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Análise ambiental dos sistemas de produção de suínos na Bacia Hidrográfica U-30: estudo de caso.

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Academic year: 2021

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Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação Departamento de Estudos Agrários

Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais

CURSO DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO

ROSICLER ALONSO BACKES

ANÁLISE AMBIENTAL DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS NA BACIA HIDROGRÁFICA U-30: ESTUDO DE CASO.

IJUÍ/RS 2013

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ROSICLER ALONSO BACKES

ANÁLISE AMBIENTAL DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS NA BACIA HIDROGRÁFICA U-30: ESTUDO DE CASO.

Dissertação apresentada ao curso de pós-graduação Stricto Sensu em Desenvolvimento – Mestrado em Desenvolvimento, para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI.

Orientadora: Drª Sandra Beatriz Vicenci Fernandes

Ijuí/RS 2013.

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B126a Backes, Rosicler Alonso.

Análise ambiental dos sistemas de produção de suínos na Bacia Hidrográfica U-30 / Rosicler Alonso Backes. – Ijuí, 2013. –

96 f. : il. ; 29 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Desenvolvimento.

“Orientadora: Sandra Beatriz Vicenci Fernandes”.

1. Suinocultura. 2. Licenciamento ambiental. 3. Impactos ambientais. I. Fernandes, Sandra Beatriz Vicenci. II. Título.

CDU: 636.4 Catalogação na Publicação

Tania Maria Kalaitzis Lima CRB10/1561

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A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação A ANNÁÁLLIISSEEAAMMBBIIEENNTTAALLDDOOSSSSIISSTTEEMMAASSDDEEPPRROODDUUÇÇÃÃOODDEESSUUÍÍNNOOSSNNAA B BAACCIIAAHHIIDDRROOGGRRÁÁFFIICCAAUU--3300::EESSTTUUDDOODDEECCAASSOO elaborada por

ROSICLER ALONSO BACKES

como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento

Banca Examinadora:

Profa. Dra. Sandra Beatriz Vicenci Fernandes (UNIJUÍ): _____________________________

Profa. Dra. Jana Koefender (UNICRUZ): _________________________________________

Prof. Dr. Dagmar Camacho Garcia (UNIJUÍ): ______________________________________

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A Deus por ter me concedido proteção, força e coragem nas viagens semanais e pela oportunidade de realização desse mestrado

A Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul, UNIJUI, ao programa de Pós Graduação Mestrado em Desenvolvimento, pelos momentos compartilhados e a todos os professores que fizeram parte dessa caminhada. A vocês meu agradecimento e reconhecimento pelo seu trabalho.

A CAPES, Coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior, pela concessão da bolsa, meu sincero agradecimento.

A minha família, especialmente ao meu esposo Edson Luiz Backes e ao meu filho Guilherme Luiz Alonso Backes pelo carinho e compreensão. A vocês minha demonstração do meu amor.

A orientadora, Professora Drª Sandra Vicenci Fernandes um forte agradecimento por todos os momentos de paciência, compreensão e muita competência. Só posso dizer-lhe que aprendi muito nessa caminhada e nesse período de convivência, demonstrando ser mais que uma professora orientadora, mas uma grande amiga.

A todos aqueles que de uma maneira ou de outra contribuíram para que este percurso pudesse ser concluído, a participação de entidades e pessoas entrevistadas, meu agradecimento pela colaboração e que sem elas esse trabalho não teria sido possível.

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“RECUSO-ME A ACREDITAR QUE A TERRA, QUE TEM 4,3 MILHÕES DE ANOS,

TENHA CAMINHADO ATÉ A NOSSA GERAÇÃO OU UMA PRÓXIMA PARA ACABAR ASSIM DE UMA FORMA TÃO MISERÁVEL. MAS DESTA VEZ NÃO HAVERÁ UMA ARCA DE NOÉ: OU NOS SALVAMOS TODOS OU NOS PERDEMOS TODOS.”

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RESUMO

Esta pesquisa analisou a possível sustentabilidade ambiental nas propriedades suinícolas, na região da Bacia hidrográfica U-30, no noroeste do estado do Rio Grande do Sul, com ênfase nos problemas ligados aos dejetos suínos. O foco principal é a disposição dos dejetos e a eficiência do licenciamento ambiental como instrumento regulador da atividade. A pesquisa tem caráter quantitativo e qualitativo valendo-se de visitas a propriedades rurais, identificação dos problemas e entrevistas aos órgãos ambientais do estado do Rio Grande do Sul. Observou-se a dificuldade de tornar a atividade sustentável ambientalmente, pelo manejo nem sempre adequado dos dejetos, o uso como biofertilizante sem critérios e as dificuldades com as questões legais de adequação da atividade nas propriedades para obter o licenciamento. Os impactos negativos geram conflitos, sendo que agricultores, agroindústrias e integradoras responsáveis pela degradação, protagonizam uso dos bens naturais que pertencem por direito ao coletivo, prevalecendo os interesses econômicos sobre a qualidade do solo, água e ar, bens de interesse coletivo. Cada categoria exerce um impacto distinto e tem recursos também diferenciados para resolver o problema gerado. Uma nova postura dos suinocultores é necessária, associada à responsabilização de todos os atores que contribuem de forma efetiva para a atual situação ambiental da suinocultura, especialmente as empresas integradoras, uma vez que a atividade tem como forte característica a poluição da água, do solo e do ar, se não for manejada adequadamente. Esta pesquisa analisou os recentes impactos ambientais ocorridos a e configuração dos problemas ambientais ocasionados, associados aos parâmetros legais. Como assegurar a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento socioeconômico na atividade da suinocultura na região que abrange a bacia hidrográfica U-30 no estado do Rio Grande do Sul, dentro dos padrões da legislação ambiental e o que é necessário para melhorar a dimensão ambiental da atividade da suinocultura, é a proposta desse trabalho.

Palavras-chave:

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ABSTRACT

This research examined the possible environmental sustainability in the pig properties in the catchment area of U-30, in the northwest of the state of Rio Grande do Sul, with emphasis on issues related to manure. The main focus is the disposal of waste and efficiency of environmental licensing as a regulatory instrument activity. The research is quantitative and qualitative character drawing on visits to farms, identification of problems and interviews with environmental agencies of the state of Rio Grande do Sul observed the difficulty of making environmentally sustainable activity, not always suitable for the management of waste, use as biofertilizer without criteria and difficulties with the legal issues of appropriateness of the activity in the properties to obtain licensure. Negative impacts generate conflicts, and farmers, agribusinesses and integrators responsible for degradation protagonists use of natural resources that rightfully belong to the collective, prevailing economic interests on the quality of soil, water and air assets of collective interest. Each category has a different impact and has also differentiated resources to solve the problem generated. A new position of pig farmers is necessary, associated accountability of all actors that contribute effectively to the current environmental situation of swine, especially integrators, since the activity has the strongest feature water pollution, soil and the air, if not handled properly. This research analyzed the recent environmental impacts occurring to and setting of environmental problems caused, associated legal parameters. How to ensure environmental sustainability and socioeconomic development in the activity of the swine in the region covering the watershed U-30 in the state of Rio Grande do Sul, within the standards of environmental legislation and what is needed to improve the environmental dimension of the activity of swine, is the purpose of this study.

Keywords:

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01: Ranking e variação anual de abate de suínos ... 21

FIGURA 02: Evolução do abate de suínos por trimestre – Brasil... 22

FIGURA 03: Municípios que compõem a bacia hidrográfica U 30 ... 24

FIGURA 04: Uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica U 30... 27

FIGURA 05: Mapeamento – Unidades de planejamento ao descarte de dejetos na bacia Hidrográfica U 30 ... 28

FIGURA 06: Aspecto de esterqueira sem impermeabilização do solo ... 51

FIGURA 07: Aspecto de rachaduras e vazamentos na canaleta ... 51

FIGURA 08: Aspecto de vazamento de dejetos ... 51

FIGURA 09: Vazamento da tubulação de PVC ... 51

FIGURA 10: Canaleta, com altura insuficiente... 51

FIGURA 11: Aspecto de vazamento da canaleta de dejetos ... 51

FIGURA 12: Vazamento de dejetos de esterqueira de alvenaria ... 52

FIGURA 13: Falta de ancoramento da lona de PAD. (Polietileno de alta densidade) ... 52

FIGURA 14: Vazamento em canaleta ... 52

FIGURA 15: Capacidade de depósito insuficiente ... 52

FIGURA 16: Transbordamento da esterqueira por erro na operação e capacidade de armazenamento ... 52

FIGURA 17: Esterqueira sem impermeabilização do solo com lona PAD ... 52

FIGURA 18: Vazamento de dejetos da tubulação de PEAD ... 53

FIGURA 19: Fluxo de dejetos para fora da canaleta de dejetos ... 53

FIGURA 20: Vazamento sistemático de dejetos ... 53

FIGURA 21: Canaletas de transporte dos dejetos insuficiente para a vazão produzida ... 53

FIGURA 22: Falta de impermeabilização e erros de operação na retirada dos dejetos ... 53

FIGURA 23: Transbordamento da canaleta por altura insuficiente ... 53

FIGURA 24: Disposição de carcaças de animal morto na esterqueira de dejetos ... 54

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FIGURA 28: Esterqueira com mangueira fazendo o despejo no rio: ... 55

FIGURA 29: Morte de peixes ocasionados pelo despejo de dejetos no rio ... 55

FIGURA 30: Biodigestor com equipamento de queima de metano ... 64

FIGURA 31: Produção de Biogás e aproveitamento de dejetos ... 65

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Produção mundial de carne suína ... 19

Tabela 2: Exportação mundial de carne suína ... 19

Tabela 3: Dados referentes ás sub bacias hidrográficas que compõem a U 30 ... 25

Tabela 4: Classes de aptidão ao descarte de dejetos suínos ... 28

Tabela 5: Composição química média dos dejetos suínos ... 32

Tabela 6: Níveis de nutrientes e coliformes fecais aceitáveis para lançamento de efluente de suínos em curso d’água no RS ... 33

Tabela 7: Produção média diária de dejetos nas fases produtivas ... 34

Tabela 8: Eficiência da lagoa de aguapé na remoção da carga orgânica e nutrientes ... 68

Tabela 9: Eficiência combinada na remoção da carga orgânica e nutriente do decantador ... 68

Tabela 10: Estimativa da produção de dejetos suínos X área necessária para aplicação dos dejetos ... 71

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACSURS - Associação de criadores de suínos do estado do Rio Grande do Sul APPs – Áreas de Preservação Permanente

ART – Anotação de Responsabilidade Técnica CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio.

DQO – Demanda Química de Oxigênio.

EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural FARSUL- Federação da Agricultura do Estado do Rio grande do Sul.

FAO- Food and Agricultura Organization (Organização das nações unidas para alimentação e agricultura).

FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler – RS.

GESAMP- Joint Group of Experts on the Scientific (Grupo de especialistas em aspectos científicos de proteção ambiental).

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

PIB – Produto Interno Bruto.

PNMA – Politica Nacional do Meio Ambiente.

ROLAS- Rede Oficial de Laboratórios de Análise de Solos. SAU – Superfície Agrícola Útil

SEAPA RS - Secretaria da Agricultura e do Agronegócio do Estado do Rio Grande do Sul SEMA RS – Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul. SIPS RS- Sindicato das Indústrias de Produtos suínos do Estado do Rio Grande do Sul UBP – Valor Bruto de Produção

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 13

1. VISÃO GERAL DA ATIVIDADE DA SUINOCULTURA ... 17

1.1. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DA SUINOCULTURA ... 17

1.2. IMPORTÂNCIA DA SUINOCULTURA NO RIO GRANDE DO SUL ... 20

2. DESCRIÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA U-30 E ASPECTOS METODOLÓGICOS ... 23

2.1 COLETA DE DADOS ... 29

3. A PROBLEMÁTICA DOS DEJETOS DE SUINOS, ASPECTOS E IMPACTOS DA SUINOCULTURA ... 31

4. O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE REGULAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA E GESTÃO AMBIENTAL ... 35

4.1 MUNICIPALIZAÇÃO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL PARA AS ATIVIDADES DE IMPACTO LOCAL ... 37

4.2 ASPECTOS TÉCNICOS QUE NORTEIAM O LICENCIAMENTO AMBIENTAL ... 38

4.3 CONTROLE DA CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DO PROGRAMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – PNMA ... 39

4.4 GEORREFERENCIAMENTO DA SUINOCULTURA E IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS PARA ACOMPANHAMENTO AMBIENTAL ... 40

5. O PAPEL DAS INTEGRADORAS NA PRODUÇÃO DE SUÍNOS E O COMPROMISSO AMBIENTAL ... 42

5.1 EXTERNALIDADES E A RELAÇÃO COM A SUINOCULTURA ... 45

6. DESCREVENDO OS IMPACTOS AMBIENTAIS DA SUINOCULTURA NA BACIA HIDROGRÁFICA U-30 ... 49

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7.1 TECNOLOGIA E TRATAMENTO PARA O APROVEITAMENTO DOS DEJETOS

SUÍNOS ... 61

7.1.1 Armazenagem dos Dejetos de Suínos ... 62

7.1.2 Tratamento dos Dejetos Suínos ... 66

7.1.3 Compostagem como Medida de Controle ... 68

7.2 DEJETOS SUÍNOS COMO FERTILIZANTE DO SOLO CONTRIBUINDO PARA A DIMINUIÇÃO DA POLUIÇÃO ... 69

8. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL, BARREIRAS E FUTURO DA SUINOCULTURA .... 73

CONCLUSÃO ... 79

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 81

(15)

INTRODUÇÃO

A preocupação com a conservação dos recursos naturais entrou definitivamente para a pauta de discussão de todos os segmentos da sociedade. Todas as camadas sociais estão sujeitas ao enfrentamento de efeitos advindos do desequilíbrio ambiental que se faz sentir. Os setores de produção, principalmente de alimentos, estão sendo instados a se adequarem ambientalmente a fim de causarem menores impactos ao ambiente e consequentemente ao homem.

Embora essa adequação das atividades seja lenta e onerosa, ela deve ser encarada de maneira firme e com resultados visíveis, para que os passivos ambientais gerados pelas atividades produtivas, não inviabilizem a recuperação e/ou compensação dos recursos naturais atingidos. As contribuições e mudanças para a modernização produtiva e ambiental da atividade podem advir de entidades de pesquisa, órgãos públicos, além dos setores fiscalizatórios, que além de buscar novas tecnologias e normatizações que resultem em menor impacto possível da atividade, também tem o papel de resguardar a sociedade e o meio ambiente do passivo gerado pelo setor.

Em se tratando da Suinocultura, constata-se que a atividade passou e vem passando por profundas alterações tecnológicas nos últimos anos, visando principalmente o aumento da produtividade e redução nos custos de produção. A produtividade, por animal e por área em confinamento, aumentou consideravelmente, produzindo-se grandes quantidades de dejetos em pequenos espaços de área, surgindo como um sério risco ao ambiente. Simultaneamente a essa mudança, agravaram-se os problemas ambientais.

A produção excessiva de dejetos com alta carga orgânica e concentração de metais pesados como Zinco e Cobre pode contaminar o perfil do solo e percolar até o lençol freático, onde acaba contaminando também as águas subterrâneas e superficiais decorrente da

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lixiviação do nitrato e também pelo carreamento de fosfatos, favorecendo a eutrofização, além da contaminação por microrganismos patogênicos.

A utilização dos dejetos de suínos como fertilizante agrícola, esterqueiras mal dimensionadas, instalações com problemas técnicos e a má utilização e aproveitamento da água, acabaram contribuindo ainda mais para o agravamento dos problemas de contaminação dos recursos hídricos, do solo e do ar, degradando o meio ambiente em todas as suas esferas.

A água é um recurso natural fundamental, e a sua contaminação oriunda de dejetos da atividade ou o uso indiscriminado no manejo das instalações é inaceitável. Para tornar áreas rurais sustentáveis precisam-se exercer as atividades agropecuárias de forma consciente e continua, cuidando do ambiente físico, com o objetivo de conservar e aumentar a produtividade, mas preservando o solo, observando-se a qualidade da água, a sobrevivência dos animais do respectivo nicho ecológico (microfauna e macrofauna), as reservas de florestas entre outras ações. A busca da qualidade ambiental dentro de uma bacia hidrográfica depende de princípios básicos para subtrair os impactos no meio ambiente.

Para a manutenção dos sistemas ambientais físicos, os públicos alvos necessitam de investimentos em capacitação na área de boas práticas na agropecuária, aliada a um planejamento completo e a um gerenciamento dos ativos naturais. Procura-se abordar nessa pesquisa várias questões relacionadas ao exercício da atividade de licenciamento ambiental, em que a dimensão dos problemas constatados ressalta o interesse em investigar as consequências desta atividade, advindos de uma ocupação desordenada, com pouco ou nenhum planejamento, incentivados pelo crescimento econômico.

Um segmento fortemente implicado no equacionamento dessa problemática são as empresas integradoras que precisam redefinir conceitos em relação á produção e consumo. Esses conceitos devem se alicerçar na qualidade dos alimentos e na observância das formas sustentáveis de produção, tendo em vista sua evidente relação. Destacam-se as inovações tecnológicas e principalmente a introdução da produção intensiva de animais em pequenos espaços de áreas que acabam acarretando fortes impactos negativos ao meio ambiente se constituindo em barreiras à implementação de práticas que conduzam ao desenvolvimento sustentável.

Os avanços tecnológicos na atividade não tem contemplado com igual intensidade a questão da disposição e tratamento dos resíduos. A suinocultura é classificada pelos órgãos de fiscalização e proteção ambiental, como uma das atividades de grande potencial poluidor, face ao elevado número de contaminantes contidos nos seus efluentes, acessível por um conjunto de indicadores ambientais, como DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), DQO (Demanda

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Química de Oxigênio), microorganismos patogênicos, cuja ação individual ou combinada, representa uma fonte potencial de contaminação e degradação dos recursos naturais.

Na produção de suínos, em função da alta concentração dos rebanhos, os dejetos podem exceder a capacidade de absorção dos ecossistemas locais, sendo que a poluição causada é responsável por vários problemas de saúde pública, entre eles, o aparecimento de doenças como verminoses, alergias, hepatites, hipertensão, câncer de estômago, entre outras doenças (PNMA, 2004). Também acarreta o desconforto na população com a proliferação de moscas, simulídeos, maus odores e principalmente a degradação dos recursos naturais, pelo manejo equivocado dos dejetos, causando seu carreamento aos corpos hídricos, ocasionando a morte de peixes e animais, toxicidade em plantas, eutrofização de rios, colocando em risco à sustentabilidade ambiental e a expansão da suinocultura como atividade econômica.

Destaca-se o licenciamento ambiental, como um dos principais instrumentos de política ambiental, se não o principal, a fim de regular a relação entre atividade econômica e a proteção ambiental. Entretanto, o mesmo, tem sido alvo de grandes polêmicas pelo conjunto de restrições que impõem ao livre exercício das atividades econômicas. O custo representado pelo conjunto de procedimentos necessários à adequação ambiental é considerado elevado e muitos agricultores enfrentam dificuldades em cumprir os requisitos legais, por dificuldades financeiras.

Os instrumentos de política ambiental que foram propostos pela Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, tem o objetivo central de chegar a um equilíbrio entre atividades produtivas e a degradação ambiental. Nesse sentido, o licenciamento ambiental de atividades potencialmente poluidoras é uma das principais medidas do PNMA, entretanto, ainda há uma relativa distância entre a efetiva ação deste instrumento e a realidade das propriedades rurais, em especial aquelas voltadas à atividade suinícola de pequeno porte.

Relatórios de monitoramento de análises químicas das águas da referida bacia,

coordenado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental do RS (FEPAM),mostram que os rios que formam a mesma, estão contaminados por coliformes fecais provenientes de dejetos de suínos, considerados pelos órgãos ambientais como um dos mais sérios problemas do meio rural na atualidade. Com isso faz com que se compreenda a necessidade da adequação da suinocultura aos padrões ambientais vigentes, a partir dos impactos ambientais negativos causados pela disposição inadequada dos dejetos que é o objetivo principal da investigação.

Há a necessidade da observação dos problemas ambientais decorrentes da suinocultura na região noroeste do Rio Grande do Sul e nos municípios que abrangem a bacia hidrográfica U-30, vinculados ao segmento das propriedades rurais. Os mesmos afetam e intervém de

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maneira negativa ao meio ambiente, em função de ausência ou de ajustamento proposto pelo licenciamento ambiental, destacando-o como instrumento de comando e controle, diminuindo assim o impacto ambiental da atividade.

Impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais. (CONAMA, 1986)¹.

A partir desse conceito, busca-se promover uma reflexão como propósito de alertar para a necessidade da continuidade nas ações que visem a melhorias nos aspectos ambientais em relação à disposição dos dejetos gerados e seu aproveitamento, visando o bem estar coletivo e os anseios da população e o consequente alinhamento da atividade aos pressupostos do desenvolvimento sustentável.

O presente trabalho estrutura-se numa abordagem introdutória, apresentando o tema e tem sequencia, no primeiro tópico, um breve relato acerca da importância econômica da suinocultura em nível mundial e nacional, e também para o estado do Rio Grande do Sul.

Aborda-se a seguir o contexto da bacia hidrográfica U 30 e os aspectos metodológicos adotados nesta pesquisa, constituindo o segundo tópico. Em sequencia, descreve-se a problemática dos dejetos, compreendendo os aspectos e impactos da suinocultura.

No quarto tópico, aborda-se o licenciamento ambiental como instrumento de comando e controle que regula a suinocultura. Abordam-se também aspectos da municipalização do licenciamento ambiental e suas implicações. No quinto tópico atenta-se para a responsabilidade das integradoras, papel desempenhado e a pressão imposta pelas mesmas, responsável pelo aumento da produção de suínos em detrimento da qualidade ambiental.

No sexto tópico relatam-se os impactos causados pela suinocultura ao ambiente, constatados na realidade regional da bacia hidrográfica U 30.

No tópico sétimo aborda-se em breve relato a tecnologia disponível e a empregada para tratamento dos dejetos com ênfase na utilização como biofertilizante visando assegurar destino final correto aos resíduos produzidos.

No tópico oito aborda-se a legislação ambiental, as barreiras e futuro da suinocultura, finalizando com uma síntese de considerações.

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CAPÍTULO 1- VISÃO GERAL DA ATIVIDADE DA SUINOCULTURA.

1.1- ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DA SUINOCULTURA.

A atividade suinícola compreende um rebanho mundial de 787 milhões de cabeças e representa 40% do total da carne consumida, constituindo-se na principal fonte de proteína animal consumida no planeta. No ano de 2009, foram produzidos 100.318 milhões de toneladas. A China é o maior produtor de carne suína, com uma participação de 49%, seguida pela União Europeia, 22%, e pelos Estados Unidos, com 10% do total produzido no mundo. (CEPA, 2010).

A produção mundial de suínos tem aumentado constantemente para atender a demanda, sendo que este aumento foi de 75% durante o período de 1960 a 2001 e estudos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontam que a produção de carne suína deverá crescer a taxas anuais de 1,5% no período compreendido entre 2003 e 2013. A previsão é de que o crescimento irá acontecer predominantemente em países em desenvolvimento, e nesses países a produção crescerá a taxas anuais de 2 %, enquanto nos países ricos, membros da OCDE, a taxa de crescimento provável não será superior a 0,8 % ao ano (SEGANFREDO, 2007).

Nos Estados Unidos, o número de grandes propriedades tem crescido em proporções significativas, de forma que a maior parte do mercado é controlada por granjas com mais de 2.000 cabeças. Outra tendência que se verifica nesse país é a produção de suínos por meio de contratos de produção: o empreendedor produz o suíno de acordo com as especificações de uma companhia e em retorno recebe um preço garantido pelo produto. Estima-se que 70 % dos suínos comercializados no país estejam sob o regime de contratos de produção (MIRANDA, 2005). A questão ambiental é tratada fortemente, pois todas as granjas são monitoradas semestralmente, com relatórios de impacto ambiental, emitidos pelos órgãos fiscalizadores e também a aprovação de novas granjas fica submetida a reuniões e avaliações não só nos aspectos legais, mas em concordância com a comunidade em que a granja será instalada, com o objetivo principal de evitar danos ambientais, sobrecargas de animais ao ambiente e com a qualidade de vida da comunidade em questão.

A suinocultura brasileira, a exemplo de outras cadeias produtivas do agronegócio, cresceu muito nos últimos anos. Esse crescimento é notado quando se analisa os vários indicadores econômicos e sociais, o volume de exportações, participação no mercado mundial, número de empregos diretos e indiretos, entre outros. A criação de suínos do

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passado evoluiu também na tecnologia adotada atualmente, nos insumos, na informação dos produtores rurais, nas agroindústrias e consumidores, passando a ser uma cadeia de produção de grande importância social e econômica, ocupando lugar de destaque na economia brasileira.

O Brasil tem um índice em torno de quatro suínos por quilômetro quadrado, sendo que essa densidade de animais por unidade de área pode ser considerada baixa, segundo dados do ano de 2007. No entanto, essas médias nacionais não se constituem em bons indicadores da real pressão da atividade sobre os recursos naturais, haja vista que a produção concentra-se em determinadas regiões e, além disso, o critério mais adequado para se avaliar essa concentração é aquele que considera o rebanho total comparativamente à Superfície Agrícola Útil - SAU, (SEGANFREDO, 2007).

É o quarto maior produtor mundial de carnes e um dos principais exportadores. Esta posição destacada reflete todos os esforços realizados pelos produtores brasileiros e o governo na área da genética, nutrição, gestão e atenção aos padrões mundiais de qualidade. Como se

pode ver na tabela 1 e tabela 2, oBrasil é o quarto produtor de carne suína ficando atrás da China, União Europeia e Estados unidos, nesta ordem.

Nos últimos anos, a suinocultura, no Brasil, tem ganhado ainda mais importância, principalmente no mercado internacional, por algumas vantagens comparativas que tornam a atividade competitiva no cenário externo. Com um sistema produtivo baseado na integração vertical, demanda pelas agroindústrias, e com disponibilidade de insumos básicos para a produção, principalmente de grãos essenciais como soja e milho, e investimentos em tecnologia, a produção de suínos no Brasil tornou-se competitiva com outros países.

As exportações foram a principal causa do aumento da produção de suínos no Brasil no período de 2003 a 2009 em atendimento a demanda externa; a produção brasileira foi exportada para mais de 70 países. A boa qualidade da carne e baixo custo foram os principais fatores deste aumento, mas nos anos de 2010 e 2011 caiu em função de condições comerciais (Ministério da Agricultura, 2011).

Segundo o Ministério da Agricultura do Brasil, o aumento da suinocultura será de 3,054 milhões de toneladas, podendo chegar a 4,3 milhões de toneladas em 2018, com um aumento de 38,7%. De acordo com a OCDE/FAO, no mesmo período a produção suína mundial aumentará 21,8%, a avícola 21,5% e a bovina 18,6%. Se compararmos as duas perspectivas, verifica-se o dobro do aumento da produção de carne no Brasil que no resto do mundo segundo a Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico e a Food and Agriculture Organization (OCDE/FAO, 2010).

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Tabela 1: Produção Mundial de carne suína (Mil t - em equivalente-carcaça). País 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 China 42.386 43.410 45.553 46.505 42.878 46.205 48.905 50.000 49.500 U. Europeia - 27 21.712 21.753 21.676 21.791 22.858 22.596 22.159 22.250 22.530 Estados Unidos 9.056 9.313 9.392 9.559 9.962 10.599 10.442 10.052 10.278 Brasil 2.560 2.600 2.710 2.830 2.990 3.015 3.130 3.170 3.227 Rússia 1.710 1.725 1.735 1.805 1.910 2.060 2.205 2.270 1.965 Vietnã 1.257 1.408 1.602 1.713 1.832 1.850 1.850 1.870 1.960 Canadá 1.730 1.780 1.765 1.748 1.746 1.786 1.789 1.750 1.753 Japão 1.260 1.272 1.245 1.247 1.250 1.249 1.310 1.280 1.255 Filipinas 1.145 1.145 1.175 1.215 1.250 1.225 1.240 1.255 1.260 México 1.035 1.064 1.103 1.109 1.152 1.161 1.162 1.161 1.170 Coreia do Sul 1.149 1.100 1.036 1.000 1.043 1.056 1.062 1.097 835 Outros 5.329 5.265 5.336 5.504 5.714 5.240 5.219 5.352 5.394 Total 90.329 91.835 94.328 95.026 94.585 98.042 100.473 101.507 101.127

Fonte: USDA / Abipecs,2011.

Tabela 2: Exportação Mundial de carne suína (Mil t - em equivalente-carcaça)

País 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Estados Unidos 779 989 1.209 1.359 1.425 2.110 1.857 1.916 2.246 U. Europeia - 27 1.140 1.302 1.143 1.285 1.286 1.727 1.415 1.754 2.000 Canadá 975 972 1.084 1.081 1.033 1.129 1.123 1.159 1.160 Brasil 603 621 761 639 730 625 707 619 582 China 397 537 502 544 350 223 232 278 260 Chile 80 103 128 130 148 142 152 130 140 México 48 52 59 66 80 91 70 78 75 Austrália 77 62 56 60 54 48 40 41 42 Belarus 14 15 24 37 15 32 17 30 20 Ucrânia 20 16 11 3 2 0 0 1 16 Vietnã 12 22 19 20 19 11 13 14 10 Outros 45 39 31 37 34 35 33 23 23 Total 4.190 4.730 5.027 5.261 5.176 6.173 5.659 6.043 6.574

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A Associação de criadores de suínos do Rio Grande do Sul, ACSURS, relata que as perspectivas de crescimento da produção mundial e brasileira de carne suína estimada no período de 2008 a 2018, terá um incremento que passará de 3,05 para 4,3 milhões de toneladas.

1.2- IMPORTÂNCIA DA SUINOCULTURA NO RIO GRANDE DO SUL.

O Brasil possui o quarto plantel de suínos do mundo, com um efetivo de 34 milhões, sendo que o estado do Rio Grande do Sul participa com aproximadamente seis milhões de cabeças, segundo dados da Associação de Criadores se Suínos do Estado do Rio Grande do Sul (ACSURS, 2011), sendo um dos estados produtores de grande relevância na atividade, o que lhe assegura a segunda posição de maior produtor de suínos do País. Esta atividade é de grande relevância social para as regiões produtoras, contribui economicamente no cenário estadual, mas também compromete a qualidade ambiental, poluindo e afetando negativamente o meio ambiente nas regiões produtoras.

Um aspecto da importância da suinocultura diz respeito à sua participação no Produto Interno (PIB). Tendo por base os dados do Núcleo de Contabilidade Social da Fundação de Economia e Estatística do Estado do Rio Grande do Sul (FEE/RS), o valor Bruto da Produção (VBP) de suínos é igual ou supera o VBP de todos os outros itens de produção da agropecuária, com exceção de bovinos.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2011), o maior efetivo de suínos encontra-se no Sul do país (48,6%). Santa Catarina participa com 20,3% de todo o efetivo nacional, seguido pelo estado do Rio Grande do Sul com 14,4%, Paraná em 13,9% e Minas Gerais 12,8%, dados esses que se modificam anualmente.

A Região Sul no 1º trimestre de 2012 respondeu por 66,4% do abate nacional de suínos, seguida pelas Regiões Sudeste (16,7%), Centro-Oeste (15,7%), Nordeste (1,2%) e Norte (0,1%). Todas as Unidades da Federação das Regiões Sul, Sudeste (exceto Espírito Santo) e Centro-Oeste apresentaram aumento do número de cabeças abatidas no comparativo dos primeiros trimestres 2012/2011. A Figura1 relaciona o ranking e a variação anual do abate de suínos nos primeiros trimestres 2011 e 2012 das principais Unidades da Federação com abate de suínos (IBGE, 2011). Também a título de informação, se registra dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), que indicam que a exportação brasileira de carne suína no 1° trimestre de 2012 foi mais alta em volume e mais baixa em faturamento do que no mesmo

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período do ano anterior, devido à queda do preço médio internacional do produto, conforme a Figura 2.

Os últimos dados (ACSURS, 2012) revelam que a suinocultura é responsável pelo sustento de 599.916 mil pessoas de forma direta e indireta no Estado, o que corresponde em torno de 176 mil famílias, ou seja, 5,5% da população gaúcha, e está presente em 308 municípios. Também dados da ACSURS, sinaliza que a suinocultura é uma atividade em destaque e que somente o Rio Grande do Sul é responsável pela geração de mais de 14,3 mil empregos diretos e 164.534 empregos indiretos, envolvendo mais de 50 mil produtores.

Figura 1: Ranking e variação anual do abate de suínos - Unidades da Federação - primeiros trimestres de 2011 e 2012.

Fonte: IBGE, 2012.

A suinocultura no Rio Grande do Sul tem importância fundamental no contexto socioeconômico do estado relacionado aos fatores de localização, renda, social, agrícola, tecnologia e economia dos municípios. Quanto ao fator de localização, está presente em 80% das propriedades rurais de economia familiar e representa uma importante fonte de geração de renda para a propriedade, gerando trabalho e renda também para terceiros. Já o fator agrícola, fortalece a agricultura, pois está relacionada a cadeia do milho e soja, gerando também demanda de insumos e fortalecendo as atividades do comércio. A transferência de tecnologia torna-se um fator relevante onde confere ao produtor conhecimento e melhora na qualidade

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genética dos suínos, aliando-se a esses fatores o fortalecimento da receita pública de várias dezenas de municípios do estado.

Figura 2: Evolução do abate de suínos por trimestre - Brasil - trimestres de 2007-2012. Fonte: IBGE,2012.

O cenário da suinocultura no Rio Grande do Sul, não é diferente do cenário da atividade no país onde se identifica que os problemas e ameaças estão relacionados a pontos comuns como segurança sanitária, produção e custo de milho e soja, capacidade de modernização tecnológica, desvantagens competitivas de origem fiscal e o ponto crucial em questão que é o licenciamento ambiental como instrumento de controle da atividade.

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CAPÍTULO 2 - DESCRIÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA U- 30 E ASPECTOS METODOLÓGICOS.

A pesquisa é de natureza aplicada, a qual é desenvolvida com os problemas da realidade, centrada em temas de interesse da sociedade e, no caso específico, com o propósito de abordar os impactos da suinocultura ao ambiente e propor soluções. Envolve verdades e interesses locais, no caso a degradação do meio ambiente causada pela suinocultura na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul.

Do ponto de vista da forma de abordagem é quali-quantitativa, conforme autores como Gil (1999), Oliveira (1997) e Minayo (1994), considerando-se aspectos quantitativos nessa pesquisa a utilização de dados estatísticos, tamanho das áreas são dados abordados para a definição do problema. O caráter qualitativo justifica-se porque considera a interpretação de fenômenos e analise indutivamente associada a construção de um conhecimento, ou seja, ela se preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado.

Classifica-se, quanto aos seus objetivos, como pesquisa exploratória, proporcionando familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico, trocas de conhecimento com pessoas que tiveram experiências e vivências, práticas com o problema proposto pela pesquisa, análise e estimulando a compreensão. Também é uma pesquisa descritiva, pois descreve e analisa as desconformidades e também explicativa, em menor intensidade.

Quanto aos procedimentos técnicos a pesquisa é bibliográfica, documental, utilizando e comparando a legislação ambiental e descritiva, descrevendo os fatos da realidade da região em estudo. Trata-se igualmente de um estudo de caso, compreendido como “uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos” (YIN, 2001, p. 32).

A pesquisa foi centralizada na Bacia hidrográfica U-30 que está situada na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul sendo considerada uma das principais atividades econômicas e de alto grau de participação nas receitas para manutenção das famílias rurais. A atividade da suinocultura também tem ligação cultural com os povos que colonizaram essa região, porém há tempo a suinocultura vem se constituindo em uma atividade de caráter empresarial e chamando atenção pelo alto impacto ambiental que gera ao meio ambiente.

No contexto geopolítico do Estado do Rio Grande do Sul quatro regiões são abrangidas nos limites da bacia: a Região denominada Fronteira Noroeste, a qual se encontra

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totalmente dentro dos limites da sub-bacia; a Região do Noroeste Colonial, parcialmente atingida pela porção nordeste da bacia; a Região das Missões e a Região da Produção.

Integram a bacia Hidrográfica os rios Turvo, Santa Rosa e Santo Cristo, 55 municípios: Alecrim, Alegria, Boa Vista do Buricá, Bom Progresso, Braga, Campina das Missões, Campo Novo, Cândido Godói, Catuípe, Cerro Largo, Chiapeta, Condor, Coronel Bicaco, Crissiumal, Derrubadas, Doutor Maurício Cardoso, Esperança do Sul, Giruá, Guarani das Missões, Horizontina, Humaitá, Ijuí, Independência, Inhacorá, Miraguaí, Nova Candelária, Nova Ramada, Novo Machado, Palmeira das Missões, Porto Lucena, Porto Mauá, Porto Vera Cruz, Porto Xavier, Redentora, Roque Gonzales, Salvador das Missões, Santa Rosa, Santo Ângelo, Santo Augusto, Santo Cristo, São José do Inhacorá, São Martinho, São Paulo das Missões, São Pedro do Butiá, São Valério do Sul, Sede Nova, Senador Salgado Filho, Sete de Setembro, Tenente Portela, Tiradentes do Sul, Três de Maio, Três Passos, Tucunduva, Tuparendi, Ubiretama.

Os limites da bacia U 30 foram estabelecidos no Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul, publicado pela SEMA/DRH/2002, constituindo-se em 55 municípios, conforme Figura 3.

Figura 3: Municípios que compõem a bacia hidrográfica U30. Fonte: IBGE – Censo 2010.

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A população total da bacia é de 397.024 habitantes estando assim distribuída: 229.876 habitantes em domicílio urbano e 167.120 em domicílio rural, ou seja, 57,9% e 42,1% respectivamente. A densidade demográfica, calculada a partir da ponderação da área dos municípios parcial ou totalmente inseridos na bacia, é de 35,77 habitantes/km². A população total da bacia corresponde a 3,9% da população do Rio Grande do Sul.

As fronteiras da bacia U 30 se conformam com o rio Uruguai a Oeste, com a bacia U 100 – Rio da Várzea a Norte-Nordeste e com a bacia U 90 – Rio Ijuí de Sul a Leste. Apresenta uma área superficial de 10.753,83 km². Esta área representa a chamada “superfície de drenagem” de sete rios principais que deságuam no rio Uruguai após receberem as águas de seus inúmeros afluentes. Os rios principais formadores são os Rios Turvo, Lajeado Grande, Rio Buricá, Rio Santa Rosa, Rio Santo Cristo, Rio Amandaú e Rio Comandaí. A bacia hidrográfica foi dividida em sub-bacias, uma para cada um dos rios principais que deságuam diretamente no rio Uruguai. Alguns dados técnicos referentes a cada uma destas sub-bacias são apresentados na Tabela 3.

A classificação climática indica, entre outras coisas, que a região da bacia tem um regime pluviométrico bem distribuído ao longo do ano. Os dados climáticos analisados apresentam uma média de 150 mm de chuva mensais, com variação máxima de mais ou menos 50 mm de precipitação (PROFIL, 2004/2005).

Tabela 3: Dados referentes às sub-bacias hidrográficas que compõem a Bacia Hidrográfica dos Rios Turvo, Santa Rosa e Santo Cristo.

SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS ÁREA (Km²) Comprimento do rio principal(Km) Rio Turvo 1.878,61 247,05 Lajeado Grande 525,38 85,33 Rio Buricá 2.355,24 195,45

Rio Santa Rosa 1.399,59 185,14

Rio Santo Cristo 898,10 121,73

Rio Comandai 1.431,52 199,0

Rio Amandaú 541,44 83,80

Outras Sub-Bacias 1.723,94 -

Total 10.753,83 -

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Segundo o relatório (PROFIL, 2004/2005) análise de dados secundários relativos aos meios físico, biótico e socioeconômico da Bacia Hidrográfica, o verão tem início em novembro, quando as temperaturas mínimas aumentam além dos 15ºC, e as médias crescem até atingirem limite próximo ao 25ºC. A classificação climática indica, entre outras coisas, que a região da bacia tem um regime pluviométrico bem distribuído ao longo do ano. Os dados climáticos analisados apresentam uma média de 150 mm de chuva mensais, com variação máxima de mais ou menos 50 mm de precipitação.

A insolação e a evaporação na área da bacia estão fortemente relacionadas com o regime de temperaturas, apresentando seus maiores valores anuais no período do verão, em que o volume evaporado na bacia supera o volume precipitado. A direção predominante dos ventos é leste, condicionada pelos efeitos do anticiclone subtropical Atlântico, dos intermitentes deslocamentos de massas polares e da depressão barométrica do nordeste da Argentina.

Na região formada pela bacia Hidrográfica dos rios Turvo, Santa Rosa e Santo Cristo ocorre extensiva utilização agrícola do uso e ocupação do solo: cerca de 69% da área superficial é utilizada para agricultura, sendo que do restante, em outros 16,7% são encontrados campos secos e resteva. No total, cerca de 86% do solo foi alterado em função da atividade agrícola. A estrutura agrária é baseada predominantemente na pequena e média propriedade, que apresentam como perfil de produção agrícola principal o trigo, a soja e o milho e perfil agropecuário baseado na suinocultura e bovinocultura de leite. (PROFIL, 2004). Do ponto de vista de cobertura vegetal original, na bacia hidrográfica verificam-se que as formações vegetais predominam na área de estudo, perfazendo um total de 78% do total, cerca de 8.387 km2. Também apresenta uma “mata de araucária”, caracteriza-se pela presença do pinheiro-brasileiro (Araucária angustifólia) e de Savanas a sudeste da bacia, aproximadamente 4% da área total. Na situação atual, muito pouco resta dessas formações vegetais originais, sendo que estas foram substituídas historicamente por lavouras, conforme Figura 4.

A estrutura agrária da bacia é baseada predominantemente na pequena e média propriedade, que apresentam um perfil de produção agrícola e agropecuário destacando-se a suinocultura e bovinocultura de leite (PROFIL, 2004). Por ser uma bacia com área e população predominantemente rural apresenta demandas significativas de água e com perspectivas de aumentar o consumo em função das atividades socioeconômicas que se desenvolvem na região.

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Fonte: Fepam, RS, 2003.

Figura 4: Uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica U 30.

Estudos que levaram ao diagnóstico da Bacia dos rios Turvo - Santa Rosa - Santo Cristo indicaram a ocorrência de locais com comprometimento da qualidade em decorrência do lançamento de cargas orgânicas de origem urbana e de efluentes da suinocultura. Este comprometimento manifesta-se principalmente nas elevadas concentrações de coliformes termotolerantes, cujos níveis são compatíveis com as classes 3 e 4 estabelecidas na Resolução CONAMA 357/2005. A pecuária constitui-se em atividade de grande potencial poluidor na U-30, devido à drenagem e/ou aporte direto dos dejetos dos animais que, associado à elevada concentração e localização inadequada das sedes de criação, resulta no aumento da concentração de matéria orgânica e patógeno na água. (NANNI, 2012).

Esse fato é agravado pela vulnerabilidade dessa região em relação á aptidão das terras para o descarte de dejetos suinícolas. O mapa de solos da região (SEMA-RS, 2004) apresenta 15 Unidades de Mapeamento (UM) ocorrentes nas bacias do arroio Lajeado Grande e do rio Santo Cristo, este último objeto de investigação, conforme figura 5 e tabela 4.

As classes de aptidão ao descarte de dejetos suinícolas influenciam diretamente na qualidade das águas do lençol freático e das águas subterrâneas. Sendo assim, conforme maior a capacidade de reter/manter os dejetos em superfície, característico de determinado material, melhor sua aptidão ao descarte. Os comentários extraídos de SEMA-RS (2004) demonstram tecnicamente essa aptidão para cada classe.

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Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal (2009).

Figura 5: Mapeamento- unidades de planejamento ao descarte de dejetos na bacia hidrográfica U30.

Tabela 4: Classes de aptidão ao descarte de dejetos de suínos.

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Os solos considerados bons para disposição final são aqueles profundos (> 100 cm), argilosos (teor de argila > 35%) e bem drenados, situados em áreas pouco declivosas (declive <15%). Nestas condições possuem boa capacidade de absorção de nutrientes (e contaminantes) e o escorrimento superficial é facilmente controlável por práticas mecânicas de conservação. São solos aptos para culturas anuais, que contribuem para a reciclagem e exportação de nutrientes, reduzindo a contaminação das águas de superfície e subsuperfície. Abaixo dessas características a utilização dos mesmos fica restrito á aplicação dos dejetos.

2.1- COLETA DE DADOS.

Inicialmente foram realizadas algumas visitas na área de trabalho determinada para a pesquisa, com caráter exploratório, como parte do trabalho de licenciamento ambiental em propriedades rurais suinícolas. O objetivo foi propiciar um melhor entendimento sobre os impactos que ocorrem no ambiente nas referidas propriedades e a atual situação da atividade quanto à presença ou não do licenciamento ambiental e do cumprimento das normas relativas ao mesmo. Observaram-se problemas de poluição ambiental, documentados por registros fotográficos, sendo os nomes e endereços dos proprietários preservados, nomeando-se apenas o local de ocorrência. A maioria dos produtores participa do sistema de integração da produção suinícola com empresas responsáveis por orientação técnica e comercialização da produção.

Num segundo momento, as visitas em algumas propriedades representativas da realidade regional possibilitaram um olhar de caráter mais analítico acerca dos aspectos e impactos ambientais, com o objetivo de melhor dimensionamento dos danos ocasionados ao meio ambiente, bem como a atual situação da atividade quanto à presença ou não do licenciamento ambiental e do cumprimento das normas relativas ao mesmo. Foram observados vários aspectos atinentes ao licenciamento ambiental, e consequentemente, que representam potencial de impactos ambientais. Foram feitos registros fotográficos em complementação ao diagnóstico, na qual se constatam problemas de poluição ambiental, registrados através de figuras. Realizou-se uma vasta pesquisa bibliográfica que versa sobre o assunto alvo da pesquisa.

A terceira etapa consistiu na pesquisa de informações junto a instituições que possuem relações diretas ou indiretas com o tema proposto. Nesta etapa o objetivo é a ampliação da compreensão das causas que determinam a situação contatada a campo, envolvendo o maior número de atores implicados com a produção suinícola. As instituições

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pesquisadas fazem parte tanto da área privada quanto da pública. Participaram desta etapa, de forma mais ou menos intensiva as seguintes entidades: Acsurs, Emater, Seapa, Sips, Fepam Porto Alegre, Fepam Passo Fundo, Fepam Santa Rosa, Integradoras, Corsan, Prefeituras Municipais, Vigilância Sanitária, Agricultores, Patrulha ambiental, Sindicatos de trabalhadores rurais e Escritório de Agronomia Pampa Sul.

Foram requeridas informações acerca dos temas propostos na pesquisa, tais como: Qual a população de suínos na região? Qual a importância da atividade para a região e para o estado? Como está ocorrendo a aplicação do licenciamento ambiental, quantos se adequaram parcial (em fase de licenciamento) ou totalmente (assumiram o custo da adequação)? Quantos estão inadequados (fora do alcance da legislação)? Os suinocultores que produzem para subsistência estão licenciados? Qual sua porcentagem representativa?

Na visão da FEPAM RS, a partir de entrevistas com fiscais da entidade, buscou-se relatar brevemente como a mesma percebe a realidade quanto aos aspectos (impactos) da atividade da suinocultura no ambiente. Como as integradoras estão agindo em relação às questões ambientais, são prioritárias? E por último, buscou-se apontar ou citar algumas falhas do sistema.

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CAPÍTULO 3 - A PROBLEMÁTICA DOS DEJETOS DE SUINOS, ASPECTOS E IMPACTOS DA SUINOCULTURA.

Os dejetos de suínos provenientes da criação representam o principal aspecto ambiental e também o principal potencial de impacto ambiental em razão da alta produção e que têm como ponto principal o tratamento dos mesmos, uma vez que possui um alto potencial poluidor e também um grande volume gerado diariamente, que pode excedero nível suportável pelo meio ambiente. A redução do volume e o tratamento para a utilização da forma adequada dos dejetos como fertilizante orgânico é uma das propostas mais eficientes e econômicas para a melhoria do solo e da poluição ambiental.

A suinocultura é considerada pelos órgãos de fiscalização e proteção ambiental, como atividade de grande potencial poluidor, face ao elevado número de contaminantes contidos em seus efluentes, cuja ação individual ou combinada representa uma fonte potencial de contaminação e degradação do ar, dos recursos hídricos e do solo (OLIVEIRA, 2008).

Qualquer sistema de tratamento que seja adotado deve atender as exigências mínimas do processo, desde a produção, levando em conta a capacidade de armazenagem das esterqueiras até a disposição final. Mesmo tratando esses dejetos, não se consegue eliminar 100% os agentes poluidores e contaminantes, mas uma grande parte é reduzida se tratado adequadamente.

Segundo Seganfredo (2003), a poluição dos dejetos suínos abrange praticamente quase todas as regiões dos estados do sul, milhões de pessoas estão localizadas em áreas de risco, pela interligação dos rios e lençóis subterrâneos, destacando-se o aquífero Guarani com 1,2 milhões de km², onde se localizam mais de 15 milhões de habitantes do Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. Destaca também que a maioria desses rebanhos de suínos localizados nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul estão com as instalações na área de captação da bacia rio Uruguai, o qual se estende por mais de 1500 km pelo Brasil, Argentina e Uruguai. Torna-se pertinente, portanto, a pressão exercida via mercado e também a ação do Ministério Público e dos órgãos de fiscalização ambiental em defesa do meio ambiente, um bem de interesse público que ultrapassa fronteiras.

Em que pese sua importância e destaque no âmbito social e econômico, o rebanho suíno gaúcho, que oscila na média de seis milhões de cabeças (ACSURS, 2011), é responsável por um enorme volume de dejetos. Considerando que um suíno adulto produz 0,27 m³ de dejetos/mês, chega-se ao volume lançado diariamente ao meio ambiente de 31.500

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m³ de dejetos/mês. Isso representa anualmente ao redor de 12 milhões de m³, que equivale a 68.985 t de N, 28.744 t de P2O5 e 13.80 t de K2O. Projetando-se esses valores para o custo

comercial das formulações que contêm esses nutrientes e pelo seu efeito da produtividade, vislumbra-se que sua utilização na agricultura pode reduzir o custo de produção com um insumo endógeno da propriedade.

Os dejetos suínos são constituídos por fezes, urina, água desperdiçada pelos bebedouros e de higienização, resíduos de ração, pelos, poeiras e outros materiais decorrentes do processo da atividade. O esterco, no entanto é constituído pelas fezes dos animais, que normalmente se apresenta na forma pastosa ou sólida. Os dejetos apresentam variações em seus componentes, devido ao sistema de manejo e da quantidade de água adotado no confinamento, mas em média a composição química dos dejetos encontra-se descrita na tabela 5.

Tabela 5: Composição química média dos dejetos suínos, Embrapa, 1996.

Variável Mínimo (mg/L) Máximo (mg/L) Média(mg/L)

DQO 11.530,2 38.448,0 25.542,9 Sólidos totais 12.697,0 49.432,0 22.399,0 Sólidos voláteis 8.429,0 39.024,0 16.388,8 Sólidos fixos 4.268,0 10.408,0 6.010,2 Sólidos sedimentáveis 220,0 850,0 428,9 Nitrogênio total 1.660,0 3.710,0 2.374,3 Fósforo total 320,0 1.180,0 577,8 Potássio total 260,0 1.140,0 535,0 Fonte: SILVA (1996).

O esterco líquido dos suínos contém matéria orgânica, nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, sódio, magnésio, manganês, ferro, zinco, cobre, e outros elementos químicos. Esses elementos provêm da alimentação dos suínos.

Em grande parte dos países da Europa a legislação ambiental é rígida em relação aos dejetos produzidos nas granjas de suínos, devido a grande dificuldade de distribuição do mesmo em extensão de área. O Brasil começou a partir do ano de 1991 a dar maior importância ao assunto, já que o Ministério Público passou a exigir o cumprimento da legislação mais intensamente, aplicando multas, advertências e até mesmo o fechamento de granjas que não concordavam em se readequar aos parâmetros ambientais. Na Tabela 6, se

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encontram os parâmetros exigidos pela FEPAM para o lançamento dos efluentes suinícolas em cursos d’água, em relação aos nutrientes e coliformes fecais.

Tabela 6: Níveis de nutrientes e coliformes fecais aceitáveis para lançamento de efluente de suínos em curso d’água no RS.

VARIÁVEIS QUANTIDADE Coliformes Fecais 1% Fósforo Total 1,0 mg L-1 Nitrogênio total 10,0 mg L-1 Cobre 0,5 mg L-1 Zinco 1,0 mg L-1 Fonte: FEPAM (2009).

Na determinação da qualidade de um efluente são estabelecidos parâmetros, confiáveis e significativos; no caso dos dejetos suínos os principais parâmetros usados são:

Demanda Química de Oxigênio (DQO- mg/l), mede a quantidade de oxigênio necessária

para oxidar quimicamente a matéria orgânica e inorgânica oxidável da água, ou seja, a quantidade de oxigênio consumida por diversos compostos sem a intervenção de microorganismos.

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO-mg/l) é a principal unidade de medição de

poluição dos efluentes. Corresponde a quantidade de oxigênio necessário para que as bactérias depuradoras possam digerir cargas poluidoras na água. Quanto maior a DBO maior é a poluição causada. No processo de digestão desta carga poluidora as bactérias necessitam de certa quantidade adicional de oxigênio que é denominada de DBO.

Sólidos Totais (ST-mg/l) são os sólidos que correspondem a matéria sólida contida nos

dejetos e que permanece após a retirada da umidade.

Sólidos voláteis (SV- mg/l) são os sólidos que caracterizam a fração do material orgânica ,

assim como o teor de sólidos fixos indicam o teor de sólidos minerais .

Nutrientes - Os nutrientes que tem maior importância no estudo das águas residuárias são o

nitrato, nitrito, a amônia e o nitrogênio orgânico. Sua presença indica o grau de poluição do aquífero ocasionado pelo despejo de água rica em fertilizantes nitrogenados.

A quantidade total produzida por um suíno varia de acordo com o seu desenvolvimento, apresentando valores em relação a seu peso vivo/dia para faixa de 15 a 100 kg. Cada suíno adulto produz em média 7 a 8 litros de dejetos líquidos/dia ou 0,21 a 0,24 m³ de dejetos por mês, conforme Tabela 7.

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Tabela 7: Produção média diária de dejetos nas fases produtivas. CATEGORIA Esterco Kg dia-1 Esterco+Urina Kg dia-1 Dejeto líquido Litros dia-1 Suínos 25 a 100 kg 2,30 4,90 7,00 Porcas em gestação 3,60 11,00 16,00 Porcas lactação+leitões 6,60 18,00 27,00 Cachaço 3,00 6,00 9,00 Leitões 0,35 0,95 1,40 Média 2,35 5,8 8,60 Fonte: Oliveira, (1993)

Considerando os elevados volumes de dejetos que um suíno produz por dia, constata-se uma situação preocupante, principalmente para municípios com grande número de instalações de suínos e pequena de área para dispor esses resíduos. A atividade tem um alto poder poluidor e deve ser dotada de sistemas de segurança contra acidentes que possam ocorrer ao meio ambiente colocando em risco a saúde pública e os recursos ambientais.

A maior preocupação ainda é exemplificada pela Agência Nacional de Águas (ANA), ao estimar que um hectare de terra agricultável tenha a capacidade de absorver, sem danos a água e ao solo, os dejetos de 20 suínos em terminação, temendo por uma situação delicada aos municípios e regiões nos quais pela topografia e alta produção de suínos, não há mais área agricultável que permita o aproveitamento agrícola dos resíduos.

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CAPÍTULO 4 – O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE REGULAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA E GESTÃO AMBIENTAL.

O licenciamento ambiental é um dos instrumentos de gestão ambiental estabelecido pela lei Federal nº 6.938, de 31/08/1981 (BRASIL, 1981), também conhecida como a lei da Política Nacional do Meio Ambiente. O processo de licenciamento ambiental é um procedimento administrativo que objetiva avaliar impactos causados pelo empreendimento, tais como: seu potencial ou sua capacidade de gerar líquidos poluentes, resíduos sólidos, emissões atmosféricas, resíduos e o potencial de risco, como por exemplo, explosões e incêndios e propor medidas mitigadoras ou compensatórias.

A FEPAM, Fundação Estadual de Proteção Ambiental, órgão público que foi instituída pela Lei Estadual 9.077 de 04/06/90 e originalmente vinculada à Secretaria da Saúde e do Meio Ambiente (SEMA/RS, 1990), é o órgão que fiscaliza a suinocultura, faz o diagnóstico, acompanha e controla a qualidade do meio ambiente. Exerce o papel de fiscalização nas atividades e empreendimentos que possam gerar impacto e poluição ambiental e contaminação do meio.

Poluição ambiental refere-se à degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente e lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos em lei. Contaminação é a introdução de um agente indesejável em um meio previamente não contaminado. Segundo GESAMP (2012), a contaminação ambiental é definida como poluição quando atinge níveis que causam efeitos deletérios na saúde humana, ou efeitos prejudiciais nos organismos vivos. Contaminação também pode ser definida como o resultado da poluição prolongada em um local.

Relacionando os potenciais danos ambientais e cenários delineados pelas instalações rurais da suinocultura, torna-se evidente que a regulação legal é extremamente necessária, afim de que se torne uma atividade compatível com o respeito ao meio ambiente, ao mesmo tempo em que assegura o crescimento produtivo e a conservação dos recursos naturais. Na sua ausência, a produção facilmente torna-se alvo de punições, uma vez que a cobrança da legislação ambiental se dá quanto mais intensificada se torna a produção animal.

Atualmente a FEPAM/RS, dispõe de 07 regionais no Estado, que funcionam como entidades representativas nas regiões: Regional Campanha (Alegrete), Regional Serra (Caxias

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do Sul), Escritório Regional Sul em Pelotas, Regional Central (Santa Maria), Regional Noroeste (Santa Rosa), Sede na cidade de Porto Alegre.

O licenciamento ambiental tem por objetivo orientar os procedimentos de novos empreendimentos destinados a suinocultura no estado do Rio Grande do Sul através da definição de critérios técnicos para esta atividade, exigências legais e profissionais da área técnica habilitados. Os critérios técnicos para o licenciamento ambiental para os empreendimentos destinado a suinocultura foram analisados a partir de Documentos de Referência tais como:

* Lei 4.771/1965 - Código Florestal Federal * Lei 9.605/1998 - Lei de crimes ambientais

* Lei 9.985/2000 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza * Resolução CONAMA 10/1998 - Mata Atlântica

* Resolução CONAMA 12/1999 - Mata Atlântica

* Resoluções do CONAMA 302 e 303/2000- Áreas de Preservação Permanente (APP) * Lei 11.520/2000- Código Estadual do Meio Ambiente

* Lei 9.519/1992 - Código Florestal Estadual * Lei 6.503/1972 - Código Sanitário Estadual * Planos diretores municipais

* Manual de manejo e utilização dos dejetos de suínos (Embrapa-1993) * SIPS/RS-2002, Cadeia produtiva de suinocultura do Estado do RS.

* Mapa de classificação dos solos do Estado do Rio Grande do Sul, quanto à resistência a impactos ambientais-Fepam-2001.

Do ponto de vista técnico o licenciamento ambiental é desenvolvido em três fases ou etapas em que o empreendedor deverá solicitar conforme a situação do empreendimento, seguindo critérios e preenchimento de formulário emitido pelo órgão fiscalizador.

A primeira etapa corresponde a Licença Prévia (L.P), solicitada na fase de planejamento da implantação, alteração ou ampliação do empreendimento.

A segunda corresponde a Licença de Instalação (L.I.) e deve ser solicitada na fase anterior à execução das obras referentes ao empreendimento ou atividade; nesta fase são analisados os projetos e somente após a emissão deste documento poderão ser iniciadas as obras do empreendimento ou atividade.

A terceira e última etapa – a Licença de Operação (L.O.) deve ser solicitada quando do término das obras referentes ao empreendimento ou atividade. Somente após a emissão deste documento o empreendimento ou atividade poderá iniciar seu funcionamento.

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Se a atividade estiver em funcionamento sem qualquer autorização do órgão ambiental, deverá solicitar uma Licença de Operação de Regularização.

Um aspecto importante a considerar refere-se a iniciativa recente de municipalização do processo de licenciamento ambiental, que passa a atuar de forma descentralizada, valorizando a competência técnica local.

4.1 - MUNICIPALIZAÇÃO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL PARA AS ATIVIDADES DE IMPACTO LOCAL.

A municipalização do Licenciamento Ambiental é uma ação que visa à descentralização das atividades ambientais desempenhadas pelo Estado, embora tenha outros objetivos como, por exemplo, diminuir a carga de processos remetidos para a central de Porto Alegre. Também pode se aliar a esses o fato de que seria melhorado o fluxo na emissão de Licenças ambientais, uma vez que o órgão estadual está sobrecarregado, o que agilizaria a emissão das licenças e o acompanhamento do licenciamento no município de forma mais concreta e assídua ao empreendimento instalado.

Os municípios têm algumas vantagens na análise de processos ambientais como a de conhecer a realidade local, a capacidade de analisar os processos de forma mais rápida, devido ao empreendimento ou fato ambiental estar a uma pequena distância.

Aos municípios são facultados apenas os processos relativos a impactos ambientais locais, que estão descritos em tabela específica disponibilizada na página eletrônica www.fepam.rs.gov.br.

. No Rio Grande do Sul, o Código Estadual de Meio Ambiente - Lei Estadual n° 11520 de 03 de agosto de 2000, que estabelece em seu artigo 69, "caberá aos municípios o licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades consideradas como de impacto local, bem como aquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou Convênio", atribui ao estado através da Secretaria Estadual do Meio Ambiente - Sema, o incremento do processo de descentralização do licenciamento ambiental municipal para aquelas atividades cujo impacto é estritamente local, e que estão descritas no Anexo I da Resolução 102/2005 do Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA), nos seus Anexos II e III, referentes a manejo florestal - adicionados pela Resolução 110/2005, nas atividades adicionadas pela Resolução 111/2005, bem como nas adições relativas ao licenciamento de atividades de mineração descritas pela Resolução 168/2007e das atividades de criação de animais pela Resolução 232/2010.

Referências

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