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O brincar e suas dimensões: criança em tempo de brincar

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DHE – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

O BRINCAR E SUAS DIMENSÕES: CRIANÇA

EM TEMPO DE BRINCAR

ANA PAULA DE MORAES

Ijuí – RS 2016

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ANA PAULA DE MORAES

O BRINCAR E SUAS DIMENSÕES: CRIANÇA

EM TEMPO DE BRINCAR

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito para obtenção do título de graduada em Pedagogia. Orientadora: Profª Ms. Eulália Beschorner Marin

Ijuí – RS 2016

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RESUMO

O presente trabalho, que traz como tema “O brincar em suas dimensões: criança em tempo de brincar”, ressalta a importância do brincar na Educação Infantil, bem como as dimensões que este provoca nas crianças. O brincar é elemento essencial na vida e na formação dos sujeitos, que vão se promovendo através de experiências cultivadas através das brincadeiras, ou seja, a criança quando entra em contato com determinado objeto vai desenvolvendo conhecimentos, sobretudo constituindo sua formação como sujeito social. As crianças desde seu nascimento trazem consigo conhecimentos que devem ser aperfeiçoados ao longo do tempo, sua capacidade de pensar, agir e interagir vai além da imaginação, sua leitura de mundo se remete ao brincar, ela traz para a brincadeira aquilo que está vivenciando, demonstra suas capacidades, habilidades, medos, anseios e desejos que precisam ter um olhar atento para que este seja significativo e venham gerar novas aprendizagens. Para tanto, traz reflexões acerca de experiências que foram vivenciadas em estágios na Educação Infantil, também usou-se como material de apoio bibliografias que tratam o tema. A opção é pela análise de cenas coletadas em estágios da Educação Infantil, que compreendeu observações de registro em diário de campo, observação de brincadeiras, fotografias e leituras bibliográficas. Os resultados apontam que o brincar além de proporcionar diversão, leva as crianças a criar e a recriar, procurar soluções, aprender a viver coletivamente e construir regras próprias.

Palavras-chave: Brincar. Educação Infantil. Conhecimentos. Crianças. Construção de Conhecimentos.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Ambiente interno da sala de aula da pré-escola ... 16

Figura 2: Ambiente interno de sala de aula da pré-escola ... 16

Figura 3: Imagem retirada do documentário “Território do Brincar” ... 19

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 5

2 O BRINCAR EM SUA ESSÊNCIA ... 7

3 O BRINCAR E A FAMÍLIA ... 10

4 O BRINCAR E A ESCOLA ... 11

5 O LUGAR DO BRINCAR NO CURRÍCULO ... 12

6 O BRINCAR E OS TEMPOS ... 14

7 PRÁTICAS DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL ... 16

8 BRINCANDO E APRENDENDO ... 18

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 21

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1 INTRODUÇÃO

O grande tema é o Brincar, este possui papel importante na vida das crianças, pois é no brincar que ela vai conhecendo o mundo e ao mesmo tempo construindo conhecimentos que são levados para a vida toda. O foco são os significados que as crianças atribuem ao brincar. Para tanto, buscamos compreender o que é o brincar na sua essência e o brincar para as crianças, como elas brincam e como elas interpretam cada brincadeira.

A pergunta que norteou o trabalho foi: Quais os significados que a criança dá ao brincar e que dimensões esse brincar abrange?

Para tanto, optamos pela análise de cenas coletadas em estágios da Educação Infantil, que compreendeu observações de registro em diário de campo, observação de brincadeiras, fotografias e leituras bibliográficas.

No capítulo “O brincar e a sua essência” abordamos a importância do brincar para as crianças e a necessidade do professor utilizar-se do lúdico em sala de aula para promover novas aprendizagens. Mencionamos também que a criança ao brincar interpreta aquilo que ela está vivenciando, tornando-os sujeitos questionadores e autônomos, capazes de construir sua própria história e identidade.

No capítulo “Práticas do brincar na Educação Infantil”, relatamos a

importância do brincar na escola como forma de aprendizagem, a criança vai à escola com desejo maior de voltar no dia seguinte. A criança precisa de espaços e materiais diversificados para que elas possam criar sua própria brincadeira, o professor necessita voltar seu olhar para ver como a criança brinca e interpreta esse brincar, as ações que a criança desenvolve quando está em contato com os objetos e as dimensões que este brincar provoca na criança.

Nas conclusões explicitamos que o presente estudo nos trouxe concepções importantes do brincar, bem como o modo pelo qual as crianças interpretam este brincar, a importância de aliar o brincar ao ensino. Ao brincar a criança transfere aquilo que ela está vivenciando, narra os fatos e constrói sua história. É importante a escola, em especial a professora perceber e reconhecer a importância no brincar na vida das crianças, colocar o brincar além dos espaços de sala de aula.

Desde muito pequenas as crianças usam a brincadeira como forma de demonstrar seus desejos, anseios, medos, capacidades e habilidades. São muitas as expressões que surgem durante este processo, que requer atenção, pois a

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criança pode estar querendo mostrar algo que ela está vivendo em determinado momento de sua vida. No cotidiano escolar não é diferente, percebemos o quanto o brincar é importante na vida e na aprendizagem da criança. Ao brincar a criança transporta a brincadeira para o mundo real, aprende regras que serão usadas em toda sua vida, superando medos e construindo sua personalidade.

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2 O BRINCAR EM SUA ESSÊNCIA

O brincar é natural, pois até os animais brincam. Mas para os seres humanos no brincar encontram-se muitas dimensões significativas que lhes permitem criar, recriar e manifestar suas ações e desejos. Estas manifestações quando reconhecidas permitem a geração de novos conhecimentos, bem como a construção de sua história e identidade enquanto seres em desenvolvimento.

O brincar abrange um caráter histórico e social, que por sua vez possibilita o envolvimento e a interação entre seus pares. A Educação Infantil não é uma conquista recente, mas há pouco tempo abriu-se para discussões todo este processo de busca por informações e consciência crítica frente à sociedade que ignora o brincar e o põe apenas como uma forma de divertimento. Os direitos da criança precisam ser conhecidos e reconhecidos por todos para que este deixe de ser apenas uma coisa de criança e passe a ser compreendido como uma forma de aprendizagem que interfere na vida das crianças. O documento Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil (DCNEI, 2010) expressa que: “Promovendo a igualdade de oportunidades educacionais entre as crianças de diferentes classes sociais no que se refere ao acesso a bens culturais e às possibilidades de vivência da infância”.

Este documento deixa claro que a criança é um ser cultural e produtor de cultura, cada uma traz de berço uma cultura diferente, para tanto existem várias culturas que precisam ser reconhecidas e dialogadas em meio à sociedade, por isso o brincar também é cultural. O brincar vai além do simples fato de inventar uma brincadeira ou manusear um objeto diferente, ele cria vínculos e situações que potencializam e viabilizam a criatividade, o conhecimento de si e do mundo. Ao brincar a criança interpreta aquilo que ela está vivenciando, tanto desejos, como medos, angústias, para isso é preciso ter um olhar atento, voltado a aquilo que a criança está tentando transmitir.

Para que a criança possa experimentar, vivenciar, apropriar-se de conhecimentos e torná-los aprendizagens significantes é preciso que os direitos das crianças sejam reconhecidos. As DCNEI (2010) propõem novos caminhos e concepções a fim de que as crianças da Educação Infantil possam ser reconhecidas como seres de direitos, construtores de sua história.

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A criança é um ser em construção que precisa desde muito pequena significar e concretizar as suas experiências. Isso é possível perceber quando interage com outra criança ou até mesmo com um adulto, pois desencadeia um processo de imaginação e fantasia, narrando assim sua própria história.

Brincar desenvolve as habilidades da criança de forma natural, pois brincando aprende a socializar-se com outras crianças, desenvolve a motricidade, a mente, a criatividade, sem cobrança ou medo, mas sim com prazer (CUNHA, 2001, p. 14).

Ao brincar a criança vai desenvolvendo naturalmente suas potencialidades, além de aprender interagir com seus pares e viver socialmente, aguça sua criatividade e desempenha este papel com prazer. Portanto, é fundamental tanto o professor como a família fomentar o desejo e propiciar momentos de interação, voltando sempre o olhar para o lúdico.

A brincadeira é uma atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típica da vida humana enquanto um todo da vida natural interna no homem e de todas coisas. Ela dá alegria, liberdade, contentamento, descanso interno e externo, paz com o mundo... A criança sempre, com determinação autoativa, perseverança, esquecendo sua fadiga física, pode-se certamente tornar-se um homem determinado, capaz de auto-sacrifício para a promoção do seu bem e dos outros... Como sempre indicamos o brincar em qualquer tempo não é trivial, é altamente sério e de profunda significação (FROEBEL, 1912, p. 55).

Na concepção de Froebel, percebe-se que o brincar é altamente importante e sério. O brincar é considerado como natural aos homens, o homem vai se formando humano, pois vamos nos transformando humanos na interação com os outros e convívio na sociedade, não somos algo pronto e inacabado. Assim, a criança vai se construindo no contato com o concreto e nas interações, gerando aprendizagens e significações que possibilitam seu desenvolvimento físico, mental, social e cultural.

As crianças enquanto seres sociais pertencem a uma determinada cultura e comunidade que abrange diferenciadas maneiras de viver. A criança é um ser em construção que precisa desde muito pequena estar em contato com algo concreto para tornar suas experiências concretas e significativas, no entanto, ao tocar determinado objeto, cria novas maneiras de evidenciar aquilo que está presenciando, ou seja, transferindo para vida real aquilo que vive em seu cotidiano,

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também é possível perceber que quando uma criança interage com outra ou até mesmo com um adulto, ela desencadeia um processo de imaginação e fantasia, narrando assim sua própria história.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998, p. 27):

O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de maneira não literal, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos.

Para tanto, compreende-se que a criança através do brincar vai se preparando para a vida, vai se relacionando com as pessoas e entrando em contato com o meio social em que está inserida, adquirindo saberes consistentes que podem determinar sua personalidade e identidade em perspectiva de novos conhecimentos de mundo.

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3 O BRINCAR E A FAMÍLIA

Os primeiros contatos que a criança tem é com a família, assim sendo, a família é o primeiro veículo educador, cada criança é um ser único e deve ser reconhecido como tal. A criança desde muito pequena já se comunica com as pessoas através do choro e dos gestos, começa interagir com os adultos e desenvolver suas primeiras brincadeiras.

Os pais, muitas vezes, não conseguem entender as expressões que as crianças usam para se comunicar com os adultos e acabam deixando de contribuir para o crescimento da criança e do conhecimento do seu próprio filho. É preciso, pois, compreender a essência da Educação Infantil, ouvir as vozes infantis para que elas possam se manifestar nas mais diferentes maneiras e situações de suas vivências.

“Em todos os tempos, para todos os povos, os brinquedos evocam as mais sublimes lembranças. São objetos mágicos, que vão passando de geração a geração, com um incrível poder de encantar crianças e adultos” (VELASCO, 1996).

Para tanto, o brincar existe desde os tempos mais remotos, todos os povos brincam e em todos tempos, não é somente em época de criança que se brinca, os adultos também se encantam e envolvem-se com o brincar. É importante a família ter um olhar voltado para as brincadeiras que as crianças criam e recriam em todo momento e com qualquer objeto, tudo torna-se brincadeira e aprendizagem.

O brincar assume papel importante na vida das crianças, pois é brincando que elas conseguem evidenciar as suas expressões. Na concepção de Kishimoto (2013, p. 22), as brincadeiras podem ser produzidas tanto pelos adultos como também pelas crianças, que é denominada cultura lúdica ou cultura infantil. É indispensável aguçar o imaginário e a criatividade da criança para que ela possa

entrar em contato com novas apreciações, indispensáveis para seu

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4 O BRINCAR E A ESCOLA

Muitas vezes ouvimos a expressão “Escola é lugar de estudar e não de

brincar”. Os próprios pais produzem essa ideia de que a escola é lugar só para estudar conteúdos, infelizmente este equívoco também faz parte do pensamento de alguns professores e, assim, a escola passa a transmitir somente esta cultura de que aprender é somente através dos livros. Bem sabemos, que toda criança gosta de brincar com tudo que ela achar interessante, a partir do momento que o professor corta o brincar em sala de aula, ele interrompe a criatividade e a aprendizagem deste sujeito. Muitos estudos afirmam que o brincar quando aliado às atividades escolares, produz efeitos maravilhosos, a criança aprende brincando e fica com vontade de quero mais, assim o brincar torna-se um excelente aliado da aprendizagem.

“Brincar com as crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem” (Carlos Drummond de Andrade).

Através deste pensamento de Carlos Drummond de Andrade é possível refletir sobre a importância do professor dar liberdade para a criança construir sua autonomia, não é através somente de conteúdos de livros e passados no quadro que a criança aprende. Criança gosta de inventar, produzir seus próprios conceitos e percepções, não é somente em espaço de sala de aula que existe aprendizagem, vai além deste espaço, a imaginação da criança.

“Há escolas que são gaiolas, há escolas que são asas” (Rubem Alves). As escolas precisam ser asas para as crianças voarem o mais alto que elas puderem. A liberdade abre caminhos jamais vistos, é na autonomia e na liberdade que a criança se sente importante, protagonista de sua aprendizagem e o mais interessante e encantamento, o desejo em aprender brincando. Torna-se importante também a compreensão do professor conhecer seu aluno em particular, pois a partir daí surgem as trocas, pois a aprendizagem é uma troca recíproca, se o professor não aprender com o aluno é porquê ele precisa mudar seu jeito de ver a escola, o conhecimento e o seu papel enquanto professor.

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5 O LUGAR DO BRINCAR NO CURRÍCULO

Já o currículo é o “norte” da escola e deve ser pensado de forma a atender as necessidades das crianças, não sendo estático e estando em constante construção. Ele é toda a ação e a dinâmica que ocorre na escola, em que expressa a organização dos saberes vinculados à construção de sujeitos sociais. É um projeto que determina um plano de ações e os objetivos da educação escolar. O currículo é a base para elaboração das propostas e dos projetos pedagógicos a serem desenvolvidos no contexto escolar, no qual deve ser considerada a criança como sujeito social e histórico que vai se constituindo a partir de interações com outros sujeitos de cultura.

As DCNEI (2010) expressam que o currículo deve ser flexível e estar em constante construção para que possa atender as necessidades das crianças, bem como suas curiosidades, lhes proporcionando experiências que contribuam para seu desenvolvimento.

Ainda, de acordo com as DCNEI (2010, p. 12), o currículo na Educação Infantil é concebido como:

Um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral das crianças.

Todo o conhecimento concebido pelo professor ao longo de sua formação, quando desenvolvido como práticas educativas relevantes possibilitará para a criança abranger todos os saberes envolvidos no mundo humano. Portanto, ressaltamos a importância de se formar bons profissionais da educação, que conheçam a teoria, mas que saibam colocá-la em prática de forma a ver a criança como um ser real e não só como ela que está descrita nos livros. Richter e Barbosa (2010) ressaltam que:

As funções específicas da creche, do ponto de vista do conhecimento e da aprendizagem, são favorecer experiências que permitam aos bebês e às crianças pequenas a imersão, cada vez mais complexificadora, em sua sociedade através das práticas sociais de sua cultura, das linguagens que essa cultura produziu, e produz, para interpretar, configurar e compartilhar sensações e sentidos que significam o estar junto no mundo, construindo narrativas em comum.

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Compreender a criança como um ser cultural e que possui necessidades específicas, a infância como uma fase da vida única e especial, os espaços e os materiais como ferramentas para realizar um bom trabalho e garantir a aprendizagem, o tempo como algo que precisa ser respeitado, as linguagens como parte do mundo que devem ser conhecidas e o currículo pensado para atender a complexidade infantil presente na sociedade.

É indispensável pensar na formação de professores, visto que todas essas concepções estão presentes na realidade e necessitam de compreensão para que haja instituições de Educação Infantil de qualidade que irão potencializar as capacidades de cada criança e torná-las sujeitos críticos e autônomos para viver e transformar a sociedade.

Assim, o brincar deve ser introduzido no currículo escolar, mas, sobretudo, respeitado para que este seja verdadeiramente considerado na escola e nas práticas pedagógicas, assumindo o compromisso com a qualidade de ensino e com as próprias crianças, que precisam vivenciar coisas novas e práticas concretas.

A Educação Infantil é um período que requer um olhar atento, pois é o tempo em que a criança começa se manifestar e também é o momento do início do desenvolvimento de sua cidadania. Durante este período é possível desconstruir e reconstruir práticas pedagógicas, pensando na qualidade do ensino e da aprendizagem. Ao brincar a criança interpreta ações do dia a dia, que são importantes tanto quanto o trabalho é para os adultos.

Elas se confrontam com a realidade, tomam decisões, criam novas linguagens, rompem com barreiras, experimentam, se expressam, partilham, aprendem achar soluções, exploram o mundo, as pessoas, os objetos, conhecem novas culturas, pois sabemos que cada ser humano traz consigo uma cultura diferente, que precisa ser conhecida e reconhecida.

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6 O BRINCAR E OS TEMPOS

Os tempos da infância devem ser respeitados e estimulados da melhor maneira possível, visto que cada criança possui o seu próprio tempo, mas também há um tempo para que ocorra seu desenvolvimento dentro do que é considerado normal. Além do tempo da criança e da infância existe também o tempo pedagógico que organiza uma rotina respeitadora na vida das crianças, considerando seus ritmos, pensando no seu bem-estar e nas constantes aprendizagens, em um espírito de participação na organização do trabalho e do jogo. Esse tempo precisa considerar os ritmos de atividades individuais, em pequenos grupos e no grande grupo, com diferentes propósitos e experiências. Todo momento é tempo pedagógico, desde o acolhimento até o tempo de partida. O tempo deve proporcionar reflexão, tanto do professor quanto das crianças, para que se possa escutar, opinar e realizar ações a partir das experiências das crianças e da maneira em que está ocorrendo suas aprendizagens.

De acordo com Maria Carmen Silveira Barbosa e Maria da Graça Souza Horn, no que se refere à organização das atividades no tempo nas escolas de Educação Infantil, são necessários momentos diferenciados, organizados de acordo com as necessidades biológicas, psicológicas, sociais e históricas das crianças. Nesse sentido, a organização do tempo nas creches e pré-escolas deve considerar as necessidades relacionadas ao repouso, alimentação, higiene de cada criança, levando-se em conta sua faixa etária, suas características pessoais, sua cultura e estilo de vida que traz de casa para a escola (BARBOSA; HORN, 2001).

Ainda, pode-se destacar a importância da organização dos tempos através da reflexão daquilo que já está sendo vivenciado em sala de aula, na fala de Formosinho (2011) é possível verificar estas conexões:

O tempo pedagógico necessita ser criticamente refletido a partir das aprendizagens experienciais das educadoras e das crianças para que inclua uma polifonia de ritmos: o da criança individual, o dos pequenos grupos, o dos propósitos, o do grupo todo. Ao tempo pedagógico pede-se ainda que inclua os diferentes propósitos, as múltiplas experiências, a cognição e a emoção, as linguagens plurais, as diferentes culturas.

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Portanto, o tempo na Educação Infantil precisa ser refletido pelos professores, ver aquilo que está dando certo e aquilo que não está, para que novas estratégias e metodologias possam ser adotadas, conforme a necessidade de cada criança sem deixar de lado aquilo que a criança já traz consigo, suas experiências, linguagens e culturas, pois cada uma traz diferentes saberes que precisam ser valorizados e reconhecidos.

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7 PRÁTICAS DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A pesquisa foi realizada a partir de cenas coletadas em escolas de Educação Infantil, durante estágios curriculares do Curso de Pedagogia. Trata-se de uma escola de caráter privado e outra da rede estadual, ambas do município de Ijuí. A escola privada atende apenas alunos da Educação Infantil e a escola estadual atende desde a Educação Infantil e o Ensino Fundamental.

Figura 1: Ambiente interno da sala de aula da pré-escola

Fonte: Dados empíricos produzidos na pesquisa (2016).

Figura 2: Ambiente interno de sala de aula da pré-escola

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Compreender como a criança brinca é essencial para o desenvolvimento das práticas em sala de aula, dar voz e vez para que a criança possa se expressar nas mais várias dimensões do brincar. É possível perceber a importância do brincar na vida dos sujeitos, principalmente as crianças buscam sempre demonstrar suas capacidades e fragilidades nas brincadeiras, que de qualquer objeto inventa uma brincadeira diferenciada, algo que parece nascer com a própria criança, pois desde sua existência como ser humano procura satisfazer suas curiosidades e desejos através de gestos, olhares, diferentes maneiras de interagir com objetos.

As brincadeiras refletem na vida das crianças de maneira positiva, percebemos que elas sentem necessidade de brincar e a má interpretação dos adultos pode implicar negativamente no seu desenvolvimento como ser humano histórico e social. Por isso, é preciso saber compreender o universo infantil para melhor fomentar seu desejo de brincar, se torna necessário ver que cada momento é especial e essencial na vida da criança, tudo para ela tem um significado que para nós adultos muitas vezes passa despercebido. Nas escolas o ato de não saber olhar para o brincar de maneira correta e construtiva se torna um problema que pode acarretar grandes dificuldades no desenvolvimento dos sujeitos, visto que estes necessitam estar em contato com o concreto para abstrair novos conhecimentos.

Utilizar-se do lúdico como forma de aprendizagem é muito positivo para a vida escolar da criança, visto que ao trabalhar ludicamente na escola o professor não está abandonando os conteúdos que precisam ser apresentados para as crianças, mas fazendo com que essa apresentação se dê de maneira diferenciada e que proporcione o desenvolvimento pleno da criança, contribuindo para a comunicação com as outras crianças e com o próprio mundo, bem como para que a criança se enxergue como um ser capaz e construa novos conhecimentos. Pensar e fazer uma educação que instigue a busca, os questionamentos, as descobertas, as relações e as trocas se torna muito mais fácil quando o lúdico entra neste processo educativo, levando a criança pensar, compartilhar, fazer, construir e reconstruir o mundo em que vive.

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8 BRINCANDO E APRENDENDO

A criança ao brincar vai formando novas concepções e cria maneiras de brincar que surgem às vezes espontaneamente, chamamos isso de brincadeira espontânea, aquela que a própria criança produz, através da sua criatividade. Também existe a brincadeira direcionada, aquela que alguém direciona, com alguma intencionalidade. As duas concepções abrangem percepções que determinam a constituição do brincar na vida das crianças, potencializam a aprendizagem.

No documentário “Território do Brincar” fica evidente a diversidade que

existe. As diferentes culturas que aparecem no decorrer do documentário e aquela ênfase em sempre pensar que o professor sabe tudo, mas na verdade precisa ampliar muito ainda seu conhecimento, as crianças são únicas e precisam um olhar de reconhecimento e de conhecimento, mas aquele voltado para sua realidade, para o seu modo de brincar, de representar, de imaginar e de interagir.

Cada criança vê de maneira diferente o brincar, ela conduz sua brincadeira da maneira que achar melhor, mais prazerosa. Na escola quase sempre as brincadeiras são dirigidas. O professor impede que ela explore e extrapole aquilo que está ao seu redor, pensando que isto é o melhor caminho, mas as próprias crianças apelam por sua liberdade de expressão, de autonomia, de consciência crítica, para dialogar com aquilo que está vivenciando, ela precisa de novas experiências e nós como educadores também precisamos romper com esta barreira.

As crianças quando instigadas a brincar com aquilo que está além do limite de sala de aula realmente brincam e constroem novas brincadeiras que causam espanto, indignação, desejos e sorrisos, pelo fato de estar experimentando o novo e quando aliada à cultura, novas construções aparecem espontaneamente. O melhor caminho é aquele que leva a criança ao mundo da imaginação, da apropriação e do encontro ao mundo.

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Figura 3: Imagem retirada do documentário “Território do Brincar”

Assistindo ao documentário percebi a importância da reflexão do professor sobre o processo do brincar. São muitos os fragmentos que compõe estas ações, é preciso estar presente nas observações para aliar as propostas pedagógicas. É na participação e na interação que as mais diferentes imagens e linguagens aparecem. A criança precisa de tempo e espaço para criar suas brincadeiras, a criança aprende com si própria e ao enfrentar o desafio de construir seu próprio brinquedo vai promovendo o encantamento através da sua capacidade das possibilidades que lhes são alcançadas.

As crianças demonstram que são potentes e na interação com os demais resolvem seus próprios conflitos. Me trouxe à memória lembranças de quando eu era criança, como eu brincava naquela época, e olhando para as crianças de hoje vejo que poucas tiveram a oportunidade de vivenciar o que eu vivenciei. Eu construía meu próprio brinquedo com materiais recicláveis, cortava galhos com facas, fazia fogão de barro, tomava banho de chuva, subia nas árvores, pegava um toco de madeira com um furo ao meio e fazia de conta que era um banheiro. Observando as crianças de hoje percebo que elas vivem em mundo industrializado, sequer sabem como é brincar da maneira que eu brincava, como é triste ver isso, a criança precisa estar em contato com diferentes objetos, com a natureza, com os animais e plantas.

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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo buscou compreender quais os significados que a criança dá ao brincar, assim como, o brincar faz diferença na vida das crianças e contribui no ensino e aprendizagem quando aliado às propostas pedagógicas, as crianças brincam e ao mesmo tempo aprendem. Até mesmo os próprios professores podem construir suas ações pedagógicas, a partir das reflexões do brincar das crianças, a construção do ser professor surge da reflexão sobre a prática, neste caso sobre o brincar que a criança cria e recria.

O brincar é um importante instrumento na constituição dos sujeitos, pois é neste momento que surgem as indagações, a criatividade, o conhecimento de mundo, a busca pelo conhecimento, também é importante ressaltar as interações que ocorrem durante o processo do brincar, não somente entre as crianças envolvidas, mas com os objetos em contato.

Estas análises me possibilitaram compreender a importância do brincar para a criança e as contribuições que estes trazem para dentro da sala de aula, inclusive para o professor conhecer cada criança na sua individualidade, trazendo referências para aquilo que precisa ser mudado no seu planejamento enquanto docente e refletir sobre o que está contribuindo para uma boa formação dos sujeitos. O brincar é essencial na vida da criança, é a maneira que a criança tem de expressar seus desejos, medos, anseios, aquilo que ela está vivenciando na vida real, ela transporta para o brincar, como forma de comunicação com a realidade e com os adultos.

Tudo passa por um processo de construção e precisa ser significativo, mas para que tudo ocorra de maneira produtiva precisa-se considerar a maneira de como a criança dá sentido às coisas. Para o adulto ver como isso acontece precisa estar atento em tudo que a criança faz, pois as crianças observam tudo ao seu redor e de maneira minuciosa, vão além da sua imaginação as suas observações. As brincadeiras que ocorrem através de suas investigações são as mais diversas, com qualquer tipo de objeto elas vão criando maneiras de brincar, imitam o mundo adulto através das interações que surgem durante o processo do brincar. Com o novo desenho social que acontece em todo momento, também leva a criança a se adaptar a este modelo de sociedade, para isso é preciso repensar como a criança está sendo inserida neste contexto e como as práticas pedagógicas estão sendo realizadas para contemplar as mais diferentes formas do brincar.

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A criança possui capacidade de construir conhecimentos, assim como, os adultos, porém ela tem a necessidade de interagir com um outro mais experiente para que isto ocorra de forma a acarretar seu desenvolvimento e sua aprendizagem. Neste sentido, o professor tem o importante papel de compartilhar com a criança suas experiências, oferecendo também materiais e espaços que potencializem seu crescimento, fomentando a curiosidade, a convivência harmoniosa com seus pares e a exploração de mundo. Diante deste contexto, a brincadeira entra como uma peça indispensável para a aprendizagem e o desenvolvimento da criança porque é através dela que acontecerá uma reprodução daquilo que ela está vivendo em sociedade, além de possibilitar uma reflexão sobre o que é certo e o que é errado, bem como a busca por soluções para essas questões.

Concluímos afirmando que quando a escola associa as práticas pedagógicas ao brincar o protagonismo das crianças fica evidente, o processo da construção do conhecimento vai além da sala de aula, é algo que se inicia na infância e acompanha a criança por toda sua vida, significando aquilo que ela vivencia, portanto, o brincar deve ser reconhecido como algo especial para crianças para que não deixe marcas negativas, mas contribua na construção da sua história e identidade, pois a partir do momento que a criança se identifica com o objeto de conhecimento vai se reconhecendo como ser cultural, histórico e social.

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10 REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares para a educação infantil. Brasília, 2010.

CUNHA, N. H. S. Brinquedo, desafio e descoberta para utilização e confecção de brinquedos. Rio de Janeiro: FAE, 1988.

FORMOSINHO, J. O espaço e o tempo na pedagogia em participação. Portugal: Porto Editora, 2011.

FROEBEL, F. The education of man. Nova York: D. Appleton, 1912.

FURASTÉ, P. A. Normas técnicas para o trabalho científico: explicitação das normas da ABNT. 17. ed. Porto Alegre: Dáctilo-Plus, 2014.

http://brinquedoteca.net.br/?page_id=63.

http://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-importancia-brincar-na-educacao-infantil.htm. Acesso em: 28 nov. 2016.

KISHIMOTO, T. M. Brinquedos e brincadeiras na educação infantil. São Paulo: FE-USP, 2013.

MEIRELLES, R. (org.). Território do brincar: diálogo com escolas. São Paulo: Instituto Alana, 2015. (Coleção Território do Brincar).

RICHTER, S. R. S.; BARBOSA, M. C. S. Os bebês interrogam o currículo: as múltiplas linguagens na creche. Educação, v. 35, n. 1, jan./abr. 2010. Disponível em: <http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/reveducacao/article/view/1605>. Acesso em: 20 set. 2016.

Referências

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