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AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE BALNEABILIDADE DAS PRAIAS NA COSTA SUL CATARINENSE

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Academic year: 2021

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1 Acadêmico de Engenharia Química da Unisul. Bolsista do PUIC. 2

Professor Dr. da engenharia Ambiental da UDESC, Colaborador.

3 Professor Dr. do curso de Agronomia, Campos Sul – Tubarão, Colaborador.

4 Professor Dr. do curso de Agronomia, Campos Sul – Tubarão. E-mail: mauricio.alves1@unisul.br.

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE BALNEABILIDADE DAS PRAIAS NA COSTA SUL CATARINENSE

Bruna Porto1; Everton Skoronski2, Sergio Antônio Netto3, Mauricio Vicente Alves (orientador)4.

INTRODUÇÃO

Os balneários em países emergentes normalmente recebem descarga de esgoto sanitário bruto, proveniente de aglomeração urbana sem planejamento e ausência de saneamento básico adequado. Este tipo de problema diminui a concentração de oxigênio dissolvido, ocasiona o aumento na concentração de nutrientes, alterações na biodiversidade local e degradação da imagem do balneário, afastando os turistas. Contudo o efeito mais grave está relacionado à saúde pública, devido à exposição primária de pessoas a águas contaminadas por esgotos domésticos (Von Sperling, 1996).

A FATMA é órgão estadual responsável por realizar o monitoramento da balneabilidade das águas das praias em Santa Catarina, seguindo as normas da Resolução Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). A Resolução Conama nº 274, de 29 de novembro de 2000, define os critérios de balneabilidade em águas brasileiras, uma vez que a balneabilidade interfere na saúde e bem-estar humano. A FATMA coleta ao longo dos 500 quilômetros da costa catarinense 195 pontos, dando preferências aos locais mais suscetíveis à poluição.

Na última análise da balneabilidade realizada pelo INMETRO foram selecionados 8 Estados, entres eles está Santa Catarina por ser um dos estados mais procurados no verão. Contudo, a análise das amostras se restringiu em duas praias, uma no Município de Balneário Camboriú, praia de Balneário Camboriú, e outra no Município de Florianópolis, praia de Canasvieiras, escolhidas por estarem em evidência.

Desta forma, tendo em vista os problemas ocasionados pela descarga de esgoto nas praias e a extensão do litoral catarinense, onde o monitoramente se restringe as praias mais populares, justifica-se assim, a avaliação da carga poluidora das águas das praias do litoral sul catarinense, criando subsídio técnico para a exigência de providências por parte dos órgãos

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competentes, para que intensifiquem a monitoração dessas praias, já que durante os meses da temporada de verão há grande circulação de pessoas, além da população local.

Historicamente, o principal indicador utilizado para avaliação da condição de balneabilidade de um local é a contagem de coliformes fecais, sobretudo do gênero Escherichia Coli. Embora seja um método amplamente difundido na literatura, de baixo custo e resposta relativamente curta (48 horas), apresenta alguns problemas entre os quais a baixa permanência em ambientes salinos, exigindo que a coleta seja imediatamente após a descarga de efluente ao corpo receptor, não representando assim um histórico de contaminação no local. Neste contesto nosso trabalho engloba outros parâmetros químicos como, teor de nitrato e amônia, os quais nos auxiliarão em uma avaliação mais criteriosa.

Palavras-chave: Balneabilidade. Escherichia Coli. Sul Catarinense.

OBJETIVOS

O objetivo do presente estudo é determinar as condições de balneabilidade, principalmente, de praias ainda não monitoradas no litoral sul catarinense, além de fazer um comparativo entre as condições em diferentes períodos do ano.

Objetivos específicos:

Escolha dos pontos de coleta onde há maior concentração de banhistas.

Enumerar pontos de coleta que sejam representativos para caracterizar a região em estudo (Sul do estado).

Realizar coletas de água em diferentes períodos de ocupação antropogênica dos balneários.

Apresentar os resultados para comunidade e comparar com as análises realizadas pelo órgão competente do meio ambiente.

Analisar teores de nitrato e amônia para auxiliar na conclusão dos resultados.

MÉTODOS

Inicialmente fez-se a visita das praias do litoral sul catarinense e foram selecionados sete pontos de coleta. A localização destes pontos está descrita na Tabela 1.

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Tabela 1 – Localização dos Pontos de Coleta

Ponto Município Local Latitude Longitude

1 Jaguaruna Balneário Arroio Corrente s 28° 41.707’ w 49° 00.975’ 2 Jaguaruna Balneário Esplanada s 28° 45.683’ w 48° 07.574’ 3 Jaguaruna Balneário Figueirinha s 28° 40.254’ w 48° 58.506’ 4 Jaguaruna Balneário Camacho s 28° 37.002’ w 48° 51.810’ 5 Laguna Prainha – Farol de Santa Marta s 28° 36.145’ w 48° 48.977’

6 Laguna Mar Grosso s 28° 28.702’ w 48° 46.041’

7 Imbituba Itabirubá s 28° 20.253’ w 48° 42.349’

Fonte: Autores, 2012.

A primeira coleta das amostras realizou-se em 21 de novembro de 2011, antes do inicio da temporada de verão, a segunda coleta ocorreu em 22 de fevereiro de 2012 (durante a temporada de verão) e por fim, realizou-se a última coleta no dia 17 de agosto de 2012 (período de menor fluxo de turistas). Todas as coletas foram realizadas em dias não chuvosos, em horário compreendido entre às 9 horas até às 17 horas.

Em cada ponto de coleta foram coletadas duas amostras, uma com cerca de 1000 mL para a realização das análises Nitrato e Amônia, conforme o American Public Health Association: (2005) e ainda, uma amostra de 100 mL em frascos esterilizados em autoclave a 120 °C para análise bacteriológica de Escherichia Coli.

Para análise da concentração nitrato (NO3-N) utilizou-se o Spectroquant NOVA 60

Merck, seguindo o método colorimétrico. Neste caso, o pH da amostra deve estar em 1-3, utilizando ácido sulfúrico no ajuste. Em seguida, ferve-se brevemente a amostra e deixa esfriar. Se a amostra estiver turva, é preciso filtrá-la. Posteriormente, pipeta-se 4 mL de NO3

-em um tubo de ensaio, pipeta-se 0,5 mL da amostra preparada (5-25°C) e por último pipeta-se 0,5 mL de NO3-2. A amostra permanece em repouso por 10 minutos e então, é inserida na

cubeta de medição para realizar a leitura no spectroquant.

Seguindo Standard Methods, determinou-se a concentração de amônia (NH4+) das

amostras. Desta forma, foi necessário o preparo de uma solução de fenol, onde se misturou 11,1 mL de fenol (derretido em banho Maria) com álcool etílico 95% v/v para um volume final de 100 mL (Proteção/capela). Dissolveu-se 0,5g do sal nitroprussiato de sódio em 100 mL de água deionizada para a segunda solução. Para a solução de cotrato alcalino, dissolveu-se 200g de citrato trissódico e 10g de hidróxido de sódio em água, avolumando a amostra para 1000 mL. E para finalizar, misturou-se 100 ml da solução de citrato alcalino com 25 mL de hipoclorito de sódio 5%, para a obtenção da solução oxidante. Com as soluções de reagente preparadas, pode-se então realizar os procedimentos de análises.

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Inicialmente, coloca-se em um erlenmeyer de 50 ml, uma alíquota de 25 mL de amostra, onde adiciona-se 1 ml de solução de fenol, 1 ml de solução de nitroprussiato de sódio e 2,5 mL de solução oxidante, sendo que é necessário agitar a mistura após cada adição. Em seguida, cobre-se as amostras com plástico filme ou invólucro de parafina, onde a cor é desenvolvida na faixa de temperatura entre 22 a 27ºC em luz fraca por 1 hora. A cor é estável por 24h. Então, mede-se a absorbância a 640nm (curva de calibração já pré estabelecida) em spectrofotômetro. No branco no lugar da amostra usa-se a mesma quantidade, 25 mL, de água destilada e ainda, deve se preparar dois padrões diluindo a solução de amônia na faixa de concentração da amostra.

A análise bacteriológica para detecção de Escherichia Coli é realizada utilizando o kit de reagentes Merck ReadyCult Coliforms 100, onde coleta-se uma amostra de 100 mL em vidro esterilizado a 120°C em autoclave ou sacos NASCO descartáveis e previamente esterilizados. As amostras coletadas permanecem em estufa bacteriológica por 24 horas a 35°C. Se após esse período a amostra apresentar fluorescência em lâmpada UV, significa que há na amostra Escherichia Coli presente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A demanda química de oxigênio (DQO) em um corpo d’água deve-se principalmente a despejos de efluente domésticos e industriais. Contudo, os íons cloreto presentes em águas salinas reagem com a substância química oxidante utilizada na determinação da DQO. Desta forma, neste caso, a DQO não pode ser um parâmetro na determinação da balneabilidade das águas das praias em estudo, pois acredita-se que os valores obtidos estão mais correlacionados com a salinidade do que com a presença de matéria orgânica nos corpos d’água.

Além disso, na presença de cloretos (~ 1000 mg/l) os íons amônia também interferem na DQO, elevando-a, devido provavelmente à formação de cloraminas (AQUINO; CHERNICHARO; SILVA, 2006, p. 304).

Assim, considerando ainda, que a resolução CONAMA 357/05 não faz referência à demanda química de oxigênio nos padrões de lançamento de efluentes líquidos, a avaliação da balneabilidade das águas das praias do litoral sul catarinense selecionadas, foram avaliadas de acordo os resultados obtidos para amônia e nitrato e pela presença de Escherichia Coli.

Na Tabela 2 está disposto os resultados das análises da concentração de nitrato e amônia nas três coletas realizadas no desenvolvimento deste trabalho.

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Tabela 2 – Resultados das análises

Ponto Nitrato (mg/L) Amônia (mg/L)

1ª coleta 2ª coleta 3ª coleta 1ª coleta 2ª coleta 3 ª coleta

1 1,10 0,20 1,83 0,12 0,82 0,08 2 0,90 0,30 1,08 0,28 0,55 0,10 3 1,20 0,70 0,80 0,58 0,41 0,00 4 0,70 0,50 1,10 0,17 0,57 0,04 5 1,10 0,60 2,00 0,23 0,52 0,05 6 1,80 1,80 1,06 0,10 0,97 0,01 7 1,10 0,30 3,00 0,15 0,47 0,17 Fonte: Autores.

A resolução CONAMA 357/05 estabelece para águas salinas de classe I, ou seja, àquelas destinadas a recreação de contato primário, à proteção das comunidades aquáticas, à aquicultura e à atividade de pesca, a concentração máxima de 0,40 mg/L de nitrato, assim como de nitrogênio amoniacal.

Desta forma, observa-se que durante o período do verão quando foi realizada a segunda coleta, todos os pontos apresentaram níveis superiores ao permitido pela legislação para a concentração de amônia na água, sendo que o mesmo, de um modo geral, não foi observado na primeira e na terceira coleta. Este fato pode ser justificado pelo aumento no fluxo de pessoas nas cidades litorâneas e nos balneários durante o verão, e assim, consequentemente, pelo aumento de efluentes despejados nos corpos d’ água.

A amônia constitui o primeiro estágio do processo de decomposição da matéria orgânica nitrogenada até chegar ao nitrato, por isso seu elevado teor é um indicativo de poluição recente. O que pode ser constatado pelos valores baixos de nitrato durante o período de verão, se comparados com os resultados da primeira e da terceira coleta.

Além disso, nos meses seguintes, o processo de oxidação da amônia no ciclo do nitrogênio faz com que o ocorra o consumo de oxigênio livre, afetando assim a vida aquática do manancial, o que pode ser observado pela concentração de nitrato na primeira e na terceira coleta, onde em todos os pontos o resultado obtido foi superior ao permitido pela resolução CONAMA 357/05 e aos resultados na segunda coleta.

Apesar disso, o principal indicador de poluição sanitária são as bactérias do grupo coliforme, sendo que o gênero Escherichia coli por estar associado ao trato intestinal de animais de sangue quente, constitui o mais significativo indicador da possibilidade da existência de microrganismos patogênicos, responsáveis pela transmissão de doenças de

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veiculação hídrica, como febre tifoide, febre paratifoide, desinteria bacilar e cólera, justificando assim a análise da presença de coliformes fecais em águas salinas de classe I.

Desta forma, na primeira coleta não foi observada na análise bacteriológica a presença de Escherichia Coli em nenhuma das amostras analisadas. Enquanto que para a segunda e terceira coleta, foi detectada a presença de Escherichia Coli em todas as amostras. Estes dados então, indicam que existe o lançamento de esgoto sanitário in natura na água de todas as praias, onde fez-se a coleta das amostras, sendo que tal observação é confirmada também, pela presença de amônia.

Apesar disso, a FATMA em seu último relatório sobre a balneabilidade do litoral catarinense, apresentado em 31 de agosto de 2012, que possui os seguintes pontos de monitoramento em comum com os pontos de estudo deste trabalho: Prainha - Farol de Santa Marta e Mar Grosso na Laguna, e Balneário Camacho e Balneário Arroio Corrente na Jaguaruna, consideram apenas como imprópria a Prainha do Farol de Santa Marta.

CONCLUSÕES

Os resultados deste estudo indicam que as praias do litoral sul catarinense recebem despejos sanitários em seus corpos d’água uma vez que foi detectada em duas das três coletas realizadas a presença de Escherichia Coli em todas as amostras. Além disso, constatou-se com base nos valores de concentração de amônia e nitrato em três diferentes períodos do ano que há um aumento na carga poluidora no período de veraneio. Durante os meses com maior fluxo de veranistas as praias recebem maior quantidade despejos de esgoto doméstico.

Desta forma, diz-se que o trabalho atingiu seus objetivos ao fornecer subsídios técnicos para exigir dos órgãos públicos competentes a intensificação e a ampliação dos pontos de monitoramento. Ressalta-se ainda, a necessidade da implantação de um sistema de saneamento adequado para evitar o despejo ou que as chuvas arrastem o esgoto sanitário bruto para as praias.

REFERÊNCIAS

AQUINO, Sérgio F. de; SILVA, Silvana de Queiroz and CHERNICHARO, Carlos A. L.. Considerações práticas sobre o teste de demanda química de oxigênio (DQO) aplicado à análise de efluentes anaeróbios. Eng. Sanit. Ambient. [online]. 2006, vol.11, n.4, pp. 295-304. ISSN 1413-4152. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-41522006000400001.

FUNDAÇÃO DO MEIO AMBIENTE. Sobre Balneabilidade. Disponível em: <http://www.fatma.sc.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=41&Itemid=17 5>. Acesso em: 20 de julho de 2012.

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INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA. Praias (Análise de Balneabilidade). Disponível em:

<http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/praias.asp>. Acesso em: 20 de julho de 2012.

Resoluções do Conama: Resoluções vigentes publicadas entre setembro de 1984 e janeiro de 2012. / Ministério do Meio Ambiente. Brasília: MMA, 2012.

VON SPERLING, M., 1996. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 2. ed. rev. Belo Horizonte: DESA.

FOMENTO

O trabalho teve a concessão de Bolsa pelo Programa Unisul De Iniciação Científica (PUIC).

Agradecemos o professor Sergio Netto Coordenador do laboratório de ciências marinhas, que nos cedeu gentilmente meio de transporte e as instalações do seu laboratório para a realização das analises.

Referências

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