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Análise do livro didático de Geografia do 4° ano do ensino fundamental

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUI

DHE – Departamento de Humanidade e Educação Curso de Geografia

ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA DO 4° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Trabalho apresentado ao curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí, como requisito parcial para a obtenção do titulo de licenciado em geografia.

Karine Bourscheid

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Análise do Livro Didático de Geografia do 4° Ano do Ensino Fundamental.

Karine Bourscheid1 Helena Copetti Callai2

RESUMO:

Este artigo teve como propósito descrever e analisar o livro didático utilizado no 4° (quarto) ano do ensino fundamental da Escola Municipal Padre Antonio Michels de São Martinho/RS, buscando compreender os critérios utilizados para escolha do mesmo e sua forma de disponibilização para os alunos. A problemática da pesquisa consistiu em indagações, como, por exemplo, se os professores estão realizando discussões prévias antes da escolha do material didático, se suas instituições de ensino possuem critérios próprios para a seleção dos livros, e, principalmente, se tais escolhas estão de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e com o Projeto Político Pedagógico (PPP). O desenvolvimento desse trabalho teve como metodologia a coleta de dados por intermédio de pesquisas bibliográficas e de entrevistas, esta última por questionamentos dirigidos aos professores de geografia. O resultado, por fim, alcançou-se com a comparação entre os dados das entrevistas e o material bibliográfico, a partir do qual pode se confirmar a hipótese de que os professores da referida escola seguem todos os parâmetros que constam no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), valorizando a qualidade dos livros didáticos escolhidos.

Palavras- chave: escolha, livro - didático; qualidade.

1

Acadêmica do Curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul –UNIJUI.

2

Doutora em Geografia pela Universidade de São Paulo- USP. Pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico - CNPq.

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INTRODUÇÃO

A educação brasileira vive um momento de grandes discussões, com novas propostas educacionais para a educação básica, que vão desde políticas públicas de inclusão e de qualidade do ensino a investimentos em infraestrutura e equipamentos para as escolas.

Temas como integração das áreas do saber, metodologias de ensino, avaliação, inclusão, dentre outros, compõem os debates sobre a atual e futura educação brasileira. Neste particular que a escolha por materiais de qualidade e de boa aceitação por parte do corpo de alunos ganha relevância.

Em termos outros, compreender a utilização do livro didático, tanto de ensino fundamental, quanto de ensino médio, no ambiente escolar, em específico nas aulas de geografia, é de fundamental importância justamente por ser ele quem auxilia o docente na transmissão do conhecimento aos discentes, ganhando destaque, nesse campo, os materiais que apresentam figuras, gráficos, além de textos condizentes à faixa etária do público alvo, por acabarem transformando o saber abstrato da geografia em algo concreto, próximo à realidade dos alunos.

Da mesma forma que a sociedade passa por transformações, a forma de ensinar também deve passar por reformulações, tudo com o fito de satisfazer as necessidades advindas de uma sociedade imediatista que é a moderna.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, diante disso, orientam que a escolha dos livros didáticos deve iniciar com discussões aprofundadas, para que a seleção seja feita de forma democrática e fundamentada nas concepções delimitadas no projeto político-pedagógico de cada escola e de acordo com os currículos escolares.

Resta investigar se os referidos programas estão sendo aplicados na prática. Dessa maneira, a problemática da pesquisa consistiu em indagações, como, por exemplo, se os professores estão realizando discussões prévias antes da escolha do material didático, e, principalmente, se tais escolhas estão

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de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais e com o Projeto Político Pedagógico.

Já o objetivo geral buscou verificar quais os critérios utilizados pelos professores para a escolha do livro didático de Geografia adotado para o desenvolvimento dos conteúdos para com os alunos do 4º (quarto) Ano do Ensino Fundamental.

Ao mesmo tempo, os objetivos específicos consistiram na análise concreta do livro didático usado por estes alunos; na coerência teórico-metodológica; na presença de erros conceituais ou de informações; na fidedignidade do conteúdo; nos estímulos e criatividades; na correta representação cartográfica; e, por fim, numa abordagem que valorize a realidade local do aluno e que enfoque espaço como uma totalidade.

O primeiro capítulo, por sua vez, apresenta uma pequena exposição sobre como acontece o acesso ao livro didático, como é o processo da escolha e como os alunos o recebem. Nessa primeira seção foram utilizadas fontes como o Guia do Livro Didático de Geografia.

O segundo capítulo, por outro lado, traz a análise do livro didático em questão tendo como linha de pesquisa os seguintes tópicos: adequação da linguagem, nomenclatura, linhas de abordagem, figuras, figuras gráficas e tabelas, o nível das atividades propostas, e a função social do ensino da Geografia para o 4° (quarto) ano do ensino fundamental.

O terceiro capítulo, por fim, mostra a análise do currículo, mediante um trabalho de campo junto aos professores de Geografia do Município de São Martinho/RS, tudo para entender quais critérios os mesmos usam na escolha do livro didático, sem que haja prejuízos no processo de ensino-aprendizagem. Percebe-se por essas linhas iniciais que o livro didático tem sido e continuará sendo um instrumento precioso para o professor, porquanto é justamente nele que estão contidos os conteúdos fundamentais dos programas de ensino, além de servir de orientação para indução de novas atitudes, de valores a serem preservados, de novas perspectivas de mundo, de convivência e de interação com o espaço e conhecimento de lugar, servindo, portanto, o livro didático como principal meio para a concretização do saber.

Partindo-se dessas considerações, no final do trabalho, está apresentada a relação que se forma entre professor e livro didático, mostrando

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a extrema importância a ser dada por aquele quando da avaliação do material didático utilizado em sala de aula.

1. Livro Didático: Considerações iniciais

Falar sobre o livro didático é, sem dúvida, envolver-se em um tema polêmico, mas nem por isso deve deixar de ser enfrentado, pelo contrário faz jus a inúmeras reflexões para seu aprimoramento, principalmente de sua escolha, levando-se em conta ser o material norteador para se ter um ensino de qualidade. Nesse sentido, tem-se que:

[...] primeiro, tratar-se de um tipo de material de significativa contribuição para a história do pensamento e das práticas educativas ao lado de outras fontes escritas, orais e iconográficas e, segundo, ser portador de conteúdos reveladores de representações e valores predominantes num certo período de uma sociedade que, simultaneamente à historiografia da educação e da teoria da história, permitem rediscutir intenções e projetos de construção e de formação social (CORREA, 2000, p. 12).

Nota-se que por intermédio do livro didático é possível que se eternizem acontecimentos sociais e naturais de um determinado período de tempo, o que permite seu posterior estudo pelas gerações futuras, procedimento este (estudo do passado) imprescindível para se conhecer o hoje e as linhas futuras. Além do mais, tal material propicia visualizar a realidade de diferentes locais sem se sair do banco escolar, tornando o conhecimento inegavelmente mais qualificado. Pode ser considerado, portanto, o livro didático como meio que registra o passado, o presente e por que não o futuro, em que todos estão inseridos.

Justamente por ser o material didático um importante recurso para o ensino e aprendizagem, passa a ser dever de todo profissional da educação discutir constantemente sua inserção junto ao meio educacional, pois o “mal” uso do mesmo pode ocasionar sérios problemas no processo do ensino-aprendizagem. (SANTOS; RIBEIRO; FREITAS, 2000).

Da mesma forma, as novas tecnologias não podem servir de motivação para que os profissionais da educação lancem mão desse precioso recurso

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didático que é o livro didático. Deve-se, sim, serem feitas reflexões, mas não ao ponto de restringir o acesso a esse material. O que deve ocorrer é uma complementação de técnicas de ensino, tornando a temática do estudo no livro didático complementar às tecnologias que já tomam conta das escolas, e, assim, vice-versa (SANTOS; RIBEIRO; FREITAS, 2000).

Segundo Callai:

As discussões atuais referentes ao ensino e à escolarização estão a exigir de nós capacidade de entender o mundo e de sermos criativos para poder pensar e ser capaz de operacionalizar formas mais adequadas de realizar a aprendizagem (CALLAI, 2003, p. 77).

Também não se pode considerar o livro didático como um manual de regras para o ensino, sem quaisquer possibilidades de adaptações. Pensar de tal forma é querer colocar o ensino fundamental em franca decadência, o que é inaceitável! (SANTOS; RIBEIRO; FREITAS, 2000).

Preocupado com isso e ciente de que o livro é um dos instrumentos mais importantes na vida escolar, o governo desenvolveu um programa capaz de propiciar um estudo prévio e detalhado do material a ser posto em sala de aula, consistindo em verdadeiras diretrizes a serem seguidas pelos professores quando do processo de escolha, cada qual em sua área. (BRASIL, 2008).

A título de explicação, tem-se que o guia de livros didáticos, criado pelo programa Plano Nacional do Livro Didático (PNLD), tem por objetivo distribuir obras didáticas para escolas públicas do Brasil. O Ministério da Educação (MEC) é quem avalia e seleciona as resenhas para divulgar no Guia do Livro Didático, o qual é entregue às escolas, a fim de que os professores optem pelo melhor livro para trabalharem nos três anos subseqüentes (BRASIL, s.d.).

Vê-se que todos os eixos trazidos pelo Guia do Livro Didático denotam a relevância do livro como recurso pedagógico, por exigir do educador, quando do processo de escolha, proceder arraigado pelas seguintes premissas:

Coerência com o PPP

Os conteúdos selecionados e a forma como estão distribuídos e organizados ao longo das unidades têm de ser compatíveis com os objetivos de aprendizagem para cada série e disciplina previstas no PPP.

Conteúdos ajustados ao nível dos alunos

O livro deve dialogar com o estudante. A linguagem, o vocabulário e a construção das frases acessíveis e compatíveis com a série em questão e as atividades claras ajudam o aluno a entender o conteúdo.

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Estratégias didáticas adequadas

A maneira como os temas são trabalhados também precisa estar de acordo com o PPP. Em um experimento de Ciências, por exemplo, é interessante observar se os estudantes são estimulados a formular hipóteses ou ele é usado apenas para demonstrar um conceito. Valorização da autonomia do aluno

Exercícios repetitivos ou de memorização não são indicados, pois levam a criança a ser um ator passivo na aprendizagem. Por isso, o melhor é selecionar edições com atividades que permitam a aplicação do conhecimento a novas situações.

Estímulo à interação com o mundo letrado

Além de trabalhar os conteúdos propostos, é interessante que as obras promovam uma articulação com conhecimentos em outras publicações e mídias, como a televisão, as produções em vídeo e a internet.

Alinhamento do autor ao projeto pedagógico

Conhecer o currículo do autor, sua experiência profissional e suas opiniões ajudam a avaliar a obra.

Livro do professor

Fundamental que as obras escolhidas sejam acompanhadas de manuais que ofereçam uma complementação ao trabalho em sala de aula. Esse material será mais rico se ele trouxer propostas de trabalho interdisciplinar, textos de aprofundamento e atividades adicionais às do livro do aluno (GESTÃO ESCOLAR, 2012).

1.1 A escolha do Livro Didático

Como se viu, a escolha do livro didático deve estar em consonância com o disposto no Guia do Livro Didático 2008, tudo com a intenção de oferecer aos alunos um material de qualidade e de forma gratuita. Esse procedimento especial de escolha se deve muito por ser o livro um fator importante no processo de ensino e aprendizagem, sendo um recurso muito utilizado em sala de aula por professor e aluno. Reforça-se, assim, o tamanho da responsabilidade de sua escolha (BRASIL, 2008).

Relevância maior é o fato de o livro didático acompanhar a vida escolar por longos três anos, isto mesmo, a escola pública adota livros didáticos que serão utilizados por, no mínimo, três anos, tudo seguindo à risca o disposto no já mencionado Programa Nacional do Livro Didático (BRASIL, 2008).

Outra questão importante é que, além de poderem ser trocados somente após três anos, acontece uma verdadeira negociação do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) com os editores e autores, a fim de contemplar a possibilidade de aquisição da obra, de maneira que eventuais

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problemas de obtenção sejam excluídos, mediante a disponibilização de uma segunda opção de escolha, a qual também deverá ser escolhida com extrema responsabilidade. Em ambas as hipóteses, há a necessidade de ser preenchido um formulário, seguindo todas as orientações do Guia, antes da efetivação dos pedidos. (BRASIL, 2008).

Segundo Schaffer:

Sobre o professor tem recaído de uma forma ou outra, a responsabilidade de selecionar o livro a ser adquirido e que terá a função de auxiliar o desempenho pedagógico. Como instrumento de ensino, o livro didático serve a um fim, às intenções do plano de trabalho previamente elaborado. (SCHAFFER,1998, p. 130).

O papel do professor, por sua vez, deve ser voltado plenamente na busca por um livro didático, que, além de seguir o Programa Nacional do Livro Didático, estimule seus alunos, por intermédio da criatividade, da construção de conhecimento, de uma visão local/regional que enfoque o espaço em totalidade, esta última nitidamente envolvendo a realidade em que vivem os alunos (SPOSITO, 2006).

Já a instrumentalização do processo de escolha do livro didático se evidencia por intermédio de discussões e leituras realizadas em grupos, por áreas ou turno, visando, assim, uma escolha que “reflita melhor a realidade de sua escola, seja mais adequada ao tipo de trabalho que a equipe desenvolve e evite o impasse do simples confronto de opiniões pessoais” (BRASIL, 2008, p. 13), ou seja, sua finalidade é buscar um consenso para seguirem todo o processo que é estabelecido previamente pelo Programa Nacional do Livro Didático.

Os docentes devem ter em mente, portanto, que a escolha da obra é ato de extrema relevância para a escola, visto que os livros serão adotados por uma infinidade de alunos, mais um motivo para que essa obrigação se reflita em grupo e não individualmente, alcançando, só assim, um resultado positivo na hora da prática em sala de aula (SCHAFFER,1998).

Mais importante do que está análise, no entanto, é a decisão sobre o livro didático como recurso para o ensino. Nesta dimensão da escolha, a análise precisa ser muito criteriosa. Cabe uma verificação acurada quanto à orientação dada aos conteúdos; à correção e atualidade das informações; à distribuição das unidades; ao

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tratamento dos conceitos desenvolvidos; à adequação e correção dos exemplos e ilustrações (mapas, gráficos, desenhos, tabelas, fotos, etc.) e dos exercícios propostos. (SCHAFFER, 1998, p. 137).

Jamais ignorando a importância do livro na vida escolar, os professores não devem considerá-lo como o único material didático para o processo ensino-aprendizagem. Pelo contrário, devem fazer a relação do mesmo com outros recursos didáticos, como, por exemplo, a internet, os vídeos, os jogos e as revistas, além do próprio ambiente escolar. Mostra-se, com isso, um caráter complementar entre as diversas maneiras de ensino (SCHAFFER, 1998).

O livro a ser selecionado ainda deve conter uma escrita que envolva o docente e o educando, chamando a atenção, principalmente destes últimos, para a cultura letrada, propiciando curiosidades e um melhor desenvolvimento do raciocínio dos discentes (BRASIL, 2008).

Frise-se, contudo, que de nada adiantará tais recursos didáticos, se os professores não cumprirem com a incumbência de transmitir o conhecimento em linguagem e escrita claras, estimulando a compreensão dos sujeitos, que passarão a ter, muitas vezes, uma postura crítica, e, consequentemente, uma atitude participativa em sala de aula.

Quanto à forma com que os livros são recebidos e entregues aos alunos, registre-se haver uma verdadeira parceria entre o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e Correios, que se efetivará mediante a formalização de um contrato de prestação de serviços para cada município, isso demonstra, ao menos em tese, a atenção despendida por todos para com a correta disponibilização desses materiais. (BRASIL, 2008).

Diz-se isso porquanto, na maioria das vezes, os exemplares se mostram insuficientes para suprir a demanda. Tal problema é recorrente em praticamente todas as escolas, inclusive na Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Antonio Michels, que, dada a insuficiência de livros, acaba tendo de dividir este material didático em grupos ou duplas, o que pode comprometer a leitura individual.

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O livro didático utilizado pelo professor do 4° (quarto) ano do ensino fundamental é “A ESCOLA É NOSSA- GEOGRAFIA”, tendo como autores Wanessa Garcia e Rogério Martinez, os quais são mestres em educação, ambos atuando no ensino fundamental. A obra foi publicada pela editora Scipione, 4ª (quarta) edição, em São Paulo, no ano de 2012, conforme a seguir demonstrado:

Figura 1: Capa do Livro de Geografia: A Escola é Nossa.

Fonte: Editora Scipione.

O livro didático utilizado pelo 4° ano do ensino fundamental tem como objetivo transferir para o aluno várias informações, seja por atividades e imagens, despertando o interesse do educando por novos conhecimentos.

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Esse livro apresenta no decorrer dos conteúdos estudados diversas fotografias, textos e mapas, cumprindo, assim, sua função de demonstrar para os alunos que a Geografia faz parte do nosso cotidiano.

Tal obra foi escolhida pelos professores para ser utilizada no período compreendido entre 2013 e 2015. Ademais, através de pesquisas feitas no Guia de Livros Didáticos 2013 nos anos iniciais do ensino fundamental, constatou-se que existem vários critérios e formas para orientar os professores na hora da escolha do livro didático (BRASIL, 2013, p. 9).

Segundo o site da editora scipione esta obra apresenta as seguintes características:

Praticidade e dinamismo na sala de aula. Apresenta propostas de iniciação à cartografia que permitem desenvolver noções básicas de orientação e de localização no espaço. Os conceitos são apresentados com base em conteúdos e temas que fazem parte do cotidiano e do lugar em que vivem os alunos. O Manual do Professor apresenta textos complementares não apenas sobre a Geografia, mas também sobre transversalidade, interdisciplinaridade, conteúdos atitudinais e procedimentais (SCIPIONE, s.d.).

Partindo desta percepção o livro didático apresentado pela editora scipione constitui grandes propostas de conteúdos para se estudar em sala de aula com os educandos, contribuindo para a relação entre professor e aluno e auxiliando no processo de ensino-aprendizagem.

No sumário apresentado pelo livro, destacam-se os capítulos seguidos de imagens ilustrativas, ou seja, ao ver o sumário já se percebe um importante aspecto atrativo para os olhos do educando.

Apresenta como capítulos: O município e suas paisagens; O município: espaço rural e urbano; As paisagens rurais do município; As paisagens urbanas do município; O trabalho no espaço rural; O trabalho no espaço urbano; Campo e cidade: espaços interligados; O que as paisagens revelam sobre o município.

Tendo como base esses capítulos já se evidencia que o livro traz os aspectos sociais do cotidiano do aluno, em que se pode relacionar o livro com a sociedade na qual o educando vive. Pode, ainda, assimilar a construção de conhecimento com a realidade do aluno. Abaixo segue a figura do sumário:

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Figura 2: Sumário do livro didático de Geografia: A Escola é Nossa.

Fonte: Editora Scipione.

No decorrer do livro constata-se uma linguagem clara e objetiva para a criança, com todas as páginas seguidas de ilustrações para melhor percepção e assimilação de conteúdo por parte do educando. Como destacado abaixo:

Linguagem: Esse aspecto do livro é de grande importância, porque, se o aluno tiver diante de si uma linguagem inadequada à sua idade, do ponto de vista de sua compreensão, ou distante de sua realidade, certamente o livro não será um auxiliar nem para ele, aluno, nem para o professor na construção do conhecimento geográfico. (PONTUSCHKA; PAGANELLI; CACETE, 2009, p. 346).

No final do livro se encontra o Glossário que identifica termos desconhecidos, constituído de seis páginas, que apresenta as palavras com

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seus respectivos significados e ilustrações, para que o educando interprete o termo da melhor maneira possível. Veja-se:

Figura 3: Glossário do livro didático de Geografia: A Escola é Nossa.

Fonte: Editora Scipione.

Percebe-se ainda que o livro contém diversas atividades que desenvolvem a criatividade e o raciocínio do aluno, como, por exemplo, ao trazer exercícios que desenvolvem e relacionam o conteúdo com aspectos locais, proporcionando, dessa forma, que o educando assimile e tenha percepção do texto para com a vida real. Abaixo segue uma amostra de como o texto pode se relacionar com o município:

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Fonte: Editora Scipione.

Na referida imagem se observa o bairro da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, onde a atividade pede para observar o antes e o depois das transformações na paisagem que foram ocorrendo ao longo do tempo, pela ação do homem junto ao meio ambiente. Da mesma forma, trazendo para a realidade local, o docente poderá mostrar fotos do município em que reside para que o aluno tenha uma percepção maior do conteúdo proposto no livro didático, podendo desenvolver uma atividade com a realidade local.

Favorável ao uso da cartografia, Hespanhol destaca que:

A cartografia é indispensável ao ensino da Geografia porque possibilita ao aluno entender a distribuição, na superfície da Terra, dos fenômenos sociais e naturais e de suas relações. Ao mesmo tempo, a cartografia permite ao educando se apropriar de uma técnica indispensável para desenvolver habilidades de representar e

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interpretar o espaço geográfico. Nesse sentido, é importante que o livro didático incorpore essa linguagem (HESPANHOL, 2006, p. 78).

Voltando ao objeto deste artigo, constata-se que a representação cartográfica inserida no livro tem como objetivo mostrar ao aluno a representação do espaço, desde suas características, divisões territoriais, tamanho, superfície, municípios vizinhos, legenda, rosa dos ventos, como mostra a figura abaixo:

Figura 5: Representação do Espaço do livro de Geografia: A Escola é Nossa.

Fonte: Editora Scipione.

No estudo sobre mapas, o professor em sua explicação, pode incluir o mapa do município em que reside para que os alunos possam compreender

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todas as explicações dos conteúdos expostos por ele. Nesse sentido são novamente as palavras de Hespanhol citado por Sposito:

O livro didático deve apresentar conteúdos e atividades que permitam a interação professor-aluno, a compreensão dos significados e a construção do conhecimento escolar vinculado à prática social. É necessário que haja compatibilidade entre a opção teórico-metodológica proposta e adotada, tanto no que se refere ao ensino como no que diz respeito à concepção de Geografia. É indispensável que haja coerência entre os objetivos, conteúdos, atividades e exercícios, favorecendo o desenvolvimento dos processos cognitivos básicos por meio da clara exposição dos conceitos, fenômenos e acontecimentos devidamente localizados (SPOSITO, 2006, p. 78).

Depreende-se, pelo exposto, que o autor transpassa ser fundamental a relação entre professor, aluno e conteúdo, para a construção do conhecimento, além de mostrar coerência entre os aspectos relacionados ao currículo escolar e social.

Analisando todos os critérios que são apresentados para a escolha do livro didático e os conteúdos propostos no livro de geografia do 4° ano do ensino fundamental, verifica-se seriedade na sua escolha, pois o presente livro relaciona uma série de textos e contextos que englobam a vida escolar e social do aluno, atendendo o disposto no PNLD.

3. Os Critérios que os professores de Geografia da Escola Municipal Padre Antonio Michels de São Martinho/RS utilizam para a escolha do livro didático.

Os professores de Geografia da Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Antonio Michels acompanham os critérios para a escolha do livro didático que constam no Programa Nacional do Livro Didático PNLD.

Esse processo se constitui através de leituras feitas no PNLD, das resenhas que são enviadas para os docentes realizarem a análise de cada livro, dos argumentos obtidos através de reuniões elaboradas com professores e equipe diretiva para associar a escolha com o PPP da escola e realidade local na qual a instituição escolar está inserida.

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Por intermédio de entrevistas e conversas informais com os professores da área de Geografia da Escola Padre Antonio Michels se apurou que a escolha do livro didático pelos professores de geografia acontece de maneira coerente com o fazer pedagógico no qual a escola trabalha.

Juntamente com dois professores de Geografia da escola Padre Antonio Michels de São Martinho, sendo um deles também o professor da turma do 4° ano, foi realizadas entrevistas e questionários sobre a escolha do livro didático, que giraram em torno das seguintes perguntas:

1. Como é feita a escolha do livro didático de geografia?

2. A seleção do livro é elaborada juntamente com professores da área? Se não justificar o motivo.

3. Quais critérios você utiliza para que a escolha do livro contribua para a aprendizagem do aluno e seja enriquecedora para se utilizar em sala de aula?

4. Os critérios utilizados estão de acordo com o PPP da escola? Você como professor propõe isto de que forma?

5. Além do livro didático quais outros recursos você utiliza em sala de aula?

6. Quais suas perspectivas sobre o livro didático?

As respostas do professor A para as respectivas perguntas foram:

1. A escolha do livro é feita de acordo com a proposta do PPP e a mesma deve contemplar a base curricular da escola se aproximando ao máximo da realidade do aluno.

2. Sim, a seleção é elaborada juntamente com professores da área, pois possibilita o trabalho interdisciplinar.

3. Utilizo critérios como realização de resenhas que contam no Guia do Livro Didático, além das reuniões elaboradas por áreas, tento relacionar o conteúdo do livro didático com a realidade local do aluno. O livro didático é um material complementar e para que ele contribua para a aprendizagem do aluno deve ser usado em conjunto com revistas, jornais, internet e programas interativos.

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4. Sim, a escolha do livro é proposta através da análise dos conteúdos e atividades abordados.

5. Além do livro didático utilizo outros recursos para se trabalhar em sala de aula como, filmes, jornais, trabalhos de campo, pois, em minha opinião, o livro é uma ferramenta e não um manual.

6. Bom, em minha opinião, os livros deveriam abordar assuntos mais regionais, digo, a maioria dos livros que usamos ostenta-se de referências como cidades grandes, longe da realidade que estamos inseridos. Os livros deveriam utilizar exemplos e figuras mais locais.

Já as respostas do professor B às respectivas perguntas foram:

1. A escolha é feita em grupo por áreas de estudo, analisamos os livros de várias editoras, mas geralmente recebemos a 2ª ou 3ª opção.

2. Sim.

3. Utilizo os seguintes critérios para a escolha do livro didático de geografia, realizando as leituras das resenhas que constam no Guia do Livro Didático, escolhendo um livro que contenha uma linguagem e escrita relacionada com a faixa etária e com a realidade local do aluno. O livro ainda serve como principal subsídio de sala de aula. Ele é um recurso muito utilizado, pois aborda os conteúdos com clareza no qual o aluno pesquisa e realiza as tarefas de sala de aula e de casa.

4. Os livros são escolhidos por editora e nós adaptamos a cada série. Utilizamos vários para elaboração do plano de aula e adotamos o mais completo para devida série, mas o principal problema, que muitas vezes encontramos, é a quantidade de livros que se mostra insuficiente, assim os alunos precisam dividir. Minha proposta seria que os livros deveriam ser elaborados por regiões, porque o Rio Grande do Sul é pouco abordado nos livros de geografia.

5. Utilizo vários recursos para trabalhar em sala de aula, como filmes, vídeos, documentários para complementar os conteúdos, mapas e internet.

6. Sobre os livros gostaria que melhorassem as atividades, mais diversidade como cruzadas, caça-palavras e exemplos de atividades

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práticas. Os textos informativos são ótimos, mas, muitas vezes, não conseguimos atrair os alunos prendendo sua atenção.

Diante do resultado das entrevistas realizadas com os professores de geografia, constata-se que os mesmos estão cumprindo o seu papel quando se trata da questão levantada no presente artigo sobre a escolha do livro didático. Por meio dos relatos obtidos no questionário se observa claramente que se preocupam em fazer reuniões e discussões prévias antes da escolha do material didático com professores da área e equipe diretiva.

Entretanto, uma das grandes dificuldades que os professores relatam na entrevista é a falta de livros com atividades e ilustrações mais regionais, visto a maioria dos livros se referir a cidades maiores com maior grau de urbanização. Nesse ponto os livros deixam a desejar, pois deveriam ser prescritos conforme a região em que a instituição de ensino está inserida.

CONCLUSÃO

A escolha com responsabilidade do livro didático de geografia traz grandes benefícios dentro da sala de aula, tanto para o aluno, quanto para o professor, consistindo o mesmo num excelente material didático e fundamental para o processo de ensino e aprendizagem.

Vê-se que não poderia ser diferente, afinal é através dele que são oferecidos todos os conteúdos básicos para se trabalhar em sala de aula, o que proporciona inegavelmente a formação de cidadãos críticos e éticos, preparados para a vida social, com contribuição considerável, claro, de outros recursos didáticos.

Com esse pequeno ensaio pode se dizer que o objetivo de analisar o livro didático de geografia do 4° ano do ensino fundamental, com o propósito de investigar como acontece a escolha e o posterior acesso do mesmo por parte dos discentes, foi alcançado com êxito, uma vez que restou demonstrado haver responsabilidade e dedicação por parte dos professores, equipe diretiva e coordenação que são os envolvidos nesse procedimento preparatório.

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Conclui-se, portanto, que o livro didático é imprescindível para a eficácia do ensino, e, por isso, o quão importante é o processo de sua escolha e posterior distribuição, material este, reitere-se, que orientará a prática pedagógica por, no mínimo, três anos.

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Referências

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