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AVALIAÇÃO DOS RISCOS QUÍMICOS DIÁRIOS EM UM LABORATÓRIO DE BIOLOGIA TUMORAL. Keilá Carvalho Rodrigues de Oliveira.Dra.

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AVALIAÇÃO DOS RISCOS QUÍMICOS DIÁRIOS EM UM LABORATÓRIO DE BIOLOGIA

TUMORAL

Keilá Carvalho Rodrigues de Oliveira.Dra.

SESMT- Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, 225 Bairro Cerqueira Cesar. CEP: 05403-010 Cidade: São Paulo-SP

drakeilacarvalho@uol.com.br

Trabalho agraciado com o prêmio Osvaldo Paulino, conferido ao melhor tema livre

apresentado no Congresso Paulista de Medicina do Trabalho, realizado no navio

Zenith, durante o Cruzeiro realizado no roteiro Santos/Armação de Búzios, no

período de 21 a 25 de janeiro de 2012.

RESUMO

Este estudo foi realizado a partir da avaliação dos riscos químicos em um laboratório de biologia tumoral de grande porte, objetivando identificar os agentes químicos mais frequentes no seu uso diário e verificar as medidas de prevenção, proteção, minimização e eliminação dos riscos para a saúde do profissional e do ambiente laboral. O processo de avaliação constou de três etapas: na primeira, foi realizado o levantamento dos agentes químicos de uso mais frequente e selecionados os de uso diário; na segunda, foram evidenciados os riscos químicos através de dados do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) associados à Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQS) dos agentes de uso diário e na terceira, foram verificadas as medidas de combate, aos riscos químicos diários, adotadas tanto nos equipamentos de proteção e segurança quanto nos métodos de avaliação da saúde dos colaboradores. Foram identificados oito agentes químicos, sendo que apenas dois não apresentam risco potencial de dano à saúde em condições usuais. Os outros agentes químicos, com potenciais de risco distintos, usados na prática diária do laboratório investigado requerem dos colaboradores treinamentos constantes e apropriados, associados aos trabalhos desenvolvidos, inclusive para a conscientização de condutas mais adequadas. Quanto às medidas de combate e prevenção dos riscos químicos, ainda há necessidade de intensificar as informações sobre a importância dos equipamentos de proteção/ segurança (individual e coletiva) e a orientação sobre cuidados e relevância da notificação em caso de acidentes com os agentes químicos, de um modo geral. Cabe aos gestores e aos serviços especializados de segurança em engenharia e medicina do trabalho garantir um local seguro para o exercício das atividades laborais dentro do laboratório de biologia avaliado, entretanto a responsabilidade sobre a segurança e a proteção é um exercício individual e diário.

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Riscos Químicos em Laboratórios de Análises Clínicas

As análises laboratoriais são instrumentos fundamentais no apoio aos serviços médico-hospitalares e à classe médica em geral. A consolidação de vários diagnósticos de doenças nos pacientes, pelos médicos, é baseada nos resultados das análises laboratoriais. Um resultado errado de uma análise é prejudicial ao diagnóstico de uma doença. Logo, os exames laboratoriais são utilizados muitas vezes como ferramenta para obter informações na tomada de decisões no diagnóstico e tratamento de várias patologias.

O uso do resultado dos exames realizados nos laboratórios é um fator determinante na estruturação das atividades relacionadas à qualidade do serviço. Em um laboratório de análises clínicas, a garantia da qualidade é alcançada tendo-se total e absoluto controle sobre todas as etapas do processo. Um resultado não confiável além de representar risco pode gerar insatisfação ao cliente de tal ordem que qualquer atributo adicional que acompanha o serviço - como instalações, cortesia, preços, facilidades – é incapaz de compensar.

Deste modo, para que não aconteçam acidentes e para que seja garantida a confiabilidade dos resultados dos seus trabalhos, os colaboradores de um laboratório devem buscar eliminar ou evitar os diversos agentes de risco a que estão expostos. Diariamente, o universo de um laboratório deve ser regido por normas capazes de manter a qualidade, o bom funcionamento, a organização, proteção, segurança e a saúde de todos os trabalhadores e do ambiente laboral.

“Consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.” (BRASIL, 2001).

Segundo especialistas envolvidos com a área de biossegurança, o grande problema não está nas tecnologias disponíveis para eliminar e minimizar os riscos e, sim, no comportamento dos profissionais. A biossegurança não está apenas relacionada a sistemas modernos de esterilização do ar de um laboratório ou

câmaras de desinfecção das roupas de segurança. Um profissional de saúde que não lava as mãos com a frequência adequada ou o lixo hospitalar descartado de maneira errada são práticas do dia-a-dia que também trazem riscos.

Considerando o risco químico, para que seja minimizada a sua exposição, o agente deve ser devidamente identificado e conhecido por toda a equipe de profissionais envolvidos no processo laboral. O trabalho envolve desde as boas práticas de laboratório, o uso dos equipamentos de proteção individual e coletiva dos profissionais do laboratório; o envolvimento multidisciplinar do SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho) em relação às instalações adequadas para proteção, manutenção dos equipamentos e avaliação da segurança no ambiente, meio ambiente e da saúde do trabalhador.

O profissional que trabalha no laboratório deve ser responsável não só por sua própria segurança, mas também pela dos seus colegas e do ambiente. É fundamental que ele perceba que faz parte de uma rede de relacionamento, em que os elos são sempre mais fortes quando em conjunto.

A falta de rigor e respeito à segurança sobre os riscos presentes nas atividades de pesquisa no laboratório ou mesmo no trabalho de rotina é capaz de prejudicar a saúde, a qualidade de vida dos profissionais envolvidos e acarretar impactos muitas vezes desnecessários a toda comunidade.

1.2 Risco Químico em Laboratório de Biologia Tumoral.

O Laboratório de Imunologia e Biologia Tumoral realiza pesquisas na área de imunologia de tumores, cujo maior objetivo é o de projetar e desenvolver imunoterapias e estratégias imunológicas para tratamento e prevenção do câncer.

O trabalho no laboratório estudado consiste no preparo de reagentes e de materiais para extrair o Acido ribonucleico (RNA), acido desoxirribonucleico ( DNA), CDNA (DNA complementar) das amostras em analise e possibilitar atividades para o diagnóstico de alteração de genes.

Os agentes químicos usados no laboratório de biologia tumoral como os reagentes (Agarose, Persulfato de amônio, Acrilamida, Tiocianato de Guanidina, 1,6-hexanoditiol, 1,2-etanoditiol, Fenol, Formol, Trizol, Formamida e Ácido Valpróico, SDS, Tweens, Triton,

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DTT, EDTA, Glicerol, DEPC, Ácido bórico, Uréia, Cloreto de Magnésio, Cloreto de sódio, 2-Mercaptoetanol, Cloridrato e Nitrato de prata); Ácidos perclórico, clorídrico, sulfúrico e muriático; os Tampões (MOPS, Hepes, Tris, TBE, TG, TG e SDS.); os Corantes (Azul de Coomassie, Azul de Bromofenol, Xileno Cianol e Brometo de etídio) e os solventes (DMSO, Isopropanol, Álcool isoamílico, Etanol, Xilol, Clorofórmio e Hexano e Éter etílico), chamam atenção para a avaliação dos potenciais de perigo existentes (riscos químicos) e para a verificação das medidas de proteção e segurança adequadas, uma vez que são substancias capazes de penetrar no organismo do trabalhador pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos gases, neblinas, névoas ou vapores, ou que seja, pela natureza da atividade, de exposição, capazes de ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão.

2. OBJETIVOS

• Identificar os riscos químicos reconhecidos em um laboratório de biologia tumoral de um hospital escola de grande porte, dando ênfase à avaliação dos agentes químicos de uso diário. • Verificar quais as medidas adotadas de

antecipação quanto à segurança, proteção e saúde em relação ao trabalhador, ao processo e ao ambiente laboral.

• Avaliar se há necessidade de adequação do Programa de Prevenção de Riscos de Acidentes e do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional em face do observado neste trabalho.

3. METODOLOGIA

O Laboratório de biologia tumoral, local onde foi realizada a avaliação desta pesquisa sobre risco químico, pertence à unidade de Laboratório de Pesquisa Hematológica e Fracionamento do Sangue de um serviço hospitalar de grande porte. Nesta unidade são realizadas análises clinicas de exames de pacientes internos e externos.

Foram utilizadas as seguintes ferramentas de avaliação: • Ficha de reconhecimento de riscos

preliminares.

• Dados do Programa de Controle Médico de saúde Ocupacional (PCMSO) e do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) do laboratório de Biologia Tumoral.

• Tabela de agentes químicos manuseados com maior frequência no laboratório de Biologia Tumoral.

• Tabelas da Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) para os agentes químicos de uso diário no laboratório de Biologia Tumoral.

• Verificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual usados no laboratório de Biologia Tumoral.

• Exame clínico periódico dos 14 funcionários do laboratório de Biologia Tumoral.

• Avaliação da composição do PCMSO e do risco químico encontrado no PPRA.

• Fontes de informações utilizadas para embasamento técnico e cientifico: Normas Regulamentadoras, com especial enfoque nas NR7, NR9, NR15, NR24, NR26, NR32; Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ), Instrução Técnica NO 21 (IT 21) – Sistema de proteção por extintores de incêndio secretaria de estado dos negócios da segurança publica- Policia Militar do Estado de São Paulo – Corpo de Bombeiros.

O Preenchimento da ficha de reconhecimento consiste na realização de visitas ao laboratório de Biologia tumoral, localizado no prédio do ambulatório de especialidades do Hospital de grande porte avaliado. A ficha tem como propósito oferecer dados importantes a respeito do local de trabalho em relação a sua estrutura física e as condições de saneamento básico; dados a respeito dos trabalhadores e das facilidades de saúde, alimentação e qualidade de vida verificada. Esta avaliação preliminar possibilita também vislumbrar o processo em que o trabalho se desenvolve, dentro do qual podem ser observados os riscos ocupacionais, o uso dos métodos de prevenção e segurança ao trabalhador e ao meio ambiente. A análise exploratória de dados do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) associada aos dados do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) do laboratório de Biologia Tumoral objetiva o conhecimento dos riscos identificados e evitados pela Engenharia de Segurança do Trabalho, sobre os quais a Medicina do trabalho desenvolve seus exames ocupacionais e avalia a saúde dos trabalhadores.

A partir da tabela de Identificação dos agentes químicos manuseados com maior frequência no laboratório de Biologia Tumoral, conforme inventário do PPRA foi realizada a seleção

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daqueles de uso diário. Individualmente, os agentes de uso diário são norteados em seu perfil pelo inventario do PPRA e pela Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ).

Os agentes químicos de uso diário no laboratório de Biologia Tumoral são caracterizados conforme a Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) e os critérios do tempo de exposição, quantidade de intensidade, potencial de dano e graduação de risco (inventário PPRA). Verificação das medidas de proteção e segurança quanto aos equipamentos de proteção coletiva e individual usados no laboratório de biologia tumoral estudado, em relação aos riscos químicos diários encontrados.

Avaliação através do exame clínico periódico dos 14 funcionários do laboratório de biologia tumoral buscando registros de alterações nos exames físico e/ou complementares dos trabalhadores para investigar se há possibilidade de nexo ocupacional entre danos observados na saúde dos trabalhadores e os agentes químicos do trabalho diário a que eles ficam mais expostos.

Avaliação da composição do PCMSO verificando se os exames estão adequados ao risco químico encontrado no PPRA.

4. RESULTADOS

4.1 Riscos químicos reconhecidos e avaliação dos agentes químicos de uso diário

Os agentes químicos identificados conforme sua frequência de uso no laboratório estudado foram evidenciados conforme critérios usados no inventario do PPRA.:

Quadro 1 – Relação de produtos químicos utilizados com maior frequência.

PRODUTO Brometo de etídio Clorofórmio Trizol *(fenol)

Sab. Anti-séptico cloredexina 2% Ácido acético Álcool Etílico Álcool isopropílico Cloreto de Amônia Bicarbonato de amônia Agarose Tris (hidroxiaminometano) Glicerol Eco R1 Polímero POP7 Reagente MasterMix Sondas Primers DNTPs Ladder 100bp EDTA Formamida Tribase Ácido Clorídrico

Obs*: considerando a jornada de 08 horas/dia. Conforme relato do responsável pelo laboratório de biologia tumoral, o agente considerado de maior risco químico é o reagente Trizol (fenol-base) manipulado na capela, em câmara de exaustão. Quadro 2 – Inventário dos Produtos Químicos de uso diário - baseado nos dados do PPRA:

MEDIDAS DE

CONTROLE PRODUTO VOLUME* MANIPULADO

COLETIVA INDIVIDUAL Brometo de etidio 0,18 g Treinamento Clorofórmio 13 ml Trizol (fenol) 54 ml Capela com exaustor Treinamento Respirador c/ Filtro Químico Óculos de Segurança Luva Procedimento Sabonete Anti-séptico cloredexina 2% 45 ml Ácido acético 10 ml Álcool Etílico 1 l Álcool isopropílico 22 ml Cloreto de Amônia 22 g

Treinamento Luva Procedimento

*VALORES ESTIMADOS/dia.

4.2 Medidas de antecipação quanto à saúde dos funcionários

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A composição dos exames do PCMSO é baseada no inquérito de saúde individual e ocupacional; avaliação clínica, abrangendo anamnese ocupacional e exame físico e mental; e nos exames complementares indicados de acordo com os riscos apontados no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (P.P.R.A.).

O PCMSO indicou para estes trabalhadores o exame periódico anual com realização dos seguintes exames complementares: hemograma completo, TGO, TGP, Gama GT, uréia e creatinina; além da capacitação dos funcionários e necessidade de comunicação ao SESMT sobre acidentes ou suspeita de doença associada ao trabalho.

O PCMSO foi elaborado dentro das normas N7 e NR32 e o seu cumprimento foi observado dentro da sua proposta inicial norteada pelos dados relevantes do PPRA conforme a avaliação do local de trabalho; atividades exercidas (Biomédico, Biologista. Biólogo, Médico, Técnico de Laboratório, Farmacêutico, Oficial Administrativo e Assistente Administrativo) e os riscos: onde foram observadas possibilidades de exposição a agentes químicos, conforme objeto deste estudo.

4.3 Avaliação dos eventuais impactos a saúde dos trabalhadores por meio do exame clínico periódico ocupacional

No exame clinico ocupacional dos colaboradores foram verificados:

• Aferição de Pressão arterial (PA), peso e altura. • Anamnese: Queixas atuais, Interrogatório sobre

doença dos diversos aparelhos (ISDA), história patológica pregressa (HPP) e tratamentos (anteriores/atuais).

• Exame físico dos aparelhos: respiratório, cardiovascular, da região abdominal, avaliação osteoarticular e investigação de alterações na pele, cavidade oral, acuidade visual e auditiva. No exame laboratorial foram solicitados:

• Hemograma completo, glicemia, TGO, TGP, Gama GT (GGT), Ureia, creatinina, urina tipo I, colesterol total (CT) com frações (LDL, HDL, VLDL) e triglicérides.

Foi realizada avaliação clinica ocupacional de 13 colaboradores e apenas 01 colaborador não foi avaliado por estar afastado por auxilio espécie 31.

Não foram observadas alterações fora dos padrões de normalidade nos níveis pressóricos verificados durante o exame dos trabalhadores avaliados.

Um trabalhador referiu queixa de alteração dos índices pressóricos durante o interrogatório da anamnese. Não foram observadas alterações no exame físico dos trabalhadores em relação ao trabalho a que eles ficam expostos.

03 colaboradores apresentaram alteração nos valores de colesterol total e/ou frações.

01 colaborador apresentou alteração nos valores de gama GT.

02 colaboradores apresentaram em 2009, quadro clinico com a mesma hipótese diagnostica de labirintite. 01 colaborador esta afastado por auxilio doença e o outro se queixa de enxaqueca no exame clinico ocupacional. Nenhum colaborador referiu alteração da acuidade visual ou auditiva durante o exame físico.

De um modo geral, as substâncias químicas produzem anormalidades no sistema hematopoiético, fígado e rins. Logo, a monitoração biológica através do hemograma completo, exame de urina, testes de função renal e hepática é sugerida para os colaboradores com significativa exposição aos agentes que precisam ser controlados.

5. DISCUSSÃO

O sabonete líquido de clorexedine a 2% é usado como antisséptico, sendo um método de proteção contra microorganismos (risco biológico) durante o manuseio de amostras biológicas (tecido biológico e sangue) no laboratório.

Segundo os princípios preestabelecidos pelo Programa de Prevenção de Riscos Ambientais são considerados agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou ingestão (PPRA- NR 9.1.5.1). Partindo de tal definição, deve ser reavaliada a necessidade da indicação do uso do equipamento individual, principalmente as luvas, para o clorexedine a 2%, se o seu objetivo é higienizar e proteger as mãos do colaborador.

Considerando dados referentes à literatura de que o EtBr é uma substância perigosa, de alto risco para a população e para o meio ambiente (mesmo sem a existência de estudos concretos que comprovem o seu potencial carcinogênico) e considerando que a tendência do laboratório estudado é substituí-lo por equipamentos de leitura eletrônica; mesmo que seu uso

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no laboratório esteja sendo reduzido, ainda é de extrema importância que medidas de segurança para o colaborador e para o meio ambiente sejam adotadas durante a manipulação e descarte deste agente.

Consta na tabela baseada no inventario do PPRA como métodos de proteção coletiva apenas o treinamento e a capela com exaustor. O extintor de incêndio, o lava-olhos e o chuveiro que são medidas de proteção essenciais e imprescindíveis contra os riscos químicos, necessitam não só serem referidos no inventário, como também fazer parte da rotina dos colaboradores no laboratório estudado.

A diversidade de agentes químicos utilizados na pratica diária do laboratório de biologia tumoral, justifica a permanência dos aventais em seus locais de trabalho. Entretanto, os mesmos são levados para limpeza domiciliar pelos próprios colaboradores, conforme o critério de higiene cada um.

Preconiza a NR32, em seu subtítulo 32.3.7.1.3, que o chuveiro e o lava-olhos devem ser acionados e higienizados semanalmente. Espera-se que não precise ser usado por motivo de acidente, porém eles foram feitos para tal finalidade e devem estar prontos para qualquer eventualidade. Logo, não podem ser testados ou verificados na hora da emergência. É de responsabilidade de cada setor manter em condições de uso os chuveiros de segurança e lava-olhos em local sob sua jurisdição.

A capela de exaustão química é equipamento de proteção coletiva usado na manipulação de substâncias químicas que liberam vapores tóxicos e irritantes. As caixas de coloração alaranjadas são destinadas aos resíduos do trizol, material cujo destino final é a incineração.

A troca dos filtros da capela é realizada pela engenharia ambiental, em períodos mensais e pode ser considerada como método de proteção coletiva.

Para o preparo do Trizol são utilizados etanol, clorofórmio, álcool isopropil, dietilpirocarbonato (DEPC) e solução de SDS. Apesar destes últimos dois agentes não terem sido referidos no inventário dentre os produtos de maior frequência de uso no laboratório, convém acrescentá-los. Inclusive considerando os mesmos nos riscos químicos de uso diário. Importante ressaltar que o DEPC, conforme orientação do fabricante, deve ser manuseado com cuidado, usando luvas, máscara e manipulado em capela sempre que possível, pois é inflamável e mutagênico.

Em relação ao clorofórmio, todos os containers e locais de armazenamento contendo este agente químico devem apresentar a rotulagem adequada indicando substância tóxica, carcinogênica e altamente perigosa. Não foi verificada esta situação como de fácil acesso.

A estimativa utilizada no inventário dos produtos do PPRA, para o volume manipulado dos agentes químicos do laboratório de biologia tumoral foi realizada através do auxilio dos colaboradores que fizeram um cálculo superficial sobre a média da quantidade dos produtos que consumiam no dia, no mês ou a cada uso esporádico.

Entretanto, determinados agentes químicos de uso diário no laboratório avaliado (como o Fenol, por exemplo) podem ser encontrados na NR15 e, necessitam ter o seu limite de tolerância e inspeção no local de trabalho bem avaliados conforme exposição em relação aos trabalhadores.

A Norma Regulamentadora 15 (NR-15), da Portaria nº 3214/78 da SSST/TEM – Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, que cuida das atividades e operações insalubres, conceitua o Limite de Tolerância (LT) como “a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral”.

A definição do LT baseia-se, então, na concepção de que a exposição do trabalhador a índices inferiores a este referencial não prejudica a sua integridade física e mental, o que remete à situação de que, para que seja aplicado o adicional de insalubridade (art. 192 CLT), a simples exposição ao agente nocivo não é elemento suficiente.

A exposição ocupacional a ensejar o adicional de insalubridade é aquela que se concretiza efetivamente em níveis superiores aos fixados em regulamentação ministerial (NR-15), ou seja, aquela que se verifica em índice de exposição superior ao LT fixado para o agente nocivo em questão, havendo o entendimento que somente a partir deste momento a saúde do trabalhador estará sendo afetada.

O laboratório de biologia tumoral avaliado recebe a certificação de qualidade ISO, que é um estimulo para os colaboradores, no sentido dos mesmos realizarem o exame periódico e receberem capacitação, verificados anualmente dentre os requisitos para o certificado. Porém, aparentemente, ainda deve ser despertada a consciência dos profissionais envolvidos através de treinamentos constantes e informações sobre os riscos químicos potenciais diários identificados e associados aos trabalhos desenvolvidos. Inclusive sobre a importância e relevância do comunicado de acidente de trabalho ao SESMT.

O exame periódico, neste caso, é uma forma de prevenção e proteção à saúde dos trabalhadores contra os riscos químicos que possam resultar ou ocorrer em

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virtude de acidentes ou incidentes da pratica diária do trabalho ou das inadequadas condições de segurança do ambiente laboral.

Sob uma visão geral, a saúde ocupacional ainda não é a maior motivação capaz de levar os profissionais a procurarem os exames periódicos anuais ou a busca por preservarem a própria saúde no ambiente laboral. Apesar de alguns autores discordarem, acreditamos ser mais indicado que pessoas em bom estado de saúde sejam empregadas para atividades que envolvam riscos por exposição aos agentes químicos presentes na rotina do laboratório de biologia tumoral estudado.

Nossa linha de raciocínio leva em consideração a absorção, metabolismo e excreção das substancias estudadas e a capacidade de serem prejudiciais ao organismo de um trabalhador que já possua lesões hepáticas, renais, cutâneas, alterações da medula óssea, pulmonares e do sistema nervoso. Deste modo, os trabalhadores merecem ter sua saúde avaliada sob um olhar preventivo e assertivo do medico do trabalho quanto ao exame clinico, segurança e proteção do ambiente laboral e os riscos existentes.

Entretanto, se não houver um compromisso e um amadurecimento que firme responsabilidade entre os trabalhadores com todo o processo que envolve o uso dos equipamentos de proteção e segurança, fatalmente aqueles trabalhadores que gozam de boa saúde também poderão adoecer.

Os agentes químicos diários estarão sempre presentes, por isto é essencial à prática vigorosa e diária dos programas de saúde, proteção e segurança recomendados pelo serviço especializado em segurança e medicina do trabalho.

6. PROBLEMATIZAÇÃO E

RECOMENDAÇÕES

No quadro abaixo apontamos não conformidades e problemas observados e as recomendações que consideramos úteis para a suas soluções.

Quadro 3. Recomendações úteis para não conformidades e problemas observados

Problematização Recomendação

Os trabalhadores têm o direito de conhecer os potenciais de risco químico envolvidos no seu local de trabalho durante suas atividades laborais, em especial dos agentes químicos de uso

Manter a Ficha de Informação de Segurança do Produto Químico disponível e com fácil acesso aos trabalhadores.

diário.

Foram observados pontos falhos em relação ao manuseio seguro e aos riscos do clorofórmio entre os colaboradores do laboratório estudado.

Todos os colaboradores devem ser instruídos (capacitados) sobre o manuseio seguro do clorofórmio. Não há padronização e informações de higiene quanto ao período de troca dos aventais.

Padronizar o período de troca e higienização dos aventais com orientação. Convém sempre relembrar os colaboradores sobre os agentes químicos e seu potencial de dano.

Os chuveiros e lava-olhos não são checados

semanalmente e o propósito de emergência destes equipamentos ainda não é do conhecimento de todos os colaboradores. Verificar o funcionamento dos chuveiros e o lava olhos uma vez por semana e retirar as caixas depositadas próximas ao local.

Informar os colaboradores sobre estes equipamentos e quando e como usá-los. Pouca atenção dada aos

portadores de hepatite C e historia de hepatopatias cronicas durante o exame admissional e periódico.

Avaliar especificamente esta eventualidade, pois os casos positivos não devem exercer atividades com agentes quimicos de metabolização hepática, como por exemplo, o clorofórmio e o álcool etilico.

Pouca atenção dada aos portadores de disfunção renal durante o exame admissional e periódico.

Avaliar especificamente esta eventualidade, pois os casos positivos não devem exercer atividades com agentes quimicos de metabolizacao e excreção renal.

Pouca atenção dada ao

potencial de

hepatotoxicidade do clorofórmio.

Pessoas com disfunção hepática, com histórico de alcoolismo, usuários de drogas e grávidas não devem ter contato com clorofórmio.

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Pouca atenção dada entre a correlação dos possíveis sinais e sintomas detectados nos exames ocupacionais e o potencial de dano do acido acético.

Exames admissionais e periódicos devem ser atentos aos colaboradores

com problemas

respiratórios, de pele ou ceratoconjuntivites, pois, eles não devem ser expostos ao ácido acético.

Pouca atenção dada aos portadores de problemas respiratórios durante o exame admissional e periódico.

Pacientes com problemas respiratórios crônicos não devem se expor ao risco químico das substancias absorvidas por inalação. Pouca atenção dada às

alterações das enzimas hepaticas e histórico de abuso de álcool no exame ocupacional.

Alcoólatras e pessoas com alterações hepáticas não devem ser expostos ao álcool etílico.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABHO. Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais. Limites de exposição (TLVs) para substâncias químicas e agentes físicos & Índices biológicos de exposição. São Paulo, 2002.

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PINTO, A.L.T.;WINDT, M.C.V.S.; CÉSPEDES, L. Segurança e Medicina do Trabalho. 5.ed. São Paulo, Editora Saraiva, 2010.

BARROS, I. C. et al. Recomendações referentes à segurança nos laboratórios da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Documentos. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.n. 101, Brasília, 2003.

CHAVES, C.D. Controle na Qualidade no Laboratório de Análises Clínicas. J. Bras.Patol. Med.Lab., v. 46, n.5, 2010.

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Trabalho extraído da Monografia desenvolvida para conclusão do curso de Especialização em Medicina do Trabalho da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo-SP. Orientadores: Dr. Luiz Carlos Morrone e Dr. Marcelo Pustiglione.

Referências

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