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Ementa e Acórdão

25/10/2016 SEGUNDA TURMA

EXTRADIÇÃO 1.452 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO

REQTE.(S) :GOVERNO DO CHILE

EXTDO.(A/S) :DANIEL ARTURO REYES ARANDA

ADV.(A/S) :CESAR AUGUSTO LAUREANO VON HELDEN ADV.(A/S) :GISELA ANTIADE ALMEIDA

E M E N T A: EXTRADIÇÃO PASSIVA DE CARÁTER

INSTRUTÓRIO – EXTRADITANDO ACUSADO PELA PRÁTICA DE

CRIME DE “ROUBO COM HOMICÍDIO” (CÓDIGO PENAL CHILENO, ART. 433, 1º) – DELITO QUE ENCONTRA CORRESPONDÊNCIA

TÍPICA NO ART. 157, § 3º, SEGUNDA PARTE (LATROCÍNIO) DO

CÓDIGO PENAL BRASILEIRO – ACORDO MULTILATERAL DE

EXTRADIÇÃO (MERCOSU L ) – DECRETO Nº 5.867/2006 – NACIONAL

CHILENO – MANIFESTAÇÃO INEQUÍVOCA, PELO GOVERNO DO

CHILE, DO SEU INTERESSE NO DEFERIMENTO DO PEDIDO

EXTRADICIONAL – JUNTADA DE OUTRAS PROVAS POR PARTE DO GOVERNO DO CHILE – DESNECESSIDADE – ALEGAÇÃO DE QUE AS ACUSAÇÕES FEITAS AO SÚDITO ESTRANGEIRO SÃO

INCONSISTENTES – ANÁLISE QUE ENVOLVE DISCUSSÃO SOBRE

A PROVA PENAL PRODUZIDA NO ESTADO REQUERENTE –

INADMISSIBILIDADE EM FACE DO SISTEMA DE

CONTENCIOSIDADE LIMITADA QUE REGE, NO BRASIL, O PROCESSO DE EXTRADICÃO – LIMITES MATERIAIS DA DEFESA

DO EXTRADITANDO (ESTATUTO DO ESTRANGEIRO, ART. 85, § 1º) – CONSTITUCIONALIDADE – PRECEDENTES – PRISÃO

CAUTELAR – PRESSUPOSTO INDISPENSÁVEL AO REGULAR

PROCESSAMENTO DO PEDIDO DE EXTRADIÇÃO PASSIVA –

INOCORRÊNCIA DE SITUAÇÃO EXCEPCIONAL QUE JUSTIFIQUE A

REVOGAÇÃO DESSA MEDIDA CONSTRITIVA DA LIBERDADE DO

Supremo Tribunal Federal

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(2)

Ementa e Acórdão

EXT 1452 / DF

EXTRADITANDO – LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DA PRISÃO CAUTELAR PARA FINS EXTRADICIONAIS – RECEPÇÃO, PELA CONSTITUIÇÃO, DO ART. 84, PARÁGRAFO ÚNICO, DA

LEI Nº 6.815/80 – INAPLICABILIDADE, POR INSUBSISTENTE, DA SÚMULA 02/STF – OBSERVÂNCIA, NA ESPÉCIE, DOS CRITÉRIOS DA DUPLA TIPICIDADE E DA DUPLA PUNIBILIDADE – INOCORRÊNCIA, NO CASO, DA CONSUMAÇÃO DA PRESCRIÇÃO PENAL EM FACE DAS LEGISLAÇÕES DO BRASIL E DO ESTADO

REQUERENTE – INTERROGATÓRIO PROCEDIDO POR

MAGISTRADO FEDERAL BRASILEIRO – ATENDIMENTO, NA ESPÉCIE, DOS PRESSUPOSTOS E DOS REQUISITOS ESSENCIAIS AO

ACOLHIMENTO DO PLEITO EXTRADICIONAL – NECESSIDADE

DE O ESTADO REQUERENTE ASSUMIR, FORMALMENTE, O

COMPROMISSO DIPLOMÁTICO DE COMUTAR EM PENA DE PRISÃO NÃO SUPERIOR A 30 (TRINTA) ANOS AS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE, INCLUSIVE A DE CARÁTER

PERPÉTUO, EVENTUALMENTE IMPONÍVEIS NO CASO – SÚDITO ESTRANGEIRO QUE RESPONDE TAMBÉM POR CRIME PRATICADO NO TERRITÓRIO BRASILEIRO (CP, ART. 155, §§ 1º e 4º, I e IV) –

DEFERIMENTO DA ORDEM EXTRADICIONAL DEPENDENTE, EM PRINCÍPIO, DO PRÉVIO CUMPRIMENTO DA PENA IMPOSTA PELA JUSTIÇA BRASILEIRA – IMEDIATA EFETIVAÇÃO DA ENTREGA

EXTRADICIONAL – POSSIBILIDADE – MATÉRIA QUE SE

SUBMETE, NO ENTANTO, À COMPETÊNCIA DISCRICIONÁRIA DO

CHEFE DO PODER EXECUTIVO DA UNIÃO – INTELIGÊNCIA DO

ART. 89 C/C O ART. 67 DO ESTATUTO DO ESTRANGEIRO – PRERROGATIVA QUE ASSISTE, UNICAMENTE, AO PRESIDENTE DA

REPÚBLICA, ENQUANTO CHEFE DE ESTADO – EXIGÊNCIA DE

DETRAÇÃO PENAL (LEI Nº 6.815/80, ART. 91, II) – PARECER DA

PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA FAVORÁVEL À

EXTRADIÇÃO, COM RESTRIÇÃO – EXTRADIÇÃO DEFERIDA

COM RESTRIÇÃO.

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

EXT 1452 / DF

EXTRADITANDO – LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DA PRISÃO CAUTELAR PARA FINS EXTRADICIONAIS – RECEPÇÃO, PELA CONSTITUIÇÃO, DO ART. 84, PARÁGRAFO ÚNICO, DA

LEI Nº 6.815/80 – INAPLICABILIDADE, POR INSUBSISTENTE, DA SÚMULA 02/STF – OBSERVÂNCIA, NA ESPÉCIE, DOS CRITÉRIOS DA DUPLA TIPICIDADE E DA DUPLA PUNIBILIDADE – INOCORRÊNCIA, NO CASO, DA CONSUMAÇÃO DA PRESCRIÇÃO PENAL EM FACE DAS LEGISLAÇÕES DO BRASIL E DO ESTADO

REQUERENTE – INTERROGATÓRIO PROCEDIDO POR

MAGISTRADO FEDERAL BRASILEIRO – ATENDIMENTO, NA ESPÉCIE, DOS PRESSUPOSTOS E DOS REQUISITOS ESSENCIAIS AO

ACOLHIMENTO DO PLEITO EXTRADICIONAL – NECESSIDADE

DE O ESTADO REQUERENTE ASSUMIR, FORMALMENTE, O

COMPROMISSO DIPLOMÁTICO DE COMUTAR EM PENA DE PRISÃO NÃO SUPERIOR A 30 (TRINTA) ANOS AS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE, INCLUSIVE A DE CARÁTER

PERPÉTUO, EVENTUALMENTE IMPONÍVEIS NO CASO – SÚDITO ESTRANGEIRO QUE RESPONDE TAMBÉM POR CRIME PRATICADO NO TERRITÓRIO BRASILEIRO (CP, ART. 155, §§ 1º e 4º, I e IV) –

DEFERIMENTO DA ORDEM EXTRADICIONAL DEPENDENTE, EM PRINCÍPIO, DO PRÉVIO CUMPRIMENTO DA PENA IMPOSTA PELA JUSTIÇA BRASILEIRA – IMEDIATA EFETIVAÇÃO DA ENTREGA

EXTRADICIONAL – POSSIBILIDADE – MATÉRIA QUE SE

SUBMETE, NO ENTANTO, À COMPETÊNCIA DISCRICIONÁRIA DO

CHEFE DO PODER EXECUTIVO DA UNIÃO – INTELIGÊNCIA DO

ART. 89 C/C O ART. 67 DO ESTATUTO DO ESTRANGEIRO – PRERROGATIVA QUE ASSISTE, UNICAMENTE, AO PRESIDENTE DA

REPÚBLICA, ENQUANTO CHEFE DE ESTADO – EXIGÊNCIA DE

DETRAÇÃO PENAL (LEI Nº 6.815/80, ART. 91, II) – PARECER DA

PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA FAVORÁVEL À

EXTRADIÇÃO, COM RESTRIÇÃO – EXTRADIÇÃO DEFERIDA

COM RESTRIÇÃO.

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Ementa e Acórdão

EXT 1452 / DF

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do

Supremo Tribunal Federal, em Segunda Turma, sob a Presidência do Ministro Celso de Mello (RISTF, art. 37, II), na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em

deferir, com restrições, o pedido de extradição, nos termos do voto do

Relator. Não participou, justificadamente, deste julgamento, o Senhor Ministro Gilmar Mendes.

Brasília, 25 de outubro de 2016.

CELSO DE MELLO – RELATOR

3

Supremo Tribunal Federal

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EXT 1452 / DF

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do

Supremo Tribunal Federal, em Segunda Turma, sob a Presidência do Ministro Celso de Mello (RISTF, art. 37, II), na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em

deferir, com restrições, o pedido de extradição, nos termos do voto do

Relator. Não participou, justificadamente, deste julgamento, o Senhor Ministro Gilmar Mendes.

Brasília, 25 de outubro de 2016.

CELSO DE MELLO – RELATOR

3

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Relatório

25/10/2016 SEGUNDA TURMA

EXTRADIÇÃO 1.452 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO

REQTE.(S) :GOVERNO DO CHILE

EXTDO.(A/S) :DANIEL ARTURO REYES ARANDA

ADV.(A/S) :CESAR AUGUSTO LAUREANO VON HELDEN ADV.(A/S) :GISELA ANTIADE ALMEIDA

R E L A T Ó R I O

O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): A

República do Chile, mediante a Nota Verbal nº 31/2016, regularmente apresentada por sua Missão Diplomática ao Governo brasileiro (fls. 03),

formulou pedido extradicional, de caráter instrutório, contra Daniel Arturo Reyes Aranda, nacional chileno, ora submetido, naquele País, a atos

de persecução penal por suposta prática de crime de “roubo com homicídio” (fls. 13/14).

O suporte jurídico deste pedido repousa no “(...) Acordo de Extradição

entre os Estados Partes do Mercosul e a República da Bolívia e a República do Chile, assinado em 10 de dezembro de 1998 e promulgado pelo Decreto nº 5.867, de 3 de agosto de 2006”.

Eis, em síntese, a acusação deduzida contra o ora extraditando e reproduzida nos documentos anexos à Nota Verbal nº 31/2016 apresentada

pela Missão Diplomática do Estado requerente (fls. 18/21):

“Em 31 de julho de 2015, aproximadamente às 18:50 horas e

em circunstâncias em que o caminhão de valores da empresa Prosegur, placa CJXT-17, marcado com a unidade 458 da empresa citada, dirigia-se para a cidade de Santiago, contendo, entre outros, dinheiro e documentos de valor da empresa Agrosuper, no momento em que

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25/10/2016 SEGUNDA TURMA

EXTRADIÇÃO 1.452 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO

REQTE.(S) :GOVERNO DO CHILE

EXTDO.(A/S) :DANIEL ARTURO REYES ARANDA

ADV.(A/S) :CESAR AUGUSTO LAUREANO VON HELDEN ADV.(A/S) :GISELA ANTIADE ALMEIDA

R E L A T Ó R I O

O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): A

República do Chile, mediante a Nota Verbal nº 31/2016, regularmente apresentada por sua Missão Diplomática ao Governo brasileiro (fls. 03),

formulou pedido extradicional, de caráter instrutório, contra Daniel Arturo Reyes Aranda, nacional chileno, ora submetido, naquele País, a atos

de persecução penal por suposta prática de crime de “roubo com homicídio” (fls. 13/14).

O suporte jurídico deste pedido repousa no “(...) Acordo de Extradição

entre os Estados Partes do Mercosul e a República da Bolívia e a República do Chile, assinado em 10 de dezembro de 1998 e promulgado pelo Decreto nº 5.867, de 3 de agosto de 2006”.

Eis, em síntese, a acusação deduzida contra o ora extraditando e reproduzida nos documentos anexos à Nota Verbal nº 31/2016 apresentada

pela Missão Diplomática do Estado requerente (fls. 18/21):

“Em 31 de julho de 2015, aproximadamente às 18:50 horas e

em circunstâncias em que o caminhão de valores da empresa Prosegur, placa CJXT-17, marcado com a unidade 458 da empresa citada, dirigia-se para a cidade de Santiago, contendo, entre outros, dinheiro e documentos de valor da empresa Agrosuper, no momento em que

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Relatório

EXT 1452 / DF

transitava de oeste para leste, pelo caminho do lado norte, na altura do quilômetro 102,7 da via 78 (autopista del sol), foram ultrapassados de surpresa por um veículo BMW x5, placa GPHV-73, dirigido pela imputada Rosa Francisca Bastías Serra (já formalizada e concedida a extradição ativa, detida em Barcelona); quem produz uma suposta colisão, ocasionando que o veículo de transportes reduzisse sua velocidade, momento em que a imputada Bastías Serra desce do veículo dirigindo-se ao motorista, de forma agressiva, com a finalidade de que este se fizesse responsável pelos danos, a raiz disso o vigilante, Don Rafael Pardo Pinto, desce do veículo com o objetivo de entregar os dados solicitados, momento em que, de forma coordenada, descem do veículo BMW x5, placa GPHV-73, os imputados Francisco Leiva Ramírez, Jaime Beltrán Campos, Sergio Valencia Bustamante e Joel Nunez Ureta, e de um segundo veículo que chega ao lugar, marca Toyota 4-Runner, placa WK-9710, descem os imputados ainda refugiados da justiça, CAMILO ANDRES GUZMÁN SEPÚLVEDA e o imputado ausente DANIEL ARTURO REYES ARANDÁ, em companhia do imputado Carlos Alberto Young Muñoz, que munidos de armas de fogo começam a disparar reiteradamente contra o caminhão de valores mencionado e contra os vigilantes com a finalidade de intimidá-los, produto do qual o vigilante Rafael Pardo Triviño recebeu um impacto de bala que feriu ambas as pernas, ocasionando uma lesão arteriovenosa do pacote vascular do fêmur esquerdo, o que ocasionou a morte devido a uma anemia aguda e choque hipovolêmico, ferida de caráter homicida, no entanto faleceu no mesmo lugar o imputado Carlos Young Muñoz, produto da troca de tiros. Em tais circunstâncias e portando os elementos necessários, procederam, mediante a técnica de oxicorte realizada pelo imputado Daniel Arturo Reyes Aranda, a forçar o caminhão de valores, realizando um furo na parte posterior do cofre do caminhão de valores, subtraindo, contra a vontade da dona, e com um lucro evidente, a soma de $ 312.175.090 em dinheiro, moeda nacional, ocasionando assim um prejuízo para a Empresa de Transportes Compañia de Seguridad de Chile Limitada (PROSEGUR), que era custódia dos valores, subtraindo também as armas de fogo utilizadas pelos vigilantes para o serviço, correspondente a dois revólveres marca

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EXT 1452 / DF

transitava de oeste para leste, pelo caminho do lado norte, na altura do quilômetro 102,7 da via 78 (autopista del sol), foram ultrapassados de surpresa por um veículo BMW x5, placa GPHV-73, dirigido pela imputada Rosa Francisca Bastías Serra (já formalizada e concedida a extradição ativa, detida em Barcelona); quem produz uma suposta colisão, ocasionando que o veículo de transportes reduzisse sua velocidade, momento em que a imputada Bastías Serra desce do veículo dirigindo-se ao motorista, de forma agressiva, com a finalidade de que este se fizesse responsável pelos danos, a raiz disso o vigilante, Don Rafael Pardo Pinto, desce do veículo com o objetivo de entregar os dados solicitados, momento em que, de forma coordenada, descem do veículo BMW x5, placa GPHV-73, os imputados Francisco Leiva Ramírez, Jaime Beltrán Campos, Sergio Valencia Bustamante e Joel Nunez Ureta, e de um segundo veículo que chega ao lugar, marca Toyota 4-Runner, placa WK-9710, descem os imputados ainda refugiados da justiça, CAMILO ANDRES GUZMÁN SEPÚLVEDA e o imputado ausente DANIEL ARTURO REYES ARANDÁ, em companhia do imputado Carlos Alberto Young Muñoz, que munidos de armas de fogo começam a disparar reiteradamente contra o caminhão de valores mencionado e contra os vigilantes com a finalidade de intimidá-los, produto do qual o vigilante Rafael Pardo Triviño recebeu um impacto de bala que feriu ambas as pernas, ocasionando uma lesão arteriovenosa do pacote vascular do fêmur esquerdo, o que ocasionou a morte devido a uma anemia aguda e choque hipovolêmico, ferida de caráter homicida, no entanto faleceu no mesmo lugar o imputado Carlos Young Muñoz, produto da troca de tiros. Em tais circunstâncias e portando os elementos necessários, procederam, mediante a técnica de oxicorte realizada pelo imputado Daniel Arturo Reyes Aranda, a forçar o caminhão de valores, realizando um furo na parte posterior do cofre do caminhão de valores, subtraindo, contra a vontade da dona, e com um lucro evidente, a soma de $ 312.175.090 em dinheiro, moeda nacional, ocasionando assim um prejuízo para a Empresa de Transportes Compañia de Seguridad de Chile Limitada (PROSEGUR), que era custódia dos valores, subtraindo também as armas de fogo utilizadas pelos vigilantes para o serviço, correspondente a dois revólveres marca

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Relatório

EXT 1452 / DF

Taurus calibre 38, séries YA272379 e KG462852, ambos avaliados no valor de $ 640.000, estando com as espécies em seu poder fogem do lugar.

…...

A juízo do Ministério Público, estes fatos são constitutivos de um delito de roubo com homicídio, previsto e

sancionado no artigo 433 Nº 1 do Código Penal, é atribuído aos imputados a participação culpável, em particular de Daniel Reyes, conforme o artigo 15 Nº 1; o ato ilícito é consumado.” (grifei)

Registro que, nos autos da PPE 784 (fls. 02 dos autos em apenso), o

Senhor Ministro de Estado da Justiça, acolhendo representação que a

Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) dirigiu-lhe nos termos do § 2º do art. 82 do Estatuto do Estrangeiro, na redação dada

pela Lei nº 12.878/2013, requereu a decretação de prisão cautelar para

efeitos extradicionais do súdito estrangeiro em questão.

Após constatar a regularidade formal do pleito de índole cautelar, decretei, em 18/02/2016 (fls. 25/27 dos autos em apenso), a prisão processual do nacional chileno Daniel Arturo Reyes Aranda, efetivada em 20/02/2016 (fls. 29 e 42 dos autos em apenso).

Observo que o súdito estrangeiro já se encontrava recolhido na

“Penitenciária Estadual de Santa Maria, no Rio Grande do Sul (Código

Preso: 4255790) por determinação judicial em face da conversão de flagrante em prisão preventiva, em razão do cometimento de furto qualificado ocorrido durante o período noturno, com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa e em concurso de pessoas (art. 155, §§ 1º e 4º, incisos I e IV, do Código Penal Brasileiro)” (fls. 08/09 dos autos em apenso).

Encontrando-se o ora extraditando preso e recolhido à Penitenciária

Estadual de Santa Maria/RS, deleguei competência a Juiz Federal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Sul para a realização do interrogatório desse extraditando (fls. 70), que ocorreu no dia 30/05/2016,

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

EXT 1452 / DF

Taurus calibre 38, séries YA272379 e KG462852, ambos avaliados no valor de $ 640.000, estando com as espécies em seu poder fogem do lugar.

…...

A juízo do Ministério Público, estes fatos são constitutivos de um delito de roubo com homicídio, previsto e

sancionado no artigo 433 Nº 1 do Código Penal, é atribuído aos imputados a participação culpável, em particular de Daniel Reyes, conforme o artigo 15 Nº 1; o ato ilícito é consumado.” (grifei)

Registro que, nos autos da PPE 784 (fls. 02 dos autos em apenso), o

Senhor Ministro de Estado da Justiça, acolhendo representação que a

Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) dirigiu-lhe nos termos do § 2º do art. 82 do Estatuto do Estrangeiro, na redação dada

pela Lei nº 12.878/2013, requereu a decretação de prisão cautelar para

efeitos extradicionais do súdito estrangeiro em questão.

Após constatar a regularidade formal do pleito de índole cautelar, decretei, em 18/02/2016 (fls. 25/27 dos autos em apenso), a prisão processual do nacional chileno Daniel Arturo Reyes Aranda, efetivada em 20/02/2016 (fls. 29 e 42 dos autos em apenso).

Observo que o súdito estrangeiro já se encontrava recolhido na

“Penitenciária Estadual de Santa Maria, no Rio Grande do Sul (Código

Preso: 4255790) por determinação judicial em face da conversão de flagrante em prisão preventiva, em razão do cometimento de furto qualificado ocorrido durante o período noturno, com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa e em concurso de pessoas (art. 155, §§ 1º e 4º, incisos I e IV, do Código Penal Brasileiro)” (fls. 08/09 dos autos em apenso).

Encontrando-se o ora extraditando preso e recolhido à Penitenciária

Estadual de Santa Maria/RS, deleguei competência a Juiz Federal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Sul para a realização do interrogatório desse extraditando (fls. 70), que ocorreu no dia 30/05/2016,

Supremo Tribunal Federal

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Relatório

EXT 1452 / DF

havendo sido assistido, em referido ato, por Advogado regularmente constituído pelo próprio súdito estrangeiro em questão (fls. 128/128v.).

Cabe ressaltar que a Defesa do ora extraditando foi intimada para que oferecesse, no prazo de 10 (dez) dias, a pertinente defesa escrita, nos termos do art. 210 do RISTF (fls. 141).

O extraditando, por intermédio de seu Advogado, ofereceu defesa escrita (fls. 142/144v.).

O Ministério Público Federal, por sua vez, em parecer da lavra do

ilustre Subprocurador-Geral da República Dr. JOSÉ BONIFÁCIO BORGES DE ANDRADA, ao opinar pelo deferimento do pedido extradicional, “com observância dos artigos 89 e 67 da Lei nº 6.815/80”, assim

resumiu e apreciou a presente causa (fls. 162/163v.):

“A República do Chile, mediante Nota Verbal nº 31/2016 (fls. 03), com fundamento no artigo 18 do Acordo de Extradição entre os Estados Partes do Mercosul e a República da Bolívia e a República do Chile (assinado em 10/12/1998 e promulgado pelo Decreto nº 5.867 de 3/8/2006), formalizou pedido de extradição instrutória do nacional chileno DANIEL ARTURO REYES ARANDA, acusado da prática do crime de roubo com homicídio (art. 433 do Código Penal do Chile).

2. Narram os autos que, em 20/02/2016, foi cumprido

mandado de prisão preventiva para fins de extradição expedido pelo Supremo Tribunal Federal, estando o extraditando recolhido na Penitenciária Estadual de Santa Maria/RS.

3. Importante ressaltar que o extraditando estava preso na referida penitenciária por determinação judicial pela conversão de flagrante em prisão preventiva, em razão do

cometimento de furto qualificado ocorrido durante o período noturno, com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa e em concurso de pessoas (art. 155, §§ 1º e 4º, incisos I e IV, do Código Penal Brasileiro) (fls. 09).

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Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

EXT 1452 / DF

havendo sido assistido, em referido ato, por Advogado regularmente constituído pelo próprio súdito estrangeiro em questão (fls. 128/128v.).

Cabe ressaltar que a Defesa do ora extraditando foi intimada para que oferecesse, no prazo de 10 (dez) dias, a pertinente defesa escrita, nos termos do art. 210 do RISTF (fls. 141).

O extraditando, por intermédio de seu Advogado, ofereceu defesa escrita (fls. 142/144v.).

O Ministério Público Federal, por sua vez, em parecer da lavra do

ilustre Subprocurador-Geral da República Dr. JOSÉ BONIFÁCIO BORGES DE ANDRADA, ao opinar pelo deferimento do pedido extradicional, “com observância dos artigos 89 e 67 da Lei nº 6.815/80”, assim

resumiu e apreciou a presente causa (fls. 162/163v.):

“A República do Chile, mediante Nota Verbal nº 31/2016 (fls. 03), com fundamento no artigo 18 do Acordo de Extradição entre os Estados Partes do Mercosul e a República da Bolívia e a República do Chile (assinado em 10/12/1998 e promulgado pelo Decreto nº 5.867 de 3/8/2006), formalizou pedido de extradição instrutória do nacional chileno DANIEL ARTURO REYES ARANDA, acusado da prática do crime de roubo com homicídio (art. 433 do Código Penal do Chile).

2. Narram os autos que, em 20/02/2016, foi cumprido

mandado de prisão preventiva para fins de extradição expedido pelo Supremo Tribunal Federal, estando o extraditando recolhido na Penitenciária Estadual de Santa Maria/RS.

3. Importante ressaltar que o extraditando estava preso na referida penitenciária por determinação judicial pela conversão de flagrante em prisão preventiva, em razão do

cometimento de furto qualificado ocorrido durante o período noturno, com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa e em concurso de pessoas (art. 155, §§ 1º e 4º, incisos I e IV, do Código Penal Brasileiro) (fls. 09).

4

Supremo Tribunal Federal

(8)

Relatório

EXT 1452 / DF

4. No interrogatório (fls. 132/138), o extraditando declarou,

em síntese, que não são verdadeiros os fatos que lhe são imputados e que responde a outros processos no Chile.

5. A defesa alega, em suma, que o processo originário chileno

está eivado de dúvidas, suscita a aplicação do art. 89 da Lei nº 6.815/80, ou seja, o direito do extraditando aguardar o deslinde do processo ao qual responde no Brasil, e pugna pelo indeferimento do pedido de extradição.

É o relatório.

6. Cumpre destacar que o pedido de extradição formulado pelo Governo do Chile mostra-se em conformidade com o Tratado de

Extradição vigente entre o Brasil e o Chile e com a Lei nº 6.815/1980, e que está instruído com cópia do decreto de prisão preventiva e com os demais documentos exigidos pelo art. 80 da Lei nº 6.815/80, havendo descrição precisa dos fatos, da data, do lugar, da natureza, das circunstâncias e da qualificação dos delitos imputados ao extraditando, com cópia dos textos legais pertinentes, todos em língua portuguesa, de modo a permitir ao E. Supremo Tribunal Federal o exame da legalidade da pretensão.

7. Ademais, é competente a Justiça requerente, pois o

extraditando é nacional do Chile, país onde ocorreram os fatos, e, ainda, (...) não há dúvida quanto a sua identidade. Também está satisfeito o requisito da dupla tipicidade, previsto no art. 77, inc. II, da Lei nº 6.815/80, uma vez que os fatos imputados ao extraditando também estão previstos na legislação penal brasileira (latrocínio – art. 157, § 3º, do Código Penal). Não há que se falar em crime político e não há indícios de que o extraditando responderá perante tribunal ou juízo de exceção no Chile.

8. Em atendimento ao disposto nos arts. 77, VI, da Lei nº 6.815/80 e IV do Tratado bilateral, cumpre salientar que

não ocorreu a prescrição da pretensão executória sob a ótica da legislação de ambos os Estados.

9. Outrossim, as alegações da defesa dizem respeito ao mérito

da acusação, ultrapassando os limites permitidos no juízo delibatório (art. 85, § 1º, da Lei nº 6.815/80), não cabendo indagar os elementos de convicção nos quais se fundou a Justiça do Estado estrangeiro para

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

EXT 1452 / DF

4. No interrogatório (fls. 132/138), o extraditando declarou,

em síntese, que não são verdadeiros os fatos que lhe são imputados e que responde a outros processos no Chile.

5. A defesa alega, em suma, que o processo originário chileno

está eivado de dúvidas, suscita a aplicação do art. 89 da Lei nº 6.815/80, ou seja, o direito do extraditando aguardar o deslinde do processo ao qual responde no Brasil, e pugna pelo indeferimento do pedido de extradição.

É o relatório.

6. Cumpre destacar que o pedido de extradição formulado pelo Governo do Chile mostra-se em conformidade com o Tratado de

Extradição vigente entre o Brasil e o Chile e com a Lei nº 6.815/1980, e que está instruído com cópia do decreto de prisão preventiva e com os demais documentos exigidos pelo art. 80 da Lei nº 6.815/80, havendo descrição precisa dos fatos, da data, do lugar, da natureza, das circunstâncias e da qualificação dos delitos imputados ao extraditando, com cópia dos textos legais pertinentes, todos em língua portuguesa, de modo a permitir ao E. Supremo Tribunal Federal o exame da legalidade da pretensão.

7. Ademais, é competente a Justiça requerente, pois o

extraditando é nacional do Chile, país onde ocorreram os fatos, e, ainda, (...) não há dúvida quanto a sua identidade. Também está satisfeito o requisito da dupla tipicidade, previsto no art. 77, inc. II, da Lei nº 6.815/80, uma vez que os fatos imputados ao extraditando também estão previstos na legislação penal brasileira (latrocínio – art. 157, § 3º, do Código Penal). Não há que se falar em crime político e não há indícios de que o extraditando responderá perante tribunal ou juízo de exceção no Chile.

8. Em atendimento ao disposto nos arts. 77, VI, da Lei nº 6.815/80 e IV do Tratado bilateral, cumpre salientar que

não ocorreu a prescrição da pretensão executória sob a ótica da legislação de ambos os Estados.

9. Outrossim, as alegações da defesa dizem respeito ao mérito

da acusação, ultrapassando os limites permitidos no juízo delibatório (art. 85, § 1º, da Lei nº 6.815/80), não cabendo indagar os elementos de convicção nos quais se fundou a Justiça do Estado estrangeiro para

Supremo Tribunal Federal

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Relatório

EXT 1452 / DF

iniciar a investigação penal e decretar a prisão preventiva do extraditando.

10. Portanto, encontram-se presentes os requisitos legais

necessários ao deferimento da extradição.

11. Entretanto, cabe salientar que a extradição só poderá ser

concedida após o cumprimento integral da pena imposta no Brasil, conforme arts. 67 e 89 da Lei nº 6.815/80, tendo em vista que o extraditando responde a processo criminal pela Justiça brasileira.

Ante o exposto, opina o Ministério Público Federal pelo deferimento do pedido de extradição instrutória, com observância dos arts. 67 e 89 da Lei nº 6.815/80.” (grifei)

É o relatório.

6

Supremo Tribunal Federal

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EXT 1452 / DF

iniciar a investigação penal e decretar a prisão preventiva do extraditando.

10. Portanto, encontram-se presentes os requisitos legais

necessários ao deferimento da extradição.

11. Entretanto, cabe salientar que a extradição só poderá ser

concedida após o cumprimento integral da pena imposta no Brasil, conforme arts. 67 e 89 da Lei nº 6.815/80, tendo em vista que o extraditando responde a processo criminal pela Justiça brasileira.

Ante o exposto, opina o Ministério Público Federal pelo deferimento do pedido de extradição instrutória, com observância dos arts. 67 e 89 da Lei nº 6.815/80.” (grifei)

É o relatório.

6

Supremo Tribunal Federal

(10)

Voto - MIN. CELSO DE MELLO

25/10/2016 SEGUNDA TURMA

EXTRADIÇÃO 1.452 DISTRITO FEDERAL

V O T O

O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): A

República do Chile pretende a entrega extradicional de Daniel Arturo Reyes Aranda, súdito chileno, contra quem existe, naquele País, acusação

penal pela suposta prática de crime previsto no Código Penal chileno

(art. 433, 1º), que, em tese, encontraria correspondência típica

no art. 157, § 3º, “in fine”, do Código Penal brasileiro, que define o

delito de latrocínio.

A presente extradição reveste-se de caráter instrutório (YUSSEF SAID

CAHALI, “Estatuto do Estrangeiro”, p. 315, item n. 26.30, 2ª ed., 2011, RT; GILDA RUSSOMANO, “A Extradição no Direito Internacional e no

Direito Brasileiro”, p. 22, 2ª ed., 1973, Konfino; MIRTÔ FRAGA, “O Novo Estatuto do Estrangeiro Comentado”, p. 318, 1985, Forense), pois o

ora extraditando – porque sujeito a procedimento penal em curso – ainda

não sofreu condenação definitiva pela eventual perpetração da infração

delituosa mencionada.

Assinalo que este pleito encontra fundamento jurídico no

“(...) Acordo de Extradição entre os Estados Partes do Mercosul e a República da

Bolívia e a República do Chile”.

Registro, por necessário, que o ciclo de incorporação desse acordo multilateral de extradição encerrou-se, regularmente, com a sua promulgação

pelo Decreto nº 5.867/2006, observado, desse modo, o procedimento ritual

a que se refere a jurisprudência desta Suprema Corte (RTJ 174/463-465,

Rel. Min. CELSO DE MELLO – RTJ 179/493-496, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

25/10/2016 SEGUNDA TURMA

EXTRADIÇÃO 1.452 DISTRITO FEDERAL

V O T O

O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): A

República do Chile pretende a entrega extradicional de Daniel Arturo Reyes Aranda, súdito chileno, contra quem existe, naquele País, acusação

penal pela suposta prática de crime previsto no Código Penal chileno

(art. 433, 1º), que, em tese, encontraria correspondência típica

no art. 157, § 3º, “in fine”, do Código Penal brasileiro, que define o

delito de latrocínio.

A presente extradição reveste-se de caráter instrutório (YUSSEF SAID

CAHALI, “Estatuto do Estrangeiro”, p. 315, item n. 26.30, 2ª ed., 2011, RT; GILDA RUSSOMANO, “A Extradição no Direito Internacional e no

Direito Brasileiro”, p. 22, 2ª ed., 1973, Konfino; MIRTÔ FRAGA, “O Novo Estatuto do Estrangeiro Comentado”, p. 318, 1985, Forense), pois o

ora extraditando – porque sujeito a procedimento penal em curso – ainda

não sofreu condenação definitiva pela eventual perpetração da infração

delituosa mencionada.

Assinalo que este pleito encontra fundamento jurídico no

“(...) Acordo de Extradição entre os Estados Partes do Mercosul e a República da

Bolívia e a República do Chile”.

Registro, por necessário, que o ciclo de incorporação desse acordo multilateral de extradição encerrou-se, regularmente, com a sua promulgação

pelo Decreto nº 5.867/2006, observado, desse modo, o procedimento ritual

a que se refere a jurisprudência desta Suprema Corte (RTJ 174/463-465,

Rel. Min. CELSO DE MELLO – RTJ 179/493-496, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).

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(11)

Voto - MIN. CELSO DE MELLO

EXT 1452 / DF

Acentuo, de outro lado, que o extraditando – encontrando-se preso e recolhido à Penitenciária Estadual de Santa Maria/RS – foi interrogado

por magistrado federal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Sul na presença de Defensor por ele constituído (fls. 128).

Saliento, também, no que se refere aos aspectos formais do pedido,

que o Estado requerente apresentou cópia da legislação necessária ao julgamento da presente extradição. Na realidade, produziram-se, nestes

autos, cópias do mandado de detenção internacional emanado do

Tribunal de Garantia de San Antonio, situado na República do Chile (fls. 45/51), dos documentos aptos a comprovar a identidade do extraditando (fls. 52/53), dos textos legais referentes à tipificação do delito previsto no Código Penal Chileno (art. 433, 1º) e concernentes à respectiva cominação penal (fls. 54/66), bem assim à correspondente prescrição penal (fls. 57/61).

Vale destacar, no ponto, que o mandado de prisão que instrui este

pedido extradicional satisfaz o requisito estabelecido no art. 80, § 1º, da Lei nº 6.815/1980, pois apresenta indicações precisas sobre as datas,

os locais, a natureza e as circunstâncias das práticas delituosas atribuídas

ao súdito estrangeiro (fls. 37/39), achando-se, por isso mesmo, em

conformidade com a diretriz jurisprudencial firmada por esta Suprema

Corte:

“(…) 1. O pedido de extradição foi formalizado nos autos,

com mandado de prisão que indica precisamente o local, a data, a natureza e as circunstâncias dos fatos delituosos atribuídos ao

extraditando, transcrevendo os dispositivos legais da ordem jurídica

alemã pertinentes ao caso. Observados os requisitos do art. 77 da

Lei nº 6.815/80.

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Supremo Tribunal Federal

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EXT 1452 / DF

Acentuo, de outro lado, que o extraditando – encontrando-se preso e recolhido à Penitenciária Estadual de Santa Maria/RS – foi interrogado

por magistrado federal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Sul na presença de Defensor por ele constituído (fls. 128).

Saliento, também, no que se refere aos aspectos formais do pedido,

que o Estado requerente apresentou cópia da legislação necessária ao julgamento da presente extradição. Na realidade, produziram-se, nestes

autos, cópias do mandado de detenção internacional emanado do

Tribunal de Garantia de San Antonio, situado na República do Chile (fls. 45/51), dos documentos aptos a comprovar a identidade do extraditando (fls. 52/53), dos textos legais referentes à tipificação do delito previsto no Código Penal Chileno (art. 433, 1º) e concernentes à respectiva cominação penal (fls. 54/66), bem assim à correspondente prescrição penal (fls. 57/61).

Vale destacar, no ponto, que o mandado de prisão que instrui este

pedido extradicional satisfaz o requisito estabelecido no art. 80, § 1º, da Lei nº 6.815/1980, pois apresenta indicações precisas sobre as datas,

os locais, a natureza e as circunstâncias das práticas delituosas atribuídas

ao súdito estrangeiro (fls. 37/39), achando-se, por isso mesmo, em

conformidade com a diretriz jurisprudencial firmada por esta Suprema

Corte:

“(…) 1. O pedido de extradição foi formalizado nos autos,

com mandado de prisão que indica precisamente o local, a data, a natureza e as circunstâncias dos fatos delituosos atribuídos ao

extraditando, transcrevendo os dispositivos legais da ordem jurídica

alemã pertinentes ao caso. Observados os requisitos do art. 77 da

Lei nº 6.815/80.

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(12)

Voto - MIN. CELSO DE MELLO

EXT 1452 / DF

2. Indícios de autoria e de materialidade evidenciados no

mandado de prisão, que faz alusão a provas testemunhais e documentais do suposto envolvimento do extraditando nos fatos que lhe são imputados.”

(Ext 1.015/República Federal da Alemanha, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA – grifei)

Não se pode desconhecer, ainda, que o Estado requerente qualifica-se como Estado verdadeiramente democrático, cujas instituições asseguram, em juízo penal, a qualquer réu as garantias

jurídico-processuais básicas reconhecidas pelas declarações internacionais

de direitos.

Cabe ressaltar que a infração penal atribuída ao extraditando

(fls. 22) acha-se desvestida de caráter político. Constitui delito comum,

insuscetível de julgamento perante tribunais de exceção (de todo inexistentes) no Estado requerente.

O súdito estrangeiro em questão deverá ser julgado, na República

do Chile, por órgãos do Poder Judiciário que se conformam às exigências impostas pelo princípio do juiz natural , em tudo compatíveis com as

diretrizes que esta Suprema Corte firmou a propósito de tão relevante postulado constitucional (RTJ 169/557, Rel. Min. CELSO DE MELLO –

RTJ 179/378-379, Rel. Min. CELSO DE MELLO):

“O POSTULADO DO JUIZ NATURAL REPRESENTA

GARANTIA CONSTITUCIONAL INDISPONÍVEL ASSEGURADA A QUALQUER RÉU EM SEDE DE PERSECUÇÃO PENAL.

– O princípio da naturalidade do juízo representa uma das mais importantes matrizes político-ideológicas que conformam a própria atividade legislativa do Estado e que condicionam o desempenho, por parte do Poder Público, das funções de caráter penal-persecutório, notadamente quando exercidas em sede judicial.

Supremo Tribunal Federal

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2. Indícios de autoria e de materialidade evidenciados no

mandado de prisão, que faz alusão a provas testemunhais e documentais do suposto envolvimento do extraditando nos fatos que lhe são imputados.”

(Ext 1.015/República Federal da Alemanha, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA – grifei)

Não se pode desconhecer, ainda, que o Estado requerente qualifica-se como Estado verdadeiramente democrático, cujas instituições asseguram, em juízo penal, a qualquer réu as garantias

jurídico-processuais básicas reconhecidas pelas declarações internacionais

de direitos.

Cabe ressaltar que a infração penal atribuída ao extraditando

(fls. 22) acha-se desvestida de caráter político. Constitui delito comum,

insuscetível de julgamento perante tribunais de exceção (de todo inexistentes) no Estado requerente.

O súdito estrangeiro em questão deverá ser julgado, na República

do Chile, por órgãos do Poder Judiciário que se conformam às exigências impostas pelo princípio do juiz natural , em tudo compatíveis com as

diretrizes que esta Suprema Corte firmou a propósito de tão relevante postulado constitucional (RTJ 169/557, Rel. Min. CELSO DE MELLO –

RTJ 179/378-379, Rel. Min. CELSO DE MELLO):

“O POSTULADO DO JUIZ NATURAL REPRESENTA

GARANTIA CONSTITUCIONAL INDISPONÍVEL ASSEGURADA A QUALQUER RÉU EM SEDE DE PERSECUÇÃO PENAL.

– O princípio da naturalidade do juízo representa uma das mais importantes matrizes político-ideológicas que conformam a própria atividade legislativa do Estado e que condicionam o desempenho, por parte do Poder Público, das funções de caráter penal-persecutório, notadamente quando exercidas em sede judicial.

Supremo Tribunal Federal

(13)

Voto - MIN. CELSO DE MELLO

EXT 1452 / DF

O postulado do juiz natural reveste-se, em sua projeção

político-jurídica, de dupla função instrumental, pois, enquanto

garantia indisponível, tem por titular qualquer pessoa exposta, em

juízo criminal, à ação persecutória do Estado e, enquanto limitação

insuperável, representa fator de restrição que incide sobre os órgãos

do poder estatal incumbidos de promover, judicialmente, a repressão criminal.

É irrecusável, em nosso sistema de direito constitucional

positivo – considerado o princípio do juiz natural –, que

ninguém poderá ser privado de sua liberdade senão mediante

julgamento pela autoridade judicial competente. Nenhuma pessoa,

em consequência, poderá ser subtraída ao seu juiz natural.

A nova Constituição do Brasil, ao proclamar as liberdades públicas –

que representam limitações expressivas aos poderes do Estado –,

consagrou, agora, de modo explícito, o postulado fundamental do juiz natural. O art. 5º, LIII, da Carta Política prescreve que ‘ninguém

será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente’.”

(RTJ 193/357-358, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

Impende acentuar que o fato delituoso ensejador da formulação deste pedido extradicional submete-se à competência penal exclusiva da

Justiça do Estado requerente, a quem incumbe, sem o concurso da jurisdição

dos tribunais brasileiros, processar e julgar o extraditando.

A pretensão extradicional deduzida pelo Governo do Chile também satisfaz, de outro lado, a exigência concernente ao postulado da dupla tipicidade.

Como anteriormente destacado, o Governo do Chile pretende a

entrega extradicional do súdito estrangeiro em causa, contra quem existe,

naquele País, acusação penal pela suposta prática do delito de “roubo com

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Supremo Tribunal Federal

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EXT 1452 / DF

O postulado do juiz natural reveste-se, em sua projeção

político-jurídica, de dupla função instrumental, pois, enquanto

garantia indisponível, tem por titular qualquer pessoa exposta, em

juízo criminal, à ação persecutória do Estado e, enquanto limitação

insuperável, representa fator de restrição que incide sobre os órgãos

do poder estatal incumbidos de promover, judicialmente, a repressão criminal.

É irrecusável, em nosso sistema de direito constitucional

positivo – considerado o princípio do juiz natural –, que

ninguém poderá ser privado de sua liberdade senão mediante

julgamento pela autoridade judicial competente. Nenhuma pessoa,

em consequência, poderá ser subtraída ao seu juiz natural.

A nova Constituição do Brasil, ao proclamar as liberdades públicas –

que representam limitações expressivas aos poderes do Estado –,

consagrou, agora, de modo explícito, o postulado fundamental do juiz natural. O art. 5º, LIII, da Carta Política prescreve que ‘ninguém

será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente’.”

(RTJ 193/357-358, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

Impende acentuar que o fato delituoso ensejador da formulação deste pedido extradicional submete-se à competência penal exclusiva da

Justiça do Estado requerente, a quem incumbe, sem o concurso da jurisdição

dos tribunais brasileiros, processar e julgar o extraditando.

A pretensão extradicional deduzida pelo Governo do Chile também satisfaz, de outro lado, a exigência concernente ao postulado da dupla tipicidade.

Como anteriormente destacado, o Governo do Chile pretende a

entrega extradicional do súdito estrangeiro em causa, contra quem existe,

naquele País, acusação penal pela suposta prática do delito de “roubo com

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Supremo Tribunal Federal

(14)

Voto - MIN. CELSO DE MELLO

EXT 1452 / DF

homicídio”, como resulta claro da seguinte passagem constante do “mandado de detenção internacional” (fls. 45/46):

“Consta para este Tribunal que existem na espécie elementos

que permitem presumir a participação do acusado referido no ilícito

de roubo com homicídio, sob investigação pelo Ministério Público

Local, de acordo com o padrão requerido nos termos do artigo 127 do Código de Processo Penal, mesmos antecedentes que, em vista da gravidade do fato explícito, pode presumir-se que acaba por ser a única medida adequada (…).” (grifei)

A legislação penal chilena, ao tipificar o delito do art. 433, assim define esse ilícito penal (fls. 63/64):

“Art. 433. O culpado de roubo com violência ou intimidação nas

pessoas, seja que a violência ou a intimidação tenha lugar antes do roubo para facilitar sua execução, no momento de cometê-lo ou depois de cometido para favorecer sua impunidade, será punido:

1º. Com pena de prisão mais elevada em seu grau médio à prisão perpétua qualificada quando, com motivo ou ocasião do

roubo, também comete um assassinato, estupro ou quaisquer das lesões incluídas nos artigos 395, 396 e 397, nº 1.” (grifei)

Vê-se, desse modo, que o delito imputado ao súdito estrangeiro –

art. 433, n. 1 – encontra plena correspondência típica no art. 157, § 3º, “in fine”, do Código Penal Brasileiro, que define o crime de latrocínio:

“Art. 157 – Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,

mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:

…...

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de

reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a

reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Redação

dada pela Lei nº 9.426, de 1996)” (grifei)

Supremo Tribunal Federal

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homicídio”, como resulta claro da seguinte passagem constante do “mandado de detenção internacional” (fls. 45/46):

“Consta para este Tribunal que existem na espécie elementos

que permitem presumir a participação do acusado referido no ilícito

de roubo com homicídio, sob investigação pelo Ministério Público

Local, de acordo com o padrão requerido nos termos do artigo 127 do Código de Processo Penal, mesmos antecedentes que, em vista da gravidade do fato explícito, pode presumir-se que acaba por ser a única medida adequada (…).” (grifei)

A legislação penal chilena, ao tipificar o delito do art. 433, assim define esse ilícito penal (fls. 63/64):

“Art. 433. O culpado de roubo com violência ou intimidação nas

pessoas, seja que a violência ou a intimidação tenha lugar antes do roubo para facilitar sua execução, no momento de cometê-lo ou depois de cometido para favorecer sua impunidade, será punido:

1º. Com pena de prisão mais elevada em seu grau médio à prisão perpétua qualificada quando, com motivo ou ocasião do

roubo, também comete um assassinato, estupro ou quaisquer das lesões incluídas nos artigos 395, 396 e 397, nº 1.” (grifei)

Vê-se, desse modo, que o delito imputado ao súdito estrangeiro –

art. 433, n. 1 – encontra plena correspondência típica no art. 157, § 3º, “in fine”, do Código Penal Brasileiro, que define o crime de latrocínio:

“Art. 157 – Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,

mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:

…...

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de

reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a

reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Redação

dada pela Lei nº 9.426, de 1996)” (grifei)

Supremo Tribunal Federal

(15)

Voto - MIN. CELSO DE MELLO

EXT 1452 / DF

Tenho para mim , presente esse contexto, que a infração penal cuja

suposta prática ensejou este pedido extradicional atende a exigência da

dupla tipicidade, eis que o delito previsto no art. 433, n. 1, do Código

Penal chileno acha-se definido como fato criminoso tanto na legislação penal do Estado requerente (fls. 63/64) quanto no ordenamento positivo vigente no Brasil (CP, art. 157, § 3º, “in fine”), o que se mostra suficiente para satisfazer o postulado da dupla incriminação, na linha do que tem sido reiteradamente proclamado pela jurisprudência desta Suprema Corte (RTJ 162/452 – RTJ 176/73-74):

“EXTRADIÇÃO – DUPLA TIPICIDADE E DUPLA

PUNIBILIDADE.

– A possível diversidade formal concernente ao ‘nomen juris’ das entidades delituosas não atua como causa obstativa da extradição, desde que o fato imputado constitua crime sob a dupla

perspectiva dos ordenamentos jurídicos vigentes no Brasil e no

Estado estrangeiro que requer a efetivação da medida extradicional.

O postulado da dupla tipicidade – por constituir requisito essencial ao atendimento do pedido de extradição – impõe

que o ilícito penal atribuído ao extraditando seja juridicamente qualificado como crime tanto no Brasil quanto no Estado requerente,

sendo irrelevante, para esse específico efeito, a eventual variação terminológica registrada nas leis penais em confronto.

O que realmente importa, na aferição do postulado da

dupla tipicidade, é a presença dos elementos estruturantes do tipo penal (‘essentialia delicti’), tal como definidos nos preceitos primários de incriminação constantes da legislação brasileira e

vigentes no ordenamento positivo do Estado requerente, independentemente da designação formal por eles atribuída aos

fatos delituosos.”

(Ext 977/República Portuguesa, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

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Supremo Tribunal Federal

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EXT 1452 / DF

Tenho para mim , presente esse contexto, que a infração penal cuja

suposta prática ensejou este pedido extradicional atende a exigência da

dupla tipicidade, eis que o delito previsto no art. 433, n. 1, do Código

Penal chileno acha-se definido como fato criminoso tanto na legislação penal do Estado requerente (fls. 63/64) quanto no ordenamento positivo vigente no Brasil (CP, art. 157, § 3º, “in fine”), o que se mostra suficiente para satisfazer o postulado da dupla incriminação, na linha do que tem sido reiteradamente proclamado pela jurisprudência desta Suprema Corte (RTJ 162/452 – RTJ 176/73-74):

“EXTRADIÇÃO – DUPLA TIPICIDADE E DUPLA

PUNIBILIDADE.

– A possível diversidade formal concernente ao ‘nomen juris’ das entidades delituosas não atua como causa obstativa da extradição, desde que o fato imputado constitua crime sob a dupla

perspectiva dos ordenamentos jurídicos vigentes no Brasil e no

Estado estrangeiro que requer a efetivação da medida extradicional.

O postulado da dupla tipicidade – por constituir requisito essencial ao atendimento do pedido de extradição – impõe

que o ilícito penal atribuído ao extraditando seja juridicamente qualificado como crime tanto no Brasil quanto no Estado requerente,

sendo irrelevante, para esse específico efeito, a eventual variação terminológica registrada nas leis penais em confronto.

O que realmente importa, na aferição do postulado da

dupla tipicidade, é a presença dos elementos estruturantes do tipo penal (‘essentialia delicti’), tal como definidos nos preceitos primários de incriminação constantes da legislação brasileira e

vigentes no ordenamento positivo do Estado requerente, independentemente da designação formal por eles atribuída aos

fatos delituosos.”

(Ext 977/República Portuguesa, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

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Supremo Tribunal Federal

(16)

Voto - MIN. CELSO DE MELLO

EXT 1452 / DF

“Extradição: delitos de ‘burla qualificada’ (C. Penal

alemão, art. 263, alíneas 1 e 3) e ‘desvio’ (C. Penal alemão, art. 246, alíneas 1 e 2), à base da imputação de fatos que, no direito brasileiro, encontram adequação no crime de estelionato (C. Penal, art. 171, ‘caput’): dúplice incriminação dos fatos: demais pressupostos legais atendidos: deferimento.”

(Ext 1.004/República Federal da Alemanha, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE – grifei)

Vale referir, ainda, a respeito da manifesta inocorrência, no caso, da

consumação da prescrição penal, quer segundo a lei chilena, quer conforme

o direito brasileiro, o correto pronunciamento emanado da douta

Procuradoria-Geral da República (fls. 163):

“Em atendimento ao disposto nos arts. 77, VI, da

Lei nº 6.815/80 e IV do Tratado bilateral, cumpre salientar que não

ocorreu a prescrição da pretensão executória sob a ótica da

legislação de ambos os Estados.” (grifei)

O súdito estrangeiro em questão, por sua vez, alega em sua defesa

escrita (fls.143/144v.) o que se segue:

“O extraditando responde a processo crime no seu país de

origem, Chile, processo esse repleto de incongruências, incoerências e

injustiças, e, devido a esse, originou esse pedido de extradição.

Em seu interrogatório, realizado recentemente na Justiça

Federal de Santa Maria/RS, o extraditando disse que estava sob monitoramento eletrônico quando foi acusado do cometimento do crime que deu origem a esse pedido e bastaria que verificassem onde se encontrava no dia dos fatos narrados e lá seria verificada a veracidade de sua afirmação. Ao seu ver, aí começaram as injustiças e dúvidas a respeito do que realmente estaria acontecendo contra sua pessoa.

Analisando as cópias de partes do processo crime chileno juntado às fls. 25, se vê que não há prova alguma que denote sua

efetiva participação no crime descrito. Meros indícios ou suposições. Se sabe que, no nosso ordenamento jurídico e no devido processo legal,

Supremo Tribunal Federal

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EXT 1452 / DF

“Extradição: delitos de ‘burla qualificada’ (C. Penal

alemão, art. 263, alíneas 1 e 3) e ‘desvio’ (C. Penal alemão, art. 246, alíneas 1 e 2), à base da imputação de fatos que, no direito brasileiro, encontram adequação no crime de estelionato (C. Penal, art. 171, ‘caput’): dúplice incriminação dos fatos: demais pressupostos legais atendidos: deferimento.”

(Ext 1.004/República Federal da Alemanha, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE – grifei)

Vale referir, ainda, a respeito da manifesta inocorrência, no caso, da

consumação da prescrição penal, quer segundo a lei chilena, quer conforme

o direito brasileiro, o correto pronunciamento emanado da douta

Procuradoria-Geral da República (fls. 163):

“Em atendimento ao disposto nos arts. 77, VI, da

Lei nº 6.815/80 e IV do Tratado bilateral, cumpre salientar que não

ocorreu a prescrição da pretensão executória sob a ótica da

legislação de ambos os Estados.” (grifei)

O súdito estrangeiro em questão, por sua vez, alega em sua defesa

escrita (fls.143/144v.) o que se segue:

“O extraditando responde a processo crime no seu país de

origem, Chile, processo esse repleto de incongruências, incoerências e

injustiças, e, devido a esse, originou esse pedido de extradição.

Em seu interrogatório, realizado recentemente na Justiça

Federal de Santa Maria/RS, o extraditando disse que estava sob monitoramento eletrônico quando foi acusado do cometimento do crime que deu origem a esse pedido e bastaria que verificassem onde se encontrava no dia dos fatos narrados e lá seria verificada a veracidade de sua afirmação. Ao seu ver, aí começaram as injustiças e dúvidas a respeito do que realmente estaria acontecendo contra sua pessoa.

Analisando as cópias de partes do processo crime chileno juntado às fls. 25, se vê que não há prova alguma que denote sua

efetiva participação no crime descrito. Meros indícios ou suposições. Se sabe que, no nosso ordenamento jurídico e no devido processo legal,

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(17)

Voto - MIN. CELSO DE MELLO

EXT 1452 / DF

indício não é suficiente para uma condenação. Se esse mesmo processo tramitasse no Brasil, dificilmente seria o extraditando condenado, pois para condenarmos se faz necessária a certeza, para a absolvição basta a dúvida.

…...

Como se vê, e se depreende do contexto probatório acostado ao

pedido, se comete uma injustiça brutal contra alguém. Não é o caso do STF julgar ou interferir em processo que não lhe diz respeito, mas é fundamental que os direitos e garantias individuais do extraditando sejam respeitados, e nesse ponto que se invoca a ampla defesa anteriormente citada.

O extraditando foi perseguido com risco de morte em seu país. A ponto de ter que fugir para o Brasil, onde já tinha estado e

tinha relacionamento com brasileira. Após sua fuga, sua família continuou sofrendo ameaças, inclusive algumas efetivadas, referido pelo extraditando em seu depoimento. Há claro interesse obscuro na acusação que está sofrendo e aqui não nos cabe julgar e procurar culpados, mas, s.m.j., dar ao extraditando a garantia de, estando no Brasil, no mínimo garantir-lhe o direito à vida e à dignidade pessoal. Foi referido em seu interrogatório seu medo de ser morto dentro da prisão chilena.” (grifei)

No que concerne a tais “injustiças” alegadas pelo ora extraditando, entendo que tal postulação não comporta exame por parte desta

Suprema Corte, notadamente porque o súdito estrangeiro em questão

sustenta, em seu favor, a negativa de autoria do fato delituoso.

É que o processo extradicional, embora possua natureza penal, não se reveste de caráter condenatório, eis que seu único objetivo consiste em

viabilizar a constituição de título judicial necessário à entrega extradicional do súdito estrangeiro a um determinado Estado requerente.

Esse entendimento – segundo o qual a ação de extradição passiva qualifica-se como ação penal de natureza constitutiva, despojada, por isso mesmo, de qualquer finalidade condenatória – é acolhido por JOSÉ

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indício não é suficiente para uma condenação. Se esse mesmo processo tramitasse no Brasil, dificilmente seria o extraditando condenado, pois para condenarmos se faz necessária a certeza, para a absolvição basta a dúvida.

…...

Como se vê, e se depreende do contexto probatório acostado ao

pedido, se comete uma injustiça brutal contra alguém. Não é o caso do STF julgar ou interferir em processo que não lhe diz respeito, mas é fundamental que os direitos e garantias individuais do extraditando sejam respeitados, e nesse ponto que se invoca a ampla defesa anteriormente citada.

O extraditando foi perseguido com risco de morte em seu país. A ponto de ter que fugir para o Brasil, onde já tinha estado e

tinha relacionamento com brasileira. Após sua fuga, sua família continuou sofrendo ameaças, inclusive algumas efetivadas, referido pelo extraditando em seu depoimento. Há claro interesse obscuro na acusação que está sofrendo e aqui não nos cabe julgar e procurar culpados, mas, s.m.j., dar ao extraditando a garantia de, estando no Brasil, no mínimo garantir-lhe o direito à vida e à dignidade pessoal. Foi referido em seu interrogatório seu medo de ser morto dentro da prisão chilena.” (grifei)

No que concerne a tais “injustiças” alegadas pelo ora extraditando, entendo que tal postulação não comporta exame por parte desta

Suprema Corte, notadamente porque o súdito estrangeiro em questão

sustenta, em seu favor, a negativa de autoria do fato delituoso.

É que o processo extradicional, embora possua natureza penal, não se reveste de caráter condenatório, eis que seu único objetivo consiste em

viabilizar a constituição de título judicial necessário à entrega extradicional do súdito estrangeiro a um determinado Estado requerente.

Esse entendimento – segundo o qual a ação de extradição passiva qualifica-se como ação penal de natureza constitutiva, despojada, por isso mesmo, de qualquer finalidade condenatória – é acolhido por JOSÉ

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Supremo Tribunal Federal

Referências

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