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Estudo dos impactos da reutilização de resíduos da construção civil

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

MARIANE BERTOL

ESTUDO DOS IMPACTOS DA REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS

DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Ijuí (RS) 2015

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MARIANE BERTOL

ESTUDO DOS IMPACTOS DA REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS

DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Civil da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), como requisito parcial para aprovação no componente curricular Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, e obtenção do grau de Engenheira Civil.

Orientadora: MSc. Cristina Eliza Pozzobon

Ijuí (RS) 2015

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MARIANE BERTOL

ESTUDO DOS IMPACTOS DA REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo professor orientador

e pelos membros da banca examinadora.

Ijuí, 16 de novembro de 2015.

___________________________________________ MSc. Cristina Eliza Pozzobon

Orientadora

___________________________________________ MSc. Lia Geovana Sala

Coordenadora do curso de Engenharia Civil/Unijuí

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Prof.

Doutor(a) pela Universidade tal

___________________________________________ Prof.

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A Deus, à minha família e aos professores do curso de Engenharia Civil, pelo apoio, incentivo e dedicação.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, o grande engenheiro do Universo, que nos deu vida e sabedoria para podermos seguir adiante... Sem Ele nada seria possível! Nossas conquistas são fruto de grande esforço pessoal e colaboração de muitas pessoas. Algumas, porém, foram fundamentais:

Aos meus pais, Mario e Clarice, pela dedicação, carinho e motivação em todos os momentos... exemplo de honestidade e de trabalho durante toda a minha vida.

À minha orientadora, mestre Cristina Eliza Pozzobon, pela paciência, auxílio e competência na elaboração deste estudo.

À professora Raquel Kholer, pelo incentivo, carinho e amizade nos momentos de dificuldades enfrentados no início do curso.

À Construtora Realize, em especial ao arquiteto Sandro Viecili, que me acompanhou e cedeu uma de suas obras e os dados necessários para a realização deste estudo.

Aos engenheiros civis, Gabriel Marques, que cedeu uma de suas obras e os dados necessários para a realização deste estudo; e Hermes Pimentel da Silva, que além de ceder suas obras para o estudo também auxiliou e incentivou a escolha desta carreira profissional.

A todos os amigos que fiz durante a graduação. E, finalmente, a todos que de uma forma ou de outra contribuíram para a realização deste estudo.

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“Nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes. Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos amedronta.”

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RESUMO1

BERTOL, Mariane. Estudo dos impactos da reutilização de resíduos da construção civil. 2015. 69 fl. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Ijuí, 2015.

No atual contexto contemporâneo, a construção civil vem despontando como sinônimo de desenvolvimento. Os seus resíduos, porém, constituem-se em um dos principais problemas enfrentados na atualidade, pois, ao mesmo tempo em que agridem e exploram o meio ambiente, geram desperdício econômico e poluição ambiental. A proposta que hoje permeia o cenário das construções civis é o reaproveitamento dos seus resíduos, inclusive na própria obra. A legislação brasileira, por meio do CONAMA, vem apoiando tais iniciativas e promulgou a Resolução 307/2002, estabelecendo obrigações para os geradores de resíduos da construção civil por intermédio de um Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. São urgentes e necessárias, portanto, medidas que implantem uma consciência nesse sentido, a fim de reaproveitar os resíduos da construção civil. O presente estudo constitui-se em uma pesquisa bibliográfica, qualitativa e de estudo de caso. Seu objetivo é compreender as consequências econômicas e ambientais do aproveitamento de entulhos gerados pela construção civil e utilizados na mesma obra. O estudo de campo foi realizado intensivamente no mês de outubro de 2015, quando se observou cinco obras em construção nos municípios gaúchos de Ijuí e Redentora, bem como se buscou informações junto a gestores da construção civil. Com base nessas pesquisas percebeu-se que há mudanças significativas a serem feitas no setor da construção civil. Em cidades menores, como Redentora, RS, a falta de tecnologia e de mão de obra, por vezes desqualificada, deixa este cenário ainda mais longe daquele que se pretende alcançar. É necessário, portanto, qualificar a mão de obra, bem como utilizar maior tecnologia para que além de reutilizar o entulho de obra, também seja possível não desperdiçá-lo da forma como vem ocorrendo. O transporte precisa ser mais distinto, objetivando a entrega, sem perdas, como já ocorre em alguns municípios, como Ijuí, RS. Acrescenta-se, ainda, a necessidade de uma gestão capaz de reduzir as perdas e valorizar o ganho econômico e ambiental. A reutilização dos resíduos, assim como a diminuição das perdas, deve ser pensada durante toda a concepção do projeto e sua execução. Finalmente, pode-se afirmar que a reutilização dos resíduos da construção civil é um bom negócio, assim como investir em tecnologias que trazem tanto benefício ao meio ambiente e à economia do país.

Palavras-chave: Resíduos da construção civil. Meio ambiente. Desperdício econômico. Resíduos de Construção e de Demolição (RCD). Gerenciamento de RCD. Reciclagem de RCD. Grandes geradores de RCD. Concreto estrutural.

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Estudo dos impactos da reutilização de resíduos da construção civil. Mariane Bertol

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ABSTRACT

BERTOL, Mariane. Study of waste re-use impacts of construction. 2015. 69 fl. Work Completion of course (Diploma in Civil Engineering) – Regional State University Northwest Rio Grande do Sul – Unijuí. Ijuí, 2015.

In the current contemporary context, the construction industry is emerging as a synonym for development. Their waste, however, constitute one of the main problems faced at the present time because, while that attack and exploit the environment, generate economic waste and environmental pollution. The proposal which today permeates the landscape of civil buildings is the reuse of the waste, including the work itself. Brazilian law, through CONAMA, has supported such initiatives and enacted Resolution 307/2002, establishing obligations for waste generators construction through an Integrated Plan for Waste Management of Construction. Are urgently needed, therefore, measures to deploy an awareness in this regard in order to reuse the waste construction. This study is in a bibliographical research, qualitative and case study. Your goal is to understand the economic and environmental consequences of the exploitation of debris generated by construction and used in the same work. The field study was conducted intensively in October 2015, when there was five construction sites in the Gaucho municipalities of Ijuí and Redeemer, and we sought information from the construction managers. Based on this research it was noted that there are significant changes to be made in the construction sector. In smaller towns, as Redeemer, RS, lack of technology and manpower sometimes disqualified, makes this scenario even further that to be achieved. It is therefore necessary to qualify the workforce as well as use higher technology so that in addition to reuse the work of rubble, it is also possible not to waste it the way it has been happening. The transport needs to be more distinct, aiming delivery without losses, as occurs in some municipalities, such as Ijuí, RS. It adds up also the need for a management able to reduce losses and enhance the economic and environmental gain. The reuse of waste and loss reduction, should be considered throughout the project design and implementation. Finally, it can be stated that the reuse of construction waste is a good deal, as well as investing in technologies that bring much benefit to the environment and the economy.

Key words: Construction waste. Environment. Economic waste. Waste Construction and Demolition (RCD). RCD Management. RCD Recycling. Large Generators of RCD. Structural concrete.

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LISTA DAS FIGURAS

Figura 1 – Cadeia da construção civil ... 20

Figura 2 – Estimativa da quantidade de resíduos da construção civil no Brasil em 2011... 22

Figura 3 – Origem dos resíduos das construções civis no Brasil, em 2008 ... 23

Figura 4 – Percentuais de traços de entulho de obra ... 24

Figura 5 – Edifício Residencial Benjamin, Ijuí – RS ... 40

Figura 6 – Sistema de corte dos tijolos ... 41

Figura 7 – Marcação das paredes para introdução de canaletas, Edifício Residencial Benjamin, Ijuí – RS ... 42

Figura 8 – Entulhos produzidos com a quebra de tijolos, Edifício Residencial ... 42

Figura 9 – Implantação de mangueiras para instalação elétrica, Edifício Residencial... 43

Figura 10 – Alteração interna do projeto, Edifício Residencial Benjamin, Ijuí – RS. ... 43

Figura 11 – Passagem do tubo entre os tijolos, Edifício Residencial Benjamin, Ijuí – RS ... 44

Figura 12 – Geração de entulhos, Edifício Residencial Benjamin, Ijuí – RS... 45

Figura 13 – Fachada da parte nova – Hospital Bom Pastor, Ijuí – RS ... 45

Figura 14 – Blocos celulares para execução da alvenaria interna, ... 46

Figura 15 – Colocação dos blocos celulares ... 46

Figura 16 – Edificação das paredes com os blocos cerâmicos, ... 47

Figura 17 – Fachada do Residencial Fidélis, Ijuí – RS ... 47

Figura 18 – Detalhe do reboco externo do Residencial Fidélis, Ijuí – RS ... 49

Figura 19 – Execução do reboco externo, Residencial Fidélis, Ijuí – RS ... 49

Figura 20 – Geração de entulho, Residencial Fidélis, Ijuí – RS ... 50

Figura 21 – Execução do revestimento cerâmico, Residencial Fidélis, Ijuí, RS ... 50

Figura 22 – Máquina de corte para cerâmica – Residencial Fidélis – Ijuí, RS ... 51

Figura 23 – Aspecto final do revestimento cerâmico – Residencial Fidélis, Ijuí – RS ... 51

Figura 24 – Fachada da obra – Residencial, Redentora – RS ... 52

Figura 25 – Execução do chapisco – Residencial, Redentora, RS ... 53

Figura 26 – Aspecto final do revestimento argamassado na alvenaria,... 53

Figura 27 – Execução do chapisco na laje – Residencial, Redentora, RS ... 54

Figura 28 – Aspecto final do revestimento argamassado do forro ... 54

Figura 29 – Fachada da obra – Comercial/residencial multifamiliar, Redentora, RS ... 55

Figura 30 – Mangueiras de iluminação – Comercial/Residencial multifamiliar, Redentora, RS ... 56

Figura 31 – Entulho gerado – Comercial/residencial multifamiliar, Redentora, RS ... 56

Figura 32 – Escoramento com toras de eucalipto – Comercial/Residencial multifamiliar, Redentora, RS ... 57

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LISTA DAS TABELAS

Tabela 1 – Taxas de desperdício de materiais de construção no Brasil ... 16

Tabela 2 – Desperdício de materiais em processos construtivos... 17

Tabela 3 – Estimativa da geração dos RCC em diferentes países ... 17

Tabela 4 – Composição do RCC em algumas cidades brasileiras ... 18

Tabela 5 – Distribuição dos tipos de resíduos produzidos no Brasil (em %) ... 23

Tabela 6 – Consumo de madeira serrada amazônica pela construção civil no Estado de São Paulo, em 2001 ... 39

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ABCERAM Associação Brasileira de Cerâmica

BNDS Banco Nacional de Desenvolvimento Social CAIXA Caixa Econômica Federal

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

HP Horse Power

ONU Organização das Nações Unidas PG/RCC Programa de Gerenciamento de RCC PIB Produto Interno Bruto

PMG/RCC Programa Municipal de Gerenciamento de RCC RCC Resíduos da Construção Civil

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LISTA DE UNIDADES

cm centímetro g grama kg quilograma

kg/m² quilograma por metro quadrado kN quilonewtons L litro m metro m² metro quadrado m³ metro cúbico mm milímetro MPa megapascal Pçs Peças t tonelada

tf/m³ tonelada força por metro cúbico

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 13

1 REFERENCIAL TEÓRICO ... 16

1.1 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC) ... 16

1.2 A PREOCUPAÇÃO COM A UTILIZAÇÃO DOS RESÍDUOS – BREVE HISTÓRICO ... 19

1.3 A CONSTRUÇÃO CIVIL E O SEU IMPACTO NO MEIO AMBIENTE ... 20

1.4 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 25

1.5 A REUTILIZAÇÃO DOS RCC, SEGUNDO A LEGISLAÇÃO ... 26

1.6 A REUTILIZAÇÃO DE RCC NA PRÓPRIA OBRA ... 30

1.7 ECONOMIA GERADA COM A UTILIZAÇÃO DE ENTULHOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA MESMA OBRA ... 31

2 METODOLOGIA ... 33

2.1 TIPO DE ESTUDO ... 33

2.2 SUJEITOS DA PESQUISA ... 34

2.3 COLETA DE DADOS ... 34

2.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ... 34

2.5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ... 35

2.6 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA ... 35

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 36

3.1 MATERIAIS ESCOLHIDOS PARA O ESTUDO ... 36

3.1.1 Tijolos cerâmicos ... 36

3.1.2 Blocos celulares ... 37

3.1.3 Argamassa ... 38

3.1.4 Madeira ... 39

3.1.5 Cerâmica ... 39

3.2 OBSERVAÇÕES REALIZADAS E CONSTATAÇÕES ... 40

3.2.1 Primeira obra observada: Edifício Residencial Benjamin, Ijuí, RS ... 40

3.2.2 Segunda obra observada: Hospital Bom Pastor, Ijuí, RS ... 45

3.2.3 Terceira obra observada: Residencial Fidélis, Ijuí, RS ... 47

3.2.4 Quarta obra observada: residência unifamiliar, Redentora, RS ... 52

3.2.5 Quinta obra observada: edificação mista, Redentora, RS ... 55

3.3 APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 57

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 62

(14)

INTRODUÇÃO2

A preocupação mundial com o meio ambiente permeia o atual contexto contemporâneo, e vem crescendo desde a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (a ECO-92), realizada naquele ano no Rio de Janeiro. A partir de então vêm sendo desenvolvidos estudos, programas e normas que abordam a questão do esgotamento dos recursos naturais não renováveis.

A construção civil está inserida nesse quadro de exploração do meio ambiente, seja por meio da extração ilimitada de recursos (areia, água, brita), seja pela poluição causada pelo descarte de entulhos em áreas impróprias. Aliado a isso está o gasto excessivo com a aquisição de materiais que posteriormente são descartados, causando consideráveis prejuízos econômicos.

A grande quantidade de resíduos gerados e o seu descarte inadequado remetem à necessidade urgente de uma ação conjunta da sociedade – poderes públicos, setor industrial da construção civil e sociedade civil organizada – na busca por soluções que visem minimizar os impactos socioambientais, preservar os recursos naturais, e melhorar a qualidade de vida nas áreas urbanas a partir de construção de obras econômicas e sustentáveis.

No Brasil, desde 2002, as políticas públicas voltadas ao gerenciamento de Resíduos de Construção Civil (RCC) visam impulsionar as empresas geradoras de resíduos a assumirem uma nova postura com relação aos entulhos originados em suas obras (LACÔRTE, 2013). Isso demonstra que há uma conscientização dos gestores do setor da construção civil em relação aos problemas ambientais, gerando preocupação com a necessidade de se desenvolver materiais e processos construtivos que não causem danos ao homem e nem ao meio ambiente. A principal ação efetivada em termos legais, visando à mudança deste quadro, foi a aprovação da Resolução nº 307 do CONAMA. Tal ação, porém, ainda tem se mostrado insuficiente para a mobilização completa dos atores envolvidos a fim de promover o adequado manuseio, redução, reutilização, reciclagem e disposição dos resíduos (LACÔRTE, 2013).

O objetivo principal do construtor deve ser não gerar resíduos, o que impõe uma forte mudança na cultura hoje estabelecida na construção civil e uma alteração nos sistemas construtivos existentes. Para que isto aconteça, porém, é necessário reestudar os processos, visando estabelecer formas de evitar a geração de resíduos.

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Estudo dos impactos da reutilização de resíduos da construção civil. Mariane Bertol

(15)

O tema deste estudo, portanto, é analisar os impactos econômicos e ambientais da reutilização de resíduos da construção civil na própria obra. Para tanto, elencou-se as seguintes questões-problema: Quais são os impactos gerados pela utilização dos resíduos na mesma obra onde foram gerados? Que consequências esta atitude causaria ao meio ambiente? Como se poderia garantir a organização e a segurança no canteiro de obras mediante a aprovação dessa medida?3

Para atender as questões supracitadas definiu-se o objetivo geral deste estudo, que é compreender e apresentar tecnicamente as consequências econômicas e ambientais do aproveitamento de entulhos gerados pela construção civil e utilizados na mesma obra. Em complementação definiu-se os seguintes objetivos específicos: analisar os impactos gerados pelos entulhos da construção civil no meio ambiente; estabelecer critérios para utilização dos entulhos gerados pela construção civil; calcular a economia proporcionada pela utilização de entulhos da construção civil na mesma obra; e avaliar a legislação que orienta a construção sustentável e o aproveitamento das sobras na mesma obra.

Algumas hipóteses surgiram para auxiliar na obtenção desses objetivos, as quais revelam que o aproveitamento dos resíduos das construções civis gera economia ao meio ambiente e ao proprietário da obra, possibilitando o seu reuso na própria obra. Ações como essas são viáveis e possíveis, desde que haja planejamento desde a elaboração do projeto.

Diariamente são perdidos expressivos volumes econômicos com o mau gerenciamento dos materiais, que incluem a sua compra em quantidades exageradas, além do desperdício e do descarte impróprio dos resíduos. Aliado a isso está a questão ambiental, que já dá mostras de seu esgotamento.

Como justificativa para a realização deste estudo pode-se afirmar que a reciclagem dos resíduos da construção civil é de fundamental importância ambiental e financeira, pois faz com que estes retornem para a obra em substituição de novas matérias primas que seriam extraídas do meio ambiente. Segundo estudos de Lima e Lima (2005), 90% dos resíduos gerados pelas obras são passíveis de reciclagem, o que incentiva a sua prática.

São inúmeras as vantagens percebidas com a prática da reciclagem dos entulhos, como a redução do volume de resíduos a descartar, a redução do consumo de materiais extraídos da natureza (como areia e brita), redução do volume dos acidentes de trabalho, obras mais limpas e organizadas, redução do número de caçambas retiradas da obra, melhoria na produtividade, e imagem positiva da empresa junto ao público consumidor (LIMA; LIMA, 2005).

3

Estudo dos impactos da reutilização de resíduos da construção civil. Mariane Bertol (maryane.bertol@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí, DCEENG/Unijuí, 2015.

(16)

Apesar da existência de legislação específica que regulamenta o destino de resíduos das construções civis, o tema ainda continua sendo mais debatido no meio acadêmico do que na prática. Vislumbra-se, contudo, o despertar de uma consciência do indivíduo para com o meio ambiente, que tem buscado soluções sustentáveis para amenizar os impactos causados pelo desenvolvimento e garantir a sua sobrevivência no planeta.

O presente estudo é composto de três capítulos. O primeiro traz o referencial teórico, e analisa estudos de autores da área que versam sobre os Resíduos da Construção Civil (RCC); o impacto da construção civil no meio ambiente; o gerenciamento de resíduos da construção civil; a reutilização dos Resíduos da Construção Civil (RCC) na própria obra, segundo a legislação; e a economia gerada com a utilização de entulhos da construção civil na mesma obra.

Na sequência, o segundo capítulo apresenta a metodologia do estudo, e descreve o tipo do estudo, os sujeitos da pesquisa, a coleta de dados, o instrumento de coleta de dados, análise e interpretação dos dados e as limitações da pesquisa.

O terceiro capítulo revela os resultados obtidos com a pesquisa. Inicialmente descrevem-se os materiais que foram escolhidos para análise do estudo. Em seguida, descrevem-se as observações que foram realizadas nas cinco obras selecionadas; e, finalmente, analisam-se as formas de aproveitamento dos resíduos da construção civil.

Seguem as considerações finais e as referências, as quais auxiliaram na fundamentação teórica do estudo.4

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Estudo dos impactos da reutilização de resíduos da construção civil. Mariane Bertol

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1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC)

O Setor da Construção Civil é o maior consumidor dos recursos naturais, ocupando posição de destaque na economia nacional, representada pela significativa parcela do Produto Interno Bruto (PIB). Na outra ponta, porém, a indústria também é responsável por cerca de 50% de CO2 lançados na atmosfera e por quase metade dos resíduos sólidos gerados no

mundo (JOHN, 2000).

A construção civil, portanto, é um dos grandes vilões dos impactos ambientais, e se destaca como o principal gerador de resíduos da sociedade, representando cerca de dois a três bilhões de toneladas por ano.

Cabe esclarecer que resíduos da construção civil são provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos, cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc.

John (1997) afirma que a caracterização do resíduo a ser estudado envolve aspectos químicos, físicos e de risco ambiental, tanto em seus valores médios como na sua dispersão ao longo do tempo.

As taxas de desperdício de materiais de construção civil no Brasil atingem percentuais elevados, como se pode visualizar na Tabela 1, a seguir:

Tabela 1 – Taxas de desperdício de materiais de construção no Brasil Taxa de desperdício (%)

Material Média Mínima Máxima

Concreto usinado 9 2 23 Aço 11 4 16 Blocos e tijolos 13 3 48 Placas cerâmicas 14 2 50 Revestimento têxtil 14 14 14 Eletrodutos 15 13 18 Tubos 15 13 18 Tintas 17 8 56 Fios 27 14 35 Gesso 30 14 120 Fonte: Espinelli (2005, p. 123)

(18)

A Tabela 2, a seguir, mostra o estudo das perdas de materiais em processos construtivos, segundo a percepção de diferentes autores.

Tabela 2 – Desperdício de materiais em processos construtivos

Materiais Pinto1 Soilbeman2 Finep/ITQC3

Concreto usinado 2% 13% 9% Aço 26% 19% 11% Blocos e tijolos 13% 52% 13% Cimento 33% 83% 56% Cal 102% - 36% Areia 39% 44% 44% Fonte: Pinto (1999) 1

Valores de uma obra (PINTO, 1989)

2 Média de cinco obras (SOILBELMAN, 1993) 3 Mediana de diversos canteiros (SOUZA et al., 1998)

John e Agopyan (2005) mostram, através da Tabela 3, que as estimativas da geração per capita de RCC internacionais variam de 130 a 3.000 kg/hab./ano. Esta grande variabilidade nos valores deve-se à classificação dos resíduos, pois alguns estudos incluem a remoção de solo, enquanto outros não procedem dessa forma. Além disso, essa amplitude deve-se às diferentes tecnologias de construção empregadas nos diferentes países.

No Brasil, os autores encontraram valores estimados entre 230-760 kg/hab./ano, cuja mediana (510 kg/hab./ano) é a que mais se aproxima dos valores internacionais.

Tabela 3 – Estimativa da geração dos RCC em diferentes países País Taxa de geração

(kg/hab./ano) Fonte

Suécia 136 – 680 Tolstoy; Börlund & Carlson (1998); Eu (1999)

Holanda 820 – 1300 Lauritzen (1998); Brossink; Brouwers & Van Kessel (1996); Eu (1999)

EUA 463 – 584 Epa (1998); Peng; Grosskopf; Kibert (1994) UK 880 – 1120 DETR (1998); Lauritzen (1998) Bélgica 735 – 3359 Dinamarca 440 – 2010 Lauritzen (1998); Eu (1999) Itália 600 – 690 Alemanha 963 – 3658 Japão 785 Kasat (1998) Portugal 325 Eu (1999) Brasil 230 – 760 Pinto (1999)

(19)

Os dados da tabela anterior revelam que, com exceção dos Estados Unidos, nos demais países a geração de RCC é maior do que as estimativas de geração dos resíduos sólidos domésticos.

Todos esses resíduos constituem-se num grande problema para as áreas urbanas, cujo descarte inadequado pode causar diversos impactos ambientais, sociais e econômicos. A solução para esses problemas passa pelo desenvolvimento e implantação de tecnologias que buscam a redução, reutilização e reciclagem desses resíduos.

É nesse contexto que surge a construção sustentável, baseada na prevenção e na redução dos resíduos a partir do “desenvolvimento de tecnologias limpas, do uso de materiais recicláveis ou reutilizáveis, bem como no uso de resíduos como materiais secundários e na coleta e deposição de resíduo inerte” (SENAI/SEBRAE/GTZ, 2010, p. 65).

A preocupação com o destino desses resíduos surgiu há alguns anos, e tem preocupado cada vez mais gestores e ambientalistas. Günther (1999) alerta que a geração de resíduos é crescente, complexa, poluidora e inesgotável.

Todo processo econômico gera resíduos. Mesmo sendo considerado inservível por grande parcela da sociedade, os resíduos possuem, aproximadamente, 40% de materiais recicláveis. Esta parte reciclável é atrativa econômica, energética ou ambientalmente (FIGUEIREDO, 1994).

A diminuição de riscos de impactos ambientais e a redução de custos na construção civil são fatores que tornam a reciclagem uma prática sustentável para o setor (ÂNGULO; ZORDAN; JOHN, 2001).

Tabela 4 – Composição do RCC em algumas cidades brasileiras

MATERIAL Silva et al. (2010) Marques Neto e Schalch (2010) Carmo et al. (2012) Tessaro et al. (2012) Lima e Cabral (2013)

Goiânia, GO São Carlos, SP B.Horizonte, MG Pelotas, RS Fortaleza, CE

Argamassa 3% 8% 25% 32% 22% Concreto 3% 26% 25% - 15,6% Cerâmica polida 94% 14% 51% - 10,4% Cerâmica 94% 19% 51% 31% - Pedras - 10% - - - Areia - 9% - - - Solo - 9% - 25% - Gesso - 1% - 1% - Madeira - 7% - 4% - Metais - - - 2,5% - Fibrocimento - - - - - Outros 3% 6% 24% 4,5% 47,4%

(20)

1.2 A PREOCUPAÇÃO COM A UTILIZAÇÃO DOS RESÍDUOS – BREVE HISTÓRICO

Até os anos 50, a natureza era utilizada em benefício da humanidade. Os movimentos sociais iniciaram nos anos 70, e assumiram uma consciência preservacionista (SCHENINI et al., 2004). A partir de então o termo ecologia passou a ser bastante utilizado.

Em 1972 a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu uma Conferência sobre Ambiente Humano que ficou conhecida como Conferência de Estocolmo. O resultado desse evento foi a criação do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP), encarregado de monitorar o avanço dos problemas ambientais no mundo.

Em 1992 foi realizada no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (a Rio-92), que revelou o despertar do interesse da humanidade pelo futuro do planeta. Muitos países passaram a valorizar as relações entre o desenvolvimento socioeconômico e as modificações no meio ambiente.

A Agenda 21 foi um dos principais resultados da Rio-92, que firmou um acordo entre 179 países sobre a forma como os governos, as empresas, as organizações e demais setores da sociedade poderiam cooperar para solucionar os problemas socioambientais. Não havia, até então, uma preocupação por parte da indústria da construção civil com o possível esgotamento dos recursos naturais não renováveis, tampouco com o destino dado aos resíduos gerados pela atividade construtiva (SCHENINI et al., 2004).

Desde então foram implementadas algumas ações na construção civil, especialmente voltadas ao desenvolvimento sustentável. Como exemplo pode-se citar o reuso da água em edifícios, a utilização de iluminação e ventilação natural, o reuso e reciclagem de resíduos e a racionalização dos processos construtivos (JOHN, 2000).

Há, porém, um atraso do Brasil nesse assunto em relação a outros países, o que se dá em função em diversos fatores. Um deles é que a questão ambiental no país ainda está focado, principalmente, nas florestas e nos animais em extinção, na composição dos aterros sanitários e na poluição do ar. A atuação do Estado se dá meramente no exercício do papel de polícia.

Exemplo disso é a Lei Federal de Crimes Ambientais, promulgada em 1998, em cujo bojo predomina a preocupação com as transgressões ao invés da busca pela redução do impacto ambiental gerado pelo entulho da construção civil (JOHN, 2000). Esta continua sendo, portanto, a grande responsável pelos impactos ambientais causados pela excessiva geração de resíduos, conforme se denota no item a seguir.

(21)

1.3 A CONSTRUÇÃO CIVIL E O SEU IMPACTO NO MEIO AMBIENTE

A construção civil é responsável por cerca de 20 a 50% do total de recursos naturais consumidos pela sociedade. Essa estimativa tem gerado preocupação dos ambientalistas com a possibilidade do seu esgotamento num futuro próximo (LACÔRTE, 2013).

Estima-se que a cadeia de ações da construção civil seja responsável pelo consumo de 20 a 50% de todos os recursos naturais disponíveis, renováveis e não renováveis (SJÖSTRÖM apud JOHN, 2000).

Pinto (1999) caracteriza os seguintes materiais como RCC: solos, rochas, concreto armado ou não, argamassa à base de cimento e cal, metais, vidro, plásticos diversos, madeira, materiais betuminosos, gesso – placa e pasta, tintas e adesivos, restos de embalagens, resíduos de cerâmica vermelha (tijolos e telhas), cerâmica branca (especialmente de revestimento), cimento – amianto, produto de limpeza de terrenos, entre outros, em proporções variáveis, de acordo com a origem.

Para o ano de 2006 as estimativas previam o consumo de 212x106 t de areia e 146x106 t de pedra brita, o que totalizaria 1,9 t/hab/ano (DNPM, 2007), sendo utilizados, principalmente, para a produção de concreto, argamassa, entre outros. A Figura 1, a seguir, apresenta a cadeia da construção civil, onde se pode perceber a origem dos resíduos que causam os impactos ambientais.

Figura 1 – Cadeia da construção civil

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Das 5.475 cidades brasileiras, 489 têm entre 50 e 70% dos seus resíduos coletados; 728 entre 70 e 80%; 771 entre 80 e 90%; 525 entre 90 e 99%; e 1.814 têm 100% dos resíduos coletados. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE, 2000), 194 municípios ainda não possuíam a informação ou não declararam a sua porcentagem de coleta.

Isso é confirmado por John (2000, p. 74), que afirma: “além de ser um dos maiores setores da economia, ele produz os bens de maiores dimensões físicas do planeta, sendo consequentemente o maior consumidor de recursos naturais de qualquer economia”.

Ambientalmente, a disposição inadequada do lixo pode agravar a poluição do ar, das águas (superficiais e subterrâneas) e do solo, além de causar poluição visual e desconforto para os moradores vizinhos (GÜNTHER, 1999).

Entre as diversas destinações clandestinas do entulho, Cassa et al. (2001) citam duas que são bastante preocupantes:

a) lançamento em encostas, gerando depósitos instáveis, que podem causar deslizamentos; b) lançamento em baixadas, junto a redes de drenagem, ou mesmo diretamente no leito dos

canais, levando à obstrução do escoamento pluvial e provocando inundações.

Esse descarte irregular dos RCC e outros resíduos proporciona um ambiente ideal para a proliferação de vetores prejudiciais à saúde humana, como roedores, insetos peçonhentos (aranhas e escorpiões) e transmissores de epidemias, como a dengue (PINTO, 1999).

O setor da Construção Civil também se destaca pelo expressivo consumo de resíduos provenientes de outras indústrias, como cinzas volantes, escórias de alto-forno, sílica ativa (na produção de cimentos, concretos e argamassas), papel reciclado na produção de gesso acartonado, pneus, bagaço de cana e diversos outros materiais (LACÔRTE, 2013).

Estudos de John (2000) revelam que, no Brasil, são produzidas anualmente cerca de 35 milhões de toneladas de cimento Portland, e que este cimento é misturado com agregados a um traço médio de 1:6. Estima-se que 210 milhões de toneladas de agregados são consumidos anualmente somente na produção de concretos e argamassas, sem considerar o volume de agregados que são utilizados em pavimentação e as perdas.

Com isso já se percebe que em algumas cidades a areia e outros agregados naturais começam a ficar escassos, e já existem controles ambientais que limitam a sua extração. O mesmo ocorre com a madeira natural, amplamente utilizada na construção civil, que já vem tendo a maioria das florestas remanejadas de forma adequada (SENAI/SEBRAE/GTZ, 2010).

O crescimento populacional, o desenvolvimento econômico e a utilização de tecnologias inadequadas têm contribuído para que o Setor da Construção Civil cresça e atinja patamares elevados em todo o mundo (SEBRAE/SENAI/GTZ, 2010).

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Uma consequência desse crescimento exacerbado da construção civil é a produção de quantidades significativas de resíduos, constituindo-se num dos principais problemas enfrentados na atualidade. Segundo Lacôrte (2013), a atividade é responsável pela geração de cerca de 40% a 70% da massa dos resíduos urbanos produzidos em canteiros de obras. Em consequência, 50% dos entulhos são dispostos irregularmente na maioria dos centros urbanos brasileiros.

Segundo estudos de Pinto (2005), em alguns municípios brasileiros mais de 75% dos resíduos da construção civil são provenientes de construções informais (obras não licenciadas) enquanto 15% a 30% são oriundas de obras formais (licenciadas pelo poder público). Muitos desses descartes ocorrem em áreas periféricas, terrenos baldios e cursos d’água, causando danos ao meio ambiente e onerando os cofres públicos com a sua posterior remoção.

A Figura 2, a seguir, apresenta uma estimativa da quantidade de resíduos da construção civil coletada na diferentes regiões do Brasil durante o ano de 2011:

Figura 2 – Estimativa da quantidade de resíduos da construção civil no Brasil em 2011

Fonte: Brasil (2011)

Apesar de serem considerados de baixa periculosidade, os RCC causam impacto pelo grande volume gerado. Ademais, acumulam material orgânico, produtos químicos, tóxicos e de embalagens diversas que podem acumular água e favorecer a proliferação de insetos e de outros vetores de doenças.

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A construção civil no Brasil, portanto, lidera o ranking da produção de resíduos, como mostra a Tabela 5, a seguir.

Tabela 5 – Distribuição dos tipos de resíduos produzidos no Brasil (em %)

Tipo de resíduo Participação (%)

Domiciliar e comercial 25,86 Feiras e mercados 0,23 Podas 0,55 Capina 8,94 Raspagem mecânica 4,58 Varrição 6,35 Hospitalar 0,59 Entulho 52,9 Total 100,0

Fonte: Nogueira et al. (2012), adaptado de Teixeira (1995)

Estudos de Lima e Lima (2005) afirmam que entre os entulhos produzidos pela construção civil, 59% são gerados pelas reformas de prédios e residências e 41% decorrem da construção de novas construções civis.

Essa distribuição está representada na Figura 3, que segue, onde é possível visualizar a grande fatia ocupada pelas reformas, ampliações e demolições (59%), seguidas das edificações novas (21%) e das residências novas (20%).

Figura 3 – Origem dos resíduos das construções civis no Brasil, em 2008

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Isso revela que o consumo de recursos naturais é maior do que o necessário devido ao elevado volume de perdas que ocorrem nas construções ou que são eliminadas como resíduos. As perdas, infelizmente, excedem qualquer limite mínimo, e são características do desperdício, tanto econômico como natural.

Segundo os estudos de Agopyan (1998), o desperdício na construção civil apresenta os seguintes valores: 76% para a areia; 95% para o cimento; 75% para a pedra; 97% para a cal; 9% para o concreto; 17% para blocos e tijolos; 10% para o aço; 18% para a argamassa; 50% desse total está incorporado à obra e os outros 50% são gerados na forma de entulho de obra.

No entendimento de Pinto (1999), tal resultado decorre do fato de que nas cidades brasileiras de médio e grande porte, entre 40% e 70% da massa total de resíduos sólidos urbanos são compostos por RCC. Grigoli (2000) complementa afirmando que os entulhos recicláveis são compostos de areia, pedra, concreto, cerâmica, argamassa, vidro, cerâmica esmaltada e metais, em porcentagens como mostra a Figura 4, a seguir.

Figura 4 – Percentuais de traços de entulho de obra

Fonte: Grigoli (2000)

Compreende-se, destarte, que os órgãos municipais, inseridos nesse contexto, não podem retardar soluções em relação aos problemas gerados devido ao seu elevado volume. Na concepção de Ferreira (2003, p. 33) a esse respeito, tem-se que:

O processo de gestão ambiental leva em consideração todas aquelas variáveis de um processo de gestão, tais como o estabelecimento de políticas, planejamento, um plano de ação, alocação de recursos, determinação de responsabilidades, decisão, coordenação, controle, entre outros, visando principalmente ao desenvolvimento

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sustentável. Uma decisão ambiental, em seus diversos níveis, envolve variáveis complexas e alternativas de ação nem sempre de fácil aceitação pelos sócios, conselheiros ou pelas diretorias.

Para Martins (1998, p. 25), gasto é o “sacrifício financeiro com que a entidade arca para a obtenção de um produto ou serviço qualquer, sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro)”.

O estudo de soluções práticas que visem a reutilização do entulho na própria obra, segundo Zordan (1999), contribui para amenizar o problema gerado com os depósitos clandestinos que se formam nos arredores dos centros urbanos. Consequentemente, há uma melhoria da questão ambiental uma vez que um novo material passa a ser utilizado em substituição a um recurso natural.

Essa questão é reforçada por Santos (2007), que enfatiza a importância de se atentar para a questão da reciclagem dos RCC, bem como para a reutilização de outros insumos nos próprios locais de obra.

Segundo Grigoli (2000), a indústria da construção civil pode ser consumidora de resíduos da própria construção civil, confirmando assim, a possibilidade da instauração de medidas que implantem o reaproveitamento dos resíduos da construção civil.

1.4 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A Resolução CONAMA nº 307/02 define o gerenciamento de resíduos como

o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos. (CONAMA, 2002, p. 1).

O diagnóstico da geração de resíduos de construção civil nas cidades brasileiras é feito a partir de dados de estimativas de áreas construídas, da quantificação de volumes por empresas coletoras e do monitoramento de descargas nas áreas de disposição final desses resíduos. As duas primeiras estimativas permitem uma quantificação confiável e podem ser utilizadas nos municípios que possuem cadastro de construções licenciadas (PINTO, 1999).

A composição dos resíduos da construção civil em outros países, entretanto, difere um pouco da do Brasil. Além do tradicional concreto e dos conhecidos blocos de concreto,

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encontram-se também o gesso e o EPS5, os quais são utilizados no isolamento das construções, atingindo uma geração de 30,77 kg/m² (BOHNE; BERGSDAL; BRATTEBO, 2005). Segundo Kibert (2002), esta taxa é de 25 kg/m² para novas construções e de 320 kg/m² para demolições.

Buscando soluções para o problema habitacional brasileiro, o Programa Habitare, em vigor no Brasil desde 1994, propõe a utilização de resíduos da construção civil. Ao estimular a sua utilização, o programa expressa que transformar resíduos em produtos aumenta a sustentabilidade social e ambiental. Entretanto, sugere a realização de pesquisas a fim de reduzir os riscos de saúde e ambientais na utilização desses resíduos (JOHN; ÂNGULO, 2003).

O gerenciamento de resíduos traz vantagens significativas ao meio ambiente e às construtoras. Estudos de Tozzi e Braga (2007) revelam que obras que tiveram o gerenciamento de resíduos apresentaram vantagens econômicas significativas em relação àquelas que não adotaram esse método de gestão. Em suma, a obra com gerenciamento de resíduos tornou-se mais atrativa, pois reduz os gastos na compra de matéria prima e na remoção de entulhos.

Na expectativa de avançar nesse rumo, Pinto (1999, p. 173) propôs a Metodologia para a Gestão Diferenciada dos RCC. Para ele, “a ampla facilitação do descarte, a diferenciação integral dos resíduos captados e a adoção da reciclagem como forma de valorização de resíduos constituem um útil e eficaz instrumental para controle dos resíduos de forma sustentável”.

Enfim, coaduna-se com a percepção de Ângulo, Zordan e John (2001), para quem a diminuição de riscos de impactos ambientais e a redução de custos na construção civil são fatores que tornam a reciclagem uma prática sustentável para o setor.

1.5 A REUTILIZAÇÃO DOS RCC, SEGUNDO A LEGISLAÇÃO

Os primeiros registros de experiências de reciclagem de resíduos da construção civil datam de 1997, entretanto, até hoje não são significativos, especialmente a possibilidade de reciclagem no próprio canteiro de obras e sua consequente reutilização.

5 EPS é a sigla internacional do Poliestireno Expandido. Foi descoberto na Alemanha em 1949 pelos químicos

Fritz Stasny e Karl Buchholz. No Brasil é popularmente conhecido como IsoporⓇ, marca registrada da empresa

Knauf. O EPS é um plástico celular rígido, resultado da polimerização do estireno em água

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A reciclagem de resíduos é uma necessidade para a preservação do meio ambiente, não apenas pelo risco de contaminação do solo e dos lençóis freáticos, mas também pela possibilidade de redução do custo e do consumo de energia na produção de novos materiais de construção civil. A construção civil, pelo extraordinário volume físico de materiais que incorpora, é o maior mercado potencial para reciclagem (SILVA, 1997).

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) é o órgão responsável pela normatização de questões que estão relacionadas à preservação do meio ambiente. Em 2002, o Conama promulgou a Resolução n° 307, que entrou em vigor em janeiro de 2003, e estabelece obrigações para os geradores de resíduos da construção civil por intermédio de um Plano Integrado de Gerenciamento de RCC.

Seu conteúdo determina que cabe aos municípios a busca por soluções para o gerenciamento de pequenos volumes de resíduos, bem como disciplina a ação dos agentes envolvidos com os grandes volumes. Além disso, o referido Plano visa orientar o Programa Municipal de Gerenciamento de RCC (PMG/RCC)6 e os Projetos de Gerenciamento de RCC (PG/RCC)7.

Além disso, a Resolução determinou um prazo de 18 meses (até julho de 2004) para que os municípios parem de despejar os resíduos da construção civil nos aterros de resíduos domiciliares, bem como devem rever os seus objetivos:

Art. 4º. Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resí-duos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final.

§ 1º. Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de “bota fora”, em encostas, corpos d’água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei, obedecidos os prazos definidos no art. 13 desta Resolução.

§ 2º. Os resíduos deverão ser destinados de acordo com o disposto no art. 10 desta Resolução. (grifos nossos).

Paralelo à Resolução 307 do Conama, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou em 2004, uma série de normas relativas aos resíduos da construção civil, as quais vêm de encontro às diretrizes propostas pela Resolução. Fundamentalmente tais normas se referem às áreas de reciclagem e aos aterros de resíduos de construção civil:

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PMG/RCC: a elaboração, implementação e coordenação ficou por conta dos municípios e do Distrito Federal, com prazo máximo de 12 meses para a elaboração (que expirou em janeiro de 2004), e 18 meses para implementação (prazo esgotado em julho de 2004). (LACÔRTE, 2013).

7 PG/RCC: devem ser elaborados pelos grandes geradores no prazo máximo de 24 meses (que se esgotou em

janeiro de 2005), e deve contemplar a caracterização de resíduos, triagem, acondicionamento, transporte e destinação. (LACÔRTE, 2013).

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̶ NBR-15112/2004 – Resíduos da construção civil e resíduos volumosos – Área de transbordo e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação;

̶ NBR-15113/2004 – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação;

̶ NBR-15114 /2004 – Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação;

̶ NBR-15115/2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos;

̶ NBR-15116/2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos. (LIMA; LIMA, 2005).

A fim de facilitar o gerenciamento dos RCC, a Resolução 307 do Conama os classifica em quatro classes (A, B, C, e D):

Art. 3º. Os resíduos da construção civil deverão ser classificados, para efeito desta Resolução, da seguinte forma:

I – Classe A – são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, como: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras

de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio-fios, etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II – Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

III – Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

IV – Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.

Lacôrte (2013), ao analisar o art. 3º da Resolução 307, faz uma série de observações que auxiliam na interpretação dessas normas. Para o autor, os resíduos da Classe A são gerados, principalmente, na fase de vedações e acabamento. Isso se deve, geralmente, à falta de planejamento dessas etapas.

Observa que na alvenaria estrutural e de vedação, a utilização dos conceitos de modulação, por meio do uso de meios blocos e espessura adequada de argamassa no assentamento podem reduzir significativamente o desperdício, assim como a geração de resíduos. Isso confirma a hipótese de que o cuidadoso planejamento da execução da alvenaria,

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desde a fase dos projetos de arquitetura até a estrutura e instalações pode reduzir de forma drástica a geração dos resíduos classe A.

E, caso não seja possível evitá-los, eles podem ser transformados em matéria prima secundária, ou seja, se devidamente processados podem ser aplicados como diferentes materiais em obras civis, tais como: pavimentação de estacionamentos e vias, base e sub-base de pavimentação, recuperação de áreas degradadas, obras de drenagem e de contenção, e produção de componentes pré-fabricados.

Com relação aos resíduos da Classe B (madeira, metais, papelão, plástico e vidro), Lacôrte (2013) observa a necessidade de separar os materiais contaminados (sacos de cimento) dos não contaminados (embalagens, plástico filme, aparas de tubulações, vidros planos), e ao adquirir um certo tipo de metal, observar as especificações técnicas do fabricante de modo que seja permitida a sua reciclagem ou venda posterior.

Já os resíduos da Classe C não possuem aplicações posteriores, enquadrando-se aí os produtos oriundos do gesso. A tecnologia utilizada em sua fabricação não permite a sua reciclagem ou recuperação, sendo totalmente descartado.

Finalmente, os resíduos pertencentes à Classe D são considerados nocivos à saúde humana (tintas, solventes, óleos, amianto, produtos contaminados de demolições, etc). Sua segregação deve ser feita imediatamente após a geração do resíduo a fim de que não contamine outro resíduo. Sua reutilização e reciclagem deve ficar por conta de empresas autorizadas a fim de que providenciem o eco-processamento, de acordo com a legislação vigente (LACÔRTE, 2013).

O encaminhamento desses RCCs deve seguir os seguintes trâmites, conforme especificação do art. 10 da Resolução 307 do Conama:

Art. 10. Os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes formas: I – Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

II – Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, para permitir a sua utilização ou reciclagem futura; III – Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas.

IV – Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas.

De posse desses conhecimentos já se pode delinear a possibilidade de efetuar o encaminhamento adequado dos resíduos da construção civil, bem como a economia que pode advir da sua utilização na própria obra.

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1.6 A REUTILIZAÇÃO DE RCC NA PRÓPRIA OBRA

Segundo Moreira e Cunha (2008, p. 20), a reutilização dos RCC pode ser entendida como “o aproveitamento de resíduos da construção civil sem transformação física ou físico-química, assegurando, quando necessário, o tratamento destinado ao cumprimento dos padrões de saúde pública e meio ambiente”.

Esse conceito é ampliado com a definição do Conama que, segundo a Resolução n. 307/02, é a reaplicação dos RCC, ou seja, a reciclagem é o “aproveitamento do resíduo, após o mesmo submeter-se à transformação e beneficiamento, a fim de lhe fornecer condições para a sua utilização na forma de matéria-prima ou produto” (CONAMA, 2002).

Em função de os canteiros de obras revelarem um cenário de completa falta de espaço, seus responsáveis buscam, periodicamente, “limpá-la” e, assim, transferem todo o entulho gerado para o espaço térreo e posterior eliminação (GRIGOLI, 2004).

Todo esse caminho percorrido com o entulho, porém, custa muito caro. Uma forma de evitar esse gasto seria manter o resíduo no próprio compartimento onde foi gerado para, posteriormente, ser avaliada a sua reutilização na própria obra.

Com relação à reciclagem, John (2001) revela que ela pode ser de dois tipos: a primária e a secundária. Na primeira, o resíduo é reciclado dentro da própria obra; já na segunda o resíduo é reciclado em um processo diferente do qual se originou.

Existem, hoje, mais de 20 empregos de RCC na própria obra aonde são gerados, podendo ser com ou sem beneficiamento, os quais foram pesquisados e aprovados. Grigoli (2001) apresenta alguns deles: assentamento de batentes; assentamento de esquadrias e/ou contramarco; enchimentos de rasgos de paredes; chumbamentos de tubulações elétricas e hidráulicas; assentamentos de blocos cerâmicos; chumbamentos de caixas elétricas; execução de embonecamento de tubulações; remendo e emenda de alvenarias; enchimentos de rebocos internos; enchimentos de caixões perdidos; enchimentos de degraus de escada; estrado sobre o solo para lançamento de contrapiso e passeio público; contrapiso e interiores de unidades habitacionais; concretos de piso para abrigos de automóveis leves; drenos de floreiras; drenos de visitas de hidrantes e drenos de fundo de poço de elevador, drenos de escoamento de água de chuvas e drenos de pátios de estacionamento; aterramento de valetas junto ao solo; estanqueamento; fundações de muros com pequenas cargas; vigas de concreto com baixa solicitação; e pilares de concreto com baixa solicitação.

O autor supracitado também classifica o entulho em duas porções bem caracterizadas: recicláveis e não recicláveis. Entre os entulhos recicláveis encontram-se os seguintes:

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̶ a areia – circulada e perdida no canteiro, sem ser operacionalizada;

̶ as pedras – tanto circuladas como perdidas no canteiro, sem serem operacionalizadas;

̶ o concreto – fração perdida quando da concretagem de peças estruturais, onde não é

encontrado na forma estrutural, a não ser em pedaços de tamanhos variados, acessíveis à desmonte com auxílio de marretas e picaretas manuais;

̶ as cerâmicas – as perdas de blocos cerâmicos na forma de entulho quando da sua

operacionalização no canteiro, das quebras durante o assentamento e quando do corte das alvenarias para a passagem de tubulações afins;

̶ as argamassas – as perdas de porções de argamassas de cimento, cal e areia, utilizadas

nos assentamentos de cerâmicas, no emboço e no reboco, assentamentos de cerâmicas afins e argamassas de cimento e areia, utilizadas nos chapiscos, assentamentos de batentes, esquadrias e revestimentos afins, assim como também, frações miúdas de concretos perdidos e/ou quebrados no canteiro;

̶ o vidro/cerâmica esmaltada – fração perdida quando do acabamento de fechamentos em

vidros e em cerâmicas de piso e paredes, sendo comum apresentarem-se em tamanhos cuja dimensão máxima não exceda a 100,00 mm;

̶ metais – fração perdida quando do corte com sobras de pontas de ferragens e arames de

amarração e ponteamento.

Enfim, como consequência da reciclagem de entulho, e com o intuito de se obter material que possa ser reutilizado na construção civil, é possível aumentar o tempo de vida útil dos aterros de resíduos inertes e minimizar os impactos ambientais provenientes de mineração (ZULAUF, 1999).

1.7 ECONOMIA GERADA COM A UTILIZAÇÃO DE ENTULHOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA MESMA OBRA

No Brasil ainda é inexpressiva a quantidade de empresas de construção civil que fazem a gestão de resíduos em canteiros de obras e que desenvolvem ações planejadas para redução da geração de resíduos. E, as empresas que procuram se adequar a essa nova realidade ainda encontram dificuldades quanto à forma adequada de aproveitá-los (SENAI/SEBRAE/GTZ, 2010).

Aos poucos, porém, as empresas são informadas das inúmeras vantagens proporcionadas pela reciclagem, como:

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̶ preservação de recursos naturais com a substituição destes por resíduos, prolongando a vida útil das reservas naturais e reduzindo o impacto ambiental;

̶ redução da necessidade de áreas para aterro devido à diminuição do volume de resíduos a serem depositados;

̶ redução no gasto de energia, seja para produção de um novo bem, seja com o transporte e gestão do aterro;

̶ geração de empregos com o surgimento das empresas para reciclagem;

̶ redução da poluição emitida com a fabricação de novos produtos; e

̶ aumento da durabilidade da construção em determinadas situações como, por exemplo, na adição de escória de alto forno e pozolanas ao cimento. (SENAI/SEBRAE/GTZ, 2010, p. 63).

Assim, uma vez segregados, os resíduos devem ser adequadamente acondicionados em depósitos distintos para que possam ser aproveitados numa futura utilização no canteiro de obras ou fora dele, evitando assim a sua contaminação por qualquer tipo de impureza que inviabilize sua reutilização.

É importante que os funcionários sejam treinados e se tornem conhecedores da classificação dos resíduos, não só para executarem satisfatoriamente a sua segregação como também pela importância ambiental que essa tarefa representa (LIMA; LIMA, 2005).

Após a segregação e término da tarefa ou do dia de serviço, os RCCs devem ser acondicionados em recipientes estrategicamente distribuídos até que atinjam volumes tais que justifiquem seu transporte interno para o depósito final de onde sairão para a reutilização, reciclagem ou destinação definitiva.

A reciclagem fora do canteiro de obras acontece em Centrais de Reciclagem de RCC. De acordo com o IBGE (2000), apenas 12 dos 5.507 municípios brasileiros (0,2%) possuem Centrais de Reciclagem de RCC em operação.

O Estado de São Paulo é um dos Estados brasileiros que já introduziu a prática de reaproveitamento do entulho. Diariamente são transportadas 17.000 toneladas de resíduos de obras para as usinas de reciclagem. Naquele local eles são reaproveitados e reciclados, como a areia e a brita, sendo que a areia de boa qualidade é usada em acabamentos finos, enquanto que a de outras granulometrias é aproveitada em novas obras.

Até 2005 as prefeituras de São Paulo só usavam este material em estradas e pavimentação, mas hoje ele é utilizado em novas obras. O custo por m³ de areia reciclada fica 30% mais barato que a original (LACÔRTE, 2013).

Depreende-se daí que a ideia da reutilização de materiais deve fazer parte do planejamento da obra desde a fase da sua concepção. O reaproveitamento das sobras vem ao encontro de uma consciência sustentável, e faz com que materiais que seriam descartados ao final da obra com um custo financeiro e ambiental retorem em forma de novos materiais e sejam reinseridos na construção, evitando o uso de novas matérias primas do meio ambiente.

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2 METODOLOGIA

2.1 TIPO DE ESTUDO

Segundo Minayo et al. (2003), a natureza dos dados de uma pesquisa pode ser classificada como quantitativa ou qualitativa. A pesquisa qualitativa é caracterizada por considerar a existência de uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, utilizando para tanto o método indutivo (ROBSON, 2000 apud SILVA, 2012, p. 22), isto é:

[...] é de natureza. Enquanto cientistas sociais trabalham com estatísticas apreendem dos fenômenos apenas a região “visível, ecológica e concreta”, a abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas.

A presente pesquisa classifica-se, então, como qualitativa, sendo que o seu planejamento possui uma dimensão ampla, envolvendo fundamentos metodológicos, definição de objetivos, ambiente da pesquisa e determinação das técnicas de coleta e análise de dados.

Com relação aos procedimentos técnicos, Gil (2012, p. 50) manifesta que:

O elemento mais importante para a identificação de um delineamento é o procedimento adotado para a coleta de dados. Assim, podem ser definidos dois grandes grupos delineamentos: aqueles que se valem das chamadas fontes de “papel” e aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas. No primeiro grupo estão a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. No segundo estão a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post-facto, o levantamento, o estudo campo e o estudo de caso.

O estudo de caso, proposto para este trabalho, é caracterizado pelo estudo profundo de um ou de poucos objetos, possibilitando um conhecimento mais amplo e detalhado. Este tipo de estudo caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.

O estudo de caso incorpora abordagens específicas à coleta e análise de dados, coleta de evidências como documentos (estudos e avaliações formais do mesmo local), registros em arquivos (registros organizacionais, como tabelas e orçamentos), entrevistas do tipo focal (espontâneas e de caráter de conversa informal), observações diretas informais (precedidas de visitas em campo sem o desenvolvimento de protocolos de observações) (YIN, 2001).

Para a realização do estudo que ora se apresenta, assim como para a obtenção dos parâmetros necessários, foi efetuada uma pesquisa de campo que teve por objetivo de ação o

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estudo, acompanhamento e levantamento de dados gerados durante a execução das obras, localizadas nas cidades de Ijuí e Redentora, RS.

2.2 SUJEITOS DA PESQUISA

O universo dos sujeitos desta pesquisa é composto pelos gestores da construção civil, que foram observados durante o estudo, realizado no mês de outubro de 2015.

2.3 COLETA DE DADOS

Toda a pesquisa deve ser planejada, envolvendo a coleta de dados a fim de dispor das informações referentes ao problema estudado, demonstrando de que modo foram obtidos os dados necessários para sua realização.

No estudo ora proposto construiu-se, primeiramente, a pesquisa bibliográfica, a partir da leitura, análise e interpretação de material com enfoque no assunto em questão, utilizando-se para tanto de livros, revistas especializadas, manuais, artigos, internet, entre outros. Pretendeu-se, com isso, aplicar o conhecimento e fundamentar o embasamento técnico para a realização das atividades do trabalho. Também foi realizada a pesquisa documental e o estudo de caso por meio da coleta e análise de documentação existente em obras de construção civil que estão em andamento, a fim de compreender a economia que está sendo feita mediante o aproveitamento dos resíduos na própria obra. Essa economia abrange desde os caminhões que deixam de transportar o entulho até a compra de novos materiais. Procurou-se saber, também, os reflexos que tal economia causa no meio ambiente.

2.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados por meio de pesquisa diagnóstica cujo elemento fundamental é a observação. No entendimento de Marconi e Lakatos (2003, p. 190), trata-se de “[...] uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade”. Por ser uma observação estruturada, ou seja, que requer a descrição mais detalhada, a fim de responder a propósitos preestabelecidos, utilizou-se a observação sistemática, que requer um planejamento antes de sua execução.

Com relação à participação da acadêmica, esta foi uma observação não participante, uma vez que se limitou à observação dos fatos, em que o pesquisador, segundo Marconi e

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Lakatos (2003, p. 193), “Presencia o fato, mas não participa dele; não se deixa envolver pelas situações; faz mais o papel de espectador”.

A realização do estudo ocorreu de forma individual, por intermédio de análise dos controles existentes no ambiente da construção civil onde ocorrem e no momento em que acontecem os fatos.

2.5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

A análise e a interpretação dos dados da pesquisa aparecem sempre estreitamente relacionadas, pois a análise objetiva organizar e sumariar os dados para possibilitar o fornecimento de respostas ao problema proposto para a investigação. Já a interpretação objetiva dar sentido mais amplo à resposta, a partir da ligação com outros conhecimentos obtidos anteriormente.

Nesse rumo, Gil (2012, p. 156) explica que:

A análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de tal forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para a investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos.

Após a coleta de dados, estes foram contabilizados a fim de serem interpretados e analisados à luz do referencial teórico. Para tanto, foram utilizadas ferramentas como gráficos, quadros e tabelas que auxiliaram na composição dos resultados do estudo.

2.6 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA

Não foi possível realizar intervenções relativas ao uso de resíduos na etapa do projeto do empreendimento. Destarte, os resultados obtidos se restringiram ao levantamento de dados da construção dos edifícios em questão.

Referências

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