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Modificações na Metodologia do Xe e seus Impactos nas Receitas das Distribuidoras. J. W. Marangon Lima F. E. Domingos Sé

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21 a 25 de Agosto de 2006 Belo Horizonte - MG

Modificações na Metodologia do Xe e seus Impactos nas Receitas das Distribuidoras

J. W. Marangon Lima

F. E. Domingos Sé

UNIFEI TR

CONSULTORIA

marangon@unifei.edu.br fernando@trconsultoria.com

P. E. Steele dos Santos

T. G. Leite Ferreira

TR CONSULTORIA

ABIAPE

paulo@trconsultoria.com tiago@abiape.com.br

J. C. Caminha Noronha

M. C. Ferrari Storck

UNIFEI ESCELSA

julia@ixconsult.com.br michelin@notes.escelsa.combr

J. Miranda Filho

ESCELSA

jacquesm@notes.escelsa.com.br RESUMO

Este trabalho tem por objetivo realizar uma análise crítica da metodologia atual de cálculo do Fator X, especificamente de seu componente que captura os ganhos de produtividade – Xe. Propõe-se fazer algumas modificações na metodologia atual, baseadas em sugestões expressadas por diferentes agentes do setor elétrico em fóruns de discussão da ANEEL. Estudos da sensibilidade do Fator X frente às modificações propostas serão efetuados, utilizando para tal um exemplo real de uma distribuidora de energia elétrica e os dados considerados em seu último processo de Revisão Tarifária Periódica. PALAVRAS-CHAVE

Fator X, Equilíbrio Econômico Financeiro, Revisão Tarifária Periódica. 1. INTRODUÇÃO

Considerando o atual estágio de conclusão do primeiro ciclo de revisões tarifárias periódicas, em que todas as empresas de distribuição passaram pelo processo de revisão de suas tarifas, e que algumas empresas já se preparam para entrar no próximo período de revisão, faz-se necessário uma reflexão sobre os métodos adotados pela ANEEL para o estabelecimento das novas tarifas. Um dos itens que está em pauta na discussão interna da ANEEL e dos próprios agentes interessados é o Fator X. Esse tema também está presente no Fórum Técnico de Integração da ANEEL, um fórum de discussão aberto a todos os segmentos da sociedade e hospedado no site da ANEEL.

Contribuindo para esse ambiente de integração técnica, a intenção deste trabalho é analisar a metodologia do fator produtividade do X, o componente Xe, propor algumas sugestões relevantes que podem ser implantadas nesta metodologia e observar seus efeitos sobre o equilíbrio econômico-financeiro das concessionárias distribuidora de energia. As análises foram baseadas com os dados

(2)

utilizados pela ANEEL para a definição do valor definitivo do Xe calculados na última revisão tarifária periódica da ESCELSA, em 2004.

Constata-se também a importância do plano de investimentos de uma distribuidora para o cálculo do componente Xe. Um exemplo real de uma pequena empresa distribuidora de energia elétrica foi necessário para se ter uma concreta percepção do problema analisado.

2. O FATOR X

Em sua concepção original, inserida através do regime de regulação Preço-Teto (Price-Cap), o Fator X seria um dispositivo capaz de introduzir alguns aspectos do mercado competitivo ao mercado regulado. Parte dos ganhos de eficiência e produtividade obtidos pelas empresas, nos seus respectivos períodos tarifários, seriam repassados aos consumidores por meio de uma redução no valor real das tarifas. Dessa forma as empresas seriam incentivadas a gerenciar de forma mais eficiente seus recursos, minimizando seus custos para ganhar uma margem de receita durante os momentos de revisão. Este ganho seria depois reavaliado e parte repassado ao consumidor representando uma queda nas tarifas, ou seja, simulando o efeito da diminuição de preço em um mercado competitivo.

Do ponto de vista micro-econômico, a aplicação do Fator X poder ser entendida pela análise do seguinte gráfico:

Gráfico 1 –Análise Micro-Econômica do Fator X

A empresa encontra-se nas condições de operação indicada no ponto vermelho, em que seu custo médio é superior aos custos médios “eficientes”. Dessa maneira, o primeiro passo do regulador é estabelecer uma trajetória para que a empresa passe a operar a custos médios eficientes”. Imagine, por exemplo, que a diferença entre estes dois pontos de operação seja de 10%. O regulador poderia fixar um Fator X de eficiência de 2%, para que ao final de 5 anos (período tarifário) a empresa esteja operando a custos médios “eficientes”. No entanto, a quantidade demandada por energia cresceu nesse intervalo: passou de Q para Q’. E pelo fato das empresas distribuidoras serem um monopólio natural forte (os custos fixos são muito maiores que os custos variáveis), os custos médios são decrescentes com o aumento de seu mercado e a empresa consegue obter ganhos de produtividade nesse período. Objetivando inserir alguns aspectos do mercado competitivo no mercado regulado, o regulador faz uma previsão de qual será o mercado da empresa nos próximos 5 anos, estima os custos (custos operacionais e custos com investimentos), estima a receita e então determina o valor de X que capturará estes ganhos de produtividade . Assim o Fator X foi definido como um dispositivo capaz de estimar os ganhos de de eficiência e de produtividade e repassa-los aos consumidores da empresa regulada..

(3)

Essa é a prática de aplicação do Fator X em alguns países como a Inglaterra, em que a regulação por Price Cap teve sua origem. No Brasil, conforme estabelecido nos contratos de concessão, o regulador deve determinar um Fator X de forma a repassar aos consumidores somente os possíveis ganhos de produtividade da distribuidora obtidos durante seu período tarifário. Os ganhos de eficiência estão embutidos nos cálculos dos custos de operação e manutenção através da empresa de referência, já inseridos no nível tarifário (receita total) da distribuidora.

Este tipo de regulação por Preço-Teto aplica-se somente aos custos denominados gerenciáveis (Parcela B) da distribuidora. Aos custos não-gerenciáveis (Parcela A) o repasse é direto para as tarifas visto que as distribuidoras não tem controle sobre os preços e sobre a gestão destes custos. O valor da parcela B da distribuidora (VPB) é reajustada anualmente durante o seu ciclo tarifário. O índice de reajuste tarifário é calculado considerando a aplicação do IGPM acumulado do período de referência deduzido o Fator X, de forma que o VPB da data de reajuste em processamento é calculado da seguinte maneira:

) -(

VPBDRA IGPM X

VPBDRP = × (1)

Em que VPBDRP, significa o VPB da data de reajuste em processamento e o VPBDRA o VPB referente à

data de referência anterior ao reajuste em andamento.

Da concessão até a primeira revisão tarifária periódica (RTP), o Fator X foi fixado como zero para todas as concessionárias. A partir da primeira revisão Tarifária Periódica executada pela ANEEL, foram estabelecidos os valores do Fator X para cada concessionária. Sua metodologia atual está proposta na Resolução ANEEL nº 55 de 05/04/04 e estabelece que este é composto por 3 componentes:

• Fator Xe: que refere-se aos ganhos de produtividade estimados para o próximo período tarifário e é calculado através do método de fluxo de caixa descontado e é calculado a cada RTP;

• Fator Xa: que reflete a aplicação da diferença de variação entre IGPM e IPCA aplicados sobre os custos com mão-de-obra considerados no valor da parcela B da concessionária calculado anualmente e o;

• Fator Xc: está relacionado à avaliação dos consumidores sobre os serviços prestados pela concessionária, obtida através da pesquisa realizada pela ANEEL que captura o Índice ANEEL de Satisfação do Consumidor (IASC) também calculado anualmente.

O Fator X aplicado à parcela B a cada reajuste tarifário anual da concessionária distribuidora de energia, abrangendo seus três componentes, tem a seguinte fórmula:

Xa Xa IGPM Xc Xe X =( + )×( − )+ (2)

O IGPM é um número obtido pela divisão dos índices de IGPM do mês anterior à Data de Reajuste em Processamento (DRP) e do IGPM do mês anterior à Data de Reajuste Anterior (DRA).

No último reajuste tarifário anual da ESCELSA, os seguintes valores foram determinados: Tabela 1 – Últimos Valores de X determinados para a ESCELSA

CONCESSIONÁRIA APLICAÇÂO DATA DE Xe Xc Xa Fator X

ESCELSA 7/8/2005 1,2619% 0,8660% -0,5490% 1,7051%

Uma vez que a proposta deste trabalho é analisar alguns aspectos da metodologia do cálculo do componente Xe e como estes podem impactar as receitas das distribuidoras, é importante determinar a influência deste componente na composição total do Fator X.

Substituindo-se os valores dos componentes indicados na tabela acima na fórmula (2) verificou-se que uma variação de 10% no Xe resultava na seguinte variação do Fator X:

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Tabela 2 – Peso do Xe na composição do X VARIAÇÃO DE 10% Xe VARIAÇÂO DE X

ESCELSA 7,84%

Observou-se também que esta relação é linear, isto significa dizer, por exemplo, que uma variação de 5% do Xe da ESCELSA ocasionaria uma variação de 7,84% 2, isto é, de 3,92%. E assim por diante. Uma vez que é o Fator X que incidirá sobre o VPB, essa relação é importante para determinar o impacto econômico-financeiro para as distribuidoras face às alterações propostas neste trabalho. 3. O COMPONENTE Xe

A Resolução ANEEL nº 55 de 05/04/04 determina que o componente Xe seja calculado pelo método do Fluxo de Caixa Descontado (FCD) do tipo foward looking, no momento da revisão tarifária periódica. Este método permite estimar os ganhos de produtividade devido ao aumento do mercado estimado pelo regulador e pela necessidade de investimentos em ativos no período tarifário.

A expressão do Xe significa que os ativos atuais da empresa devem ser iguais a soma do fluxo de caixa da empresa ocasionado pelo ganho de mercado mais os ativos ao final do período tarifário,considerando os investimentos realizados ao longo do período e suas depreciações. Estes valores são trazidos a valores presentes com base no WACC regulado, sendo o Xe o valor que torna essa igualdade possível. A sua formulação encontra-se a seguir:

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(

)

(

)

(

)

(

)

n WACC n i WACC i i i i i i e i r A r INV d g d M O TRIB X RO + +       + − + − × − − − − =∑ = − 1 1 1 & ) 1 ( n 1 i ) 1 ( A0 onde

A0 : valor dos ativos da concessionária na data da revisão tarifária;

An: valor dos ativos da concessionária ao final do período tarifário;

ROi: receitas operacionais da concessionária no período tarifário (VPB) para cada ano i do período;

TRIBi: tributos PIS/PASEP, COFINS e P&D;

O&Mi: custos de operação e manutenção da concessionária para cada ano i do período tarifário,

considerando também a componente de inadimplência. d1: valor da depreciação no período tarifário

g: impostos;

INVi: investimentos realizados a cada ano i do período tarifário;

Para o cálculo do Xe são então necessárias as seguintes informações: investimento inicial e sua projeção ao longo do período tarifário, projeção das receitas, tributos, taxa de impostos, capital de giro, projeção dos custos determinados pela empresa de referência, taxa de depreciação dos ativos, valor final da BRR e o valor do WACC regulado.

3.1. Análise de Sensibilidade das Principais Variáveis do FCD

Implementando-se a fórmula do FCD, de acordo com a metodologia proposta, é possível reproduzir os resultados do Xe calculados pela ANEEL para as empresas distribuidoras. De posso de planilhas similares àquelas utilizadas pela ANEEL são possíveis fazer simulações de sensibilidade de todas variáveis que influenciam no FCD. As sensibilidades do Xe frente às principais variáveis do FCD, quais sejam: taxa de crescimento da demanda de energia, custos eficientes (empresa de referência) e investimentos, serão apresentadas a seguir. Esta análise de sensibilidade consistiu em se variar em ± 5% os valores destas variáveis, mantendo todas as outras constantes, e capturar os diferentes valores de Xe, verificando-se como este se comportava diante destas variações. Lembrando que os últimos valores de Xe determinados para estas empresas encontram-se na tabela 1.

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Percebe-se pelo gráfico 2, que quanto maior for a taxa de crescimento da demanda por energia determina da pela ANEEL, maior será o valor de Xe.

Sensibilidade do Xe devido à Taxa de Crescim. Demanda

0,8% 1,0% 1,2% 1,4% 1,6% -5% -4% -3% -2% -1% 0% 1% 2% 3% 4% 5%

Variação Percentual da Taxa de Crescimento da Demanda

V a lo re s d o X e c

Gráfico 2 –Sensibilidade do Xe devido à Taxa de Crescimento de Demanda de Energia Os custos operacionais são aqueles obtidos mediante a metodologia da Empresa de Referência (ER). Logo é conhecida a responsabilidade de cada P&A (processos e atividades) na composição total destes custos. Os custos totais dos P&A´s são a soma dos custos com pessoal e com as despesas com máquinas, equipamentos e serviços. As P&A´s são separadas em Administração (ADM), Comercialização (COM) e Operação e Manutenção (O&M) seus custos são projetados de maneiras distintas, de acordo com a projeção do crescimento da demanda e do número de clientes. A análise de sensibilidade do Xe frente à variações nos custos para as diferentes empresas encontra-se no gráfico abaixo: Sensibilidade do Xe devido à ER 0,8% 1,0% 1,2% 1,4% 1,6% -5% -4% -3% -2% -1% 0% 1% 2% 3% 4% 5% Variação Percentual de ER V a lo re s d e X e

Gráfico 3 – Sensibilidade do Xe devido à Empresa de Referência

Um aumento nos valores da ER representa uma diminuição nos valores de Xe e consequentemente nos valores do Fator X.

A última variável analisada neste estudo de sensibilidade é o investimento. Os investimentos projetados são divididos em dois grupos de acordo com o nível de tensão do ativo. Aqueles ativos cujos níveis de tensão estão entre 34,5 e 230 KV são classificados como subtransmissão e aqueles cujos níveis de tensão são inferiores à 34,5 KV são denominados ativos de distribuição. A análise foi realizada separadamente para os investimentos realizados em subtransmissão e em distribuição e posteriormente para o investimento total. Já considerando tanto os investimentos em renovação quanto em expansão. Os resultados encontram-se no gráfico 4:

Sensibilidade do Xe devido a Investimentos

0,8% 1,0% 1,2% 1,4% 1,6% -5% -4% -3% -2% -1% 0% 1% 2% 3% 4% 5%

Variação Percentual dos Investimentos

Va lo re s d e Xe Inv Total Inv Sub Inv Dist

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Os investimentos, independentemente se forem de subtransmissão ou de distribuição, alteram de forma semelhante o valor de Xe. Um aumento em suas parcelas corresponde a uma diminuição do Xe. O que já era de se esperar, uma vez que este representa um elemento de despesa no FCD. Além disso, para se ter um ganho de produtividade a empresa necessita atender a um aumento de demanda com um mínimo de investimentos e custos possíveis.

4. PROPOSTAS DE ALTERAÇÕES NA METODOLOGIA E SEUS IMPACTOS NAS RECEITAS DAS DISTRIBUIDORAS

Nesta seção serão analisados alguns aspectos na metodologia de cálculo do Xe e seus efeitos financeiros na receita da distribuidora. Estes aspectos específicos analisados são:

• Projeção do Mercado de Energia: serão utilizadas as projeções realizadas pelas próprias distribuidoras;

•Provisão para Devedores Duvidosos: será subtraída da parcela correspondente aos custos da ER; •Custos de ADM: serão projetados os custos correspondentes de acordo com as outras P&A´s. •Capital de Giro: será considerado como 1/12 da receita de distribuição (VPB) e

•Investimentos em Subtransmissão: análise do enquadramento do plano de investimento enviado à ANEEL e análise da proposta de se considerar os investimentos realizados no período anterior. Uma vez que a parcela da receita da distribuidora impactada diretamente pelo valor de X determinado pela ANEEL corresponde aos “custos gerenciáveis” da distribuidora, é imprescindível conhecer esse valor para se poder calcular o impacto na receita que a distribuidora sofrerá para cada alteração proposta.

As conseqüências para a distribuidora de uma alteração de valores das variáveis do Xe serão mais incisivas quanto maior for sua receita (VPB) e o seu período tarifário. Nota-se que este efeito é prolongado até a próxima revisão tarifária quando então serão recalculados a nova receita e o novo valor de Xe. No entanto, os componentes Xa e Xc e o IGPM são recalculados a cada reajuste anual e consequentemente o peso do Xe no valor final de X irá se alterar a cada reajuste. Logo, embora o efeito do Xe se estenda por todo o período tarifário, este afetará a receita da distribuidora de maneira diferente a cada ano.

Abaixo encontram-se os valores relativos à receita de distribuição considerada para a determinação do seu Xe e a duração do ciclo tarifário da ESCELSA :

Tabela 3 – Dados da ESCELSA

Empresa VPB Ciclo Tarifário

ESCELSA R$ 495.473.376,12 3 anos

4.1. Projeção do Mercado de Energia

A projeção de vendas de energia desempenha um papel fundamental na metodologia do FCD, norteando as projeções de outras variáveis importantes no FCD, como a receita, os custos e os investimentos em distribuição.

Apesar de sua importância, a ANEEL se utiliza de modelos de regressão linear por mínimos quadrados ponderados cujas variáveis explicativas são o PIB, o número de clientes e a série histórica de energia vendida. Não considerando nenhum aspecto local da concessionária. É obvio que as distribuidoras possuem mais informações e métodos mais eficientes para se estimar essa projeção de vendas no mercado em que atua. O que as concessionárias sugerem é que elas deveriam enviar e justificar corretamente as projeções de venda de energia, assumindo os riscos provenientes da evolução do mercado. No entanto, é importante que a ANEEL tenha um método para aferir possíveis manipulações com o intuito de diminuir o Xe.

A seguir encontram-se as projeções de mercado de energia determinadas pela ANEEL e as determinadas pela própria empresa.

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Projeção do Mercado de Energia 0 1.000.000 2.000.000 3.000.000 4.000.000 5.000.000 6.000.000 7.000.000 8.000.000 2004 2005 2006 2007 2008 Anos MW h ANEEL ESCELSA

Gráfico 5 – Projeções do Mercado de Vendas de Energia

Supondo que na última RTP as projeções das empresas fossem consideradas ao invés da projeção da ANEEL, o resultado para a ESCELSA seria:

Tabela 4– Impacto na Receita pela Alteração da Projeção do Mercado ESCELSA

Xe Fator X

ANEEL 1,2619% 1,7051%

Proposto 1,3533% 2,8025% Impacto na Receita R$ (588.126,46)

Para a ESCELSA foi vantajosa a estimação do mercado de vendas de energia determinado pela ANEEL. Pois se fosse utilizada sua própria projeção o seu valor de X seria maior acarretando em uma redução da receita de R$ 588.126,46 no primeiro reajuste.

4.2. Provisão para Devedores Duvidosos

A trajetória regulatória para a inadimplência estabelecida pela ANEEL para cada distribuidora na RTP é considerada como componente dos custos operacionais da distribuidora no cálculo do Xe pelo FCD. O que os consumidores alegam é que os custos com inadimplência não estão relacionados com a produtividade da empresa, logo este item deve ser retirado do cálculo do Xe. Esta consideração levaria a um impacto negativo à receita das distribuidoras como se observa nos resultados apresentados na tabela a seguir para a ESCELSA:

Tabela 5 – Impacto na Receita pela Alteração do PDD ESCELSA

Xe Fator X

ANEEL 1,2619% 1,7051%

Proposto 2,0983% 2,5911% Impacto na Receita R$ (4.389.917,02)

4.3. Custos da P&A de Administração

No cálculo do Xe são considerados os custos operacionais eficientes da distribuidora, advindos do método da Empresa de Referência. Estes custos estão segregados em O&M, COM e ADM como já mencionado anteriormente. A evolução destes custos depende da projeção da demanda de energia e da projeção do número de clientes.

Os P&A´s ainda são separadas em Pessoal e Material & Terceiros, de forma a se identificar quais são as parcelas de custos provenientes de mão-de-obra ou de materiais, serviços e outros (MSO). De acordo com a metodologia proposta pela ANEEL cada uma destas parcelas de custos serão projetadas de maneiras distintas de acordo com o P&A em que se incluem:

• P&A Operação e Manutenção: a projeção dos custos com pessoal é diretamente proporcional à taxa de crescimento do número de clientes e a projeção dos custos com MSO é proporcional à taxa de crescimento da demanda de energia elétrica;

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• P&A Comercialização: a projeção dos custos tanto de pessoal quanto de MSO é diretamente proporcional à taxa de crescimento do número de clientes e;

• P&A Administração: nesta P&A os custos com pessoal crescem à mesma proporção do

crescimento dos clientes enquanto que os custos com MSO permanecem constantes durante todo o período em análise.

Propõe-se neste item que os custos com MSO no P&A de administração também sejam projetados conforme a projeção do crescimento do número de clientes. Neste caso, isso fosse considerado, ter-se-iam os seguintes valores:

Tabela 6 – Impacto na Receita pela Alteração dos Custos de ADM ESCELSA

Xe Fator X

ANEEL 1,2619% 1,7051%

Proposto 1,0860% 1,5188% Impacto na Receita R$ 923.226,21

Esta medida aumentaria os custos projetados das empresas, consequentemente o seu Xe reduziria, beneficiando então as distribuidoras. Para a ESCELSA, esta alternativa representaria um benefício próximo de R$ 1 milhão a cada ano de reajuste.

4.4. Capital de Giro

Na Resolução nº 55 de 2004, que estabelece a metodologia do cálculo do Fator X, adotou-se como critério regulatório para o Capital de Giro (CG) um valor igual a 5% do valor da parcela B da distribuidora, sem os impostos. Este foi um ponto de grande discussão na Audiência Pública (AP) que resultou na metodologia atual. No entanto, segundo as distribuidoras o CG mais aderente à condição operacional das distribuidoras seria de aproximadamente 1/12 da receita total da distribuidora (VPB + VPA), sem os impostos.

Entendendo que este também pode ser um dos pontos a serem abordados nas próximas audiências públicas, foram feitas algumas simulações considerando esta alternativa. Porém, como o fator X está relacionado exclusivamente à parcela B da receita, a análise foi feita considerando o CG como 1/12 do VPB, sem impostos. Com esta medida as empresas teriam um maior benefício, como se pode perceber pelo resultado alcançado pela ESCELSA:

Tabela 7 – Impacto na Receita pela Alteração do CG ESCELSA Xe Fator X ANEEL 1,2619% 1,7051% Proposto 0,4484% 0,8434% Impacto na Receita R$ 4.269.724,41 4.5. Investimentos em Subtransmissão

Os investimentos necessários para a expansão do sistema de subtransmissão, (U > 34,5 kV) possuem características semelhantes aos sistemas de transmissão. Logo ao serem realizados investimentos nestas redes muitas vezes são necessários se considerar aspectos como a segurança e a confiabilidade do sistema, a conexão de novos geradores à rede de distribuição da empresa, à regulação de tensão, conexão de grandes consumidores, etc.

A metodologia aplicada para a projeção dos ativos em distribuição (U < 34,5 kV) baseia-se em leis teórico-empíricas como o incremento do valor do Ativo Imobilizado em Serviço (AIS) para atender o crescimento horizontal e vertical. Dadas as características pontuais do sistema de subtransmissão, esta metodologia não poderia ser aplicada. A ANEEL determinou então que as próprias distribuidoras enviassem seus planos de investimentos, estando apenas sujeitos a uma análise de razoabilidade.

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Duas discussões importantes e de extrema relevância para o valor final de X são comumente levantadas pelos diferentes agentes do setor elétrico. Os consumidores argumentam que devido à assimetria de informações entre agente regulador e regulado, pode existir alguma manipulação dos resultados apresentados do plano de investimento e por isso a ANEEL deveria considerar para o cálculo do Xe os investimentos efetivamente realizados no sistema no período tarifário anterior. Caso essa reivindicação fosse aceita no último processo de RTP, os seguintes resultados seriam obtidos:

Tabela 8 – Impacto na Receita pela Alteração dos Investimentos em Subtransmissão ESCELSA

Xe Fator X

ANEEL 1,2619% 1,7051%

Proposto 2,3824% 2,8921% Impacto na Receita R$ (5.881.040,20)

Por outro lado, as empresas distribuidoras argumentam que a ANEEL deveria considerar o devido enquadramento do plano de investimentos enviados pelas concessionárias a fim de calcular o Xe. Por meio de um exemplo real tratado no item 5 será possível se verificar o quanto o não enquadramento ao plano enviado pode influenciar o valor do Xe e consequentemente a receita da empresa.

4.6. Análise Agregada de Todas Proposições

Nos itens anteriores foram conferidas separadamente as influências de cada alteração proposta na metodologia do Xe na receita da ESCELSA. Uma simulação agregando todas as alterações foi feita com o propósito de se medir a influência total destas alterações no fator X da ESCELSA.

Tabela 9 – Impacto na Receita pela Alteração de todas as proposições em conjunto ESCELSA

Xe Fator X

ANEEL 1,2619% 1,7051%

Proposto 2,3275% 2,8339% Impacto na Receita R$ (5.592.892,85)

Caso todas essas alterações estivem sido incorporadas na metodologia no momento do cálculo do Xe da ESCELSA, esta sofreria uma redução dos seus índices de reajustes tarifários anuais devido ao maior valor de X, se comparado com o realmente calculado e aplicado.

5. Exemplo da Influência do Planejamento no Valor de Xe

As distribuidoras de energia elétrica devem, antes de suas respectivas revisões tarifárias, enviar um relatório técnico à ANEEL com o plano de investimentos em seu sistema de distribuição. Este relatório tem por finalidade subsidiar a determinação dos custos marginais dos níveis tarifários e também para se determinar o montante de investimentos previstos no sistema de subtransmissão para o cálculo do Xe.

Neste exemplo será tratado o planejamento realizado em uma distribuidora de pequeno porte. Os investimentos determinados para o sistema de Subtransmissão (34,5kV) representam um total de R$ 12.865, o mesmo valor considerado na planilha de cálculo do Xe. No entanto, a alocação destes investimentos durante os anos do ciclo tarifário (4 anos) considerados pela ANEEL, não corresponde à alocação determinada pelo planejamento.

De acordo com o plano de investimentos, seria necessário investir R$ 8.228.580 no primeiro ano e R$ 4.636.470 no segundo ano, enos últimos 2 anos nenhum investimento seria necessário. A ANEEL, por sua vez, estabeleceu uma trajetória para esses investimentos , considerando que 10% do investimento seriam realizados no primeiro ano, 20% no segundo, 30% no terceiro e 40% no quarto ano.

Esta diferença de alocação de investimentos afeta significativamente a determinação do Xe da distribuidora. Caso a ANEEL houvesse considerado o plano de investimento da maneira que a

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empresa havia estipulado, o Xe seria de -3,8272%,enquanto que o valor definitivo determinado pela ANEEL foi de 0,3896%.

6. CONCLUSÃO

O trabalho apresentou a importância de se analisar algumas sugestões propostas pelos diversos agentes do setor sobre alguns itens do cálculo do componente Xe, já que estes estão nas pautas de sugestões de AP anteriores e dos fóruns de discussão sobre a metodologia do Fator X para o próximo ciclo de revisão. Algumas conclusões importantes foram retiradas deste trabalho:

• A empresa distribuidora deve acompanhar de perto o processo de calculo do Xe para verificar se os resultados determinados pela ANEEL estão perfeitamente alinhados com a metologia do X estabelecido por resolução especifica. Qualquer desalinhamento pode ocasionar um impacto na receita da concessionária. Podendo tanto causar uma sobre ou uma sub-remuneração. • Estimar qual seria o impacto na receita da distribuição caso cada uma destas propostas fossem

implementadas separadamente e depois todas em conjunto;

• A importância da alocação do investimento em subtransmissão para o cálculo do Xe, em que verificou-se uma grande diferença nos valores de X.

Constata-se que a consideração dos aspectos acima é essencial para a análise do Xe frente às possíveis mudanças que podem existir em sua metodologia, beneficiando ou os consumidores ou as distribuidoras.

7.

AGRADECIMENTOS

Os autores gostariam de agradecer a contribuição da empresa ESCELSA, pelo apoio recebido durante a elaboração deste documento e pela disponibilização dos dados necessários para a implementação da planilha do Xe e para as análises realizadas.

8.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 MOREIRA SANTOS, A. H, Metodologia de Cálculo do Fator X para Concessionária de Energia Elétrica, UNIFEI, Itajubá / MG, 2003.

2 ANUATTI NETO, F., ROBERTO PELIN, E., PEANO, C., O Papel do Fator X na Regulação por Incentivos e a Conciliação da Manutenção do Equilíbrio Econômico-Financeiro, FIPE, São Paulo / SP, 2004.

3 RESOLUÇÃO ANEEL Nº. 55/2004, Estabelece a metodologia do cálculo do fator x na revisão tarifária periódica da concessionária do serviço público de distribuição de energia elétrica, .Diário Oficial (da República Federativa do Brasil), Brasília, 2004.

4 NOTA TÉCNICA SRE/ANEEL Nº. 135/2004,Revisão tarifária periódica da concessionária de distribuição de energia elétrica Espirito Santo Centrais S/A - ESCELSA, Brasília, 2004.

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