Universidade Federal
de'Santa
Catarina
~Programa
de
Pós-Graduação
em
Engenharia
de Produção
QUALIDADE
E
PRODUTIVIDADE
DA
É
MAO-DE-OBRA
ARTESANAL NA
É
PRoouçAo
Do
QuE|.io
coAi_i-ioz
i_i|vioEiRo
Do
NoR'rE
-
CEARÁ
Dissertação
de Mestrado
Ana
Lúcia
da
Silva
Vasconcelos
Florianópolis
ARTESANAL
NA
PRODUÇAO
DO
QUEIJO
COALHO:
LIMOEIRO
DO
NORTE
-CEARÁ
II
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE
SANTA
CATARINA
_.
PROGRAMA
DE
PÓS-GRADUAÇAO EM
ENC_5ENHAR-IA
DE
~
PRoDuçAo
~
QUALIDADE
E
PRODUTIVIDADE
DA
MAO-DE-OBRA
~
ARTESANAL
NA
PRoDuçAo
Do
QuE|.Jo
coA|_Hoz
|_|MoE|Ro
Do
NoRTE
-CEARÁ
Ana
Lúcia
da
Silva
Vasconcelos
Dissertação
apresentada
ao
Programa
de
Pós-Graduação
em
Engenharia
de
Produção
da
Universidade Federal
de Santa
Catarina
como
requisito parcialpara
obtenção
do
títulode Mestre
em
Engenharia da Produção.
Florianópolis
Ana
Lúcia
da
SilvaVasconcelos
QUALIDADE
E
PRODUTIVIDADE
DA
MÃO-DE-OBRA
ARTESANAL NA
PRODUÇÃO
DO
QUEIJO
COALHO:
LIMOEIRO
DO
NORTE
-CEARÁ
Esta Dissertação
foijulgada e
aprovada
para a
'
~
obtenção
do
Títulode Mestre
em
Engenharia
de
Produçao
no
Programa
de
Pós-Graduação
em
Engenharia
de
Produção
da
Universidade Federal
de
Santa
Catarina
Florianópolis,
12 Julho
de 2001
I
,z‹,///f
.
ti/
~
. .Prof.
R|cardo<
íirnda
Barcia
Ph.D.
Coordéador
do Curso
A
Banca
Examinadora:
/‹á?¿¿/Í
1
Prof. r.
smar
Possamai.
Orientador
Prof. Dr.
E
v(Pa
heccLPaIiadini
P~ of. Dr. WillyArno
So
mer
IV
Aos
meus
Pais,
meu
Filho
Vitor,razões
de
minha
lutaAgradecimentos
A
Deus
A
meus
Pais
e
meu
irmao
Raimundo
Cláudio
Vasconcelos.
À
Universidade Federal
de
Santa
Catarina.
Ao
Orientador
Prof. Dr.Osmar
Possamai.
Aos
Professores
do
Curso
de
Pós-Graduação.
À
Universidade Federal
do
Ceará.
À
Universidade Estadual
do
Ceará.
Vl
Sumário
Lista
de
Figuras
... __ p_ixLista
de
Tabelas
... __ p. x Listade
Quadros
... _. p. xiResumo
... __ p. xii Abstract ... ._ p. xiv ~ 1INTRODUÇAO
... ._ p.1 1.1 Prelimirares ... __p_1 1.2 Justificativa ... ._ p.3 1.3 Objetivos ... __ p_4 1.4Delimitação
do
trabalho ... _. p.5 1.5 Estrutura ... __ p_5 2suPoRTE
TEÓRico
... p.72.1
Contextualizando educação,
trabalho e tecnologia ... ._ p_72.2 Instituições
de formação
profissional
... __ p_92.3
A
mão-de-obra
... _.p_122.3.1 Teorias acerca
do
trabalho agrícola ... __ p_132.3.2
Mão-de-obra
artesanal ... ._p.162.4
Referências
conceituais ... _.p_182.5
Capitalismo
e trabalho ... ... ._ p_232.5.1
O Homem
esua
relaçãocom
o trabalho ______________________________________ ..p.232.5.2 importância
de
uma
educação
profissional __________________________________ _. p.292.6
A
fiscalizaçãocomo
complemento
àformação
_______________________________________ _. p_342.7
Estudo
do
caso
___________________________________________________________________________________________ _. p_343
coNs|oERAÇÕEs
SOBRE A
PESQUISA
__________________________________________________ ._ps?
3.1
Estruturação
do
modelo
______________________________________________________________________ ____ _. p_373.1.1
Modelo
Conceitual ___________________________________ _________________________________ __p_373.1.2
Observações
quantoao modelo
conceitual _________________________________ _. p_393.2
Área
de
atuação
... _. p.41 3.3Fontes
de estudo
... _. p.44 3.4Período
de
estudo
... _. p.454
D|AGNÓsT|co
... p.47 4.1As empresas
do
setor ... _. p.47 4.1.1Desempenho
... _. p.474.1.2
Aspectos
dificultadoresdo
desempenho
do
setor ... _. p.484.1.3 Mercado, comercialização e destino
das vendas
... __ p.484.1.4
Faturamento
... ._ p.494.1.5 Investimentos ... _. p.5O
4.1.6 Perspectivas ... _. p.51
4.2
A
mão-de-obra
-
Nívelde
qualificação ... _. p.534.3
Rebanho
bovino
... ..p.554.4
O
queijocoalho
... _. p.554.4.1 Configuração
do Processo
Produtivo ... _. p.554.4.2
Dados
sobre aprodução
... _. p.574.4.3 Diagnóstico Geral ... ._ p.59
4.5
Proposta para melhoria
da
qualidade
... _. p.6O5
coNcLusÕEs
E
suGEsTÕEs
... ._ p.õ2 5.1Conclusões
... __ p_62 5.2Sugestões
... _. p.63 sFONTES
B|BL|oGRÁF|cAs
... _.p.ô5 6.1Referências
Bibliográficas ... ._ p.65 6.2 Bibliografia ... _. p.67 7ANEXOS
... ._ p.697.1
A
indústriade
laticíniosno
Nordeste
... ._ p_697.1.1
Aspectos
gerais ... ..p_697.1.2 Indústrias existentes ... _. p_71
7.1.3
Mão-de-obra
... _. p_757.1.4 Tecnologia
de produçao
... ._ p.79viii
7.1.6
Conclusões
... .. p.817.2
Capacitação
de
recursos
humanos
no processo de modernização
industrial
-
pequenas
empresas
... .. p.897.2.1
Produção
artesanalde
alguns derivadosdo
leite ... .. p.897.2.2 Fatores
que
influenciamna
qualidadedo
leite ... .. p.927.2.3 Fabricação artesanal
de
alguns derivadosdo
leite ... _. p.957.3
Mapa
geográfico
do
Estado
do
Ceará
... .. p.1OO7.4
Mapa
geográfico
do
Município
Limoeiro
do
Norte-CE
... .. p.1017.5
Dados
sobre
o
Município
de
Limoeiro
do
Norte-CE
... .. p.102_
7.5.1
Aspectos
demográficos ... ..p.102Lista
de
Figuras
Figura 1:
Representação
gráficado modelo
conceitual ... ..p.38Figura 2:
Parâmetros
para estudodo modelo
conceitual ... ..p.39Figura 3: Gráfico
do modelo
conceitual ... ..p.41Figura 4:
Fluxograma de Produção
... ..p.56X
Lista
de
Tabelas
Tabela 01:
Composição. média
identificadano
queijo produzido ... ..p.58Tabela
02:Produção de
Laticíniono
Nordeste-
1992
... ..p.72Tabela
03: ProdutosElaborados
pelas Indústriasde
Laticíniosdo
Nordeste-
1992
... ..p.74Tabela 04:
Número
de
Empresas
do
Setor Lácteono
Nordeste ... ..p.76Tabela 05:
Média de Pessoas
Ocupadas
porEmpresa
nas
indústriasde
Laticíniosdo
Nordeste-
1998
... ..p.76Tabela 06: Pessoal,
Segundo
a Qualificação,nas
Indústriasde
Laticíniosdo
Nordeste
-
1998
... ..p.77Tabela 07:
População
Totale
porÁrea
Urbana
e Rural-
Distribuiçãoda
População
Economicamente
Ativa-
1990/2000
... ..p.102Tabela 08: Distribuição
da População
Ocupada
por Setorde
Atividade-
2000
... ..p.103
Lista
de
Quadros
Quadro
1: Fatoresda mão-de-obra
consideradosno
modelo
conceitual ... ... ..p.4O
Quadro
2:Quantidade
média dos
principais nutrientesdos
leites maiscomuns,
xii
Resumo
No
Brasil,como
nos demais
paísesem
processode
desenvolvimento,as condições
de
emprego
da mão-de-obra tem
constituidoum
problema
sócio-econômico de grande
relevância. Por ser o setor primário predominante naeconomia
brasileira,uma
de suas
funções é ade
proveradequado
nívelde
emprego
para apopulação
rural e oexcedente de
mão~de-obra,adequar aos
planos
de
industrializaçãodo
pais.O
setor pecuário no Ceará, encontra-seem
fase inicialde
desenvolvimento e está
fundamentado
principalmente, na utilizaçãodos
fatores terra e mão-de-obra.As
atividades agropecuárias importantesdo
Estado,
em
termos
de
emprego
da terra e mão-de-obra, são, entre outros:avicultura, horticultura, criação
de
gado, cabras e ovelhas para corte eproduçao de
leite.A
industrializaçãode
leite no Nordeste éuma
atividadeeconômica
em
expansão,
tendoem
vista o surgimentode novas
unidadescom
linhasde
produção
diversificada;em
nivel regional, observa-seque
a participaçãodos
efetivos bovinos estaduais tem-se mantido constante.Um
aspectoque tem
merecido discussões por partedos
economistas,pois vincula-se diretamente
ao
processo de desenvolvimento econômico, é oda
alocação ecombinação dos
fatoresde
produção.A
proposição básica éque esses
fatoressejam
alocadosem
setoresda
economia
onde
asua
produtividade seja a maior possivel. `A redução
do
subemprego
esua
transferência para outro setor da
economia
pode, desta forma, representaruma
alternativa para acelerar o desenvolvimento.Um
dos
fatoresde produção
bastante significativoem
áreasde
desenvolvimento é a mão-de-obra, principalmente a artesanal.
A
modernização
do
setor pecuário destas áreas mediante tecnologias avançadas,tem
implicadoem
situaçõesde
marginalizaçãode
determinados grupos,denominados
“gruposde pobreza
rural".Caracteriza-se, desta forma, a ocorrência
de
um
problema: amão-de-
obra liberada pelamodernização do
setor, não-qualificada,não
é absorvida pelo setor industrial, incapaz, desta forma,de
gerar ovolume de
empregos
. , , .
HGCGSSBFIOS. g '
Busca-se
caracterizar esta mão-de-obra, atravésde
um
estudode
caso,
com
a finalidadede
relatar asnecessidades
de
melhoria,da
infra-estrutura
da
pequena empresa
e a capacitaçãodos empregados,
objetivando êxito para odesempenho
do
setor. 'xiv
Abstract
ln Brazil, as us other countries in
development
process, the conditions ofemployment
of the laborhave been
constituting asocioeconomic problem
ofgreat relevance. For being the predominant primary section in the Brazilian
economy,
one
of its functions is theone
of providing appropriateemployment
level for the rural population
and
the labor surplus, to adapt to the plans ofindustrialization of the country.
The
cattle raising section in Ceará,meets
in initialphase
ofdevelopment
and
it-isbased
mainly, in theuse
of the factors earth and' labor.The
important agricultural activities of the State, in terms ofemployment
of the earthand
labor, are,
among
others: aviculture, horticulture, cattle creation, goatsand
sheep
for courtand
production of milk.The
industrialization of milk in the Northeast isan economic
activity inexpansion, tends in view the
appearance
ofnew
units with lines of diversified production; at regional level, it is observed that the participation of the statebovine
cashes
he/she/it hasbeen
maintaining constant.An
aspect that hasbeen
deserving discussions on the part of the economists,because
it is linked directly to the process ofeconomic
development, it is the
one
of the allocationand
combination of the productionfactors.
The
basic proposition is that those factors are allocated in sections ofthe
economy
where
its productivity is the possible largest.The
reduction of thesub-employment and
its transfer for another section of theeconomy
cannot, this way, to represent an alternative to accelerate the development.One
of the quite significant production factors indevelopment
areas isthe labor, mainly the
handmade. The
modernization of the cattle raising sectionof these areas by
means
ofadvanced
technologies, it hasbeen
implying insituations of marginal certain groups,
denominated
"groups of rural" poverty.lt is characterized, this way, the occurrence of a problem
_
the laborthe industrial, unable section, this way, of generating the
volume
of necessaryemployments.
`It is looked for to characterize this labor, through a
case
study, with the purpose of telling theimprovement
needs, of the infrastructure of the smallcompany
and
the employees' training, objectifyingsuccess
for the acting of the1
.-1
1
INTRODUÇAO
1.1
PRELIMINARES
O
mundo
passa
porum
processoem
que
asmudanças
são
freqüentes erápidas, principalmente se levarmos
em
conta ocomportamento das pessoas
como
consumidoras
e clientesde
determinados produtos e serviços, assimsendo, as organizações produtoras
devem
seadequar
aesse
processo.As
organizaçõessendo formadas
porpessoas
enesse
sentido, para oferecerem qualidade e terem produtividade,devem
desenvolver perfisprofissionais
adequados,
em
que
os conhecimentos, as habilidades e as experiências,acompanhem
todo esse processo irremediávelde
evolução.A
sociedade atualvem
exigindocada
vez mais melhorias na qualidadede
vida e isso.dependerá de
planejamento e organizaçãodo meio
ambiente,do
local
de
trabalho, vistoque
desequilíbrios destes ambientesvêm
causando
transtornos na organização
econômica
e social,comprovando
que
a integração econômica, cultural, a força tecnológicadas
indústriasmodernas,
a controvérsia entre industrialização emão-de-obra
são fatoresque
estão por trásda
questãoda
qualidade e produtividade, fazendo delauma
questãode
alcance universal. (Tubino, 1999).
Na
áreade
alimentos, odesempenho
hábildos
profissionaisdesse
setor, constituium
fenômeno
que
ocorre tantonas economias
desenvolvidas, quanto subdesenvolvidas, principalmente neste último,uma
vez
que, no processoprodutivo,
predomina
tarefasmanuais
(menos
mecanizadas), caracterizadas pelo contato maiordo
homem
com
a matéria-prima e o produto.Especificamente avaliando a
economia
leiteira no Brasil, nota-se,ao
longo dos anos,uma
nítida carênciade
uma
politicabem
definidaque
norteiesuas
atividades.Assim
éque
pelassuas
próprias características e pela práticade
preços controlados,
quase
sempre
iguais, existeuma
produção
oscilante, a qualdá
origem a maiorou
menor
importaçãodos
produtos,de
acordocom
oQuanto
ao problema da mão-de-obra
no setor, deve-se analisar todos ossegmentos
envolvidos no assunto: asempresas,
os produtores, as usinasde
resfriamento
dos
produtos, oempacotamento,
os distribuidores, os consumidores, este último, tanto mais necessitado, quantomenor
forseu poder
aquisitivo.Ao
mesmo
tempo
háconseqüências
quantoao
desequilíbriodo
nivelde
emprego
no meio
rural, ocasionados pela migração para osgrandes
centros urbanos,que
porsua
vez,apresentam
sériosproblemas de subemprego.
Pode-se
afirmarque
a qualidadedo
leite eseus
derivados estáestreitamente relacionada
com
a suaprodução
e tecnologia,com
asaúde do
homem
edo
animal. Por isso, é necessário haver vigilância constante,desde
aordenha do
leite, ouobtenção do
derivado, até oconsumo
do
alimento.Os
derivados feitoscom
leite pasteurizadopodem
sercontaminados
durante a suafabricação,
manipulação
ou conservação.O
problema agrava-se, ainda mais,quando
se refereao
leite cru, produzido precariamente e distribuídonas
residências,ou
ainda,quando
manipulado pelas inúmeras fábricas caseirasou
comerciais
de
queijo e manteigaque não
obedecem
àsnormas de
higieneou
desconhecem-nas.
Um
dos
principais condicionantesda modernização
da pecuária leiteiranacional é o
pequeno
volume de produção da
maioriadas empresas que
sededicam
a esta atividade. Existem, no Brasil,aproximadamente,
2,5 milhõesde
produtoresde
leiteque
produziram,em
1999, 16,03 bilhões de litros. Issocorresponde
ao
tamanho
médio de 20
litros por produtorao
dia,segundo dados
fornecidos peloBNB
(Banco do
Nordestedo
Brasil, 2000).Há
necessidade, a partir destanova
mentalidade,de
sepromover
uma
ação
articulada na esferado
Sistema deEducação,
tendo a coletividadecomo
principal participante
do
processo,sendo
seu agente,sempre que
possivel,concentrando o desenvolvimento
de
uma
compreensão
integradadas novas
tecnologias e suas
complexas
relações, envolvendo aspectos fisicos,biológicos, sociais, ambientais, profissionais e comportamentais.
Apesar das
mudanças
que ocorrem
hoje,como
a criação de áreasde
capacitação, qualificação e produtividade, dotando o pais
de
uma
infra-3
substancialmente, na prática, o cenário
de degradação
profissionalem
que
vivemos.
No
entanto, atomada
de
consciência é fato positivo epode
ser notado pelonúmero
de
entidadesque
transmitemnovos conhecimentos
e tecnologiasque apontam
no
Brasil inteiro,não
sóem
número,como
em
diversidade
de
interesses.Ú
Há
uma
preocupação de
âmbito mundial, atravésde
publicações,campanhas
de propaganda
contra odesemprego
e a agressãoao meio
ambiente, isto
de
acordocom
publicações e artigos, avfavorda
administração criteriosados
recursos disponiveisao
homem,
a fimde
torná-Io apto para exerceruma
atividade. aUma
resolução importante é a conscientizaçãode que
sedeve educar
o cidadão para a soluçãodos problemas
profissionais.Na
Conferênciade
Estocolmo,
em
junhode
1972, convencionou-se os princípiosde
uma
política trabalhista.Mediante o exposto, o
problema
se caracteriza na necessidadedo
desenvolvimento
dos
profissionaisque
atuam no
setor leiteiro, principalmente opequeno
produtor,com
vistas a alcançar o perfil profissionaladequado
que
possa atender as necessidades
do mercado
e levando auma
emancipação,
adaptação e
adequação
ao novo
mundo
técnico, produtivo, empresarial edo
mercado
de trabalho.1.2
Justificativa
Optar pela preparação
da mão-de-obra
significa acreditar na qualificaçãocomo
atividadepermanente
ecomo
instrumental precioso nabusca de
aprimoramento da
espéciehumana.
Inserir-se na preparação
da
mão-de-obra,assumindo
ocompromisso de
colaborar na
formação de seus membros,
requeralém
doconhecimento dos
princípios andragógicos, o discernimento de procurar a realidade, verificandoquem
é naverdade esse
trabalhador ecom
quais possibilidades e limites seEstudar a
mão-de-obra do
setor lácteo,além
de
representar, assimilar informações relativas à prática existente, ofereceamplo
campo
de vivênciaspráticas
em
permanente
transformação.A
qualificaçãoda mão-de-obra
implicaum
aprimoramento do
indivíduo,colaborando na formação,
buscando
sua realidade.Quem
é esse trabalhador e quais osseus
limites?Vale salientar, nesta discussão, os efeitos sociais
do desemprego, que
assumem
nos
dias atuais o termode
causa;com
a inversãoda
relação natural. Propiciou-se o adventode
uma
nova
estrutura socialque
hoje agrava asconseqüências do problema
trabalhista,problema que
entretanto a tecnologiatem
condiçõesde
resolver.1.3
Objetivos
Essa
problemática está precisamente na lacuna entre o perfil atualdo
profissional produtor artesanalde
derivadosdo
leite e o perfiladequado.
Nesse
sentido apresenta-se o trabalho,
que tem
os objetivos propostos a seguir:O
Objetivo .Geral é:`
- Propor
uma
sistemáticade
planejamento da qualificação damão-de-
obra artesanal para o setor leiteiro, avaliando seus resultados.
Os
Objetivos Específicos são:- Traçar
um
referencialda
atividade artesanal, traçando procedimentos,que
seadequam
ao
processo;- Caracterizar
como
a preparaçãoda mão-de-obra
vem
sendo
trabalhada na práticadas
empresas
artesanais da região,mostrando
sua contribuição naformação
dos
profissionais;- Determinar as
bases do
perfiladequado
naformação
profissional, tendocomo
limites fatoreseconômicos
e sociais.O
planejamentoda
qualificação damão
de
obrano
setor artesanalde
laticínios constaria da:_
Identificaçãodo
trabalhador;conhecimento de suas
possibilidades no5
seguimentos
do
fluxode
produção , explicandocada
etapa:como
serealiza
seu
significado e importância na obtençãodo
produtocom
qualidade.1.4
Delimitação
do
Trabalho
Como
todo trabalhode
caráter científico é relevante registrarque
esta dissertação possuialgumas
limitações:-
Pesquisa dentrode
uma
realidade regional, ou seja,ao
estadodo
Ceará,no
Municípiode
Limoeirodo
Norte; ~ '.
-
O
fatortempo
para desenvolver o trabalhoem
termosde
implantação e-
A
realidadedos
produtoresque não
permitemuma
pesquisasetorialmente mais ampla.
Porém, cabe
ressaltarque
independente dos itens acima, os resultadosnão
serao comprometidos,
bem como
as informaçoes obtidasno
trabalho,sao
referenciais para melhoriasdos
produtores de produtos lácteos.1.5
Estrutura
O
trabalhoacima
justificado, apresentauma
estruturade
capitulos:O
Capitulo 1 apresenta as preliminares, justificativa, objetivos, delimitaçãodo
trabalho e estruturaçãodo
trabalho.O
Capitulo 2 apresenta afundamentação
teoricado tema
e a análise pormenorizadadas
caracteristicas ecomponentes do
perfiladequado
do
trabalhador.
O
Capitulo 3 mostra omodelo
conceitual,seus
parâmetros,com
a contextualizaçãoda
área escolhida no âmbito da sua atuação, fontes e periodode
estudo.No
Capitulo 4, apresenta-se diagnóstico da situaçãodo
setor, alvo destesobre a situação
das empresas,
mão-de-obra,rebanho
bovino e o produtoqueijo
de
coalho.H
No
Capitulo 5 têm-se as conclusões sobre o trabalho e as sugestões.O
Capítulo 6 refere-se a Fontes Bibliográficas, subdividindoem
Referências ( fontes citadas durante o trabalho,em
citações ) e Bibliografia (fontes lidas e balizadoras
dos
assuntosabordados
).Para finalizar, o Capítulo 7
contém
osanexos que
complementam
toda a proposta deste Dissertação.7
2
suPoRTE
TEÓR|co
O
impactoda
tecnologia sobre osmétodos de produção
e de distribuição, estámudando
osrequisitosdosempregados
em
muitas áreas.É
preciso cuidadoao
contratarum
operário nos dias atuais, pois sabe-seque
o trabalho éuma
atividade física e mental dirigida paraalguma
finalidade.A
maneiracomo
uma
pessoa
encara o trabalho é influenciada porgrande
número
de
fatores interatuantes.As
tarefas existentesem um
determinado trabalhopodem
influenciar diretamente a atitudeda pessoa que
as executa.Qualidade e produtividade
são
norteadoresda
politica deprodução
industrial para o início destadécada
e sabe-seque
um
dos
principaisresponsáveis por isto é a aliança entre o ser
humano
e a máquina.As
pequenas
emédias empresas,
sob este prisma,procuram
desenvolverum
projeto
que contemplasse
como
objetivo a total integração entre operadora,equipamento
e fábrica.2.1
Contextualizando
educação,
trabalho e
tecnologia
Falar
de
tecnologia é questionar acercado
impacto tecnológico na redução das possibilidadesde
emprego
nos
perigosdo
processode
desqualificação profissional e nas
novas
demandas
dos
trabalhadores, sobretudo osmais
jovens, por auto-realização e autonomia.Sem
dúvida, as alteraçõesque
seanunciam
sobre anova
consciênciado
trabalhador
encontram
respaldo nonovo
quadro sócio-político, decorrentede
mudanças
na produção, na ciência e na técnica.As
estruturas tayloristastêm
evoluído para propostas de trabalho integrados emais
coletivos,com
o fim da divisãodo
trabalho, oque pode
significar
uma
revisão na racionalização, considerandoque
a nova tecnologiacontém
um
potencialde
flexibilidadeque
exigeum
redirecionamento nas relaçõesde
trabalho.Segundo
Schaff (1990, p. 20)em
sua obra “Sociedade informática” afirma,como
hipótese futurológica,que
a atual revolução técnico-científica.\›'‹.
eliminará a diferenciação entre o trabalho intelectual e o trabalho manual, pois a
educação
permanente,como
principiodessa nova
ordem
social, tenderá alevar todos a
desenvolverem
a inteligência pormeio de
uma
instrução completa, possibilitandomudançade
profissão e, portanto,também
da
posiçãono
interiorda
organização socialdo
trabalho.Tem-se
então,uma
nova
sociedade anunciando-se,uma
nova
organização
do
trabalhocom
caracteristicas diferentes daquelas'que
se conhece,com
nova
consciência,novas
exigências de qualificação profissionale inovações, tanto
no
campo
politico,como
no econômico, social e cultural.Segundo
Baethge
(1989), paraesse
tipode
organizaçãodo
trabalho, delineia-seum
perfilmédio do
trabalhadorcom
sua formação
correspondente.No
setor produtivo, para o trabalhomais
indiretode
planejamento,direção, controle e otimização
das máquinas
exige-se:-
competência
teórica;-
bons conhecimentos
sobre o produto e o processo;-
boa
dose de
saber empírico;-
habilidademanual
para inten/ir na produção.No
setorde
sen/iços, paraum
aumento
da
capacidadede
reaçãonos
processos
de
planejamento e decisão, exige-se:-
capacidade
para seleçãode
dados;capacidade
para o trato estratégicocom
informaçoes; -bons conhecimentos
especializados;- capacidade
analítica para interpretar informações;- flexibilidade intelectual para
dominar
situações variáveis; -boa competência
paracomunicação
social.O
tema da
qualificação, relacionado às exigênciasdo
processo edo
mercado
de
trabalho, reúne hoje estudos nas áreas de economia, sociologiado
trabalho, sociologiada educação
e sociologiado
conhecimento.A
partirde
1970, estetema passou
a terum
destaque maior entreestudiosos,
como
conseqüência
da aceleração do processode
inovação tecnológica e as publicações baseiam-se,em
grande parte,em
pesquisas9
empíricas sobre o setor secundário
das economias
alemã, francesa, inglesa e americana.Na
atual realidadede
tecnologia e trabalho, aleducação desejada
certamente está
comprometida
com
aformação de
um
homem
capaz de
criarsua
própria história ede
agirsob
determinadas condições,escolhendo
livremente as alternativas
que
lhe forem apresentadas. lsto exigeuma
educação que forme
ohomem
auto-realizado,com
a instrução tão completa egeral
que
se tornecapaz de
se recambiar nas diversas tarefasze-qualificaçõesque
anova
sociedade exigirá e, portanto,capaz de
semover
no
interiorda
organização social
do
trabalho.(Weber, 1995, p. 57) _ ›A
mão-de-obra
precisa tornar-semais
flexível redirecionando as relaçõesdo
trabalho.O
trabalhoquando
planejado, seu rendimento é maior.As
diversasformas
de
trabalhoderam
origem a várias profissões.Com
o passardos
tempos,aumentou
acomplexidade
de
todas as artes. Por isso, paraque
hajaum
maior desenvolvimentoda
produtividade, torna-se necessário estudar e estruturar as melhores técnicas. Daí porque a importânciada educação
profissional é tão significante.Estes três fatores: educação, trabalho e tecnologia, são importantissimos para
que
hajauma
arrancada no desenvolvimento econômico.A
educação
e a tecnologiasão
asbases do programa
atual dos países ricos.2.2 Instituições
de
formação
profissional
“A
formação
profissionaltem
por objetivo descobrir e desenvolver as aptidõeshumanas
para a vida ativa, produtiva e satisfatória" (Agudelo Media, 1993, p. 50), istoem
uniãocom
as diferentes formasde
educação,melhorando
as aptidões
de
cada pessoa
paracompreender
-
individual e coletivamente_
oque
concerne às condiçoesde
trabalho eao meio
social para influir sobre ele.Diante
das
significativas alterações no perfildos
trabalhadores, as entidadesfazem suas opções
poruma
formação
profissional mais polivalente.A
polivalência (Franco, 1988, p. 32) é a “modalidadede formação
destinada a dar
aos
participantes 'a maisampla formação
em
vários ofíciosrelacionados
com
a profissão escolhida a fimde
ajudá-los a adaptar-se àscaracteristicas específicas
do
trabalho”.Também,
tem
por objetivo prepara-los a adaptar-se à evolução técnica futura, assimcomo
a outras oportunidadesprofissionais
que poderão
apresentar-se e abrir-lhes perspectivasde
carreira.Convém
ressaltarque
a propostade
polivalência a ser adotadanas
Instituições
não
visa preparar os indivíduos para~«odesempenho
em
diversos ofícios, pretendendo, isso sim,que
os alunosdominem
a técnicaem
nível intelectual, mediante oconhecimento
dasbases
técnico-científicasque
fundamentam
asua
prática(Gomes,
1998, 60).A
apropriaçãoda
polivalência exige necessariamente a revisãodas
práticaspedagógicas
institucionais, oque
significa sobretudo superar ainfluência tecnicista
que tem
marcado
asações
das Entidadesnuma
busca
constante
de
eficiência e eficácia.“Esta
concepção
pedagógica, alinhadaao
pensamento
liberal, partede
análises parciais da realidade social e,
em
conseqüência, transpõe para ocampo
daeducação
a responsabilidade pela soluçãodos problemas de
ordem
estrutural da sociedade"
(Gomes,
1998, p. 81). Por desconsiderar as múltiplasdeterminações (sociais, econômicas, políticas e culturais)
do
fenômeno
educativo,concebe
aeducação
como
uma
práticaautônoma
e a escolacomo
a instituiçãocapaz de
superaruma
sociedade harmoniosa.A
compreensão
acercado
processode
elaboraçãodo conhecimento
nessa
pedagogia, leva àsuperação da
abordagem
comportamentalistada
aprendizagem.
Consequentemente,
osmétodos de
ensinopassam
a fundamentar-senos
princípiosda
psicologia cognitiva,que
privilegia a atividade e iniciativados
indivíduos.
Nessa
concepção, estimula-se o diálogo, respeitam-se osinteresses e os diferentes estágios
do
desenvolvimento cognitivodos
indivíduos, procurando favorecer aautonomia
e transferênciada
aprendizagem, objetivando
não apenas
o aprender a fazer,mas
o aprender a saber para fazer, e sobretudo o aprender a aprender.11
Essas
instituiçõesde formação
profissionaldesempenham
relevante função naformação da mão-de-obra
qualificada, especificamente para a indústria.O
SENAI,
oSENAC,
as Escolas Técnicas são Instituiçõesque
têm
prestado inestimáveis sen/iços na
formação de
pessoal.O
técnicode
nivelmédio
é valorizado e requisitado pelo desenvolvido parque industrial.Estas instituições enfatizam a relevância
da
ciência eda
tecnologiacomo
instrumentosde
progresso e realizaçãodohomem,
mormente
ao
mundo
de
hoje,
profundamente
condicionado pelas técnicas mais sofisticadasda
cibernética eda
informática. A_
-
-_
O
ensino técnico profissionalizante está ligadoao
sistema político-econômico do
pais. 'De1500
a 1930,compreendendo
o Periodo Colonial,o
Império e a Primeira República, o
modelo econômico
era agroexportador.A
monocultura latifundiária exigiaum
minimo de
qualificação e diversificaçãoda
forçade
trabalho que, na maioria, eracomposto
por escravos.Não
havianenhuma
funçãode
reprodução a ser preenchida pela escola.A
formação
profissionalaconteceu
no próprio periodo colonial, pois o índio e o negro, através de experiências adquiridascom
antepassados
ecom
o colonizadorcomeçou
uma
tecnologia rudimentarque
iasendo
enriquecida porcontribuições européias
que levavam ao
aumento
da produtividade.De
1930
a1945
-
omodelo económico
estava voltado para adiversificação
da produção
e substituiçãodas
importações,como
decorrência da crise mundial de 1929. Paralelo às crises sucessivasda economia
ea
produção
excedente, surge aexpansão
da indústria,como
saidada
crise agroexportadora._
Em
decorrência, o trabalhodas
indústrias exige maior qualificação ediversificação.
A
atençãodo governo
dirigiu-se mais para o ensino técnico.Vale salientar aqui, o aparecimento e o crescimento
do SENAI,
em
1942,com
cursos especificamentede
treinamento profissional.De
1945
a 1964, inicia-seum
modelo econômico de
“internacionalização”Em
1976, o setor ruralpassou
a contarcom
um
órgãoque
dinamizou as atividadesde
capacitação para o trabalho:SENAR-
Serviço Nacionalde
Aprendizagem
Rural, subordinado ao,Ministériodo
Trabalho.Hoje a
comunidade
ruralcontacom
aEMBRAPA
(Empresa
Brasileirade
Pesquisa
Agrícola),que
desenvolveum
amplo programa
de pesquisa para arenovação
e melhoriada produção de
culturas importantesna
qualidade e quantidadede
produtos regionais,como também
na
introduçãode novas
culturas agrícolasde
exportação.Concluindo esta reflexão sobre a relação
da educação
profissionalizantecom
osdemais
componentes
da
estrutura social,podemos.
dizerque
aeducação
não
pode
serpensada destacadamente do
conjuntodos demais
fenômenos
sociais.2.3
A
mão-de-obra
O
trabalho,como
fatorde produção
agricola, apresenta aspectos particulares tendoem
vista, principalmente, as característicasde
sazonalidade edependência
climática,que conferem
a produção, propriedades de atividadedescontínua.
O
trabalhador rural, por sua vez,desempenha
papéis diferentesem
relaçãoaos meios
e instrumentosde
produção.Nas
grandes empresas
elepode
serum
simples assalariado, temporárioou
permanente, regido por relações sociais tipicamente capitalistas.Qu
seja,vende
sua forçade
trabalho enão
mantém
relaçãode posse
com
osmeios
e/ou instrumentos de trabalho.Estas
empresas
caracterizadas poruma
alta relação capital-trabalho,normalmente têm
a suaprodução
voltada para omercado
externo ou sededicam
à pecuáriade
grande porte.Nas
pequenas
unidadesde produção
o trabalhador rural,com
a ajudade
sua família, cultiva geralmente produtos alimentares voltados para omercado
interno e para seu próprioconsumo,
eem
determinados períodosvende
sua forçade
trabalho. Trata-sede
um
agricultorde
característica tipicamentecamponesa
que
convive, dialeticamente,de
um
13
por outro lado, oferece suporte para a existência
de
empresa
de
feição maiscapitalista
que
o assalariaem
certas fasesdo
ano. 2.3.1.Teorias
acerca
do
trabalho agricola
Estas formas distintas
que
assumem
o trabalho agricolaensejam
o aparecimentode
diversas teorias eem
vasta literatura,que procuram
compreender melhor
o assunto. Teorias acercado
trabalho agrícola:- Trabalho artesanal agricola
em
comunidades tem
como
finalidade dar apoioao
trabalho manual,além
de
incentivar a criaçãode.novas
emelhores
oportunidadesde emprego;
- Mediante
ações
dirigidas diretamenteaos
profissionaisou
desenvolvidas junto às associações e municípios, o artesão
busca
contribuir para a criaçãode
oportunidadesde
trabalho, para melhoriado
desenvolvimento e
da
rendados
que
sededicam ao
ramo;-
As
práticas discriminatórias,que
criam desigualdadesem
relação aspessoas que
tem
asmesmas
caracteristicas: sexo, origem, idade, cor,etc.;
-
Remuneração
da mão-de-obra
feminina porum
trabalhode
igual valor. Este caráter conduziu os pesquisadores aencararem
oproblema
também
a partir
de enfoques
diferentes. Desta maneira alguns analisam oemprego
pelolado
da
produção, outro pelodo
rendimentoque
é auferidoao
trabalhador e outros aindacomo
um
problema
estrutural.Segundo
Youmans
eSchun
(1985, p. 173) partindodo
pressuposto deque
um
dos problemas do
mercado de
trabalho agrícolaem
paisesem
desenvolvimento é onúmero
significativode mão-de-obra
subempregada
eque
este
subemprego
constituiuma
fonte potencialde
crescimento econômico,estudaram
omercado
de mão-de-obra
em
cinco regiõesno
Estadode Minas
Gerais.
Após comparações
interregionais e intersetoriaischegaram
a conclusãoque
existem oportunidadesde
emprego
no setor agricolaque
podem
aumentar
o produto agricola e diminuir a migração para as cidades. Por fim,admitem que
“em
algunscasos
amão-de-obra
agrícolanão
recebe o valorde
sua
contribuição para o processode
produção".Segundo
Quintana (1976, p. 92) seguindoum
esquema
semelhante ao de
Yousman-Schuh
também
ajustouuma
funçãode produção
com
o objetivode
determinar “a produtividade marginal
da mão~de-obra
familiar daZona
da Mata
(MG)
e verificar a amplitudedo
excedente demão-de-obra
rural,bem
como
estudar
sua
realocação intersetorial".O
autordefine mão-de-obra
subempregada
como
aquela “que recebemenos
naocupação
atualque
poderia receber
na sua
melhorocupação
alternativa".Segundo
Schultz (1975, p.38) no estudo sobre a agricultura tradicional, criticou a doutrinado
trabalho agrícolade
valor zero dizendoque
“essa doutrina repousanuma
concepção
falhada
produtividadedo
trabalho na agricultura enão
é consistentecom
quaisquerdados
relevantes", pois as tentativasde
lhedar
uma
base
teórica tratam a agriculturacomo
se ela estivesse sujeita a determinadas restrições técnicas.Na
visão homem-terra,estimando
a relação entre amão-de-obra
potencial existente e a disponibilidadedo
fator terrano
Nordeste brasileiro, omódulo do 'INCRA (com base
em
pesquisa no Nordesteque
indicauma
disponibilidadede
2,0 a 2,5homens/dia
por família) fixanuma
média de
quatro homens/dia o requerimentode
trabalho,que
reduziu este valor para 2,2homens/dia
e diminuiu proporcionalmente otamanho
dos
lotes para efeitode
cálculo. '
Considerando
onúmero
de
famílias, a quantidadede
hectares disponíveis e otamanho
médio do módulo
regional, encontrouque
para o Nordeste existia,em
1973,um
excedente da
ordem
de 217.000
famílias.No
caso específicodo
Estado
do Maranhão,
pela suagrande
extensão territorial epequeno
coeficiente relativo
de ocupação
demográfica, haveriauma
disponibilidadede
192.000 modulos,
caso
fosseprocessado
naquelemomento uma
distribuiçãode terra às familias rurais,
com
base
nomódulo
modificado.Segundo Sampaio
e Ferreira (1977, p. 68), relacionando o usoda
mão-
de-obra
com
otamanho
do
estabelecimento,em
Pernambuco, observaram que
15
bem
maiorque nos grandes
e médios.Os
estabelecimentoscom menos
de
10 hectares,embora
ocupem menos
de
10%
da
área,empregavam,
em
1950, cercade
45,7%
da
forçade
trabalho. Este percentual elevou-se para54,8%
em
1960, e 63,7%,
em
1970, evidenciando a intensa pressão demográfica nosminifúndios,
como
conseqüência da
“capitalização e elevaçãoda
produtividadenos grandes
estabelecimentos, oque
teria levado amudanças
nas relaçõesde
trabalho, deprimindo a renda rural e diminuindo aabsorção de
mão-de-obra".Após
discutir oproblema do
subemprego
do
pontode
vista produtivo-eda
renda, os autores alertam para a confusão conceitual
que
poderá “iludir naseleção
de
políticas corretoras, piorando,em
vez
de
remediar-, oproblema da
pobreza rural”.
Segundo Sã
Júnior (1983, p. 88) a questãoda ocupação da
forçade
trabalho é vista
sob
a Ótica dualista, pois enfatiza a relação dialética entre olatifúndio e o minifúndio, e entre a agricultura comercial
de
exportação e aagricultura
de
subsistência. Afirma, de acordocom
Lewis (1987, p. 42),que
é aprodutividade
das pessoas ocupadas no
minifúndioque
constitui o principaldeterminante
do
nivelde
salários nosgrandes
estabelecimentos.Nas
condições
de
oferta ilimitadade mão-de-obra
os saláriossão
determinados pelo produtomédio da mão-de-obra de
subsistência enão
pela produtividade marginaldo
trabalhono
setor capitalista.A
valoraçãoda mão-de-obra
assumiu
vários matizes no decorrerda
história,
sendo
árdua a luta pelas conquistas alcançadas.A
mão-de-obra
profissionalizante
assume
papel imprescindível de socialização.Devido
afenômenos
de
mecanização, informatizaçãoexacerbada
e globalização, já é bastante dificil para aspessoas
com
habilidadesobterem
um
emprego
e paraaquelas
pessoas
que
sofrem discriminaçãoda
tecnologia, aschances de
acesso ao
mercado
de
trabalhosão
muito mais remotas,devendo
o sistemainterferir para corrigir tal distorçao.
Traçar o perfil
mínimo
adequado
para o trabalhador rural solicitauma
clara
compreensão
do
processo deaprendizagem
ede
suas caracteristicas específicas.Este trabalho exige
também,
reflexões acercada
própriaformação do
trabalhador rural, insistentemente questionada nos últimos anos,
em
face àcrise generalizada
da
agricultura edo emprego.
A
educação que
seimpõe
aosque
verdadeiramente secomprometem
com
a libertaçãonão pode
fundar-senuma
compreensão
dos
homens como
seres vazios, a
quem
omundo
encha de
conteúdos,mas
sim, ada
problematização
dos
homens
em
suas relaçõescom
omundo.
2.3.2
Mão-de-obra
artesanal
Os
estudosque
abordam
a problemáticada
mão-de-obra
artesanalpodem
serenquadrados
em
três linhas geraisde pensamento:
osque
vinculam a mão_-de-obraaos
aspectosde
produção, osque
relacionamcom
o fator renda e aquelesque
a explicamde
um
pontode
vista histórico-estrutural.Em
relação à produção, amão-de-obra
aindapode
ser analisadasob
duas
Óticas: pela Óticada
funçãode produção ou
pela Óticado
balanço entre aoferta e utilização desta mão-de-obra.
O
uso da
funçãode produção
implica,basicamente, na determinação e análise
do
valordo
produto marginal.Quando
este valor e zero ou negativo caracteriza-seuma
situaçãode
excedentede
mão-de-obra.
Algumas
vezes, entretanto,mesmo
com
o valordo
produto marginal positivopode
haverum
desajuste no nívelde
emprego
causado
por imperfeiçõesdo mercado.
O
modelo de
análisede
emprego
da mão-de-obra
via função
de produção
implicaem
uma
série de pressupostos, taiscomo
trabalhohomogêneo
e tecnologia constante,além
de não
evidenciaro
desemprego
estacional.“Os
pressupostosde
trabalhohomogêneo
e tecnologia constante ficam bastante prejudicados, principalmenteno que
diz respeito a tecnologia, haja vista o perfil históricoda produção
agrícola nordestina,que
é caracterizado pela presença simultâneado
moderno
e atrasado nas atividades agrícolas,onde
o dualismo tecnológico interage dialeticamente.O
ajustamentodas
funções
de produção
específicas para os setores capitalista ecamponês,
'17
de
separação
destasduas
formasde produção
jáque
elas seencontram
fortemente interligadas." (Froes, 1987).
A
respeito aindada
funçãode produção
aplicada a estudos -deemprego,
Sampaio &
Ferreira (1980, p. 88)dizem que
“nada adicionam àcompreensão
dosproblemas de
emprego
eprodução
rural, distorcendo a participaçãoda
mão-de-obra
como
criadorade
riqueza e a repartiçãodo excesso gerado no
setor agrícola,além de
ignorar divergênciasnas formas de produção
e possibilidadesde
conversãode
trabalhosem
beneficiosà propriedade".Para
Hoffmann
(1977, p. 15), reportando-seao
indicadorde
desajustamento no nível
de emprego,
dizque
“a igualdade entre o salário e aprodução
marginaldo
trabalho éuma
solução teóricano modelo
de
concorrência perfeita e
não guarda
amenor
relaçãocom
omundo
real".A
outra linhada
análisedo
emprego/desemprego
associadaao
aspecto daprodução
é ado
trabalho requerido.Consta basicamente de
um
balanço empírico entre a oferta efetivade mão-de-obra
ei os requerimentos periódicosdo
trabalho pelas diferentes etapasdas
diversas atividades agrícolas. Este processo aque
O`Br¿ien (1980, p. 99)chama
de método macroeconômico, tem
a virtude
de
identificar odesemprego
estacional, possibilitar oenquadramento
dos requerimentos
de mão-de-obra
em
diferentes niveis tecnológicos,ou
seja, transpor “para a análise o dualismoobservado
na agricultura e estimardiferentes balanços
de
produção/utilização de mão-de-obra".A
segunda
abordagem
vincula amão-de-obra
ao aspecto renda.A
analisenão
relaciona amão-de-obra
a produção,mas
exclusivamente à renda auferida pelo agricultor, qualquerque
seja a origem, produtivaou
não.Os
estudosem
nível
de
Nordestebaseiam-se
oraem
dados do
PNAD
(Pesquisa Nacional porAmostra de
Domicílios), oraem
dados da
pesquisaBanco
Mundial/Superintendência
de Desenvolvimento do
Nordeste(BIRD/SUDENE)
eem
nível nacionalem
informaçõesdo
PNAD
edo
Censo
Agropecuário. Pornão
associar diretamente a
mão-de-obra
à produção, aabordagem
via nivelde
renda
não
considera relevante às explicaçõesem
funçãodas
imperfeiçõesdo
mercado
e busca, por outro lado, explicar a baixaremuneração
em
razãode
causas de
natureza sistêmica. Oliveira (1987) por exemplo, justifica os baixospreços internos praticados para os produtos alimentares típicos
da
agriculturade
subsistênciacamponesa,
pela necessidadede manter
reduzidos os custosde
alimentaçãodo
operário urbano paraque
viabilize opagamento
de
baixossalários
nas
empresas
econsequentemente
privilegie aacumulação
capitalistaurbano-industrial.
Os
preços teriam assimum
caráterde
preço social. Análisesemelhante
foi realizada por Smith, citado por Saylor (1984, p. 50),que
explicaos baixos preços
dos
produtos agrícolas logoapós
asegunda
grande
guerra,como
uma
politica destinada acombater
a inflação, reduzir a pressão sobresalários e 'extrair excedente para industrialização.
Um
terceiro grupode
pesquisas procura explicar a utilizaçãoda
mão-de-
obra
do
pontode
vista histÓrico~estrutural. Neste caso, oemprego
tem suas
origens
no modelo
históricode
desenvolvimento,moldado
nagrande
empresa
capitalista voltada
normalmente
para omercado
externo e convivendocom
fortes vínculos
de dominação
com
a unidadede produção do
pequeno
produtor, geralmente
com
culturasde
subsistência e voltada para omercado
interno. Este
modelo de ocupação
euso
da terra provoca forte pressão demográfica sobre os minifúndios,enquanto
osgrandes
latifúndiospermanecem
semi-despovoados
e dedicados a atividadespouco
absorvedorasde mão-de-obra
(pecuária, agricultura tecnificadaou
mesmo
fins especulativos).Além
disso, o grande estabelecimento àmedida que
se moderniza, destrói apequena
produção
“transformando o agricultorem
assalariado
ou
migrante,acentuando
osubemprego,
a miséria e oêxodo
rural".2.4
Referências
conceituais
Andragogia
éuma
expressão adotada para definir a arte e a ciênciaque
ajuda adultos a aprender e está
baseada
em
certos pressupostos acercada
diferença entre crianças e adultos aprendizes.
De
um
modo
geral, a expressão“Educação de
Adultos", implicaem
amplo
processo
de
transformação, voltado para indivíduosacima de
quinze anos. Esta idade é omarco
de
referência naseparação
entre achamada
“idade19
estabelecido pela legislação federal
de
ensino, seja no internacional, viarecomendações
da
UNESCO,
é precisamente este omomento
Cronológicotomado
como
base
para a verificaçãodo cumprimento ou não da
escolaridade minima. ~'
Até os primeiros estudos e experiências realizadas
após
a PrimeiraGrande
Guerra, era generalizada a convicção sobre amenor
capacidadede
aprender
do
adultoem
relaçãoaos mais
jovens,chegando-se
a afirmarque
após
os vinte e cincoanos
o individuonada
aprendiade
novo.Hoje é normal referir-se à
educação de
adultoscomo
educação
decorrente,
permanente ou
contínua, oque
correspondeà
realidadede
uma
sociedadeem
permanente
aprendizagem.A
aprendizagem-técnicade
adultos apresenta especificidades, porserem
os adultos indivíduos
que
possuem
caracteristicas própriasda
idade,experiências,
compromissos
e responsabilidades familiares, profissionais esociais,
que
interferemno
processode
aprendizagem,porém
são
perfeitamente aptos a aprender, evoluir e modificarem-se.
As
caracteristicas e necessidadesdo
adulto, damesma
formaque
distinguem a aprendizagem-técnica
do
aluno desta idade,exigem
algunsrequisitos básicos
do
ensino edo educador
voltado para aformação do
aprendiz.
Os
teóricosda Andragogia
postulam principios parauma
psicopedagogiado
adultoque abrange
tanto as necessidadesde conhecimentos
básicos, quantoao
atendimentodos
interessesda
clientelacomo
propósitos sociais eprofissionais
que
devem
ser considerados peloseducadores
de
adultos.Convém,
portanto, obsen/arque
os adultos:~
reagem
negativamente à faltade
respeito à sua individualidade, repreensões, faltade preocupação
com
suas
necessidadeshumanas;
-
consideram
importantedeterminarem suas
próprias necessidadesde
aprendizagem
considerando significativo planejarem a própriaaprendizagem;