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RELLÍS - REVISTA DE ESTUDOS DE LIBRAS E LÍNGUAS DE SINAIS

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Academic year: 2021

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RELLÍS - REVISTA DE ESTUDOS DE LIBRAS E

LÍNGUAS DE SINAIS

Núcleo de Ensino e Pesquisas em Libras On-line http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/469857 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)

OESTUDODOC.C.S.:ESTRUTURANDOSENTIDOSENTREALÍNGUA PORTUGUESAEALÍNGUABRASILEIRADESINAIS

THESTUDYOFTHEC.C.S:STRUCTURINGMEANINGSBETWEENTHE PORTUGUESELANGUAGEANDTHEBRAZILIANLANGUAGEOFSIGNS

Patricia Cardoso de Oliveira1

Juliano Ferreira²

RESUMO

Considerando a relevância da identificação de sentido equivalente entre duas línguas no processo tradutório interpretativo, nota-se a importância dos princípios que versam sobre a desverbalização, como uma estrutura chave para uma transposição eficaz, agrupados a outros estudos que apresentam eixos como a percepção e a reverbalização (Lima e Neves, 2012), que colaboram para uma disposição se valendo do real sentido dos termos inseridos em determinados contextos, estes estudos compreendem, como plano de fundo as ideias apresentadas na Teoria Interpretativa da Tradução (Théorie du Sens) dissertado por Danica Seleskovitch. Contudo, há ausência de preceitos práticos na execução desses princípios, que geram a necessidade de definir termos dúbios dentro do contexto, identificando conceitos por de trás da expressão, fazendo equivalências entre os significados contidos em termos polissêmicos e o contexto em que o mesmo está inserido, a fim de combinar com a melhor variante ao sentido da considerando a relevância da identificação de sentido equivalente entre duas línguas no processo tradutório interpretativo, nota-se a importância dos princípios que versam sobre a desverbalização, como uma estrutura chave para uma transposição eficaz, agrupados a outros estudos que apresentam eixos como a percepção e a reverbalização (Lima e Neves, 2012). Estudo do CCS é o foco dissertativo desse artigo.

Palavras-chave: Processo tradutório interpretativo. Teoria Interpretativa. Estudo do

CCS.

ABSTRACT

Considering the relevance of the identification of equivalent meaning between two languages in the interpretative translation process, we note the importance of the principles that deal with de-verbalization, as a key structure for an effective transposition, grouped with other studies that present axes such as perception and reverbalization (Lima and Neves, 2012), which collaborate for a disposition using the real meaning of the terms inserted in certain contexts, these studies comprise, as a background, the ideas presented in the Interpretative Translation Theory (Théorie du Sens) lectured by Danica Seleskovitch. However, there is an absence of practical precepts in the execution of these

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principles, which generate the need to define dubious terms within the context, identifying concepts behind the expression, making equivalences between the meanings contained in polysemic terms and the context in which it is inserted , in order to combine with the best variant the meaning of the message presented, which in short, motivated the conception of the study of the context, concept and meaning (CCS Study), the main focus of this article.

Keywords: Interpretative process. Interpretation theory. CCS.

1INTRODUÇÃO

Os artigos relacionados com tradução e interpretação, sempre versam sobre a desverbalização, como uma estrutura chave para uma transposição eficaz entre língua alvo e língua fonte, está citada na Teoria Interpretativa da tradução (Théorie du Sens) de Danica Seleskovitch, com três fases importantes do processo tradutório interpretativo, percepção, desverbalização e reverbalização.

Além disso, estes três eixos compõem uma tradução numa estrutura profunda da mensagem, se valendo do real sentido dos termos inseridos em determinados contextos. Porém, a Teoria Interpretativa da tradução demonstra “o que fazer”, ficando implícitas as percepções do ator da tradução, dessa forma, como desverbalizar e reverbalizar, haja vista que, obter a compreensão de significados, não totaliza o processo tradutório interpretativo.

Do mesmo modo, desverbalizar os termos da língua de fonte é um processo ainda mais complexo, contando que, em se tratando da língua portuguesa, habitualmente na geração atual, a polissemia e a conotação, estão em suma, integrando a maioria dos discursos nas diversas esferas.

O presente estudo é resultado da pesquisa bibliográfica dos artigos que dissertam sobre a desverbalização, com influência no estudo de caso, que gerou a elaboração do curso de “Capacitação de tradução e interpretação de Libras e Português”, ministrado na FENEIS – Federação Nacional de Educação e Interação dos Surdos de São Paulo/capital, com o intuito de disseminar os conhecimentos sobre as variações linguísticas estruturando o sentido nos contextos sinalizados entre a Língua Brasileira de Sinais para a Língua Portuguesa e vice versa, através de uma estratégia nomeada como Estudo do CCS (estudo do contexto, conceito e sentido), aprimorando conhecimentos sobre as competências tradutórias e sensibilizando profissionais da área sobre como repensar as atuações e o desempenho, tanto no processo tradutório interpretativo na modalidade sinalizada, quanto na modalidade oral entre essas duas línguas.

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O método de abordagem adotado, será conduzido pelo estudo de caso, por ser descritivo e fornecer subsídios, por meio de relatos e fatos, à compreensão da teoria.

Sobremaneira, são perceptíveis a defasagem e a falta de capacitação dos tradutores intérpretes de Libras atuantes nas diversas esferas, estes priorizam a formação e a aquisição da língua, com base em cursos básico, avançado, intermediário e de fluência, contudo, quando realizam as transposições de uma língua para outra, não levam em consideração as competências tradutórias requeridas, apresentando sinalizações que não abrangem o sentido contido nos conceitos em determinados contextos, o que causa a falta de compreensão em completude da mensagem alvo da tradução e interpretação, por parte do público surdo, receptor foco da mensagem.

Nesse sentido, este estudo está organizado em quatro momentos. O primeiro traz um breve panorama do contexto sobre a Teoria Sentido e a Teoria Interpretativa. No segundo, faz-se uma análise reflexiva, sobre como tem sido realizado o processo tradutório interpretativo, entre a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa, com ênfase na relevância dessa estratégia. No terceiro, faz-se um questionamento sobre as escolhas interpretativas dos profissionais tradutores e intérpretes de Libras, levando em consideração, sua formação e conhecimentos na área. E, por último, apresenta-se a configuração da estrutura do Estudo do CCS, através de modelos devidamente comentados, a partir das suas definições, preceitos vantagens e desafios.

2 FUNDAMENTOS DA TEORIA INTERPRETATIVA DA TRADUÇÃO

(THÉRIE DU SENS)

A Teoria Interpretativa da Tradução (Théorie du Sens) apresentada por Danica Seleskovitch (1989) aponta proposições no processo de interpretação consecutiva, a fim de alcançar o sentido real no discurso, trabalhar com a estrutura profunda da palavra, ao invés da estrutura de superfície e do significado sem transposição de equivalência, preservando o sentido através da desverbalização, que compreende o processo de identificação do sentido apresentado, tornando mais precisa a reprodução espontânea.

Imaginemos que acabamos de fazer um breve discurso de três minutos. Não seríamos capazes de repetir essas quatrocentas ou quinhentas palavras

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textualmente, com os gestos e a entoação originais, mesmo que nos fosse solicitado fazê-lo imediatamente após o fim do discurso. Normalmente, não saberíamos quais palavras e gestos utilizamos — nem nós nem nossos ouvintes. O que nossa mente retém é o sentido, claro e preciso do que dizemos em voz alta, mas já registrados de maneira amorfa em nossa memória. A maioria das palavras pronunciadas (...) se apagam na memória do orador e dos ouvintes, e apenas o sentido por elas transmitido permanece. Desse modo, tanto o orador como o ouvinte sabem “o que” foi dito( SELESKOVITCH, 1978, p. 16).

Acresce que, essa teoria faz-se o intérprete a desunir as ideias das palavras antes de expressá-las, instituindo o uso da ideia contida no conceito, dessa forma, o propósito da interpretação é compreender o que é apresentado na língua fonte e transportar essa mesma ideia, sentido, de modo real na língua alvo.

A Teoria do Sentido foi desenvolvida a partir de uma proposta com base na interpretação consecutiva, entretanto, nessa modalidade é possível evidenciar o processo de desverbalização do sentido, pois o intérprete armazena de modo mais conciso as informações do discurso do palestrante na língua fonte para reproduzir o processo sistêmico cognitivo, de forma ininterrupta para a língua alvo, contudo, o sentido expresso não é considerado um discurso original, e sim parafraseado, ou seja, preservado de forma subjetiva.

O sentido pode ser definido como uma construção cognitiva feita pelo enunciatário com base nos sons que partiram da boca do enunciador: ele adiciona a esses sons lembranças cognitivas que combinam com esses estímulos, além de conhecimento adicional, seja da memória de longo ou médio prazo, que combina com a oração ou frase em questão como um todo (SELESKOVITCH, 1977, p. 335).

Segundo Seleskovitch (1977), interpretar um discurso não é traduzir uma língua, outrora à integridade envolvida no processo de interpretação, não tem vista as palavras, mas sim o sentido.

Dessa forma, o processo da tradução consiste em resgatar a concepção da mensagem na língua fonte o sentido que ela designa, de modo a se reexpressar na língua alvo. Entre o original e a sua tradução encontra-se a ideia de desverbalização, que uma vez apreendida, pode ser executada em qualquer idioma.

Outrora, podem ocorrer dificuldades na desverbalização em termos polissêmicos, pois estes podem ser utilizados com significados implícitos, ambíguos, não perceptíveis, sem o devido estudo da conexão dos termos de um contexto.

Nesse sentido, a autora afirma que, uma vez tendo a percepção do sentido, sua estruturação reconstitui os processos linguísticos, as ideias, os sentimentos e as noções

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que devem ser transmitidas, isto é, em línguas distintas não utilizamos as mesmas significações para exprimir as ideias.

Sobremaneira, desverbalizar é despir o termo na língua de fonte e buscar na sua essência o significado deste termo dentro do contexto em que ele está inserido, buscar todos os significados que este termo pode conter dentro de diversos sentidos, listando as variações de significado contidas em dicionários, conhecimento de mundo, especialistas no assunto entre outras fontes.

Segundo a Teoria do Sentido, passar de uma língua para outra convertendo os signos de uma nos signos da outra, pode não ser eficaz quando se pensa em transcodificar o discurso. De acordo com Lederer (1984), optar por desverbalizar esse discurso determina a significação pertinente desses signos para encontrar a significação equivalente na outra língua.

Na comunicação, o sentido liberta-se do encadeamento das palavras e das frases e estas se combinam de modo produtivo também dessa maneira. O sentido se constrói à medida que se desenrola a cadeia discursiva; se interromperem bruscamente o conjunto para recortar um segmento qualquer, certamente poderemos extrair uma passagem e analisar sua correção, mas será impossível extrair, ao mesmo tempo, o sentido que permanecer preso à massa textual (LEDERER, 1984, p. 19).

Em contrapartida, mesmo pensando nessas especificidades, ainda encontramos um grande número de profissionais Tradutores e intérpretes de Libras, realizando interpretações intermitentes (Pagura, 2003) com base na correlação palavra e sinal, sem se atentar ao sentido da mensagem, entretanto, ainda há casos onde a sinalização na Língua Brasileira de Sinais não é compreendida, para a execução da modalidade oral na Língua Portuguesa, causando omissões e lapsos interpretativos mediante a exposição de uma sinalização que contenha em seu discurso expressões idiomáticas, gírias e sinais não manuais e usuais da comunidade surda.

Sobremaneira, segundo Pagura (2003) a modalidade intermitente evidenciada frequentemente em reuniões a qual um profissão realiza a tradução entre duas línguas, sem ao menos se preocupar com a interpretação desse contexto, para que simplesmente se ponha ao lado do palestrante e traduza a mensagem que está sendo emitida. Contudo, o palestrante geralmente fala uma ou duas frases curtas realizando pausas, a fim de que suas sentenças sejam traduzidas para a língua alvo para a plateia. Dessa forma, esse processo concentra-se basicamente na tradução das palavras informadas, sem levar em

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consideração aspectos importantes e relevantes para o processo interpretativo, seja muitas vezes pela falta de capacitação do profissão ou mesmo pela natureza da situação.

Assim, é importante compreender que mesmo com base na Teoria do Sentido, ainda há a ausência de preceitos práticos, que geram a necessidade de definir termos dentro do contexto, identificando conceitos por de trás da expressão, fazendo equivalências entre os significados contidos em termos polissêmicos e o contexto em que o mesmo está inserido, a fim de combinar com a melhor variante ao sentido da mensagem apresentada.

Todo discurso, independente da língua, sempre é entendido como uma função não só do valor inerente a cada palavra dita, mas, também, do conhecimento associado a cada palavra, que denominamos complementos cognitivos (LEDERER &SELESKOVITCH, 1989, p. 22).

Dessa forma, é necessário explorar este termo, identificando qual conceito está por de trás do termo que coincide com o contexto, posteriormente, fazer equivalências entre os significados contidos no termo polissêmico e o contexto em que o mesmo está inserido, a fim de que estas variações conceituais se adequem a melhor designação ao sentido do termo dentro do contexto em que ele está inserido.

Nesse sentido, constitui-se assim, uma estruturação para a desverbalização, sendo que, a percepção envolve a aquisição e compreensão da mensagem, esta fica atrelada ao contexto, porém, já a desverbalização é o abandono da estrutura de superfície da palavra na língua fonte e retenção e codificação dos conceitos e ideias da mensagem, ou seja, uma análise da estrutura profunda da palavra, podendo assim significar a desverbalização aos termos polissêmicos, conotativos, sem equivalência direta entre língua fonte e língua alvo.

4 Na ESIT (Sorbonne Nouvelle-Paris III: Escola Superior de Intérpretes e Tradutores)

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Porquanto, os termos que requerem estudo da estrutura, significado e sentido, nessa linha de pensamento, a desverbalização constitui dentro desta exploração o conceito e suas variações conceituais.

Por fim, o resultado do estudo das variações conceituais é a reverbalização, a produção de um enunciado adequado à estrutura da língua alvo, que tenha implícito na escolha interpretativa, a cultura, a usabilidade, a linguística e a estruturação da língua de alvo no entanto, quando falamos de reverbalização, tratamos do sentido que versaremos a mensagem na língua fonte, partindo da compreensão (contexto), da desverbalização (conceito/variações conceituais) conseguimos instituir um sentido e reverbalizar o termo na língua de alvo.

2.1 O campo de estudo do processo tradutório interpretativo entre duas línguas

O processo tradutório interpretativo, carece de pesquisas no campo de estudo com discussões que visam aprofundar os estudos às suas especificidades, mesmo tendo nos últimos anos apresentado um crescimento considerável no Brasil, envolvendo essa temática tão relevante.

Além disso, esses estudos remetem-se a pesquisa antigas, uma delas dissertadas por Gile, em meados de 1950 (1995), o qual menciona as especificidades da temática, no ato de interpretar línguas, contudo, em nossa pesquisa, não será direcionado o tipo de interpretação, mas sim as estratégias e variações utilizadas durante o processo interpretativo.

Acresce que, a Teoria dos Modelos dos Esforços, traz uma luz acerca do que compõe o processo tradutório interpretativo e quais as estratégias a serem realizadas neste processo, a proposta de Daniel Gile (1995), indica um processo de três esforços e concomitante a eles a sua coordenação, essa que fará a moderação entre a relação desses esforços do processo de interpretação.

Por conseguinte, em seu modelo, ele menciona que o intérprete não deve desvincular-se das ações, como por exemplo, compreender, consiste na atenção de ouvir e analisar a mensagem, outrora, memorizar, é o ato de armazenar a mensagem, já produzir, é citado pelo autor pelo empenho de reproduzir a mensagem na língua alvo e por fim, coordenação, como o esforço de ordenar as demais ações (GILE, 1995).

O modelo dos esforços de Gile (1995), pode ser ilustrado conforme a figura a seguir: .

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PROCESSO COGNITIVO DO INTÉRPRETE

Fonte: Adaptado de Gile (1995)

Outrossim, percebe-se que para Gile (1995), o processo tradutório interpretativo passa por três etapas de esforço mental, por parte do tradutor e intérprete, seja esse processo simultâneo ou consecutivo, sabemos então, a partir dessa teoria o que se deve executar durante uma interpretação, porém de fato como esse processo será executado? Qual a técnica a ser empregada nesses esforços?

Na interpretação consecutiva, há dois tipos de produção. Na primeira fase, o intérprete escuta o que diz o palestrante e toma notas; na segunda fase, ele produz o discurso oral equivalente em sua língua materna (GILE, 1995: 165-26).

No entanto, seguindo uma linha muito tênue, Quadros (2004) sugere um modelo cognitivo que compõe o processamento mental da tradução e interpretação também em três passos, sendo eles:

(1) Entender a mensagem na língua fonte (2) Ser capaz de internalizar o significado na língua alvo (3) Ser capaz de expressar a mensagem na língua alvo sem lesar a mensagem transmitida na língua fonte. 0 processo pelo qual o intérprete passa, apresenta os seguintes passos: Mensagem original > Recepção e compreensão > Análise e internalização > Expressão e avaliação > Mensagem interpretada para a língua alvo (QUADROS, 2004 p.75).

Sobremaneira, este modelo cognitivo é seguido por um padrão interpretativo, que expressa que o tradutor e intérprete precisa entender a palavra ou sinal da língua fonte, apreender e expressar seus significados na língua alvo, tendo que se ater ao sentido da mensagem nesse processo (QUADROS, 2004).

Dessa forma, obtemos assim uma nuance teórica da composição do processo tradutório interpretativo entre duas línguas, unindo a Teoria dos Métodos de Esforços de Gilé e a Teoria Interpretativa da Tradução de Seleskovitch, numa sistematização

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consistente desse processo, a conjunção desses modelos ressaltam o sentido como foco principal no ato tradutório interpretativo em todas as suas etapas.

Além disso, interpretar o sentido de uma mensagem sem se prender as palavras do discurso, permite uma reexpressão do discurso na língua alvo, descaracterizando o enunciado na língua fonte e caracterizar na língua alvo, realizando concomitante às ações compreender, desverbalizar e reverbalizar.

Ainda por cima, tal processo de translação requer a usabilidade de alguns recursos de comunicação, inerentes ao processo tradutório interpretativo, para o ato de reverbalização da mensagem se faz crucial o uso de dois desses recursos, sendo eles o Lag time e a memória de curto prazo, o sendo este o tempo de espera, é o delay de resposta, os segundos que se aguarda até obter a captação da língua fonte e a transmissão na língua alvo.

Também, pode se dizer, que obter um lag time entre oito a quinze segundos, possibilita ao intérprete minimizar os erros de conceito da mensagem, dessa forma, é necessário cada intérprete identificar seu próprio lag time, envolvendo sua memória de curto prazo, adequando o tempo de resposta a intermediação do discurso para evitar omissões e esquecimentos.

Em suma, durante o lag time o intérprete se vale de alguns tipos de memória para não haver perda de conteúdo, quanto mais longo o lag time melhor será a interpretação, levando em conta o limite de tempo de armazenamento da memória de curto prazo.

Sobretudo, percebe-se além do contexto, qual o conceito que está inserido nas palavras do discurso, para assim chegar a uma mensagem estruturalmente diferente com um significado equivalente.

Bem como, analisadas diante a um comparativo as teorias dos esforços e interpretativa, essas, trazem etapas que se complementam, sendo que o esforço da compreensão exige percepção, que o ato da desverbalização, o uso da memória de curto prazo, para se obter a produção da reverbalização. Podemos dizer que estas teorias correlatas ao modelo cognitivo de Quadros (2004), são as estratégias mais relevantes ao processo tradutório interpretativo intuído nesse estudo, a proposta de estratégia para o processo sistêmico de tradução presente neste artigo se baseou nas estruturações dessas teorias.

Portanto, a base do processo tradutório interpretativo entre duas línguas permeia em duas ações subsequentes, sendo elas, a partir da análise da mensagem na língua fonte e composição da mensagem da língua alvo. Dessa forma, essas ações perpassam por

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processos e esforços, que tem um único foco semântico, equivaler as mensagens entre as línguas sem lesar o sentido neste processo, assim, faz-se então a reflexão da ênfase nos significados e não nas palavras, dentro de um processo de transposição entre línguas.

Assim, denominamos de estratégias de tradução e interpretação as “alternativas” e “escolhas” de tradução das quais o profissional utiliza durante a realização da atividade tradutória, vale ressaltar que, a atividade tradutória requer uma formação e uma qualificação que propicia ao profissional as habilidades necessárias para tal proposta.

Enquanto isso, para tanto, tomando como base, parte dos dados de uma pesquisa de caráter empírico experimental, abordando reflexões através de questionários de desempenho e conhecimento de grupos de profissionais tradutores intérpretes de Libras, a fim de identificar nos utentes as variações e estratégias utilizadas no momento da interpretação que foi explorado e comentado frente a metodologia de análise de dados respeitando o sigilo de cada participante.

3 METODOLOGIA E ANÁLISE DOS DADOS

O procedimento inicial para nosso estudo consistiu em coletar informações através de um questionário entregue a diferentes grupos de tradutores e intérpretes de Libras atuantes no mercado em diferentes esferas, com intuito de analisar os profissionais já atuantes e suas escolhas interpretativas não baseadas na estrutura do Estudo do C.C.S.. A entrevista foi realizada com 38 profissionais tradutores e intérpretes de Libras e Português, visando compreender a base das suas escolhas interpretativas e os desafios que enfrentam atualmente no ato tradutório interpretativo, desses 78,9% atuam na esfera educacional, umas das esferas de maior impacto na vida do indivíduo surdo e que requer uma habilidade aprimorada para mediar a aquisição de conteúdos pelo aluno surdo, dentre eles, 26,3% atuam nessa atividade em média, de 4 a 6 anos.

Além disso, nota-se através do levantamento acerca da aquisição da língua que 42,1% dos entrevistados percorreram do básico até o curso de fluência na Libras e 55,3% dos entrevistados perfazem mais de 500 horas cursadas. Indicando assim, que estes profissionais possuem uma fluência satisfatória na língua brasileira de sinais, sendo, portanto, qualificados para um estudo de estratégias de tradução e interpretação.

No entanto, para a formação em tradução e interpretação de Libras e português, 50% dos respondentes são Pós-Graduados em tradução e interpretação e 34,2% possuem curso de tradução e interpretação convalidado pela comunidade surda, perfazem

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profissionais qualificados para este estudo mediante conhecimento e aptidão na área estudado.

Assim como a formação, a atuação também é de suma importância para esta pesquisa, que visa contemplar um estudo que se mostrou eficaz no processo interpretativo dos estudantes do curso de tradução e interpretação da FENEIS e poderá ser um método para suprir as dificuldades de profissionais da área, haja vista, 65,8% dos entrevistados atuarem como profissionais remunerados, o que eleva a necessidade de uma formação adequada e eficaz para estes mediadores.

Não obstante, passaremos então ao levantamento das bases interpretativas utilizadas pelos profissionais entrevistados.

Seguindo a Théorie du Sens (Teoria do Sentido) de Danica Seleskovitch (1977), revisitada neste estudo, podemos perceber que a base interpretativa da maioria profissionais entrevistados é o contexto da mensagem, visualizada em 73,7% das respostas, o que gera uma tradução intermitente, palavra a palavra, o que resulta numa interpretação carente de equivalência semântica.

Segundo Seleskovitch (1977) é necessário que seja realizada a transposição entre as línguas respeitando as competências tradutórias, pois apenas 15,8% dos entrevistados se baseiam no sentido dos termos da mensagem, para realizar as interpretações, dessa forma, podemos avaliar que as escolhas interpretativas podem não estar num melhor foco. Porquanto, essa situação acarreta a esses profissionais uma necessidade de uma ferramenta para auxílio do uso mais aprofundado dos sentidos para execução das interpretações, a fim de proporcionar o aprofundamento bibliográfico acerca das teorias aprendidas pelos profissionais entrevistados.

Em outro momento, foi questionado quais estratégias hora abordadas pelas teorias existentes, que eram de seu domínio, do mesmo modo, uma minoria diz conhecer as estratégias que versam esse estudo, percepção, desverbalização, reverbalização e estudo do CCS, o que gera uma real necessidade da idealização do artigo em questão, outrossim, 63,2% dos pesquisados sinalizaram não conhecer a estratégia de transposição, que para sua concepção eficaz, é necessário contemplar a equivalência semântica de conhecimento.

Concluindo o levantamento, pode-se notar que a dificuldade mais relevante relatada na pesquisa é a de identificar o sentido da mensagem na língua fonte, exatamente uma das vertentes que o proposto estudo visa auxiliar, assim como auxiliará conjuntamente na

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execução de equivalência de sentido na língua alvo e a desverbalização de termos conotativos e polissêmicos, na língua fonte.

4 O ESTUDO DO CCS (CONTEXTO, CONCEITO E SENTIDO)

A projeção dos signos de uma língua fonte de forma direta e intermitente para os de uma língua alvo, sem a percepção de significados e sentidos subliminares, a reconstrução das frases, se abstendo de sentido equivalente, não totaliza o processo tradutório interpretativo, com as equivalências necessárias, este requer competências e habilidades ao seu ato.

Acresce que, pensando nessas competências requeridas ao ato tradutório e baseando–se na formação de intérprete de conferências, realizada no Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), ministrada pela FEBRAPILS, onde fui apresentada à Théorie du Senses, e a revisitação dessa teoria por Pagura (2003), está, focando duas vertentes, base do processo de tradução, sendo, a desverbalização e o sentido, juntando essa experiência, com a especialização em tradução e interpretação de libras e português, onde o conceito por diversas vezes fora citado, como foco do ato tradutório, e ainda com a reflexão de uma vida sendo ensinada a traduzir contextos, me vi diante de um incômodo, que gerou o desconforto do como?

Do mesmo modo, havia ali um dilema, como desverbalizar? Como estruturar sentido? Como usar os conceitos para significar as mensagens? Sobretudo, frente a tantas indagações, surge, após diversas tentativas, uma estruturação de estudo das frases, usando contexto e conceito para obter um sentido, o que estruturaria as teorias aprendidas, no curso de formação do INES, com o percurso formativo da especialização e a prática do ato tradutório ao longo da minha trajetória profissional, haja vista, as teorias e ensinamentos acadêmicos, sempre diziam o que tínhamos que fazer para sermos bons tradutores, entretanto, sentia falta do como fazer este processo.

Por conseguinte, objetivo criar esta estrutura do Estudo do C.C.S, porque desverbalizar os termos da língua fonte para obter a percepção de seus significados é um processo ainda mais complexo e totalmente necessário ao ato de transferência entre as línguas alvo da tradução, levando em conta, que habitualmente, a polissemia e conotação, estão em suma, integrando a maioria dos discursos das diversas esferas.

Sendo assim, se valer apenas do contexto para realizar uma tradução, poderia gerir diversos lapsos tradutórios. Então, usamos o contexto para separar os constituintes

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básicos da frase, avaliando a possibilidade de uma translação direta, se a palavra em questão possuir um sinal de representação na língua de sinais, que imprima o sentido da mensagem.

Porquanto, esse seria um ato tradutório com uma frase de sentido único e literal, sem metáforas ou polissemia, mas ao nos depararmos com termos que não possuem equivalência direta, partimos para estruturação do estudo do contexto, seus conceitos e variações conceituais e com o alinhamento dos termos com o contexto e pensando numa equivalência linguística, semântica e sociocultural, idealizando a melhor alternativa para passar a mensagem com clareza para língua alvo.

De fato, o que dificulta a desverbalização de termos em determinados contextos, pois um termo polissêmico pode ser utilizado com significados implícitos, ambíguos, não perceptíveis sem o devido estudo da conexão dos termos de um contexto, visto que, desverbalizar é despir o termo na língua fonte e buscar na sua essência, o significado deste termo dentro do contexto em que ele está inserido, explorando todos os significados que este pode conter dentro de diversos sentidos, listando possíveis variações de significado contidas em dicionários, conhecimento de mundo, especialistas no assunto e etc.

Contudo, é necessário desconstruir este termo, identificar qual sentido está por de trás deste conceito que interliga com o contexto, fazendo equivalências entre os significados contidos no termo polissêmico e o contexto em que o mesmo está inserido. Para que, destas variações conceituais, se adeque a melhor alternativa ao sentido do termo dentro do contexto em que se inseri.

Dessa forma, constitui-se assim, uma estruturação para a desverbalização, sendo que, a percepção envolve a aquisição e compreensão da mensagem, que está atrelada ao contexto, porém a desverbalização é o abandono da estrutura de superfície da palavra na língua fonte e retenção/codificação dos conceitos e ideias da mensagem.

Em outras palavras, a desverbalização significa a análise da estrutura mais profunda da palavra, podendo haver diferentes significados, com termos polissêmicos, conotativos, sem equivalência direta entre língua fonte e língua alvo, instituir um sentido e reverbalizar os termos que requer um estudo da estrutura, significado e sentido, destarte, nessa linha de pensamento, a desverbalização constitui-se dentro desse conhecimento o conceito de variações conceituais.

Porquanto, o resultado do estudo das variações conceituais é a reverbalização, a produção de um enunciado adequado à estrutura da língua alvo, que tenha implícito na

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escolha interpretativa, a cultura, a usabilidade, a linguística e a estruturação da língua alvo.

Outrossim, quando falamos de reverbalização, tratamos do sentido que versaremos a mensagem na língua alvo, partindo da compreensão (contexto), da desverbalização (conceito/variações conceituais) conseguiremos termo na língua alvo.

4.1 Contexto

O quadro dos postulados da teoria da interpretação de Seleskovitch (1978), demonstra três etapas do processo tradutório interpretativo, a primeira etapa deste processo e a fase de percepção, que envolve a leitura e escuta da mensagem e a apreensão de seu significado por um processo contínuo de análise, ou seja, o tradutor precisa obter a competência referencial, alvo da tradução, necessitando analisar o contexto das mensagens, as frases e ou ideias versadas na língua fonte.

Neste estudo, falando de contextos na língua portuguesa, que envolve a mensagem enunciada, chamados de competência referencial do processo tradutório, que contém na sua linguística, léxicos com significados passíveis de equivalência direta entre as línguas objeto de tradução e léxicos com ambiguidade de significado, estes passíveis de lapsos interpretativos.

Não obstante, a leitura e percepção do contexto, são cruciais, para se obter escolhas tradutórias que perfazem as equivalências requeridas numa transposição entre línguas. A escuta e a leitura atenta, permitem a identificação da necessidade de uma desverbalização aos contextos que perderão equivalência semântica numa transposição direta.

A percepção da necessidade desse estudo, parte da distinção de uma frase de um sentido literal com um sentido polissêmico, como por exemplo a seguir, na frase “Hoje estou triste”, há expresso o contexto com equivalência semântica entre as línguas, entretanto, na frase “Minha vida é um livro aberto”, a oração é direcionada para um contexto sem equivalência semântica entre as línguas.

Acresce que, na frase “Hoje estou triste” o sentido é denotativo, passível de uma transposição direta entre Português e Libras, línguas alvo deste estudo, este contexto não requer uma desconstrução, para se fazer entender pelo utente da Libras, já a frase “minha vida é um livro aberto” possui um sentido conotativo, que precisa ser percebido pela análise do contexto, é necessário percorrer as culturas das línguas envolvidas para responder o questionamento, o utente da língua de sinais entende esse termo nesse

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sentido? Quais as adaptações preciso fazer para que esta mensagem seja passada com o sentido equivalente?

Doravante, ao transpor de uma língua fonte para uma língua alvo precisa-se contemplar a equivalência linguística, cultural e semântica e a base de estudo sempre versará a partir do contexto da mensagem e não pelo contexto apenas, partindo da percepção, da análise, partimos para a desverbalização, que contém o conceito e suas variações de significado dentro da sua estruturação, ao utilizarmos apenas o contexto para efetuar uma tradução podemos causar uma ruptura na mensagem, constituindo um ato tradutório baseado na estrutura de superfície deixando de passar o sentido real subliminar do enunciado.

4.2 Conceito

De acordo com Seleskovitch (1978), o segundo passo das etapas do processo tradutório interpretativo expresso no quadro dos postulados é a desverbalização, que consiste em abandonar intencionalmente as palavras e a retenção da representação mental e cognitiva da mensagem, seus conceitos e ideias.

Seguindo essa teoria é o fato de que, as línguas são constituídas, em suma por léxicos conotativos, metafóricos e polissêmicos, o abandono da palavra de superfície é essencial para o ato tradutório, o estudo da estrutura profunda e da essência da palavra para compreensão dos seus conceitos, gera uma transposição mais eficaz entre as línguas. Em contrapartida, os léxicos denotativos, sejam eles de uma língua oral ou de uma língua sinalizada, constituem uma tradução simultânea entre língua fonte e língua alvo, casa em português vai ser casa em Libras, triste em português vai ser triste em libras, isso ocorre por conta da denotação em suma ter uma equivalência evidente entre as línguas envolvidas na tradução.

Mas quando se depara com frases e ou palavras conotativas e polissêmicas, esta equivalência direta se perde e é necessário estudar as melhores opções de variações que podemos adequar à mensagem contida no enunciado. Palavras e sinais com significados dúbios dentro de um contexto, precisando ser analisadas, seguindo o conceito que está embutido na essência desta palavra dentro de determinado contexto.

Conceituar os termos ambíguos auxilia na identificação da variação de sentido mais adequada ao contexto, executando uma desconstrução e o abandono da estrutura de superfície da palavra.

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4.3 Sentido

A terceira etapa desse processo tradutório interpretativo expresso no quadro dos postulados da teoria da interpretação de Seleskovitch (1978), é a reverbalização que consiste na produção de um novo enunciado na língua alvo, que nesse estudo chamaremos de sentido, pois essa reverbalização precisa se basear no sentido com significado para língua alvo.

Bem como, nos primórdios da tradução e interpretação de Português para Libras, se ensinava que o tradutor precisava passar o contexto, traduzir o que estava sendo falado, com o passar do tempo e mediante a pesquisa na área constatou-se que a tradução e interpretação de contexto, que é realizada na estrutura de superfície da língua, não constitui uma tradução e interpretação de sentido, apenas versa uma transcodificação, uma tradução sem desverbalização, passando a mensagem sem equivalência de significado cultural e linguístico.

A tradução baseada na desverbalização, norteia o sentido de determinado significado dentro de um contexto, a mensagem original versada num novo enunciado significativo semanticamente para o receptor.

A mensagem subentendida na língua de partida por seus usuários, não dispõe do mesmo entendimento se transposta sem sua estrutura profunda, para os usuários da língua de chegada, é necessário adequar o contexto e os termos polissêmicos, conotativos e não equivalentes a um significado que faça sentido para o usuário de chegada.

Dessa forma, no exemplo: “Exercício”, este termo não possui uma glosa de equivalência direta na Libras, é necessário se obter um contexto para significar este termo na língua de fonte, assim, apresentaremos diferentes variações em contextos variados como: “Ensinar é o exercício dele”; “Eu faço exercício na praça todas as manhãs”; “O exercício da aula de hoje é de revisão” ou “Não jogar lixo na rua é um exercício de cidadania.”

O termo “Exercício” dentro de cada contexto, significa um conceito diferente o que pode gerar no ato tradutório um lapso interpretativo. A desverbalização neste caso é a estratégia mais indicada para evitar erros de tradução e uma transposição entre as línguas de forma eficaz e assertiva. E para estruturar a desverbalização indica-se o uso do estudo do CCS.

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Acresce que, o termo Exercício, assume diferentes variações conceituais em cada contexto, sendo: Profissão, Atividade Física, Atividade escolar, Prática. Contudo, das variações conceituais, conseguimos adequar os significados aos contextos, resultando o sentido do termo dentro do enunciado. No ato tradutório, que precisa ser passado da mensagem é o seu sentido dentro do discurso.

Assim, pensando em equivalência semântica o sentido permeariam dentro do contexto das frases: “Ensinar é a profissão dele”; “Eu faço atividade física todas as manhãs”; “A atividade escolar de hoje é de revisão” e “Não jogar lixo na rua é uma prática de cidadania”.

4.4 Sistematizando e estruturando o sentido entre a teoria e a prática na tradução entre as duas línguas distintas

Quando nos deparamos, com um contexto permeado por termos polissêmicos, metafóricos e ou específicos, precisamos ter a consciência de que a translação direta, não irá condizer com uma tradução equivalente, mas sim com uma tradução literal, o que por motivos culturais, sociais e linguísticos, provavelmente não irão causar um entendimento da mensagem pelos utentes da língua alvo.

Para que este entendimento seja possível, a desverbalização dos conceitos polissêmicos é essencial, para se obter uma variação equivalente e usual na língua alvo que faça parte não só do sistema linguístico, mas também do meio sociocultural dos utentes da língua alvo, produto da tradução.

Por este fato, o estudo do CCS, surge como uma estratégia promissora de auxílio para essa translação equivalente e eficaz, passível de obtenção e compreensão da mensagem pelos receptores.

Sobretudo, quando nos aprofundamos no contexto, encontrando seus conceitos polissêmicos, metafóricos e ou técnicos, e nesses desmembramos suas variações, na tentativa de alinhar o contexto da língua fonte a um sentido equivalente na língua alvo, para significar a mensagem para o receptor, de forma a equivaler, cultura, semântica, linguística entre outros pontos relevantes.

Dessa forma, estamos realizando uma desverbalização, para obter uma reverbalização, processo já citado como o mais eficaz dentro de um procedimento tradutório interpretativo, esse estudo aprofundado do contexto e do conceito para se obter

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um sentido, diminui além dos lapsos, o uso do “português sinalizado”, as omissões, os acréscimos e os travamentos no ato interpretativos.

Por conseguinte, a estrutura de superfície da palavra não consta um sentido equivalente para uma língua de sinais, onde a cultura é desprendida das metáforas da língua portuguesa, como uma opção para essa obtenção se apresenta o Estudo do CCS da seguinte frase metafórica da língua portuguesa – Minha Vida é um livro aberto – caso essa frase fosse traduzida na forma literal, pela estrutura superficial da palavra, usamos o sinal de livro e de aberto, o que seria uma tradução totalmente fora do sentido da mensagem, por este fato, da polissemia ocorrer em demasiada incidência na língua portuguesa, este estudo foi pensado e estruturado como apoio aos profissionais e estudantes, de tradução e interpretação.

Para que seja demonstrado como fazer a desverbalização desse contexto para que seus conceitos polissêmicos sejam reverbalizados em um sentido equivalente na língua alvo.

O estudo do CCS, torna o processo de tradução mais longo e estruturado, para que o processo de interpretação tenha mais fluidez e qualidade visual, cultural e linguística. Usando como base, atividades realizadas por alunos do curso de capacitação de tradução e interpretação libras português da FENEIS, exemplificando como a estratégia pode ser usado de forma a auxiliar as interpretações, sendo uma técnica realizada no processo tradutório que antecede a ação interpretativa em si. Uma interpretação de qualidade, precisa ser precedida por um processo de estudo da tradução aprofundado e bem estruturado, onde se encaixa o uso do estudo do CCS.

A estrutura segue uma sistemática única, usar o contexto para perceber a mensagem, perceber se neste contexto há algum termo que não possui equivalência direta entre as línguas no foco do processo tradutório, em seguida, perceber as polissemias e metáforas, porquanto, esta é a primeira etapa deste estudo.

Posteriormente, após identificar os conceitos ambíguos, partimos para verificação de quais variações de significado esse termo possui, consultando dicionários, conhecimentos próprio, especialistas no assunto, esta é a parte mais evidente de desverbalização, onde não há, a palavra em si, mas sim a essência que ela representa dentro do contexto em que esse termo está inserido, dessa forma, pode ser utilizada para estruturação de sentido equivalente, onde se usa a ordenação profunda da palavra para significar a mensagem na língua alvo.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo do CCS é uma técnica estruturada a partir das teorias apresentadas com base na desverbalização, que já foi testada e comprovada pela eficácia e eficiência, haja vista, os alunos do “Curso de Capacitação de tradução e interpretação de Libras / Português”, ministrado na FENEIS – Federação Nacional de Educação e Interação dos Surdos de São Paulo, terem demonstrado um avanço considerável no ato interpretativo significativo.

Acresce que, de acordo com relatos dos alunos, não havia um estudo da tradução que contempla-se essa demanda, entretanto, após o contato com esse método, os estudos na área foram intensificados e as interpretações demonstraram uma mudança muito positiva em translação, com equivalência cultural, linguística e com maior foco no sentido da mensagem.

Sobremaneira, o artigo apresenta uma sugestão prática para um conceito teórico que embasa todo o ato interpretativo e tradutório, em que o profissional tradutor intérprete de Libras, quando se depara frente à essas teorias, aqui explanadas, ele sempre vai ter questionamento de como atender a essas demandas, gerando esse desconforto de algo que é necessário fazer, mas não se sabia como fazer até então.

Essa estrutura contribuiu para a formação dos intérpretes, tornando-os mais autônomos, visto que, a partir do momento em que ele entra em contato com esse estudo, ele passa a realizar sozinho uma intepretação de maior qualidade, levando em consideração as equivalências necessárias, pois a maioria dos profissionais atuantes realizam uma tradução intermitente (literal), mas pela falta do conhecimento dessa técnica que dá subsídios para estruturar o sentido entre as línguas.

Consoante a isso, é importante ressaltar que a estratégia apresentada não é suficiente para qualquer profissional desenvolver o estudo do C.C.S., dessa forma, é necessário alguns pré-requisitos, como um treinamento, um estudo mais aprofundado, fluência na língua de sinais, conhecimento linguístico na língua portuguesa, contato com a comunidade surda até para compreender e realizar com base mais sólidas as equivalências socioculturais.

Os autores utilizados na fundamentação teórica deram suporte e embasamento teórico para o estudo do C.C.S., norteando numa junção que estruturou esse estratégia, de modo que, cada autor tem uma vertente diferente sobre o assunto, ou vertentes que se unem sendo subsequentes, sendo cada particularidade necessária para a construção e elaboração desse sistematização apresentada nesta pesquisa.

Em suma, o estudo propôs a estrutura de sentidos, que não existia pela ausência de itens a se manusear, de como estruturar, fazendo de uma forma clara, realizando por conseguinte, uma prática de qualidade com equivalência de sentido, linguístico e sociocultural, quebrando paradigmas e ressignificando a ideia equivocada, em somente o contexto é suficiente para a interpretação.

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6 REFERÊNCIAS

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Referências

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