão e reveja suas hipóteses questionando-as criticamente.

A metodologia usada para “cobrar” os conteúdos dos alunos parece não facilitar, não acontecer comunicação entre o que o professor quer que o aluno responda e o que ele aluno acha que o professor quer que ele responda. Digo em relação as questões elaboradas em tarefas avaliativas relevantes para acompanhar as dificuldades dos alunos, em sala de aula, que muitas vezes vem recheadas de arbitrariedades nas interpretações das respostas dadas pelos alunos.

Percebe-se assim, a necessidade dos professores estarem muito alerta para suas práticas; discutir, avaliar, refletir, questionar-se e questionar como fazer valer à avaliação construtivista, emancipatória, que venha promover aprendizagens significativas.

Não podemos dizer, nem pensar que deixar de lado a pedagogia dominante, que serve a um modelo social dominante, que tem sua base muito bem moldada desde ascensão da burguesia - 1789 - que procurava garantir os privilégios econômicos e sociais que adquiriu, é uma resolução que se toma de uma hora para outra.

Pleitear uma avaliação diagnóstica1, construtivista2 que procure propiciar a auto compreensão tanto do educando quanto do educador, motivando o crescimento, auxiliando a aprendizagem para melhorar a vida do educando; não é fácil; é difícil compreendê-la,

1 Precede a ação de formação, identificando certas características do aprendiz, permitindo um ajuste recíproco entre aprendiz-programa de estudo, tendo em vista o avanço e o crescimento do educando (Luckessi, 2001). 2 Facilitadora do aprendizado consciente, reflexivo onde o aluno interage e reconstrói suas verdades.

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praticá-la, exercitá-la, porque é necessário construir “outra história” sobre a avaliação, mexer com a marca histórico-estrutural, traduzida pelas condições de classes, onde precisaríamos equalizar as oportunidades ao invés de igualdade de oportunidades. Mas difícil não é sinônimo de impossível.

Não é impossível idealizar e concretizar um país que reconheça a educação como fenômeno político, onde se faz acontecer, onde a competitividade dê lugar a criatividade, a criticidade, a atualização permanente, a capacidade de avaliar de forma global seu aluno, conscientizando-o a exercer uma competência em vez de competitividade. Competência essa que precisa de uma formação de qualidade formal e política.

O processo de aprendizagem deveria expressar uma qualidade formal: o manejo adequado do conhecimento e na qualidade política que visa a formação do sujeito histórico consciente (DEMO, 1996. p. 26).

Os agentes educacionais (professores, alunos, supervisares) têm um papel importante na concretização de um projeto de educação de qualidade, porque persistir, reconquistar, acompanhar de perto, manter a consciência crítica do processo educativo, é necessário para que nossa prática não caia no desgaste natural, rotineiro. Acreditar que podemos mudar é condição para que aquilo que queremos venha acontecer.

Avaliar é necessidade intrínseca da educação, pois tomar decisões educacionais requer reflexão tanto no âmbito qualitativo como quantitativo, para que se intervenha com responsabilidade.

Avaliar hoje em dia o currículo, o planejamento requer do avaliador uma clara concepção de homem de sociedade, de instituição educacional que se quer para, as gerações presentes e futuras.

É preciso acordar em cada educador político, não neutro, que use a avaliação centrada no educando, onde o currículo seja elemento do processo avaliativo, que definam com clareza, no ato do planejamento de ensino, qual o padrão de qualidade que se espera da conduta do aluno, após ser submetida a uma determinada aprendizagem.

Se o mínimo necessário fosse estabelecido a aprovação ou reprovação numa unidade de ensino não estaria a depender da arbitrariedade do professor, mas sim do fato do aluno não ter apresentado em sua conduta de aprendizagem os caracteres mínimos necessários (LUCKESI, 2001,

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72-73).

Só assim conseguiríamos a tão sonhada democratização do ensino, encontrando na avaliação formativa3, diagnóstica, criterial4 e contínua5, requisitos para que o aluno permaneça na escola e termine seus estudos se apropriando ativamente dos conteúdos.

Uma avaliação numa perspectiva qualitativa6 requer muita base teórica por parte do avaliador, no que diz respeito compreender o educando e o processo educativo como dinâmico e criativo inerente ao ser humano.

A idéia de avaliação diagnóstica nasceu da teoria piagetiana, da psicologia genética, quando Jean Piaget estudou a constituição progressivas das estruturas mentais, mostrando não ser possível ensinar uma estrutura, porque depende dos fatores do desenvolvimento. Assim Piaget mostra-nos a necessidade de tomarmos conhecimentos dos estágios de desenvolvimento da criança e do jovem, rever nossas concepções, idéias, acerca da formação da mente, da aprendizagem, da criança etc. Por isso, faz-se necessário reavaliar sempre nossos diplomas, resignificar nossos saberes nossas verdades mediante nossa formação continuada.

A avaliação diagnóstica feita pelo aluno e o professor de si próprios, com objetivos claros, também pode contribuir bastante para que ambos reflitam seus desempenhos na sala de aula, e refaçam seus percursos se necessário for.

Diagnosticar a si mesmo implica compreender os parâmetros a que está sujeito, analisar o próprio desempenho, com base nisso, e propor-se metas para superar dificuldades. (SOUSA, 2003, p. 149)

Para isso é necessário que professores, gestores, conduzam o aluno a alcançar sua autonomia nos momentos de auto-avaliação. A avaliação da aprendizagem não pode e não deve ser analisada, refletida apenas pelos professores e alunos, mas os gestores, e todos os agentes escolares devem ter acesso a mesma para que juntos venham repensar se for o caso o remo da escola.

A avaliação da aprendizagem desponta com finalidade principal, fornece

3 Situa-se no centro da formação contribuindo para a evolução do aluno, auxiliando o mesmo a aprender e se desenvolver... (Hadji, 2001).

4 É aquela que verifica o grau de concepção dos objetivos, em função das realizações individuais de cada

alunos (Afonso, 2000).

5 Realizada ao longo do processo de ensino-aprendizagem, processual, questionamento teimoso insistente da

ação (Demo, 1999).

6 Tem sua razão de ser como processo de sustentação o bom desempenho do aluno – formal e político –

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informações sobre o processo pedagógico, que permitam os agentes escolares decidir sobre intervenções e redirecionamentos que se fizerem necessários em face do projeto educativo definido coletivamente e comprometido com a garantia da aprendizagem do aluno (SOUSA, 1993, p. 46).

É no momento de avaliar a avaliação que os envolvidos com a educação (gestores, professores, pais) devem juntos refletirem acerca dos desempenhos de seus educandos e procurar tomar decisões para que os alunos venham atingir os padrões desejáveis.

Mesmo que se compare o desempenho do aluno em relação aos seus desempenhos prévios, e necessário, estabelecer padrões desejáveis. Não há como verificar se o aluno progrediu se não determinarmos previamente com ele o sentido desse progresso (ROMÃO, 2003, PÁG. 66-67).

Neste exposto vemos que abdicar de uma concepção classificatória de avaliação em favor de uma concepção mediadora7, qualitativa (formal e política), formativa, processual, merece uma excessiva reflexão da prática educacional, vendo-se que não podemos agir inconscientemente e irrefletidamente, sem um aprofundamento teórico, que deixe claro a ação do professor-avaliador, sabendo ele para onde está indo, não sendo um ato mecânico e sem uma atividade definida com racionalidade, dentro de um encaminhamento político e decisório a favor da competência.

Então essa discussão nos mostra a grande necessidade de nós educadores, refletirmos, reinventarmos a nossa prática docente de forma crítica e construtiva a serviço do desenvolvimento do educando, buscando ter em mente, claro, que tipo de avaliação é necessária para resgatar na ação pedagógica, uma prática que valorize o percurso do educando, como ferramenta do ser humano no processo de construção dos resultados que planificou produzir.

Nós professores não podemos mais continuar “discursando” sobre o que a avaliação não deve ser. Mas adotar uma postura, uma prática, uma teoria, que se faça concreto, o que a avaliação da aprendizagem deve ser, e torná-la uma realidade no cotidiano de nossas salas de aula, através de nossas práticas docentes.

Metodologia

7 Reflete o conhecimento do aluno, promover e favorece a iniciativa, a curiosidade construindo novos saberes em interação com o aluno (Hoffmanm, 2000).

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A pesquisa de campo foi realizada em uma escola municipal da sede rural do município de Morada Nova / Ceará.

O recurso utilizado na pesquisa foram entrevistas direcionadas por questionários, aplicados a segmentos da escola representado por um gestor, um pai, um aluno, um professor, um funcionário, da mesma instituição, cada uma tendo livre arbítrio para dar suas respostas, sendo que cada informação era colhida individualmente, onde cada segmento dispunha do tempo que necessitasse para formular seus pareceres.

A pesquisa utilizada é de abordagem qualitativa, porque procura analisar os dados, refletindo e criticando concepções, posicionamentos dos que dela participaram, buscando analisar a essência dos discursos. A pesquisa qualitativa tem seu ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento, no contato direto com o pesquisador e com o ambiente.

Serviram-me de apoio teórico para esta pesquisa Menga Lüdke e Marly E.D.A. André, e o Caderno Pedagógico I (Introdução a Pesquisa em Educação) do PROGESTÃO. Análise dos Dados

A avaliação da aprendizagem tem sido usada nos últimos anos pelos gestores educacionais na busca de (re)significar a escola junto com todos os agentes envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Nesta pesquisa foram unânimes os posicionamentos do gestor, do pai, do professor e do aluno ao enfocar o papel da avaliação da aprendizagem, como importante vertente na avaliação institucional, além de reconhecerem a necessidade da escola está sempre avaliando-se e neste processo, colocam o ensino aprendizagem como parte central e essencial da escola, na busca de cada dia resgatar a qualidade e a autonomia da mesma.

Sabemos que não podemos deixar a qualidade de nossas escolas serem avaliadas cotando apenas com os resultados da avaliação do desempenho escolar, mas verificar outras variáveis que interferem neste desempenho.

Muitas são as variáveis que condicionam o rendimento escolar, podendo citar alguns exemplos:

a) O que as crianças fazem na escola; b) A qualidade dos livros didáticos;

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c) Valores e objetivos sociais e econômicos; d) O tipo de ensino que as crianças recebem; e) As metodologias usadas em sala de aula, etc.

A gestora entrevistada reconhece que a análise do contexto é necessário quando busca refletir os resultados da avaliação da aprendizagem. Ao ser interrogada sobre como a escola utiliza os resultados da avaliação para a melhoria da aprendizagem assim coloca-se:

Mediante os resultados da avaliação da aprendizagem, providências são tomadas, na busca de melhorar o rendimento dos alunos,mais sempre tendo em nossa frente e respeitando as características da população a qual atendemos: seu valores culturais, a família suas características ambientais. [...] Por exemplo eu não posso exigir que uma mãe analfabeta der reforço ao filho que está com defasagem de aprendizagem. Peço ajuda dos amigos da escola [...]

Apesar de não ser a única variável a ser levada em consideração nos momentos de avaliação institucional, a avaliação da aprendizagem identifica problemas para que possam ser dimensionados, analisados coletivamente e solucionados.

Ao perguntar a professora da escola qual a repercussão da avaliação institucional sobre o seu trabalho, ela colocou-se da seguinte forma:

Serviu para auto-avaliar-me, acerca das práticas que uso na sala de aula, procurando levar meus alunos a aprenderem, para que ao avaliá-los, seus resultados não sejam tão discrepantes com os objetivos propostos, além de rever meus posicionamentos a cerca de aspectos ligados ao ensino-aprendizagem estudar mais, rever as minhas “verdades”[...]

Nota-se que a professora preocupa-se que nos momentos de avaliação institucional, o aspecto pedagógico assume relevância, além de a avaliação do aluno denunciar a prática do professor no seu dia-a-dia, a sua concepção de ensino e aprendizagem, de sociedade, de homem etc.

O aluno entrevistado sobre o que ele achava da escola avaliar o trabalho que desenvolve, sua preocupação foi imediata em associar o sucesso da aprendizagem dos alunos ao da escola, e diz:

Se a escola se avalia e ver que os alunos estão com notas baixas, aí o diretor deve ver que sua escola, nossa escola, não está bem, precisa

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melhorar, aí procura o professor para saber o porquê dessas notas, os professores procuram os pais, os pais procura conversar com a gente, para saber o que ta acontecendo [...]

Nota-se que o aluno deixa claro que o sucesso da escola, engloba fortemente o trabalho pedagógico, a aprendizagem, mostra também a preocupação para que o gestor acompanhe os resultados das avaliações e coletivamente com os outros segmentos da escola revejam suas práticas.

Os gestores, hoje em dia, na maioria dos casos, já possuem claramente a concepção de avaliação que prima pelo sucesso do aluno e da escola ao invés de excluir o aluno do dia-a-dia da mesma, já vê a avaliação da aprendizagem como importante vertente da avaliação institucional, pois ao emitir seu parecer sobre avaliação global, frisa-a como ponto que se deve refletir bastante: “A avaliação institucional é uma avaliação global da escola, tendo os resultados dos alunos como grande indicador para as tomadas de decisões”.

É notório também a preocupação do gestor com os resultados de aprendizagem que a escola emite para a sociedade, esses resultados refletem a escola na construção do conhecimento do aluno, além de assumir sua posição de co-participante na melhoria dos resultados não satisfatórios. Coloca-se consciente de que os resultados das aprendizagens dos alunos norteia não somente a gestão mais a família a sociedade etc.

Quando nos avaliamos e vimos que os resultados das avaliações dos alunos precisavam melhorar chamamos todos (pais, alunos, professores, comunidade ao redor, secretaria de educação do município) para juntos traçar caminhos para vencermos as dificuldades de aprendizagem detectadas [...]

Pelo discurso da gestora vemos que a escola não é mais tão somente, uma instituição fechada em si mesma, que “carimba” os alunos de competentes e incompetentes e entrega a sociedade, mas uma instituição preocupada com o sucesso de seus educandos, que acolhe os resultados da avaliação da aprendizagem para traçar o caminho da busca da melhoria de seus alunos, no processo de ensino.

Vemos na concepção da gestora da escola, sua conscientização do importante papel da avaliação, onde procura analisar coletivamente a realidade concreta, refletir sobre a mesma, e por fim intervir no sentido de mudanças qualitativas.

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avaliação institucional e molda sua fala para a avaliação da aprendizagem. Ao indagá-la sobre o que a mesma achava da escola avaliar o trabalho que desenvolve, ela responde:“Certíssimo, porque se faz isso, ver o que ta errado, o professor ver que os alunos não estão bem, estão com notas baixas...”.

É clara a preocupação da mãe em ligar avaliação institucional e os resultados do processo ensino aprendizagem, isso mostra que o grande objetivo de nossos pais é que seus filhos aprendam, e a nota aqui, para ela se for baixa, então é porque não está acontecendo ensino e aprendizagem.

O gestor neste momento deve assumir o papel de avaliador (investigador), que junto com todos da escola deve procurar respostas para muitas questões no âmbito pedagógico, norteado pelos resultados das avaliações da aprendizagem.

Conclusões e Recomendações

Conclui-se com a pesquisa e os estudos bibliográficos que a avaliação da aprendizagem é um importante instrumento norteador da gestão escolar; onde encontramos informações no processo pedagógico na busca do sucesso da escola, mediado por uma concepção de avaliação que procure acolher os alunos em suas dificuldades, na busca da superação das mesmas.

É necessário, também, uma equipe gestora que trabalhe coletivamente para envolver todos na busca de soluções para os possíveis entraves que se detecte na aprendizagem de seus alunos, para que juntos reflitam suas práticas, concepções, reavaliem os instrumentos que aplicam para obter uma avaliação mais real possível do aluno etc.

Percebe-se muito que claramente que pai, aluno, professor, gestor, em seus discursos colocam os resultados da avaliação da aprendizagem como ponto relevante nos momentos de reflexões acerca da escola como um todo. Todos entrevistados ao falar de avaliação institucional deixa claro que os resultados das aprendizagens mostram como a escola está caminhando, se precisa modificar o ritmo e refazer percursos, alterar metodologias, refletir concepções etc.

Conclui-se que a avaliação é a alma do processo educacional, pois se revelar ao aluno, ao professor, ao gestor, ao pai, se ambos atingiram os objetivos pretendidos no decorrer dos processos, estará cumprindo sua função formativa, desde que ao informar,

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sejam feitas reflexões, críticas, pareceres na busca de redirecionar percursos se assim for necessário.

A eficiência da avaliação da aprendizagem dependerá da maneira como os resultados da mesma interagem entre os envolvidos no processo educacional, onde todos devem caminhar na mesma direção, revendo suas concepções acerca da mesma, em busca dos mesmos objetivos, esses devem ser claros, simples, precisos, que conduzam a melhoria da escola e por que não dizer da aprendizagem.

Aprendizagem é uma mudança qualitativa e estável, ocorrida nos processos cognitivos de memorização, compreensão, aplicação, análise, síntese e julgamento que pode ser medida através de procedimentos apropriados (ANDRIOLA, 1999).

Avaliar é um processo sistemático (isto é, realizado em períodos regulares), para coletar informações válidas, quantificadas ou não, sobre uma determinada realidade, permitindo assim sua valoração e posterior tomada de decisões objetivando sua melhoria e aperfeiçoamento (ANDRIOLA, 2003, p 158).

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