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Vinho, verão, viagem

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Academic year: 2021

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ENOTURISMO

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p o r S Í L V I A M A S C E L L A R O S A

Vinho,

verão,

viagem

O enoturismo no Brasil evoluiu tanto quanto nossos vinhos e oferece opções

de diversão para os mais variados gostos e até para quem não bebe

Vinho e Romance

Tirar férias para namorar e aproveitar uma paisagem exuberante, com dias enso-larados e noites frescas, tudo acompanhado de espumantes especiais é o sonho de muita gente. Ele se concretiza com uma passagem pelas cidades de Gramado e Canela, onde estão hospedagens charmosas e arquitetura diferenciada, além de culinária de primeira linha. Praticamente todos os restaurantes e bons hotéis dessas cidades têm em suas cartas os grandes vinhos e espumantes brasileiros.

O

escritor e fi lósofo inglês G.K. Chesterton,

que nasceu no fi nal do século XIX, cunhou

o seguinte pensamento: “O viajante vê

aquilo que vê. O turista vê aquilo que veio

ver”. Mesmo considerando a censura implícita na frase, o turismo no século XXI é capaz de contentar tanto os viajantes quanto os turistas, e talvez até fazer com que eles troquem de lugar. O mais importante é que a ex-periência de ambos seja prazerosa e enriquecedora, principalmente se o destino é enoturístico. Isso equivale a dizer que quem veio provar vinhos seja capaz de levar consigo uma parte da história do país, de suas belezas e conquistas e quem veio somente passear, seja seduzido pelo trabalho sério e encantador que a viti-vinicultura brasileira vem cultivando nas últimas décadas; tudo isso cercado de belas paisagens.

Com o objetivo de facilitar a escolha daqueles que pretendem aproveitar o verão no país e acompanhar o descanso com excelentes vinhos, ADEGA sugere alguns tipos de roteiro. Escolha seu estilo e agarre sua taça, pois os parreirais estão pesados de frutos e os caminhos esperando seus passos!

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Vinho,

verão,

viagem

Mas para tornar essa experiência ainda mais especial,

é preciso viajar mais 100 quilômetros até o Vale dos Vinhedos e hospedar-se no luxuoso Hotel e Spa do Vinho, que fi ca em frente da Vinícola Miolo

e oferece todas as mordomias que um casal pode desejar, até mesmo massagem a dois. Além, é claro, da proximidade de várias vinícolas do Vale. A paisagem que se avista do hotel (embora não tão linda como seu parceiro) é de tirar o fôlego, prin-cipalmente na época da colheita que casa com as férias de verão.

Se o objetivo for fi car mais escondido, vale a pena seguir até a Pousada Don Giovanni (no dis-trito de Pinto Bandeira), que inaugurou

recente-mente uma “caseta” alguns metros acima de sua sede, onde o casal fi ca hospedado com discrição, silêncio e muitos mimos – como uma banheira de hidromassagem ao lado de um janelão com vista para os vinhedos e o nascer do sol. Sem circular muito é possível conhecer a vinícola Cave de Amadeu, a Valmarino e a própria Don Giovanni. Todas elas fazem parte do grupo dos Vinhos de Montanha e têm espumantes pra lá de especiais em suas linhas de produtos, essenciais para belos momentos a dois.

Vinho e História

A tradição dos imigrantes permeia todo o estado do Rio Gran-de do Sul e diviGran-de espaço com os gaúchos das fronteiras com o Uruguai e Argentina e um restante de cultura dos índios que por lá viviam no século XIX.

Mas o mundo do vinho no sul é praticamente um museu a céu aberto da história da imigração italiana para o Brasil. Cada vinícola faz questão de dizer de onde sua família veio e há quantas gerações, buscam parentes

na Itália e tecem uma imensa teia que reúne novamente os dois países. A oportunidade de conversar com um produtor e saber da história de sua família é uma ocasião inesquecível para os viajantes, que mal percebem as horas passarem e o vinho consumido durante a conversa. Só no Vale dos Vinhedos são 31 vinícolas (87% delas são pequenas ou médias), a grande maioria familiares e que preservam suas tradições também como forma de manter o fl uxo enoturístico na região, uma grande fonte de renda na última década.

Para manter vivas essas tradições, passeios, fes-tas e grupos folclóricos permeiam a Serra Gaúcha, mas estão particularmente concentrados na cidade de Bento Gonçalves, pioneira em enoturismo no Brasil. O ideal é hospedar-se por lá onde a estrutura vem se modernizando a cada ano para receber me-lhor os turistas e de lá partir para os passeios. Vale a pena visitar a Cooperativa Vinícola Aurora, uma das mais antigas do país, cuja sede está em uma das

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ruas principais, o pórtico de entrada e a igreja São Bento – ambos em formato de pipa – e a Via del Vino, no centro, que concentra os prédios mais antigos da cidade. Como contraponto de tanta história, uma pedida é visitar a recém inaugurada Vinícola Lovara, que preserva a casa antiga de seu fundador, mas em seu entorno foi construída uma moderna e ousada viní-cola.

O roteiro Caminhos de Pedra (o primeiro roteiro a se profi ssionalizar na re-gião) é realizado em uma área rural da cidade. Lá foram preservadas e recupera-das as casas de pedra e madeira típicas dos imigrantes. Durante o passeio pode-se ver a moagem de erva mate, a tecelagem artesanal, a fabricação de massas caseiras e de produtos a base de leite de ovelha, presentes nos restaurantes da região. Al-guns deles, como a Casa Vanni e o Nona Ludia, recebem às vezes um grupo de atores em roupas de época que recriam a saga dos primeiros moradores, cantando e contando histórias.

Com a família e em grupos é possível visitar a Vinícola Dal Pizzol, no distrito de Monte Lemos, com uma bela área preservada que se transforma em um par-que seguro para as crianças (com animais de pepar-queno e médio porte soltos entre as árvores), além de um vinhedo modelo, com parreiras de

todo o mundo e videiras históricas que foram plantadas na região há quase 100 anos. Um pouco mais adiante, no dis-trito de Tuiuty, fi ca a Vinícola Salton, que completa 100 anos em 2010 e tem um passeio guiado por sua enorme sede que pode ser feito em grupos grandes ou em família. No mesmo distrito vale a pena provar a culinária tirolesa do Pignattella.

Vinho e Aventura

Faz pouco tempo que os vinhos do estado de Santa Catari-na entraram de vez Catari-na carta do Brasil, portanto a estrutura enoturística do estado ainda é precária. Mas, se o viajante

estiver passeando em Florianópolis e tiver disposição e um pouco de tempo, pode descobrir que os caminhos que conduzem até os vinhos de Santa Catarina são cheios de aventura.

A Serra do Corvo Branco, por si só, é um passeio imperdível para os amantes da natureza. Mas tenha certeza de não beber absolutamente nada antes de pegar essa estrada. Suas curvas são fechadas, com descidas íngremes e uma paisagem de tirar o fôlego. A parada é na cidade de Urubici, que tem todo tipo de hospeda-gem para os que gostam de rapel, arborismo e pesca. Quando a noite cai, mesmo no verão, o friozinho abre espaço para os bons vinhos, a comida e a conversa animada.

No dia seguinte vale seguir viagem em direção a São Joaquim, onde está a mais bela vinícola do estado, a Villa Francioni, com boa infra-estrutura, lindos vinhedos e vinhos especiais. Ainda na região, o Snow Valley é garantia de aventura diurna com pêndulo, muro de escalada, cachoeiras e até uma trilha que leva a um bosque de xaxins gigantes.

Seguindo até a cidade de Lages, pode-se visitar os vinhedos da Vinícola Santo Emílio, no município de Urupema, em uma região

Visitar a região

do Vale dos

Vinhedos, no

Rio Grande do

Sul, signifi ca

conhecer as

tradições e a

história do vinho

no Brasil

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alta e fria, onde a pedida são os passeios a cavalo (que saem de Lages) e podem durar até sete dias, com noites em fazendas e acompanhamento de guias.

No Rio Grande do Sul, vale a pena fi car em Canela, que concentra vários parques bem equipados para os turistas em busca do contato direto com a nature-za (entre eles o do Caracol, da Ferradura, Alpen e Fazenda da Serra). É possível fazer rafting no rio Paranhana (com três horas de duração) e durante o verão esse esporte pode até ser praticado à noite. As opções de hospedagem são variadas, bem como de restaurantes e bares, nos quais a infl uência

alemã é bem presente.

Para compensar o despojamento de um dia de contato com a natureza, hospede-se na bela Pousada Quinta dos Marques, onde é possível fazer massagem e ofurô em uma cabine na beira da mata de pinheiros e praticar meditação sob as árvores depois de dormir em travesseiros de pena de ganso aromatizados com lavanda do próprio jardim. Em Bento Gonçalves, o Rio das Antas também concentra vá-rias atividades como rafting em corredeiras e tirolesa e fi ca bem perto das vinícolas do Vale dos Vinhedos.

É bom lembrar ao viajante que não tem medo de na-tureza que o começo do ano é época de colheita de uvas.

Assim, além de uma paisagem que vai fi car colada na retina por um longo tempo, é possível colocar a mão nas uvas e experimentar um dia de vinhateiro. Dentro do vale, a Vinícola Pizzato oferece um passeio para grupos no primeiro sábado de fevereiro que inclui desde o plantio das uvas, colheita e vinifi cação até a pisa dos grãos, culminando com um delicioso almoço harmoniza-do com os vinhos da casa.

Vinho e Família

O verão é a época mais movimentada para as férias em fa-mília, assim muita gente imagina que uma região produ-tora de vinhos não seja o passeio ideal para levar crianças e adolescentes. Antes de mais nada é preciso dizer que uma grande parte dos produtores de vinhos também produzem excelente suco de uva integral, que faz bem para a saúde e é uma valiosa alternativa para os refrigerantes tão apreciados pela garotada. Na Casa de Madeira – dentro do Vale dos Vinhedos – é possível visitar a fábrica de sucos e comprar vários produtos diferenciados, com zero de álcool.

A viagem com os pequenos pode ir para lugares como Gramado, que tem a Aldeia do Papai Noel – dentro do lin-do parque Knorr –, o Mini Munlin-do e o Lago Negro nas redondezas. Depois é só atravessar os poucos quilômetros até a cidade de Canela, onde fi ca a Cascata do Caracol e o Parque da Ferradura, opções agradáveis para toda a família. Já na região dos vinhos, Bento Gonçalves é o ponto de par-tida do passeio de Maria Fumaça até Carlos Barbosa, com belas paisagens, vinho, suco e música folclórica.

Os adolescentes vão adorar fi car na cidade de Bento

A região sul

tem diversas

opcões para você

se integrar à

natureza e, ao

mesmo tempo,

descobrir os

encantos da

produção de

vinhos

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Gonçalves, onde a paquera rola fácil na avenida em frente ao Ho-tel Dall’Onder e os pais podem fi car de olho enquanto provam uma pizza em um dos restaurantes da mesma avenida. Os que se hospedam dentro da Pousada da Casa Valduga terão piscina à disposição e uma área grande e segura para explorar enquanto os pais fazem um rápido curso de vinhos. Já nos hotéis Villa Mi-chelon e Spa do Vinho, monitores se encarregam de entreter a criançada enquanto os pais curtem o lado vinífero da viagem ou um especialíssimo banho de imersão em uvas e um

tratamento estético com produtos franceses.

Vinho e Gastronomia

Para os viajantes que querem mudar de paisagem, de rotina e de cardápio, o Rio Grande do Sul tem va-riadas culinárias regionais que combinam bem com seus vinhos. Obviamente a Serra Gaúcha sofre uma infl uência marcante da imigração italiana, bem re-presentada nas tradicionais galeterias que ultrapassa-ram as fronteiras do estado.

Escolher uma cidade como ponto de partida de um tour enogastronômico pode ser um tanto difícil para o turista, então a dica de ADEGA é a cidade de Garibaldi, a capital dos espumantes. Lá, hospede-se

no histórico hotel Casacurta, cujo charmoso restaurante é cuidado pela proprie-tária Ana Maria, uma das mulheres de maior bom gosto da região. Durante o dia visite vinícolas tradicionais, como a Peterlongo e a Chandon e para jantar (além da Hostaria Casacurta) vá conhecer a Trattoria Primo Camilo, do ex-jogador de futebol Pessali, que consegue juntar ambiente his-tórico, decoração charmosa, bons vinhos e culinária caprichada em um só lugar.

Saindo de Garibaldi, logo na entrada do Vale dos Vi-nhedos fi ca o elegante restaurante Don Ziero, que faz par-te da Vinícola Cordelier e é uma opção diferenciada para uma refeição no Vale. Os restaurantes das vinícolas dentro do vale, como a Miolo, a Torcello e a Casa Valduga, cos-tumam receber grupos com uma estrutura bem montada. Na Casa Valduga, que tem em sua propriedade a primeira pousada em vinícola do vale, também possui restaurantes que recebem o turista que viaja por contra própria. A culinária pode ou não ser a tradicional da região, que o cuidado no preparo é o mesmo.

Na estrada que liga Bento Gonçalves a Garibaldi fi ca o Castelo Ben-venutti, endereço conhecido de todos. Ele abriga uma loja de vinhos bra-sileiros muito completa, um hotel boutique em estilo polonês (Zamek), o “Vin Caffé”, que tem em seu cardápio alguns pratos poloneses especiais, uma loja de decoração e restaurantes da rede Di Paolo, que prepara os mais famosos galetos da região em sistema de rodízio com capricho artesa-nal e excelente carta de vinhos. Na entrada da cidade de Bento Gonçalves fi ca outra casa famosa do grupo, o Canta Maria.

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Em Gramado, existem variados e bons restaurantes que conseguem se man-ter ao largo da obrigatoriedade de café colonial. Uma excelente opção é o restau-rante Le Cacerie, dentro do Hotel Casa da Montanha, especializado – como o nome indica – em carnes de caça, com uma carta de vinhos bem especial para acompanhar cada prato. Lá também é possível provar o melhor da culinária suíça no Belle du Valais.

Vinho e Verão

Por fi m, os viajantes que não abrem mão de sol e água durante as férias podem tomar o rumo da via-gem mais ousada que o enoturismo brasileiro propõe atualmente: o Vale do Rio São Francisco, entre os estados da Bahia e Pernambuco. Os vôos levam o viajante até a cidade de Petrolina, onde é possível alugar um carro (também existem excursões) para conhecer algumas das mais de 10 vinícolas da região (em um raio de até 70 km de Petrolina). Bons exem-plos são a Miolo, com sua Fazenda Ouro Verde – no lado baiano –, e a Vinibrasil (do grupo português Dão Sul) à beira do São Francisco – no lado pernam-bucano.

Prepare-se, pois o calor é intenso (embora seco), mas as paisagens são encantadoras e inespe-radas. A hospedagem nas cidades de Petrolina e Juazeiro não é excelente, mas também está longe de ser ruim e elas têm razoável infraestrutura para os turistas, além do atrativo maior que é o impres-sionante rio São Francisco (em que é possível fazer passeios de barco), a barragem de Sobradinho e, é claro, os vinhos.

Prove os sushis preparados com peixes de rio, acompanhados dos espumantes

de lá e também a carne de bode (apresentada em uma inacreditável miríade de pratos no famoso Bodó-dromo) acompanhada de um vinho rosé fresco. Na volta de Petrolina, para atenuar o calor, faça uma pa-rada na cidade do Recife e aproveite as praias, fechando o passeio com chave de ouro!

*Consulte através da internet os horários de funcionamento de restaurantes, vinícolas e passeios. Alguns hotéis têm preços mais inte-ressantes para reservas feitas online e com antecedência.

Para quem quer

aproveitar

bastante o sol, a

região do Vale

do São Francisco

é uma boa opção.

Além do visual

deslumbrante do

“Velho Chico”,

novos projetos

vitivinícolas são

grandes atrativos

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Referências

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