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Corpo e imagem corporal na adolescencia- pesrspectivas da educação fisica escolar

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Academic year: 2021

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UNIJUI-UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DHE-DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FISICA

CORPO E IMAGEM CORPORAL NA ADOLESCENCIA- PERPECTIVAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

MAURICIA A. S. C. POTT

IJUI- RS 2017

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MAURICIA A. S. C. POTT

CORPO E IMAGEM CORPORAL NA ADOLESCENCIA- PESRSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO FISICA ESCOLAR

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Educação Física, Departamento de Humanidades e Educação (DHE) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), como exigência parcial para obtenção do grau de Licenciatura em Educação Física.

Orientador (a): Eloísa de Souza Borkenhagen Bohrer

IJUI-RS 2017

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3 A Banca Examinadora abaixo assinada aprova o Trabalho de Conclusão de Curso:

CORPO E IMAGEM CORPORAL NA ADOLESCENCIA- PERPECTIVAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Elaborado por:

MAURICIA A. S. C. POTT

como requisito parcial para obtenção do titulo de Licenciada em Educação Física.

Banca Examinadora:

X

Eloísa de Souza Borkenhagen Bohrer Orientadora

X

Prof. Dr. Sidinei Pithan da Silva Examinador Titular

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de Pesquisa a meu esposo Nilvo, e a minha professora orientadora Eloisa, pela paciência, carinho e apoio.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro momento, agradeço a Deus por me iluminar e assim ter alcançado meu objetivo.

Ao meu esposo Nilvo, pela paciência e compreensão em todos os momentos que necessitei, sempre acreditando no meu potencial.

Ao curso de Educação Física da Unijui e aos professores que pude contar ao longo desses cinco anos.

A minha querida professora orientadora Eloisa de Souza Borkenhagen Bohrer. Pois com ela tive a oportunidade de trocar ideias e ideais e o privilegio de escuta-la a compartilhar de seus saberes, tendo como inspiração o seu caráter e a sua humildade.

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RESUMO

A presente pesquisa concentra-se, na compreensão da construção da visão da corporeidade na especificidade em escolares do gênero feminino entre 14 e 15 anos de idade, bem como, refletir acerca do papel da Educação Física escolar frente a esta problemática. Portanto, tem por objetivo investigar e compreender essa construção tanto na dimensão biológica, quanto na dimensão sociocultural, investigando o contexto sociocultural que facilita a compreensão e a constituição das adolescentes referente ao corpo e a imagem corporal. Os sujeitos participantes foram 28 alunas, do 9º ano, turma 91, da Escola Estadual de Educação Básica Poncho Verde do município de Panambi/RS. Para o desenvolvimento desta pesquisa foi realizado um conjunto de quatro encontros para coleta de dados e informações referente ao tema do estudo. Onde um desses encontros ocorreu com a direção da escola, tendo acesso a documentos da escola como o Projeto Politico Pedagógico (PPP), Plano de Estudo e o Plano de Trabalho do Professor. Outros dois encontros foi com a turma de alunas e a professora regente, durante esses encontros foram realizados questionário individual e testes com as alunas, como o da Escala das Silhuetas de Stunkard et al apud Nicida e Machado (2014), e das medidas antropométricas (peso e altura) para ser verificado o índice de massa corporal (IMC), os resultados foram verificados conforme o padrão da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, foi realizado ao final dos encontros entrevista com quatro alunas, onde esta possuía perguntas abertas em relação à Educação Física na escola e a temática “Corpo e Imagem Corporal”. A análise e discussão dos resultados obtidos foram divididas em quatro momentos, primeiramente foi realizada a analise de documentos como PPP, Plano de Estudo e Plano DE Trabalho do Professor. Logo após é feita a analise da entrevista com a professora, bem como a analise dos dois encontros e a analise da entrevista com as quatro alunas. Verificando os resultados e objetivos atingidos com a devida pesquisa, através de escritos e falas das alunas, bem como da professora. Constatando a partir disso, que elas deram um novo significado a temática “corpo e imagem corporal”, facilitando o espaço reflexivo nas aulas de Educação Física para problematizar temas relevantes como este.

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7 SUMARIO

1. INTRODUÇAO... 8

2. REFERENCIAL TEORICO ... 10

2.1. As Concepções sobre o Corpo e a Imagem Corporal numa perspectiva histórica. 10 2.2. Adolescência& Imagem Corporal: as influências externas ... 14

2.3. O mal-estar Contemporâneo: Os transtornos da Imagem Corporal ... 16

2.3.1. Anorexia ... 16

2.3.2. Bulimia... 17

2.3.3. Obesidade ... 18

2.3.4. Vigorexia ... 18

2.4. A Educação Física Escolar ... 20

3. METODOLOGIA ... 24 3.1. Abordagem da Pesquisa ... 24 3.2. Tipo de Pesquisa ... 24 3.3 Sujeitos da Pesquisa ... 24 3.4. Contexto da Pesquisa ... 25 3.5. Instrumentos de Pesquisa ... 25 3.6 Procedimentos ... 26 3.7. Cuidados Éticos ... 27

4. Análise e Interpretação das Informações ... 27

4.1. Análise de Documentos ... 27

4.3. Analise dos Encontros ... 33

4.4. Análise da Entrevista com as Quatro Alunas ... 33

5. CONSIDERAÇOES FINAIS ... 41

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1. INTRODUÇAO

Atualmente tratar questões sobre o corpo e imagem, principalmente de adolescentes, é tratar de um assunto delicado e complexo. Pois há um conflito entre imagem corporal e corpo-imagem, que acarreta muitas vezes no desejo por um corpo diferente do que se possui, porém não é um fato novo, e se constitui num importante tema de reflexão no processo de formação desses sujeitos.

A adolescência é um período marcado pelas transformações e incertezas, onde o corpo, os sonhos e ideais de vida se modificam, muitas dúvidas surgem em torno de si próprio e como sujeito em sociedade. Vivemos na Cultura Digital, onde as influências externas surgem principalmente a partir da mídia, de uma sociedade contemporânea e conectada, em que não necessitamos ir à busca de informações, pois estão a um clique.

A escola esta “imersa” nessa cultura, na qual se constitui num terreno fértil para debates, reflexões e problematizações acerca do mundo vivido dos sujeitos. Se estamos vivos estamos inseridos em cultura, a escola tem o papel de refletir acerca dela sob a luz do “conhecimento cientifico”, além disso, a escola tem entre suas funções a de introduzir os alunos no mundo sociocultural que a humanidade tem construído, com o objetivo de que eles possam incluir-se no projeto, sempre renovado, da reconstrução desse mundo.” (FENSTERSEIFER e GONZÁLEZ, 2009, p.21).

Diante disso, a Educação Física como qualquer outra disciplina escolar, tem a função educativa de possibilitar aos sujeitos a leitura de mundo a partir da tematização da Cultura Corporal de Movimento. Assim, corpo, imagem e identidade são grandes conceitos a serem por ela desenvolvidos. Portanto, investigar esse contexto sociocultural que os adolescentes estão inseridos, e que os motiva, bem como os auxilia na construção da identidade e a elaborar sua imagem corporal, seria um dos grandes objetivos da Educação Física e, também, desta pesquisa. Pretendeu-se ainda através da pesquisa descritiva compreender este meio sociocultural, demonstrando nunca ser tarde para tratar deste tema tão relevante “Corpo e Imagem Corporal na Adolescência” nas aulas de Educação Física, pois é nesta disciplina que corpo e saúde fazem sentido serem relacionados.

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9 Sendo assim, este trabalho de pesquisa foi organizado em cinco capítulos. O segundo Capítulo trás o Referencial Teórico que aborda os principais tópicos que alicerçam as reflexões teóricas da pesquisa, sendo: As Concepções sobre o Corpo e a Imagem Corporal numa Perspectiva Histórica; Adolescência & Imagem Corporal: as influencias externas; O mal-estar Contemporâneo: os Transtornos da Imagem Corporal e A Educação Física Escolar. No Terceiro Capitulo descrevemos o processo metodológico que constitui nossa Pesquisa. No quarto Capitulo os resultados obtidos com a pesquisa. E, por fim, no quinto capitulo as considerações finais.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. As Concepções sobre o Corpo e a Imagem Corporal numa perspectiva histórica.

Ao longo da história diferentes concepções acerca da construção da corporeidade1 e da Imagem Corporal2 do sujeito foram construídas. Falar sobre corpo na atualidade é estar tratando de um dos temas mais presentes na nossa cultura, pois “o corpo é uma síntese da cultura, porque expressa elementos específicos da sociedade da qual faz parte (DAOLIO 1995, p. 25)”. Em pleno século 21 vivenciamos resquícios de diferentes discursos que constituíram o lugar do corpo em diferentes momentos históricos e que nos ajudam a compreender os discursos que fundamentam a centralidade do corpo na sociedade contemporânea. Segundo Schwengber (1998), é preciso refletir sobre o passado histórico para compreendermos o que vivemos no presente.

É importante estudar o corpo/movimento na sua cultura já que o mesmo não se constitui por uma única linguagem, mas se constitui de uma multiplicidade de dialetos ao concretizar a sua vida e as ações (SCHWENGBER 1998, p. 6).

Hoje entendemos que não simplesmente temos um corpo, mas que somos um corpo, e é através dele que se faz o primeiro contato com o mundo, é nele que todas as regras e normas são inscritas e até mesmo a história é representada. O que vivemos hoje se constrói sobre fragmentos de uma história difusa, por vezes contraditória e que fundamenta a constituição da identidade dos sujeitos e seus corpos. Por esse motivo, entendemos que faz sentido discutir brevemente sobre os principais discursos sobre a corporeidade que marcaram os diferentes períodos históricos do viver em sociedade (Primitiva, Antiguidade Clássica, Idade Média, Idade Moderna e Contemporânea) e que nos potencializam a debater mais atentamente a constituição da corporeidade em nossa cultura atual, foco de nosso estudo.

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“Corporeidade é o que se constitui um corpo tal qual é, e cada corpo é uno, individual e inalienável. Cada um, portanto, é sua corporeidade (SANTIN 2014, p. 158)”.

2“Imagem Corporal é identificada a partir da percepção que o individuo tem do seu corpo, como uma entidade física vinculada as experiências subjetivas dessa percepção e dos sentidos relativos ao seu próprio corpo (Melo 2014, p. 267)”.

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11 Para tanto, iniciamos este estudo compreendendo o corpo na Sociedade Primitiva, em que o mesmo era fulcral aos sujeitos por representar uma condição de sobrevivência e comunicação, pois somente através dele que o humano podia caçar para se alimentar, e ate mesmo ter novas experiências de conhecimento das mais diversas ordens. O corpo era muito valorizado, por diversos aspectos, e um deles foi o da comunicação. Antes da linguagem falada ser instituída culturalmente foi a linguagem corporal que fundamentou a comunicação e que deu vazão para esta importante condição humana se manifestar. Através de sua expressão corporal os sujeitos expressavam as emoções de alegria ou tristeza, sendo assim tinham seus corpos pintados e tatuados para os acontecimentos mais importantes em que ocorriam intensas expressões e manifestações corporais. “Nas sociedades arcaicas o homem era o seu corpo, ou seja, o corpo era uma unidade vivida que não estava separada da existência, tampouco se distinguia da vida em conjunto (SCHWENGBER 1998, p. 8)”.

Já na Antiguidade Grega “o corpo era visto como elemento de glorificação e de interesse do estado passou, então, a integrar o sistema educativo familiar (SCHWENGBER1998, p. 8)”, aqui o corpo já não é mais considerado uma unidade integral, mas sim separado por duas partes diferentes, sendo “corpo (material) e alma (espiritual e consciência)”. Para tanto, valorizavam a beleza e a estética corporal, bem como um corpo saudável e fértil, em que as mulheres se submetiam a pratica de atividades corporais como o exercício físico, com o intuito de manterem a saúde para desempenhar sua principal função social: “parir filhos robustos a cidade”. E os homens deviam ser fortes, “o corpo do atleta era valorizado a ponto do vencedor receber regalias do estado. Parece que estes valores se perpetuam até hoje (SCHWENGBER 1998, p. 9)”. Na Antiguidade Grega surgiram os Jogos Olímpicos.

No entanto, com a chegada da Idade Média ocorre a extinção dos Jogos Olímpicos e a proibição do culto ao corpo. Surgindo assim as doutrinas religiosas, “o espirito religioso da época considerava que a disciplina e o domínio do corpo eram alcançados através da pratica severa da religião (SCHWENGBER 1998, p. 10)”. Apenas os corpos dos grandes senhores eram exercitados através da pratica da caça e torneios de cavalaria, porem o corpo do trabalhador era considerado apenas um serviçal. Entretanto, pode-se salientar que:

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12 A partir do segundo período da Idade Média surgem Roger Bacon e São Tomas de Aquino que fornecem fortes contribuições teóricas, criando a universidade, no ocidente, no século XII. Juntamente com as universidades, desenvolveu-se o Renascimento, que se caracterizou como período de grandes manifestações intelectuais e culturais, que evidenciaram a nova civilização (SCHWENGBER 1998, p. 11).

O Renascimento contribuiu para o declínio das doutrinas religiosas e a revalorização da estética, beleza do corpo. Nesse sentido, passou-se a valorizar o corpo, e “o trabalho deixou de ser entendido como expiação dos pecados ou como tarefa destinada a seres inferiores (SCHWENGBER 1998, p. 11)”. Foi neste período que surgiram pintores famosos como Leonardo da Vinci e Michelângelo, em que buscavam compreender e expressar da melhor forma, a anatomia do corpo através da arte. Os estudos de Leonardo da Vinci neste período, além da arte, se apresentavam como pesquisas científicas, portanto, a partir desta época “as atividades corporais foram aliadas da ciência (SCHWENGBER 1998, p. 12).

Com a chegada da Modernidade, os discursos e argumentos em relação ao corpo e a corporeidade sofrem novas mudanças em suas concepções, privilegiando “não o sujeito singular, mas o sujeito universalizado pelos valores sociais (SCHWENGBER 1998, p. 16)”. Foi um período marcado pelos novos conhecimentos científicos e o enfraquecimento do conhecimento teológico. No entanto, o conhecimento era fortalecido e “originário de estudos que utilizariam o método científico na comprovação de uma ação racionalizada e calculada (SCHWENGBER 1998, p. 13)”.

Portanto, dominar conhecimentos matemáticos, significava a garantia à capacidade de ser racional, principal potencialidade do sujeito, simplificando o modo de construir o conhecimento e desvalorizando as particularidades do sujeito nesta construção. O corpo humano passou a ser comparados as explicações mecânicas da ciência experimental, sendo supérfluo o sentir, o tocar, o agir e o expressar. Neste período surge a Educação física.

É neste contexto politico-ideológico que surge a educação física, nos fins do século XIX, assente na anatomia, inserida numa concepção de ciência que se exprimia em linguagem matemática e com uma visão cartesiana de home dividido em res cogitans e res externa (SCHWENGBER 1998, p. 13).

No entanto, essa maneira de pensar acarretou consequências drásticas para varias áreas do conhecimento, inclusive a Educação Física. Pois na visão cartesiana

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13 o funcionamento do corpo humano era comparado ao de uma máquina, sendo assim regulados de tal forma, os problemas eram analisados por partes (corpo/mente) e não ao todo, desconsiderando a existência viva da corporeidade. Segundo Schwengber (1998) uma das principais características do pensamento cartesiano é a fragmentação do sujeito em corpo e alma, razão e desejo, sujeito e objeto.

Na Educação Física e nas demais áreas do conhecimento ainda há resquícios desta visão cartesiana. No entanto, se busca superar paradigmas através de uma nova forma de pensar o sujeito na sua individualidade e em relação a sua corporeidade, pois o mesmo tem sentimento, é inteligente e ativo, o seu coração não é apenas “uma máquina cheia de engrenagens que bombeia sangue”.

Entender o corpo/movimento não implica tão somente no aprofundamento de estudos da anatomia, da biomecânica e da fisiologia, entre outros, mas requer compreensão no sentido de ver que o homem não existe, não se educa, não trabalha e não se manifesta separadamente do seu corpo (SCHWENGBER 1998, p. 18)

No entanto, tal entendimento requer dar um novo significado ao corpo atrelado às questões de imagem, com conceitos e argumentos acerca da corporeidade e da imagem corporal, pois o paradigma da estética contemporânea reacende a necessidade de uma redefinição aberta do conceito de corpo. Ao tratar sobre a construção do corpo, no livro “Educação Física- Ética. Estética. Saúde”, Santin (1995) afirma que o corpo é construído sobre o olhar do outro e que faz parte de um sistema simbólico.

A ideia da construção do corpo segue na direção desta nova presença do corpo na filosofia; entretanto, procura fugir da visão cientificista e mecanicista para vê-lo como uma construção simbólica. A arquitetura do corpo não é mais reduzida a engenharia genética, mas resultado de um processo do imaginário humano. O corpo faz parte de um sistema simbólico que sustenta toda ordem social. É exatamente essa construção corporal simbólica que emerge das relações sociais. Assim sua construção não pode ser vista como corpo individual que eu construo, mas se trata de um corpo que eu construo sob o olhar do outro e para que ele possa ser olhado pelo outro (SANTIN, 1995, p. 41)

Essa representação do corpo imaginário que é construído sobre o olhar do outro, resulta em distorções e problemas da própria imagem do sujeito, onde o mesmo busca criar uma autoimagem através dos valores sociais e culturais envolvidos. Vivemos em uma sociedade obcecada por ter um corpo magro, como se a forma física magra determinasse felicidade. Isso gera uma imposição de corpo

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14 perfeito como forma de estar no mundo, ou seja, como se houvesse um corpo ideal. Na maioria das vezes, esse corpo é inatingível.

De acordo com Freitas (1999 p.26), a imagem condensa, assim, a experiência do homem em sua atualidade e marca sua presença no mundo. Dessa forma, ao refletirmos em relação a essa linha de pensamento, logo percebemos que remete significados de uma natureza sociocultural. O corpo e a construção da imagem corpórea é, então, um produto cultural, social e histórico que se fragmentou e recompôs ao longo dos tempos.

Na atual sociedade contemporânea vivemos sob o paradigma da cultura ciber no qual a tecnologia e os meios digitais de comunicação representam um importante elemento de impacto cultural no que tange a disseminação dos discursos que envolvem o fenômeno da corporeidade contemporânea. Ao tratarmos de estudos culturais e em relação à construção do conhecimento, existem várias formas deste conhecimento em relação ao corpo e a imagem ser transmitido, uma delas é através da mídia. A mídia envolve todos os meios de comunicação contemporâneos como o radio, a televisão, celulares, computadores, ela busca influenciar a forma de nos percebermos e que nos encontramos no mundo de hoje, assim como o nosso modo de vestir, de calçar, de caminhar, de pensar e de se portar frente a uma determinada sociedade. “A mídia funciona como uma Pedagogia e acaba por decidir o que é bom e o que não é bom para o conjunto da sociedade (PEGORARO, 2011, p. 54)”. O que sustenta os discursos midiáticos é a teoria do capitalismo, logo, do consumismo exacerbado.

Esse meio de transmitir o conhecimento e ao mesmo tempo nos dizer o que é bom e o que é ruim atinge todos os sujeitos e acaba por interferir na construção de sua autoimagem. Uma das etapas do desenvolvimento humano que esta mais vulneral a esta influência externa é a adolescência, pois é nesta fase que a imagem corporal é elemento fundante na construção da identidade e da autoestima do sujeito na sua relação com o mundo.

2.2. Adolescência & Imagem Corporal: as influências externas

A fase da Adolescência se caracteriza por muitas mudanças físicas e psicológicas, em que o indivíduo deixa de ser criança e começa a constituir-se

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15 adulto. Dentre essas mudanças esta a busca pelo autoconhecimento, o autocontrole e a construção da identidade, onde surgem dúvidas, incertezas e a busca pela aceitação do “eu”. “Compreender como o indivíduo constrói a imagem do corpo, como ele se vê e como se relaciona com o mundo, depende das vivencias que ele tenha construído a partir de suas experiências desde o nascimento (FROES et al, 2011, p. 72).

A Imagem Corporal é a maneira pela qual o corpo se apresenta para o próprio indivíduo, ou seja, é a figuração ou imagem mental do próprio corpo e de suas partes formada e estruturada, sendo influenciada esta representação pela cultura em que esse indivíduo está inserido. Segundo Froes et al (2011) a compreensão do indivíduo em relação a sua imagem será definida a partir das relações sociais e emocionais que acorrem desde a infância e se prolongam durante sua existência. “Trata-se de um processo cíclico e gradativo ao longo da vida, no qual as mudanças físicas e psíquicas do corpo suscitam a necessidade de constante reorganização da imagem corporal (FROES et al, 2011 p.72).

Desse modo outras relações irão contribuir com esta formação, a convivência no meio escolar, por exemplo, assim como as exigências traduzidas pelas imagens do contemporâneo, sobretudo as fornecidas pela mídia, configuram um corpo-imagem irreal e ilusório (...) (FROES et al, 2011 p. 72). Podemos considerar este conhecimento transmitido como “mascarado”, em que nem tudo que esta sendo exposto é realidade e que coloca todos os sujeitos num mesmo patamar constitutivo desconsiderando as especificidades culturais e históricas que constituem a subjetividade de cada sujeito. No entanto, muitos sujeitos buscam e seguem este corpo apresentado e considerado saudável, magro, jovem e perfeito, não se importando com os sacrifícios, o autoflagelo e as consequências.

Assim as mídias, principalmente a televisão e a internet, tem influído na divulgação e a valorização do corpo perfeito. Entre sites de agencias de beleza, comunidades virtuais que valorizam o culto aos músculos e a conquista de corpos cada vez mais magros e rejuvenescidos, observa-se o constante aumento da busca pelo ideal de um corpo moldado e esculpido que esconde as marcas do tempo e as vivencias a que o sujeito esta submetido (FROES et al, 2011 p. 73).

Esse é considerado o “modelo de corpo” da contemporaneidade, assim como os demais períodos históricos há modelos a serem seguidos pela sociedade. Mas o que a mídia pretende? O consumismo, pois corpos sempre esculpidos e

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16 rejuvenescidos, depende do consumo obsessivo por produtos que emagreçam, rejuvenesçam e criem músculos imediatamente, e, por exemplo, no momento que este sujeito parar de consumir a cápsula que emagrece ele volta a engordar.

No entanto, “a questão não esta na incongruência entre referenciais e desejos- afinal a busca se projeta sobre uma falta (FROES et al, 2011 p. 73)”. Segundo Froes et al (2011), essa falta se encontra, no modo de instigarmos o jovem a refletir em relação a esses paradigmas, abrindo seus “olhos”, ajudando a problematizar essa realidade, o orientando assim na construção de sua corporeidade e o impulsionando para uma possível concretização deste conhecimento. E este conhecimento terá condições de ser construído se for problematizado teoricamente, tornando-se significativo ao sujeito.

Portanto, esse corpo almejado e considerado como ideal é sinônimo da “hipermodernidade”, em que há uma busca incessante, vigilância e cobranças para se alcançar a perfeição, assegurar o famoso “bem estar” e a estabilidade da imagem corpórea. No entanto, “parece que a inacessibilidade e o não cumprimento deste ideal de corpo revelam a outra faceta deste paradoxo: transtornos de imagem, exclusão social, sentimentos de fracasso e perda da autoestima (SEVERIANO et al, 2010 p. 141). Em relação a esta outra face deste paradigma da beleza, que podemos considerar como um mal-estar contemporâneo, trataremos nos próximos tópicos.

2.3. O mal-estar Contemporâneo: Os transtornos da Imagem Corporal

Esse mal estar Contemporâneo caracteriza os transtornos da imagem corporal, que são resultantes dos distúrbios e distorções da imagem. A seguir trataremos de quatro tipos de transtornos da imagem: Anorexia, Bulimia, Obesidade e Vigorexia.

2.3.1. Anorexia

Anorexia ou anorexia nervosa é um transtorno que decorre da imagem corporal, sendo este um ato decidido do indivíduo de não comer, ou uma repulsão ao alimento. Onde o sujeito se encontra, na maioria dos casos, excessivamente

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17 magro e muito abaixo do peso normal, porem ao se observar perante um espelho se vê ainda muito gordo.

Segundo Severiano et al (2010, p. 142), a anorexia nervosa não é uma doença nova, pois cujos sintomas de limitação a ingestão de alimentos, foram relatados desde a Idade Média, quando mulheres devotas a religião aderiam ao jejum rigorosamente, como forma de purificação a própria alma. No entanto, apenas em 1980 que é desmascarada a anorexia e considerada uma doença.

A anorexia pode ser classificada em “anorexia restritiva”- na qual ocorrem episódios de jejum demasiado rigorosos, havendo recusa a praticamente qualquer alimento – e “anorexia purgativa”- com sintomas bastante semelhantes aos da bulimia: há vômitos depois da ingestão (não necessariamente excessiva como a bulimia) de alimentos ( SEVERIANO et al, 2010 p. 143).

Em relação ao diagnóstico deste transtorno, segundo Wyngaarden & Smith (Org., 1990 p. 1075) é difícil saber qual é o momento ideal para o diagnóstico ser realizado por diversos fatores, mas principalmente os fatores culturais e sociais que hoje oprime a população global.

O diagnóstico de anorexia nervosa deve ser considerado quando uma pessoa restringe voluntariamente a ingesta alimentar em presença de fome a fim de atingir um grau não realista de emagrecimento, e torna-se psicologicamente disfuncional. O diagnóstico é confirmado pela identificação dos aspectos de comportamento descritos e pela exclusão de quaisquer distúrbios clínicos tratados (WYNGAARDEN & SMITH Org., 1990 p. 1075)

Portanto como raramente o sujeito com este transtorno admite, nem mesmo percebe que está com problemas, deve-se estar atento, principalmente aos comportamentos estranhos como a ação de não se alimentar mesmo estando com fome, bem como a perda exagerada e rápida de peso.

2.3.2. Bulimia

Bulimia ou Bulimia Nervosa, assim como a Anorexia é excessivamente influenciada pela necessidade de emagrecer e manter a forma de peso idealizada e não a real. Segundo Severiano et al (2010, p. 142) ao contrario da Anorexia, a Bulimia é uma doença conhecida como fome de cachorro ou cinorexia desde a Grécia Antiga. No entanto, por mais que seja uma doença antiga, atualmente existem muitos casos, onde um dos grandes intensificadores é a própria mídia,

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18 através do apelo por um corpo magro e considerado ideal como modelo de saúde, beleza e bem-estar.

A Bulimia, palavra derivada do grego, significando “comer boi”, é um distúrbio do comportamento caracterizado por episódios de alimentação excessiva, geralmente seguida por atitudes para “anular” a ameaça de aumento do peso com indução do vomito, abuso de catárticos ou diuréticos (purgação), jejum ou atividade física excessiva (WYNGAARDEN & SMITH Org., 1990 p. 1075).

Segundo Wyngaarden & Smith (Org., 1990 p. 1075), os sujeitos diagnosticados com Bulimia comparados aos com anorexia possuem peso normal e tendem a apresentar menor distorção da imagem corporal. E ainda o sujeito com Bulimia é mais ciente, pois embora seu comportamento seja secreto, no entanto concorda que é aberrante, e pode, portanto, aceitar melhor o tratamento.

2.3.3. Obesidade

A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal no indivíduo, tornando-se um fator de risco a saúde e a vida do mesmo, podendo desencadear uma série de doenças. Segundo Wyngaarden & Smith (Org., 1990 p. 1076), a obesidade é um problema frustrante para o paciente assim como para o médico, pois várias causas para que o indivíduo se torne obeso e o excesso de peso pode estar associado a fatores genéticos, a disfunções endócrinas, bem como aos maus hábitos alimentares e o estilo de vida sedentário.

No entanto, sua causa implícita não é clara, é preciso um estudo do caso antes de tratar e seu tratamento é repleto de dificuldades e fracassos. Para tanto, o tratamento exige muita compreensão e persistência.

2.3.4. Vigorexia

A vigorexia, assim como os demais transtornos de imagem, é uma doença psicológica, caracterizada por uma insatisfação constante com o próprio corpo. Afeta principalmente sujeitos do sexo masculino, levando-os a exaustão ao praticar exercícios Físicos. Segundo Severiano et al (2010, p. 143) o sujeito com este transtorno além de realizar exercícios físicos de forma intensa, ele ainda chega a consumir mais de 4.500 calorias diárias, com intensão de ganhar massa muscular e definição corporal, sem se importar com os perigos a saúde e as consequências.

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19 Pois nesta alimentação diária são incluídos o uso de complexos vitamínicos e suplementos alimentares, bem como o consumo de esteroides e anabolizantes, a fim de se conseguir resultados imediatos. Na sua maioria dos casos, o sujeito com Vigorexia sente-se sempre “fraco”, dessa forma há uma busca constante por um corpo musculoso, forte e da silhueta ideal.

Portanto, após analise da breve síntese destes quatro transtornos, podemos concluir que os mesmos são resultados desta busca incessante pela instabilidade da imagem corpórea, pelo corpo perfeito, que é produzido e reproduzido através da mídia. Segundo Severiano et al (2010, p. 143) o ponto de vista em que o corpo é compreendido, é como se ele fosse um “território” onde os sintomas sociais contemporâneos como sofrimento psíquico, “sob o signo do hedonismo e da pseudolibertação”, se expressam.

No entanto, esse ponto de vista pode desencadear a reflexão que ira ajudar a enfrentar o desafio de compreender a realidade e perceber esse mal estar. Para dar início a esta reflexão Severiano et al (2010) salienta alguns questionamentos.

Haveria um real paradoxo, como reponta Lipovetsky, entre o “frenesi comunista”, “às bulimicas e anorexicas” e os “compulsivos e vigorexicos”? Não seria tais patologias e “excessos”, justamente, os frutos colhidos ante fracasso do indivíduo não conseguir cumprir tão “moderadamente” com os padrões ideais? (SEVERIANO et al 2010, p. 143 e 144).

Em análise a estes questionamentos percebe-se a emergente necessidade de problematizar este tema no âmbito da sociedade, mas em especial, no âmbito escolar, espaço construído socialmente a fim de fomentar o processo de formação humana. Neste sentido, o currículo escolar necessita ser revisado no intuito de permitir que esta problemática faça parte deste processo formativo, por meio das especificidades de conhecimentos que fundamentam as diferentes áreas do conhecimento que o constituem.

Assim, a Educação Física, por ser uma disciplina escolar que tem a centralidade de sua intervenção epistemológica no âmbito das experiências corporais e da subjetividade humana, tem lugar cativo e especial nesta discussão. Isso nos remete questionar: qual seria o papel da Educação Física Escolar em relação a esta temática? Pois ao tratarmos sobre, logo nos lembra da Educação Física escolar como principal instrumento para essa ação pedagógica, pois em

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20 primeira instância a ideia que se tem desta disciplina é ela que conhece e “fala” essencialmente a linguagem do corpo.

2.4. A Educação Física Escolar

Atualmente a Educação Física na Escola, segundo o Referencial Curricular3 do Estado do Rio Grande do Sul (2009, p 37) é uma disciplina constituinte da Área4 de Linguagens e Códigos, assim como a Língua Portuguesa e Literatura, a Língua Estrangeira Moderna e a Arte (Artes Visuais, Dança, Musica e Teatro). Onde o principal objetivo destas disciplinas na educação básica é:

Contribuir para o conhecimento do mundo em que se vive, das diversas culturas e suas especificidades promovendo experiências que possibilitem a pratica e o dialogo com as linguagens e suas formas de manifestação. Através deste conhecimento, o educando pode circular e integrar-se na sua comunidade, tornando-se um cidadão mais atuante nas diversas praticas sociais das quais quer participar (REFERENCIAL CURRICULAR, 2009, p. 37).

O referido Referencial Curricular é uma proposta criada no ano 2009 e organizado pela Secretaria de Estado da Educação, com a intenção de “orientar a reorganização dos currículos” e melhorar a qualidade do ensino das escolas estaduais do Estado do Rio Grande do Sul, sendo o seu principal desafio, romper com a pratica tradicional de ensino.

Visto que essa necessidade se deu no início na década de 80 através do Movimento Renovador no qual Educação Física viveu um momento de transição, onde buscou romper com o ensino tradicional, e com isso precisou se reinventar como uma disciplina na qual os alunos tem “o que estudar” e não meramente “o que praticar”, consolidando a ideia de corpo e mente em sua totalidade. Neste sentido, passou a ter como foco de suas intervenções didático-epistemológicas a Cultura Corporal de Movimento.

3É um ponto de apoio, em que a partir deste referencial cada escola organiza seu currículo, onde o principal objetivo é mapear o vasto território de conhecimentos, e deixar claro “as aprendizagens as quais a escola se compromete na forma de competência e habilidades a serem constituídas pelos alunos (REFERENCIAL CURRICULAR 2009, p. 11)”.

4 “A área de Linguagens e Códigos trata o conceito central da linguagem como a capacidade humana de articular significados coletivos em códigos, ou seja, sistemas arbitrários de representação, compartilhados e variáveis, e de lançar mão desses códigos como recursos para produzir e compartilhar sentidos (REFERENCIAIS CURRICULARES DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL)”.

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21 O conceito de Cultura Corporal de Movimento deve ser entendido a partir do processo de ruptura com a visão biologicista-mecanicista do corpo e do movimento situado de forma hegemônica na Educação Física ate o inicio da crise epistemológica ocorrida nos anos 80 (PICH apud GONZALES; FENSTERSEIFER, 2014, p. 163).

Foi com o Movimento Renovador que a Cultura Corporal do Movimento passou a ser objeto de estudo da Educação Física, e posteriormente documentos como a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) contribuíram para consolidar a “Educação Física como componente curricular da escola básica (REFERENCIAL CURRICULAR, 2009, p. 113)”.

Esta imagem foi legitimada durante o longo período de vigência do Decreto n° 69.450/71, publicado no auge da ditadura militar em 1971, que tratava a Educação Física como uma atividade escolar destinada ao desenvolvimento da aptidão física. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n° 9394/96) e, posteriormente, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) contribuíram para a consolidação da educação física como componente curricular da escola básica (GONZALES; FRAGA 2009, p. 113).

Pelo fato da Educação Física ser um componente curricular da Educação Básica, a mesma deve proporcionar aos alunos construir saberes que os potencializaram a desenvolverem conhecimentos. Sendo capazes de se apropriar de determinados conhecimentos da Cultura Corporal de Movimento, reproduzindo-os e transformando-os de maneira crítica, construtiva e reflexiva que lhes possibilites agir de forma participativa no ambiente social onde vivem.

Segundo o Referencial Curricular (2009, p. 114), a Educação Física deve cumprir um conjunto de competências e conteúdos na Educação Básica, sendo estes organizados com a intenção de favorecer e auxiliar no planejamento e na implantação de propostas de ensino. Dentre tantas competências designadas a Educação Física a que busca tematizar a relação sujeito-corpo-imagem é uma delas. E o que potencializa o processo de ensino e aprendizagem deste conhecimento é o fato da Educação Física ter o conceito de corpo enquanto constituição histórico-cultural e identitária do sujeito como seu elemento epistemológico principal nessa ação pedagógica.

Portanto, é nesta competência que se percebe a legitimidade e ao mesmo tempo a fragilidade da Educação Física. Pois a mesma designa e desafia a Educação Física não só contemplar as concepções do corpo na dimensão biológica,

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22 mas também em uma dimensão social, histórica e cultural evitando que o aluno construa uma visão meramente instrumental em relação ao seu corpo.

Essas duas dimensões estão explicitas no Referencial Curricular (2009), sendo este baseado nos temas estruturantes5 que são divididos em dois conjuntos.

O primeiro está organizado com base nas praticas tradicionalmente consideradas como objeto de estudo da Educação Física: esporte, ginastica, jogo motor, lutas, praticas corporais expressivas, praticas corporais junto à natureza e atividades aquáticas. O segundo conjunto está organizado com base no estudo das representações sociais que constituem a cultura de movimento e afetam a educação dos corpos de um modo geral; portanto, sem estar necessariamente vinculada a uma pratica corporal especifica (REFERENCIAL CURRICULAR 2009, p. 118).

A temática “corpo”, fundamenta o referencial e se faz presente, de diversas formas segundo temas estruturantes. Dentre esses temas estruturantes, temos o das “Representações sociais sobre a Cultura Corporal do Movimento”, que se subdivide no “eixo” das Práticas Corporais e Sociedade, e, logo ao partir do mesmo são identificado dois subeixos, que “permitem visualizar, de maneira mais detalhada, as competências e conteúdos específicos a serem trabalhados em cada tema ou subtema estruturador (REFERENCIAL CURRICULAR 2009, p. 120)”. Um destes subeixos, segundo o Referencial Curricular (2009) é “Práticas Corporais como Manifestações Culturais”, e o outro é “Corpo e Sociedade”.

Ao todo são nove temas estruturantes, sete vinculados as praticas corporais sistematizadas e dois as representações sociais sobre a Cultura Corporal de Movimento. Em cada um deles se desdobram, de acordo com o nível de aprofundamento, eixos e subeixos que especificam o conjunto de competências e conteúdos vinculados a cada tema estruturador (REFERENCIAL CURRICULAR 2009, p. 122).

O tema Práticas Corporais e Sociedade, propõe, por exemplo, que os alunos conheçam e problematizem padrões de beleza existentes em diferentes grupos sociais (REFERENCIAL CURRICULAR 2009, p. 124)”. Dessa forma, o referido Referencial Curricular alerta a escola, em vista dessa busca incessante pelos padrões de beleza, crianças e adolescentes não devem se constituir com essas concepções.

Segundo o Referencial Curricular (2009) a elaboração do “plano de estudo” da Educação Física não é somente responsabilidade do professor da disciplina,

5 “Caracterizam por apresentar de forma organizada conhecimentos que constituem o objeto de estudo de uma área (REFERENCIAL CURRICULAR 2009, p. 118)”.

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23 porem é de toda a escola, onde os conteúdos e competências apresentados e propostos pelo Referencial Curricular deverão ser as possibilidades/potencialidades especificas de ensino em cada instituição (REFERENCIAL CURRICULAR 2009, p. 124)”.

Assim, com este estudo busca-se problematizar algumas questões relevantes, a fim de investigar como a Educação Física esta na escola e se há algum vestígio do uso do referido Referencial Curricular articulado aos Planos de Estudo da comunidade escolar, bem como em relação à exposição da temática “corpo e imagem corporal”.

(24)

24

3. METODOLOGIA

A metodologia constitui um elemento determinante para o sucesso de toda a proposição da pesquisa. Assim buscamos apresentar quais escolhas metodológicas que utilizamos para a realização desta pesquisa.

3.1. Abordagem da Pesquisa

Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa desta pesquisa, adotando o delineamento do Estudo de Caso. Conforme Gil (2002) ao seguir o delineamento do estudo de caso se tem o propósito de:

a) explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos;

b) preservar o caráter unitário do objeto estudado;

c) descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação;

d) formular hipóteses ou desenvolver teorias; e

e) explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos (GIL, 2002 p. 11).

Destaca que na pesquisa qualitativa, o estudo da experiência humana deve ser feito entendendo que as pessoas interagem, interpretam e constroem sentidos, ou seja, se preocupa com a essência do seu objeto de estudo.

Na abordagem qualitativa, o cientista objetiva aprofundar-se na compreensão dos fenômenos que estuda – ações dos indivíduos, grupos ou organizações em seu ambiente ou contexto social –, interpretando-os segundo a perspectiva dos próprios sujeitos que participam da situação, sem se preocupar com representatividade numérica, generalizações estatísticas e relações lineares de causa e efeito. Assim sendo, temos os seguintes elementos fundamentais em um processo de investigação: 1) a interação entre o objeto de estudo e pesquisador; 2) o registro de dados ou informações coletadas; 3) a interpretação/ explicação do pesquisador (GUERRA, 2014, p. 11).

Portanto esta pesquisa é de cunho qualitativo, embasada fundamentalmente na pesquisa/ação.

3.2. Tipo de Pesquisa

Com base aos objetivos, esta pesquisa é do tipo Pesquisa Ação. Acreditando ser a melhor maneira de atingir os objetivos definidos nesta pesquisa e de compreender o processo de um estudo como este.

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25 O planejamento da pesquisa-ação difere significativamente dos outros tipos de pesquisa já considerados. Não apenas em virtude de sua flexibilidade, mas, sobretudo, porque, além dos aspectos referentes à pesquisa propriamente dita, envolve também a ação dos pesquisadores e dos grupos interessados, o que nos ocorre mais diversos momentos da pesquisa (GIL 2010, p. 151).

Portanto, em relação á pesquisa ação, Gil (2010) aponta que esta vem emergindo como uma metodologia para intervenção, desenvolvimento e mudança no âmbito de grupos, organizações e comunidades. E segundo o mesmo, tem características situacionais, já que procura diagnosticar um problema especifico numa situação especifica, com vistas a alcançar algum resultado prático.

3.3 Sujeitos da Pesquisa

Os sujeitos participantes da pesquisa foram alunas da turma 91 do 9º ano da Escola Estadual de Educação Básica Poncho Verde. A turma 91 é composta por 28 alunas, com idade entre 14 e 15 anos, que residem na zona urbana do município de Panambi e frequentam as aulas de Educação Física em turno inverso as demais disciplinas.

A professora regente da turma também contribuiu com a devida pesquisa, ela que tem 42 anos de idade, atua a 16 anos como professora na rede estadual de ensino, formou-se pela Unijui no ano de1999, em Educação Física Licenciatura e Bacharelado.

3.4. Contexto da Pesquisa

A pesquisa desenvolveu-se na Escola Estadual de Educação Básica Poncho Verde, fundada no dia 15 de Abril de 1965, localiza-se no município de Panambi/ RS, aonde atende os níveis da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, contando anualmente com 1003 alunos.

3.5. Instrumentos de Pesquisa

Os referidos instrumentos constaram de: Análise de documentos, sendo analisado o Projeto Politico Pedagógico, Plano de Ensino e Plano de Trabalho do Professor; Entrevista com o Profissional de Educação Física; Entrevista com quatro

(26)

26 alunas e Sondagem composta de Questionário Individual, Teste da Silhueta e Teste do Índice de Massa Corporal.

3.6 Procedimentos

Primeiramente o contato com a escola, para pedir autorização e permissão para o prosseguimento desta pesquisa. Logo a escola apresentou-me a professora, onde escolheram a turma 91 e a disponibilizaram. Após foi verificado um documento da escola, que os pais das alunas assinam no inicio de ano, onde autorizam suas filhas a participar de eventos e pesquisas, serem fotografadas, filmadas ou terem a fala gravada, analisando assim, se todas as alunas da turma 91 estavam autorizadas. Neste primeiro momento da pesquisa, todos envolvidos demonstraram interesse e entusiasmo em participar, principalmente a professora, pois a mesma disse ter bastante dificuldade em trazer para suas aulas temas como este, bem em como o desenvolver.

Em segundo momento, ocorreu agendamento da entrevista com a professora de Educação Física, bem como o primeiro e segundo encontro com as alunas. Este encontro composto de dois períodos teve o propósito de apresentar a pesquisa, sendo assim além de eu falar sobre o tema, as alunas assistiram no multimídia a um vídeo do You tube, bem reflexivo e também impactante acerca das concepções do corpo e da Imagem. Neste primeiro encontro também se desenvolveu a primeira etapa do instrumento de sondagem, ou seja, o primeiro método, composto do teste de silhueta e das quatro perguntas estruturantes. No segundo encontro, também de dois períodos, realizou-se a segunda e terceira etapa do instrumento de sondagem, sendo o Teste do Índice de Massa Corporal e o Questionário Individual.

Em terceiro momento ocorreu o agendamento da entrevista com as alunas. Para isto, no final deste último encontro a professora reuniu as alunas para conversar e ver quem se disponibilizaria a realizar a entrevista, onde apenas quatro alunas se dispuseram, por terem maior desenvoltura ao falar foram aprovadas pela turma. Após todos esses momentos vividos, por fim, será realizada a análise e discussão dos resultados.

(27)

27

3.7. Cuidados Éticos

Foram tomados os cuidados éticos previstos, entre eles, o preenchimento do termo de consentimento livre e esclarecido, garantindo confidencialidade na identificação dos sujeitos de pesquisa e o uso estritamente acadêmico dos dados coletados.

4. Análise e Interpretação das Informações

Neste capitulo serão discutidos os dados obtidos com a pesquisa. Primeiramente será feita a análise de documentos como Projeto Politico Pedagógico, Plano de Ensino e Plano de Trabalho do Professor. Logo após analisaremos a entrevista realizada com a professora de Educação Física, onde foram feitas questões referentes à sua formação acadêmica e o tempo de atuação, bem como sobre a Educação Física na escola, Adolescência, Planejamento das aulas e ao tema desta pesquisa “Corpo e Imagem Corporal na Adolescência”.

Logo em seguida será realizada a analise e discussão do Instrumento de Sondagem, bem como dos dois encontros com as alunas, onde verificaremos o nível de satisfação corporal da turma, avaliando o teste de silhuetas, o teste do Índice de Massa Corporal e os questionários. E por fim, analisaremos a entrevista com as quatro alunas.

4.1. Análise de Documentos

Esta análise deu-se inicio a partir do Projeto Politico Pedagógico (PPP), da escola com o objetivo de conhecer o seu espaço e sua filosofia. Aonde consta ser um espaço coletivo de construção de conhecimentos e do exercício da cidadania, tendo como fundamentos norteadores do ensino, a ética e os valores humanistas.

Já a analise do Plano de Ensino e do Plano de trabalho do professor de Educação Física envolvido foi feita com o intuito de verificar se a temática “corpo” e “imagem corporal” é um conteúdo contemplado no currículo de ensino da Educação

(28)

28 Física nesta escola. Verificando ainda se consta nestes documentos a separação por gêneros, que ocorrem na pratica das aulas de Educação Física.

Dessa forma, verificou-se nestes documentos que a temática “corpo e imagem corporal” não é contemplado como conteúdo, pois no Plano de Ensino constam apenas objetivos designados ao educador e a disciplina de Educação Física e no Plano de Trabalho do Professor consta como conteúdos os esportes como Vôlei, Handebol, Futsal, Futebol de Campo e Basquete, bem como a Ginastica Exercícios Físicos e Saúde. No entanto, percebe-se que todo o currículo da Educação Física nesta escola é voltado para a Esportivização e a participação dos alunos em competições.

Em relação à separação por Gêneros que é aplicado na pratica das aulas de Educação Física, não consta nenhuma justificativa ou objetivo para sua ocorrência, todavia, constam passagens que reforçam o convívio do grande grupo. Em analise aos critérios de avaliação que constam no Plano de Trabalho do Professor, todos são baseados nos Fundamentos do Desporto, Jogo e Sistemas e na Participação e Interesse do Aluno, ou seja, voltados a pratica dos esportes.

4.2. Análise da Entrevista com professora de Educação Física

A entrevista realizada com a professora ocorreu dia 17 de Maio de 2017, no turno da manha, sendo a mesma conduzida pessoalmente pela pesquisadora. A entrevista foi semiestruturada, onde o roteiro possuía perguntas fechadas, sendo os dados de identificação, no entanto, o restante composto de perguntas abertas, dando a entrevistada maior liberdade de se expressar e “de falar mais livremente sobre o tema proposto” Guerra (2014, apud MINAYO, 2008). As perguntas foram divididas em cinco grandes blocos, sendo, o 1º Dados de Identificação, 2º Em relação à Educação Física na escola, 3º Falando sobre Adolescência, 4º Em relação ao Planejamento das aulas e o 5º Em relação ao tema desta Pesquisa “Corpo e Imagem Corporal na Adolescência”.

Em relação ao Bloco6 1 as informações coletadas informam que a professora tem 42 anos, casada, residente em Panambi/RS. Formou-se pela Uníjui, no ano de

6

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29 1999 em Educação Física- Licenciatura e Bacharelado. Atua há 16 anos na mesma escola em que a pesquisa se desenvolveu.

A primeira pergunta do Bloco 2, de um conjunto de cinco questões, quis investigar à organização curricular da Educação Física na escola e aos conteúdos desenvolvidos pela professora. Segue a resposta obtida.

Aqui na escola a gente tem os conteúdos muito voltados para o esporte, porque na nossa cidade a gente trabalha o ano todo com atividades esportivas, tem uma competição que são já 41 anos interruptos e envolve todas as modalidades esportivas, sendo esta a Comipa (Copa Municipal Infantil de Panambi). Então o nosso currículo é bastante voltado para a área esportiva, principalmente no ensino fundamental (Professora).

Conforme já destacamos anteriormente e reiterando o depoimento da professora é possível perceber que nesta escola o currículo de ensino da Educação Física segue o modelo muito difundido e mais popular que é a esportivização7, isso mais aprofundado no Ensino Fundamental, como diz a professora, pois os alunos participam de competições que ocorrem entre as escolas do município.

A segunda pergunta do referido Bloco, questionou a professora em relação ao que ela percebe que não há no currículo, ou que não é desenvolvido.

No ensino Fundamental, a gente, bem sinceramente, deixa a desejar, a parte de atividades junto à natureza, a dança, essas atividades muito aleatórias a gente trabalha, assim, pouquíssimas vezes durante o ano (Professora).

Ao comparar essa resposta com o conteúdo presente no Plano de Trabalho desta professora, percebe-se que nem tudo que há na teoria ocorre na pratica. Pois em analise ao Plano de Trabalho do professor, sendo este o documento que apresentava os conteúdos a serem desenvolvidos na disciplina de Educação Física, percebeu-se que além dos esportes, a proposta traz praticas corporais expressivas (Dança), junto à natureza, bem como a Ginástica.

A terceira pergunta do Bloco 2, questiona a professora em relação aos objetivos da Educação Física no Ensino Fundamental.

Então, relacionado ao esporte, os objetivos é que os alunos aprendam a jogar o esporte, bem como as regras, os fundamentos, possibilitando a participação do aluno nestas competições e os que não participam tenham o esporte como experiência de vida de repente goste de um em especifico e deem continuidade a tal pratica (Professora).

7

Esportivização: “Ato ou efeito de converter ou transformar uma pratica em esporte ou uma pratica social em assumir os códigos próprios desse fenômeno (Gonzáles 2014, p. 263)”.

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30 Percebe-se que os objetivos citados pela professora, são totalmente voltados para o ensino dos esportes. No entanto, por motivos das competições que a escola participa, priva o aluno de conhecer e experimentar novas práticas corporais. Segundo o Referencial Curricular (2009), em documentos como a LDB e os PCNs, fica claro que não deve ser principal finalidade da Educação Física na escola, tornar os alunos fisicamente aptos, mas sim de “conhecerem, experimentarem, e apreciarem diferentes praticas corporais sistematizadas, compreendo-as como produções culturais dinâmicas, diversificadas e contraditórias (REFERENCIAL CURRICULAR 2009, p. 113)”.

A quarta pergunta, questiona a professora, por que nesta escola a Educação Física é separada por gêneros.

Bem, como eu disse eu estou a 16 anos trabalhando com a Educação Física, e desde que eu entrei aqui na escola foi separado por gêneros, não me preocupei em perguntar o porquê e onde isto estaria fundamentado, mas eu gosto de trabalhar por gênero, eu aprendi a trabalhar dessa forma (Professora).

Percebe-se que ao chegar a esta escola há 16 anos a professora gostou desta organização e se acomodou nesta situação. Dessa forma, não despertou seu interesse em descobrir o porquê desta separação dos gêneros, ocorrendo isso somente agora e com este questionamento. Historicamente, esta forma de organização era muito comum, pois se identificavam funções diferentes de ensino para meninos e meninas.

A quarta e quinta questão deste referido Bloco, questiona a professora, em relação aos benefícios desta organização, como ela percebe. E ainda, se ela trabalha com os dois gêneros e se sente diferença de um em relação ao outro.

Eu acredito que ela deve ter acontecido, em função de ser uma forma pratica de trabalho, porque as meninas reagem de uma forma diferente aos meninos, isso em função da força e das habilidades. Então de repente foi se pensado em separar, por que você tem um equilíbrio um pouquinho melhor para trabalhar com os alunos, o planejamento fica melhor, fica mais unânime (Professora).

No momento eu trabalho só com o gênero feminino, mas ate o ano passado eu tinha o masculino também. Eu gosto de trabalhar com os dois, mas a diferença é grande, os meninos sempre estão mais dispostos a qualquer momento e a qualquer atividade, por mais simples que seja. Já as meninas demostram pouco interesse, não gostam de correr, de suar e tem preferência por atividades (Professora).

Através da fala da professora, percebe-se que a mesma tem maior facilidade em trabalhar com os meninos separados das meninas, por exemplo. No entanto,

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31 com base nas orientações nacionais como LDB e os PCNs, percebe-se que não á indícios em relação à possibilidade da separação por gêneros nas aulas de Educação Física. Porem, a ausência de menções ou referências em relação a esta separação, não corresponde a inexistência dessa prática na escola.

Dessa forma, nos resta a problematização deste equivoco, salientando as diferenças existentes entre esses os gêneros feminino e masculino, no caso da Educação Física escolar, segundo Dornelles et al (2013 p. 38) existem desigualdades de acesso e permanência em torno das praticas corporais e esportivas.

O Bloco 3, trás questões relevantes a temática em estudo “corpo e imagem” referenciando a Adolescência, com o intuito de investigar como a professora lida com essas questões em sua disciplina. E ainda se há alguma evidência recorrente desta fase Adolescência, que implica dificuldade em ser trabalhada.

Pelo fato dessa separação por gênero, em parte é mais tranquilo para se trabalhar. Não trabalho nenhum assunto relacionado ao corpo, à imagem na Adolescência, assim especifico, quando acontece ou surge algum problema relacionado, eu falo em conversa formal, nos pequenos grupos ou direto com a pessoa envolvida (Professora).

Nesta fala a professora reforça o não uso de nenhum conteúdo específico, ligado a “Representações Sociais sobre a Cultura Corporal do Movimento”, mas especificamente as “Práticas Corporais e Sociedade” explícitas no Referencial Curricular citado nesta pesquisa. E em relação a alguma evidencia recorrente da fase Adolescência que implicaria dificuldades a professora expõe.

É, tem dois casos, assim, duas problemáticas, uma é o peso, eu tenho algumas meninas com um pouco de sobrepeso. Então elas não demostram muito interesse e em alguns momentos ficam mais de lado para não fazer as atividades, para não demostrar que não conseguem ou que não dão conta. E outra problemática da Adolescência é a falta de vontade para fazer qualquer atividade física, por mais simples que você propõe, eles alegam que tudo é difícil, trabalhoso, complicado e chato. Eles também não querem parar para pensar, eles acham que na Educação Física não precisa pensar (Professora).

No entanto a professora relata ter problemas específicos com assuntos relacionados ao corpo e a imagem que poderiam ser discutidos em suas aulas, mas que a mesma não desenvolve como conteúdo da área da Educação Física.

O Bloco 4 de questões, busca trazer questões relevantes ao planejamento das aulas da Professora. Onde a questiona, quais são os seus objetivos

(32)

32 empregados e se a mesma utiliza algum método de ensino ou segue alguma linha de pensamento como referência para o planejamento das suas aulas.

Como eu comentei antes, os objetivos é que os alunos compreendam as suas características, que cada um tem o seu tempo de conhecimento, que eles interpretem o conteúdo que a gente esta trabalhando que eles saibam se posicionar, que eles tenham entendimento em relação ao colega, que o mesmo também responde uma forma diferente. Não tenho referencias ou métodos específicos (Professora).

Fica claro nesta fala que a professora não utiliza nenhum tipo de método de ensino8 no planejamento diário de suas aulas. Segundo Gonzáles e Bracht (2012) a aula é capaz de surpreender negativamente, quanto positivamente, é um fenômeno vivo, que gera diferentes situações, muitas inusitadas, porem isso não justifica a ausência de um planejamento prévio, no entanto se “reconhece a sua insuficiência diante da dinâmica do acontecer da aula”.

O Bloco 5 traz questões especificadas referentes a temática desta Pesquisa “Corpo e Imagem Corporal na Adolescência”. Questionando a professora se após ela ouvir falar sobre este tema, achou o tema relevante, se desenvolveria o mesmo nas suas aulas e de que forma desenvolveria.

Eu fiquei muito feliz que você entrou em contato comigo para trabalhar com este tema, por que depois dos nossos dois encontros, eu pude repensar um pouquinho a minha prática e ver que sim, sempre há um tempo para conversar sobre esse assunto corpo, imagem, Adolescência. A gente tem muito fechado os períodos de aula, as minhas hora atividades são picadas, então a gente não tem tempo realmente para sentar, para se dedicar e pesquisar sobre um determinado assunto. Mas você acabou me mostrando que sim, que a gente consegue tirar alguns minutos sim, e que da para fazer um trabalho bem interessante, como foi o teu. E eu vou sim, procurar fazer mais atividades voltadas a este tema, e fiquei surpresa com as respostas das alunas, também com a ultima atividade que a gente fez, aonde trouxe bastante sentimento importante para as alunas, algumas ate colocaram para fora, que durante as minhas aulas isso não aparecia, ficava escondido(Professora).

Eu gostei muito da forma que você trouxe ele, por que você expos um vídeo aonde realmente elas puderam observar e acredito que muitas delas se encontraram ali, em algum momento desse vídeo e repensaram a sua imagem. Muitas das atividades que você fez, realmente deram para perceber a percepção dos adolescentes com a sua imagem, sem que ficassem constrangidos em questioná-los. Peço tua permissão para fazer uso de algumas atividades que você propôs. (Professora).

8“Método significa caminho para se chegar a um determinado lugar. Na acepção da teoria pedagógica, o método de ensino refere-se aos procedimentos para atingir um objetivo na ação educativa (NEGRELLI, apud FENSTERSEIFER; GONZALES, 2014, p. 448)”.

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33 Pode-se perceber com a fala e expressão da professora, que a mesma realmente nunca havia parado para pensar essa temática, nem mesmo em desenvolvê-la com suas alunas. No entanto, se surpreendeu com a reação das alunas e com o interesse que as mesmas demostraram pela temática “Corpo e Imagem Corporal”, percebendo assim a necessidade de levar para suas aulas temas relevantes como este.

Quando questionada a opinião da professora, em relação à grandeza e importância deste tema de pesquisa: “Corpo e Imagem Corporal na Adolescência- Perspectiva da Educação Física Escolar”. Sendo esta a segunda pergunta do referido Bloco.

Nesta disciplina você trabalha já o corpo, o corpo em movimento e as suas diferentes apresentações, um é alto, o outro baixo, um mais magrinho, o outro mais gordinho. E então, a imagem corporal fala tudo. Uma atividade que achei fantástica é aquele teste, onde eles tiveram que observar vários desenhos de corpos e tentar se identificar dentro daquilo ali. Isso mexeu muito comigo, por que a aluna estava se vendo de uma forma e a amiga dela que estava do lado estava vendo ela de outra forma, então, ainda é um sentimento muito forte, é uma visão que você tem distorcido, que se eu fosse fazer aquele teste como que eu reagiria. Realmente esse tema tem uma importância muito grande (Professora).

Com esta fala da professora, percebe-se a grandeza da intervenção desta pesquisa, em que a professora e suas alunas, totalmente focadas nos esportes e nas competições da escola, param para refletir esta temática e ficam surpresas com as próprias reações.

4.3. Análise dos Encontros

O primeiro encontro ocorreu dia 05 de Maio de 2017, no turno da tarde, sendo dois períodos de 50 minutos, ou seja, das 13h20min ate às 15 horas. Foi realizado com o propósito de apresentar à pesquisa as alunas, tentando trazer vários elementos que fizessem com que elas entenderem o tema, a importância e relevância do mesmo, focado na visão da corporeidade na especificidade do gênero feminino.

Com este objetivo e como forma de introduzir a temática “corpo e imagem corporal”, foi passado um vídeo, sendo este um curta metragem de Victor de Abreu, que fala sobre a “Síndrome da Aceitação” (disponível em:

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34

<https://www.youtube.com/watch?v=k0HCJBV_nA8>. Acesso em: 04 de Maio de

2017).

Este curta metragem retrata situações polemicas e impactantes em relação ao corpo e as questões de imagem na atualidade, onde traz a influencia da mídia nas crianças e adolescentes, a beleza bitolada e distorcida, bem como a busca incessante pela beleza com o uso de esteroides, remédios para emagrecer e cirurgias plásticas. E por último traz ainda três tipos de costumes culturais, demostrando que muitas vezes o que é belo para o povo ocidental, nem sempre é bem aceito em outras culturas e vice-versa. Questionando o telespectador, até que ponto arriscaria sua identidade para ser aceito?

Segundo Daolio (1995, p. 25) o homem através do seu corpo assimila e apropria-se de valores, normas e costumes sociais, pois “o corpo é uma síntese da cultura, porque expressa elementos específicos da sociedade da qual faz parte”. A imagem corporal está intrinsicamente associada e também é influenciável pelas interações do sujeito com o meio em que vive.

Logo após, com um momento para debate e reflexão em relação ao vídeo, se buscou perceber o que as alunas compreenderam e que mais chamou a atenção. Dessa forma, procurou-se solucionar duvidas que surgiam, deixando as alunas a vontade para falar e problematizar.

Após a apresentação da pesquisa foi aplicado à primeira etapa do Instrumento de Sondagem. Este instrumento é composto de três etapas, ou seja, três métodos ou forma de instigar o sujeito a falar e se expressar, sendo dois testes e um Questionário Individual.

Teste da Silhueta: auxilia na avaliação do grau de satisfação corporal.

Segundo Nicida e Machado (2014, p. 23) este teste é uma escala nove silhuetas, onde o sujeito deve escolher “o numero da silhueta que considera semelhante a sua aparência real (Percepção da Imagem Corporal Real- PICR) e também o número da silhueta que acredita ser mais condizente a sua aparência corporal ideal (Percepção da Imagem Corporal Ideal- PICI)”. Para certificar a sua satisfação ou não da imagem corporal foi realizado este teste com as alunas. Os resultados obtidos em relação a este teste (Gráfico 1), destaca-se que das 22 participantes da pesquisa, a grande maioria das alunas assinalou a silhueta considerada correta comparada a sua imagem real, onde apresentam estarem totalmente satisfeitas. No entanto, algumas

(35)

35 alunas assinalaram a silhueta considerada ideal, comparada a sua imagem real, onde demostraram que gostariam de perder peso.

Gráfico 1: Percentual de satisfação corporal das alunas.

Logo em seguida, após o teste, foram realizadas quatro perguntas estruturantes, questionando as alunas se estão satisfeitas com sua imagem corporal e com o seu corpo, se mudaria algo e se se sente bem em seu dia-a-dia perante a sociedade. No entanto, aqui muitas respostas das alunas se contradizem em relação ao teste anteriormente realizado. Pois das 24 participantes que responderam as questões, 80% respondeu estar satisfeita com seu corpo, sua imagem e que se sente bem perante a sociedade, porém 20% dessas alunas responderam mudar algo em seu corpo, onde muitas citam expressões como: “gostaria de ter mais

Referências

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