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O desafio da sustentabilidade ambiental na gestão de pessoas: um estudo no setor primário

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Academic year: 2021

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1 UNIJUI – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RS DACEC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS,

ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO.

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO DE PESSOAS - MBA

O DESAFIO DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA GESTÃO DE PESSOAS: Um estudo no setor primário

Pós-graduando: Alberto Luzimar Vargas Valenzuela Profª Orientadora: Maira Fátima Pizolotto

Resumo

O presente trabalho é uma investigação sobre o desempenho da gestão de pessoas no âmbito da sustentabilidade ambiental no setor primário. O assunto é presente na sociedade moderna e ganha destaque no contexto organizacional e social por necessitar de respostas rápidas a um ambiente exigente de legislação, de responsabilidade social, de qualidade de vida das pessoas, de sobrevivência e conservação do meio ambiente. Objetivou-se comprovar o desinteresse por parte dos gestores de pessoas do setor primário, da aplicação plena do que rege a Constituição Federal referente a Sustentabilidade Ambiental, seja por falta de conhecimento ou por negligência. Foi realizada uma pesquisa aplicada, com abordagem qualitativa e objetivos com métodos exploratórios e descritivos. Quanto aos procedimentos técnicos foi uma pesquisa bibliográfica, documental, de levantamento, de campo, de observação e um estudo de caso. Buscou-se analisar o convívio do produtor primário no segmento da agropecuária com o meio ambiente e a conscientização dos gestores de pessoas na aplicação, cumprimento da legislação e a relação com os indivíduos. A amostragem apresentou uma percepção de pouca maturidade em face da relevância do assunto, por motivos culturais e econômicos. Verificou-se um distanciamento da teoria para a prática e a falta de comprometimento dos entes envolvidos. Por outro lado, foram detectados indícios de um avanço, seja pela melhora do nível intelectual das pessoas, ou pela forte demanda de exigências legais e de mercado que vem impactando no setor primário, com consequentes mudanças comportamentais.

Palavras-chave: Sustentabilidade Ambiental; Gestão de pessoas; Setor Primário. Abstract

The present work is an investigation into the performance of people management in environmental sustainability in the primary sector. The subject is present in modern society and is highlighted in the organizational and social context by requiring quick responses to a demanding environment legislation, social responsibility, quality of life, survival and conservation of the environment. Aimed to demonstrate the disinterest on the part of people managers in the primary sector, the full application of the governing Federal Constitution relating to Environmental Sustainability, either for lack of knowledge or negligence. Applied research with a qualitative approach and goals with exploratory and descriptive methods was performed. As regards the technical procedures was a bibliographical, documentary research, survey, field, observation and a case study. We sought to analyze the interaction of the primary producer in the segment of agriculture with the environment and the awareness of people managers in the implementation, compliance and the relationship with the individuals. The sample showed a perception of low maturity in the face of the relevance of the subject for cultural and economic reasons. There was a gap from theory to practice and the lack of commitment of the entities involved. On the other hand, evidence of a breakthrough were

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2 detected, either by improving the intellectual level of the people, or by the strong demand of legal requirements and market that has impacted on the primary sector, with consequent behavioral changes.

Keywords: Environmental Sustainability, People management, Primary sector

Introdução

A pesquisa sobre a sustentabilidade ambiental na gestão de pessoas no setor primário é o tema a ser estudado, visando verificar e compreender se aquilo que é preconizado pela legislação e a consciência ambiental, é efetivamente aplicados na prática no setor primário pelos gestores de pessoas.

O tema é motivado pela observação da diversidade de ações, procedimentos e interpretações que existem em relação ao assunto, cuja responsabilidade está inserida no contexto de qualquer tipo de organização e as respostas parecem ser por demais heterogêneas.

O estudo foi realizado em organizações rurais, voltadas à atividade primária, seja agrícola, extrativa, pecuária ou de transformação, divididas em grande, médio e pequeno porte, por extensão territorial. Foi realizado um levantamento de dados teóricos acerca do tema, e após, foi realizada uma pesquisa, em formato de questionário, com pessoas que trabalham na área.

Este estudo consiste em verificar de que forma é realizada e como é transmitida a legislação e a conscientização ambiental aos trabalhadores pelos gestores de pessoas de organizações rurais do setor primário, e as conclusões apontadas neste artigo, são resultado das entrevistas realizadas. Buscou-se valorizar o conhecimento prático dos técnicos que auxiliaram na procura de informações e aplicação do questionário ao invés de uma investigação teórica mais aprofundada, uma vez que se pode observar o distanciamento da teoria e sua aplicabilidade para a realidade cotidiana da área.

Considerando que a sustentabilidade ambiental é assunto que abrange o planeta inteiro, desde o individuo, grupo de indivíduos, organizações e aglomerados produtivos em geral, optou-se em verificar, através de pesquisa, como é aplicada a gestão de pessoas no setor primário, mais especificamente no setor da agropecuária.

Sendo assim, este artigo reflete a situação atual do perfil dos gestores de pessoas, a gestão de pessoas, como são transmitidas e executadas as informações e orientação passadas aos trabalhadores sobre legislação, conscientização ambiental e a interação com o meio ambiente nas propriedades pesquisadas.

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3 O artigo é composto por 3 (três) capítulos, sendo; 1 – Referencial Teórico (subitens sobre setor primário; Sustentabilidade Ambiental; Gestão de Pessoas); 2 – Metodologia (Classificação da pesquisa; Sujeitos da Pesquisa; Coleta de Dados); 3 - Apresentação e análise dos resultados (sendo Caracterização das organizações participantes; perfil dos Gestores; O conhecimento dos gestores sobre o tema Legislação Ambiental; Tratamento e preocupação com Ecologia, Meio Ambiente e Ecossistema; Conhecimento sobre Segurança do Trabalho.

1. Referencial Teórico 1.1 - Setor Primário

De acordo com Penz (2010), o setor primário da economia é um conjunto de atividades econômicas que produzem matéria prima, isto implica geralmente na transformação de produtos naturais em produtos primários. Pode ser considerado como o ramo das atividades humanas que produz matérias-primas, que por sua vez, são os bens e produtos extraídos diretamente da natureza que podem ser consumidos enquanto tal ou serem transformados em mercadorias.

Ainda no período neolítico, os seres humanos deixaram de ser nômade para formar os primeiros povoados por estarem em um processo de aprendizado quanto o cultivar os elementos da natureza para tirar seu sustento. O extrativismo e a agropecuária, foram, portanto, as primeiras formas de trabalho que geravam riquezas, ou ainda, as primeiras atividades econômicas desenvolvidas pela humanidade. Esta primitiva atividade humana é considerada Setor Primário da economia, ou seja, a agricultura, pecuária, extrativismo vegetal e mineral, a caça e a pesca.

O setor primário da economia é uma atividade praticamente toda no meio rural, o que já foi a principal atividade das sociedades. Atualmente é um setor altamente mecanizado, passando por uma substituição de mão de obra por equipamentos de alta tecnologia.

A atividade primária é fundamental, pois fornece a matéria prima para a indústria da transformação, mas gera pouca riqueza por não possuir valor agregado como os produtos industrializados. É um setor da economia muito vulnerável, depende do clima e está sujeita aos fenômenos da natureza.

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4 Sustentabilidade ambiental são ações humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações, através da manutenção das funções e componentes do ecossistema de modo sustentável, ou a capacidade que o ambiente natural tem de manter as condições de vida para as pessoas e para outras espécies.

Sustentar tem origem no nome latino sustentare, que significa apoiar, sustentar, conservar e é usado, atualmente, para designar o bom uso da terra, como da água, florestas, etc. Nos dias de hoje, o conceito de sustentabilidade está normalmente relacionado com uma mentalidade, atitude ou estratégia que é ecologicamente correta, viável a nível econômico, socialmente justo e com uma diversidade cultural.

Sustentabilidade virou um tema essencial, atualmente é um conceito utilizado para designar diversos produtos. Esse conceito mostra que o produto foi fabricado ou produzido, sem prejudicar ou danificar o meio ambiente e é ecologicamente correto, sem poluir ou utilizar madeiras de locais proibidos.

Existem vários conceitos ligados à sustentabilidade, vários desses conceitos incluem as palavras “sustentável” ou “sustentada”, sendo que a diferença nos termos é que a palavra “sustentável” indica a possibilidade de sustentação e o termo “sustentado” expressa que essa sustentação já foi alcançada.

Capra (2005) nos diz que Sustentabilidade Ambiental são ações humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações através da manutenção das funções e componentes do ecossistema de modo sustentável ou a capacidade que o ambiente natural tem de manter o equilíbrio e as condições de vida para as pessoas e para as outras espécies. Nas próximas décadas a sobrevivência da humanidade dependerá de nossa alfabetização ecológica, nossa habilidade para entender os princípios básicos da ecologia e viver de acordo com sua observação. Isto significa que a eco-alfabetização deve se tornar uma qualificação indispensável para políticos, líderes empresariais e profissionais em todas as esferas, e deverá ser a parte mais importante da escolaridade em todos os níveis, desde a escola primária até a escola secundária, faculdades e universidades e na educação continua e no treinamento de profissionais.

O conceito de sustentabilidade comporta sete (7) dimensões, conforme Ignacy, a saber:

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5 Sustentabilidade Social: melhoria da qualidade de vida da população, equidade na distribuição de renda e de diminuição de diferenças sociais com participação e organização social.

Sustentabilidade Econômica: públicos e privados, regularização do fluxo de investimentos, compatibilidade entre padrões de produção e consumo, equilíbrio de balanço de pagamentos, acesso a tecnologia.

Sustentabilidade Ecológica: o uso de recursos naturais deve minimizar danos aos sistemas de sustentação da vida. Redução dos resíduos tóxicos e da poluição, reciclagem de materiais e energia, conservação, tecnologias limpas e de maior eficiência e regras para uma maior proteção ambiental.

Sustentabilidade Cultural: respeito aos diferentes valores entre os povos e incentivo a processos de mudança que acolham as especificidades locais.

Sustentabilidade Espacial: equilíbrio entre o rural e o urbano, equilíbrio de migrações, desconcentração das metrópoles, adoção de práticas agrícolas mais inteligentes e não agressivas a saúde e ao ambiente, manejo sustentado das florestas e industrialização descentralizada.

Sustentabilidade Política: no caso do Brasil, a evolução da democracia representativa para sistemas descentralizados e participativos, construção de espaços públicos comunitários, maior autonomia dos governos locais e descentralização da gestão de recursos.

Sustentabilidade Ambiental: conservação geográfica, equilíbrio de ecossistemas, erradicação da pobreza e exclusão, respeito aos direitos humanos e integração social. Abarca todas as dimensões anteriores através de processos complexos.

1.2 - Gestão de Pessoas

De acordo com Chiavenato (2004), Gestão de Pessoas refere-se às políticas e práticas necessárias ao gestor para administrar o trabalho das pessoas tais como: recrutamento, seleção, integração, remuneração, avaliação, desenvolvimento entre outras. É também uma função gerencial que visa à cooperação das pessoas que atuam nas organizações no alcance dos objetivos organizacionais e individuais.

Para Dutra (2002), a gestão de pessoas é um conjunto de políticas e práticas que permitem a conciliação de expectativas entre a organização e as pessoas para que ambas possam realizá-las ao longo do tempo.

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6 Pizzoloto e Drews (2009) definem e entendem por política, um conjunto de regras estabelecidas para liderar pessoas, com o propósito de conquistar resultados planejados; ou simplesmente, são guias que dirigem as pessoas para a ação. Por prática, entende-se a forma de cada organização aplicar a teoria.

Gramigna (2007) adverte que o “vertiginoso processo de transformação, característico de nossos tempos, exige das organizações prontidão para se antecipar e se adaptar aos novos desafios”. Neste modelo de gestão, é muito importante o alinhamento entre pessoas e a organização para a obtenção de resultados no desenvolvimento organizacional e a consequente valorização profissional. As organizações criam o suporte, e as pessoas conscientes, passam a gerir suas carreiras.

2. Metodologia

2.1. Classificação da pesquisa

A presente pesquisa foi classificada de acordo com Teixeira, Zamberlan e Rasia (2009), quanto à natureza, abordagem, objetivos e procedimentos técnicos.

Quanto à natureza é considerada uma pesquisa aplicada, pois os conhecimentos gerados por ela tem um caráter investigativo que visam gerar um conhecimento quanto à efetividade (ou não) da aplicação das teorias acerca da gestão de pessoas.

Quanto à abordagem é de cunho qualitativo, pois avalia as considerações traçadas por estas pessoas entrevistadas, além de não se deter à precisão das respostas dadas, mas relacioná-las com a realidade conhecida empírica, e não teoricamente.

Quanto aos objetivos a pesquisa foi exploratória e descritiva. Exploratória por ter sido necessário buscar por autores que já trataram sobre o tema, e principalmente, buscar por indivíduos diretamente relacionados com o assunto em questão. O caráter descritivo reside na narrativa que envolve as considerações acerca das entrevistas realizadas.

Quanto aos procedimentos técnicos foi uma pesquisa bibliográfica, documental, de levantamento, de campo, de observação e um estudo de caso. A pesquisa bibliográfica tem como base um material já elaborado, publicado em livros e redes eletrônicas e que serviram para a construção do referencial teórico. Documental porque foram observados documentos como a Legislação Ambiental e a Legislação Trabalhista. Já a pesquisa de levantamento caracterizou-se pelos questionamentos diretos às pessoas das quais se deseja conhecer o comportamento. A pesquisa de campo e de observação porque são realizados no local da

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7 ocorrência das situações em questão, no caso, os estabelecimentos onde foram entrevistados os indivíduos que atuam com a gestão de pessoas.

2.2. Sujeitos da pesquisa

A pesquisa atinge o setor primário, abrangendo uma população bastante heterogênea nas variáveis culturais e socioeconômicas.

Foram entrevistados trezentos proprietários e ou arrendatários exercendo atividades no setor primário, filiados a cooperativas ou produtores individuais. Também foram entrevistados neste trabalho e colaboraram com suas percepções, engenheiros agrônomos, veterinários e técnicos agrícolas envolvidos diretamente na atividade através de suas unidades cooperativas, cujas opiniões, após analisadas, contribuíram para a conclusão.

As propriedades foram escolhidas aleatoriamente, em um universo de mais de seis mil propriedades, quase todas filiadas a uma cooperativa. A escolha das instituições cooperativas se deu a partir do conhecimento do pesquisador, em função da sua atuação profissional. Todos os entrevistados foram informados de que estavam participando de uma pesquisa de cunho acadêmico.

2.3. Coleta de dados

A coleta de dados se deu por meio da aplicação de um questionário (apêndice A). As perguntas do questionário foram colocadas em uma sequência aleatória e com assuntos intercaladas, de maneira que ao responder, as pessoas não fossem induzidas a seguir um raciocínio pré- estabelecido e respostas elaboradas. O questionário permitiu a opção das afirmações, sim, um pouco, às vezes e não.

A aplicação do questionário aos produtores da atividade primária foi efetuada entre os meses de Outubro de 2013 até Abril de 2014. Importante à ressalva de que estes produtores exercem ou acumulam também a função de gestores de pessoas nas organizações em que atuam.

Ao se apresentar nas propriedades como pesquisador para um trabalho acadêmico, todos os envolvidos foram orientados a identificar o gestor de pessoas das mesmas, para que as respostas retratassem a realidade atual, dentro do possível.

A primeira parte do questionário consistiu na identificação do perfil dos participantes por meio dos seguintes itens: gênero, idade, escolaridade, estado civil e tempo na empresa. A

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8 segunda parte do questionário consistiu nas questões relacionadas ao conhecimento da Legislação Ambiental e a aplicação desta.

A pesquisa foi realizada com 160 pequenas propriedades, 110 médias propriedades e 30 grandes propriedades na região da metade sul do Rio Grande do Sul, na região oeste de Santa Catarina, sudoeste do Paraná e ainda, em cinco (5) propriedades no oeste da Bahia.

O questionário para obtenção de dados (conforme apêndice A) foi enviado para os responsáveis técnicos de cooperativas com mais de quinhentos cooperados, os quais responderam pelo critério de extensão territorial, considerou-se pequenas propriedades até o limite de 100 ha, média propriedade de 101 ha a 500 ha e grande propriedade acima de 501 há. Foram visitados e aplicados os questionários por amostragem, em todo o tipo de propriedade e em todas as regiões citadas. Nesta análise, desconsiderou-se a micro propriedade, por haver coincidência nos dados com a pequena propriedade e assim conceituá-la, a qual se confunde neste apanhado, motivada por desmembramento e sucessões hereditárias. Entenda-se que a relevância das diferenças pequena/micro propriedade é de responsabilidade e interesse da parte social, não influenciando no tema pesquisado. Também no caso das grandes propriedades, a partir de 501 ha no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, por motivos econômicos e pelo uso da tecnologia de ponta, foram tratadas da mesma maneira que as grandes propriedades com mais de 10.000 ha visitadas no oeste da Bahia. Em todas as situações, percebe-se que o porte da propriedade não é estático, ele evoluiu ou regride, em uma dinâmica peculiar e cíclica, de acordo com a política econômica, a evolução das commodities e hereditariedade. Cabe observar que esse dinamismo não implica ou acompanha a mudança de mentalidade dos produtores ou proprietários envolvidos na atividade, cuja evolução é lenta, depende do fluxo das informações e também do amadurecimento cultural.

2.4. Análise dos dados

Ao tratar os dados coletados, foi utilizada a expressão gestor de pessoas, assunto proposto a estudar, a todos os proprietários, arrendatários, responsáveis ou administradores das propriedades pesquisadas. Os percentuais, quando citados, são referentes aos lugares e pessoas entrevistadas, não podendo ser tomados como valores absolutos que generalizem a atividade.

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9 Os dados obtidos a partir dos questionários foram tabulados através do software Excel a partir do qual se realizaram as análises estatísticas.

2. Apresentação e análise dos resultados

3.1. Caracterização das organizações participantes

As organizações participantes acompanham evidentemente, o perfil de seus proprietários. O perfil dos produtores proprietários oriundos da zona de colonização portuguesa e espanhola, denominada região A, é totalmente diferente do perfil dos produtores proprietários da região de colonização alemã, polonesa, italiana e russa, dentre outras, denominada região B. Enquanto os produtores rurais da região A vem de uma cultura de grandes proprietários de terra, do coronelismo, do protecionismo, dos interesses políticos, da acomodação e do paternalismo, os produtores rurais da região B vem de uma cultura de pequenos proprietários desbravadores, pioneiros e colonizadores, o que agregou um viés de empreendedorismo, diferenciando bastante as regiões no desenvolvimento econômico e social.

Importante também são as cidades-polo das regiões A e B. A região B possui universidades com cursos que atendem as necessidades da clientela alvo, melhorando o nível cultural dos moradores das propriedades rurais. Na região A, existe deficiência de universidades e as que existem, tem uma clientela de outras regiões. Os filhos dos proprietários da região A concluíam seus cursos de graduação nos grandes centros e seguiam outras profissões, ficando a atividade primária relegada ao segundo plano por uma questão de tradição, este fato é verificado principalmente na fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Detectou-se que nas duas ultimas décadas está havendo tendência de inversão de fluxo, as pessoas, após realizarem seus estudos, estão voltando cada vez mais às origens, emprestando seus conhecimentos a atividade primária.

Ao considerar-se a metade sul do Estado do Rio Grande do Sul, deve-se registrar que na mesma região, a parte noroeste considerada região B, tem o predomínio das pequenas propriedades, com desenvolvimento bem maior que a região A, onde se situam a maioria das propriedades médias e grandes.

Nos Estados de Santa Catarina e Paraná, segue as mesmas características baseadas no tipo de colonização. No Estado da Bahia onde foram visitadas grandes propriedades, três propriedades de imigrantes do Estado do Rio Grande do Sul, administradas no sistema

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10 tradicional. Uma propriedade de imigrante do Estado do Paraná e uma propriedade de imigrante japonês, estas com enfoque empresarial.

3.2. Perfil dos Gestores

Considerando o universo da pesquisa no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, nas pequenas e médias propriedades o gestor de pessoas geralmente é o proprietário e reside na propriedade com sua família. Nas grandes propriedades, o proprietário é o gestor de pessoas se a sua atividade principal for o setor primário. Quando houver outra atividade o proprietário delega a um administrador, capataz ou gerente a gestão do negócio, porém é comum se reservar o direito de gerir as pessoas.

Quadro 1: Perfil dos gestores entrevistados.

Total 300 pessoas Gênero dos entrevistados Feminino 7,7 % Masculino 92,3 % Nível de Escolaridade por tipo de propriedade

Superior Médio Primário Pequena Propriedade 8,75% 27,5% 63,75 Média Propriedade 19% 34,5% 46,5% Grande Propriedade 40% 50% 10% Faixa etária Até 30 anos 9% De 31 até 45 anos 42% Acima de 45 anos 49%

Gênero dos Gestores

por tipo de propriedade Mulheres Homens Pequena Propriedade 8,1% 91,9% Média Propriedade 6,4% 93,6% Grande Propriedade 6,6% 93,4% Estado Civil Casados 80% Divorciado ou Separado 12% Solteiros 8%

Na amostragem 25% das propriedades consideradas grandes, possuíam gestor com autonomia sobre as pessoas, geralmente técnicos agrícolas, agrônomos, ou veterinários, sem

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11 terem obrigatoriamente especialização na gestão de pessoas. A política de pessoal é a determinada pela CLT e, sempre administrada por um contador ou escritório contábil. Quando tratadas como empresa, as propriedades tem enfoque empresarial determinando o procedimento e a observância do tratamento adequado às normas e procedimentos. No caso de arrendatários, a situação é a mesma na gestão de pessoas, de acordo com a área correspondente.

Quanto ao tempo na atividade há de considerar-se que 85% responderam que está a mais de 10 anos na atividade e os 14% que responderam que estão entre cinco (5) e dez (10) anos. Somente 1% respondeu que está a menos de cinco anos e entrou na atividade por interesse comercial ou outro qualquer.

3.3. O conhecimento dos gestores sobre o tema

A Legislação Ambiental nas pequenas e médias propriedades é pouco conhecida, sendo 47% das respostas não conhecem e 53% um pouco a Legislação Ambiental, sabem que é proibido desmatar. O gestor de pessoas possui nível de escolaridade limitado e somente faz o básico, mais pela orientação recebida através de órgãos de extensão, ou através de exigências nas tomadas de custeios de entidades de créditos ou afins. A exceção faz-se aos pequenos produtores integrados com as agroindústrias de suínos e aves, cuja área geralmente não passa de 50 ha. Quando os gestores de pequenas propriedades são integrados, as agroindústrias exigem uma gestão ambiental eficiente e fazem a cobrança, sendo condição para a parceria. Nesse tipo de propriedade a mão de obra é familiar, muitas vezes somente o casal e um filho, os outros migraram para as cidades ou estão estudando.

Nos pequenos produtores de leite observou-se o total descaso com o meio ambiente, salvo os casos de associação ou integração de outra atividade.

Nas médias propriedades o nível cultural melhora na grande maioria, porém mantém muito das características das pequenas propriedades.

Nas grandes propriedades, já existe uma mentalidade empresarial e mais progressista, conhecem a legislação e transmitem o básico necessário aos seus colaboradores. Muitas das grandes proprietários já tratam a propriedade como uma empresa, contratando administradores e técnicos, obtendo melhores resultados e um maior controle da atividade com a aplicação de uma gestão moderna, o que se verifica como uma tendência.

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12 Colocando sempre os proprietários como gestores de pessoas, perguntados sobre a orientação e procedimento dos colaboradores em relação a queimadas e desmatamentos, os grandes proprietários foram unânimes em responder que orientam e proíbem este tipo de atividade. Os médios proprietários e os arrendatários 50 % admitem o uso da queimada para aproveitamento de áreas e não desmatam. Os pequenos proprietários, 55% responderam que desmatam e queimam campo.

Todos afirmaram que não cortam ou permitem a extração de árvores nativas

3.4. Tratamento e preocupação com Ecologia, Meio Ambiente e Ecossistema

Sobre o tratamento e a preocupação com os temas Ecologia, Meio ambiente e ecossistema, na condição de Gestores de Pessoas, como transmitem, orientam ou cobram seus colaboradores?

Os pequenos produtores, os médios produtores e os arrendatários todos responderam que se preocupam “às vezes”. Não houve respostas “não”. Na orientação e cobrança de seus colaboradores ou familiares, responderam que o fazem “quando for o caso”.

No caso dos grandes proprietários cerca de 70% responderam que sim, se preocupam, orientam e transmitem conhecimentos sobre o tema aos colaboradores, já mantendo um grau de conscientização bastante razoável, sendo que um dos fatores limitante da melhoria é o nível cultural dos colaboradores. Os outros 30% revelaram que se preocupam às vezes com o assunto, sem dar a prioridade que o tema requer.

Nas grandes propriedades verifica-se a preocupação em 70% dos Gestores de Pessoas em orientar sobre a preservação dos recursos naturais e o uso racional das águas. A terra é tratada com tecnologia avançada de maneira a alcançar alta produtividade sem degradação. A água tem investimentos em açudes e barragens, e a partir da última década está havendo um maior cuidado e preocupação na orientação dos colaboradores em manterem as margens de rios ou córregos com áreas de proteção e mata ciliar. Os grandes proprietários que representam 30% de respostas às vezes, verificou-se o conhecimento sobre preservação dos recursos naturais, porém não o fazem na totalidade por motivos culturais e econômicos.

Os médios proprietários e os arrendatários fazem uma Gestão de Pessoas às vezes com um pouco de cuidado para com os recursos naturais. Por motivos econômicos, entendem que um maior aproveitamento de área gera lucro maior. Os pequenos proprietários fazem sua gestão de pessoas às vezes com um pouco de preservação de recursos naturais, excetuando os

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13 pequenos proprietários cuja atividade é ligada a integração com as agroindústrias de suínos e aves que exigem e orientam para o cumprimento da legislação.

Os gestores de pessoas nas grandes propriedades, todas as respostas sim, orientam e se preocupam com a pesca e caça predatória. Nas médias propriedades, 21% dos respondentes, afirmaram permitir a prática da pesca em período de defeso e caça de espécimes com proibição de abate, geralmente efetuados por grupos de pessoas conhecidas dos gestores. Nas pequenas propriedades as respostas foram sim, orientam sobre caça a pesca predatória.

Os gestores das grandes propriedades ficam divididos em dois grupos quando o assunto é lixo e embalagens tóxicos. Na propriedade administrada como empresa rural, os Gestores de Pessoas orientam os colaboradores e exigem rigoroso cuidado, desde o uso do EPI adequado no manuseio até o descarte de embalagens tóxicas, colocando-as em local adequado para posterior devolução para o pessoal encarregado do recolhimento. O outro grupo, propriedades administradas de forma tradicional, o assunto é tratado com cuidado às vezes, sem as devidas precauções determinadas pela legislação.

Na média propriedade 88% dos gestores de pessoas responderam que às vezes observam o cuidado com o lixo e embalagens tóxicas, já 12% não tem o devido cuidado e não orientam seus colaboradores.

A situação dos gestores de pessoas da pequena propriedade é crítica quando se trata do manuseio e destinação de lixo e embalagens tóxicas. Na grande maioria, ou 84% tem conhecimento dos malefícios do procedimento errado, porém não executam as operações conforme orientações de fabricante e técnicos e poucos fazem uso de EPI. Excetua-se deste caso os pequenos produtores participantes de integração com agroindústrias de aves e suínos. Em relação ao lixo normal e aos resíduos produzidos nas grandes propriedades, os gestores de pessoas responderam que orientam para um destino adequado e tentam eliminar ou reduzir ao mínimo os fatores geradores de poluição. No caso, também as grandes propriedades preocupam-se em diversificar as atividades passando a investir e fazer uma gestão empresarial, agregando lavoura, suinocultura, avicultura ou produção de leite. Como essas atividades são em grande escala e tem um maior risco ambiental, existem investimentos no aproveitamento de subprodutos para a geração de energia e ajudar na subsistência da propriedade.

Nas médias propriedades, observa-se que 34% dos gestores de pessoas preocupam-se ás vezes com o lixo gerado nas propriedades e os fatores geradores de poluição, não dando a

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14 devida atenção, em compensação 66% afirmam que dão destino correto ao lixo e se preocupam com fatores geradores de poluição. Na pequena propriedade, 55% dos gestores de pessoas observam às vezes os fatores geradores de poluição e o destino do lixo gerado na propriedade. No caso dos gestores de pessoas participantes de programas de integração com frigoríficos de aves e suínos, são orientados para o procedimento correto na eliminação de dejetos e lixo.

Em todas as propriedades, independente de tamanho, os Gestores de pessoas não possuem cultura de orientar a reciclagem de algum produto descartado. Em contra partida, não se observa a intenção de fazerem obras poluidoras.

Todos os gestores responderam que orientam, mas não desenvolvem programa de conscientização sobre sustentabilidade e conservação do meio ambiente. Cabe esclarecer, que as propriedades com projetos de reflorestamento e outras culturas comerciais, obrigatoriamente estão inseridos na legislação ambiental.

3.5. Conhecimento sobre Segurança do Trabalho

A questão abordada neste trabalho permite afirmar que os indivíduos envolvidos na atividade primária, estão constantemente expostos ao risco. Risco ou harzard é a condição de uma ou mais variáveis com potencial de causar danos, lesões, perda, redução da capacidade de produção, perda de materiais e danos ao meio ambiente. A existência de riscos implica na possibilidade de existência de efeitos adversos. (UNIJUI, ESGN, 2013)

Os riscos são agentes presentes nos locais de trabalho, cada um com suas características, que devem ser identificados, avaliados e controlados para não causar prejuízos à saúde das pessoas e ao meio ambiente.

A atividade primária atividade primária seja de subsistência, de renda das famílias ou empresarial, a cada ano vem exigindo investimentos em tecnologia e cuidados com o uso da mesma. A tecnologia agrícola baseia-se em agrotóxicos em todas as fases do cultivo até o armazenamento. As máquinas e equipamentos, a cada safra com tecnologias mais avançadas, exigem pessoas treinadas para seu manuseio, sob pena de risco de acidentes. A conjugação de fatores tecnológicos levou a atividade agropecuária a ser considerada atividade insalubre e em alguns casos perigosa.

O trabalho é insalubre quando o trabalhador é exposto a operações ou atividades com agentes nocivos a saúde acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e

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15 intensidade do agente. Entenda-se por perigosas as operações que por sua natureza impliquem no contacto permanente com inflamáveis e explosivos em condições de risco acentuado. Os explosivos são muito usados no setor primário na extração de minerais.

Com o rápido crescimento da população, surgiram demandas de todas as áreas como tecnologia, alimentos e educação. Em função disso, foram desenvolvidas novas tecnologias para suprir essas necessidades, muitas vezes sem o devido cuidado ao meio ambiente. Isso está causando um declínio da qualidade ambiental e de sua capacidade para sustentar a vida.

Com o exposto, entende-se que todos os elementos tem influência direta ou indireta no que diz respeito à segurança do trabalho, verifica-se que a atividade primária está inserida em um contexto de risco a qual deve ser dispensada uma atenção toda especial aos agentes causadores com as consequentes medidas de prevenção e proteção. Proteções coletivas são ações, equipamentos ou elementos que servem de barreira entre o perigo e as pessoas expostas a determinado risco e proteção individual, é todo dispositivo ou produto, de uso individual usado pelas pessoas destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaças a saúde e a segurança, esses dispositivos ou produtos são denominados EPI, ou equipamentos de proteção individual.

Tinoco e Kraemer (2004) afirmam que “o desenvolvimento da tecnologia deve tender a ser orientado para metas de equilíbrio com a natureza e incremento da capacidade de inovação dos países em desenvolvimento, e o progresso será atendido como fruto de maior riqueza, maior benefício social equitativo e equilíbrio ecológico”.

Agregado a segurança no trabalho, a nova ordem mundial traz consigo uma preocupação da comunidade com o meio ambiente, exigindo cada vez mais a preservação e o uso eficiente dos recursos naturais, através de métodos adequados de gestão com o desafio de proporcionar uma melhor qualidade de vida as pessoas. Cabe aos gestores de pessoas no setor primário, estabelecer e implementar atividades permanente de prevenção de riscos ambientais como os empregados participar e colaborar na implantação e execução.

Quanto à segurança das pessoas no setor primário, verificou-se em todos os níveis, que existe a disponibilidade de EPI. Nas grandes propriedades os gestores de pessoas orientam e exigem o uso de EPI, porém ainda enfrentam uma forte resistência dos trabalhadores em usa-los, demandando uma fiscalização efetiva pela falta de cultura dos mesmos. Nas médias propriedades, às vezes é orientado o uso de EPI ou os usam. Na pequena propriedade os

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16 gestores de pessoas usam eventualmente, às vezes não sabem como usa-los ou não o fazem por desleixo.

A transmissão de orientação pelos gestores de pessoas no setor primário quanto às normas de segurança, todos responderam sim nas grandes propriedades, que é dado conhecimento e colhida a assinatura em documento que consta o ciente do funcionário. Na média propriedade 58% respondeu às vezes e transmite orientação e 42% respondeu que não orienta. Na pequena propriedade 15% respondeu que às vezes transmite orientação sobre procedimentos de segurança no trabalho e 85% não orienta sobre segurança.

Conclusão

No estudo realizado, foi verificado que no setor primário não existe uma conscientização de gestão de pessoas, é um tema considerado recente e ainda visto com reservas. No contexto de uma sociedade que enfrenta problemas socioculturais para mudanças, somente com muita informação, engajamento, responsabilidade e métodos adequados haverá uma mudança de postura.

A falta de profissionais e a cultura acusam em todos os níveis uma gestão não profissional, comprometida e com mentalidade retrógada e exploratória.

A pesquisa afirma que no setor primário a gestão de pessoas na grande maioria é exercida pelos proprietários e inadequada, com predomínio do sistema patriarcal, quando simplesmente cumprem o determinado pela legislação, sem preocupação com a qualidade de vida ou com a segurança dos colaboradores. Ao responder o questionário, constatou-se que os proprietários adequavam às respostas de acordo com seus interesses, não espelhando a realidade dos fatos constatados por observação.

Constatou-se, por observação, corte de madeiras nativas, uso de embalagens de produtos tóxicos após a lavagem, permissão para caça e pesca em período impróprio, falta de segurança, uso inadequado e resistência no uso de EPI, dentre outros, e muito pouca conscientização e orientação aos trabalhadores.

A gestão de pessoas no setor primário é praticamente inexistente, praticada evidentemente com a influência cultural, por pessoas arraigadas em costumes antigos e resistentes no investimento em pessoas, limitando-se a cumprir a legislação. Na lavoura e pecuária, muitos produtores ou gestores de pessoas, adotam o sistema de remuneração por percentagem do produto colhido ou participação nos lucros, embuste para pagar um salário

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17 menor, não contribuir com a previdência e demais órgãos que asseguram o direito dos trabalhadores e não constar para fins rescisórios, ficando o colaborador iludido com o montante financeiro arrecadado no fim da safra. A preocupação com a qualidade de vida dos colaboradores não é prioridade, raras são as exceções.

A sustentabilidade ambiental no setor primário fica comprometida pela falta de conhecimento das pessoas, de gestores de pessoas preparados para o exercício das funções mais elementares, pela falta de cultura, de informação, de fiscalização dos órgãos competentes, de orientação, de conscientização e principalmente pela omissão e negligência das pessoas responsáveis e autoridades constituídas.

A amostragem permite afirmar que o Estado com maior problema na Gestão de pessoas é o Rio Grande do Sul, onde o desrespeito ao indivíduo compromete a dignidade do ser humano e conseqüentemente impactando o meio ambiente. Observa-se que o trabalho de profissionais das entidades envolvidas nas atividades, ora contratados ou extencionistas de órgãos públicos e de cooperativas, muito embora transmitam os conhecimentos, todos colocam o foco na produção ficando em segundo plano a qualidade de vida, a segurança, a satisfação e o bem estar do indivíduo.

Constata-se à inexistência da gestão de pessoas no setor primário e o sistema atual é inadequado e até escravagista, fica claro principalmente na pequena e média propriedade que os colaboradores trabalham horas excessivas, sem conforto ou condições adequadas de trabalho, com alto risco de acidentes, em troca de percentagem de produto sem que conste em qualquer documento ou desfrute dos benefícios que lhes é devido.

As regiões mais avançadas, no caso desta amostragem, no processo de gestão de pessoas no setor primário e sustentabilidade ambiental é o oeste do Estado da Bahia seguido pelo estado do Paraná onde a fiscalização é bastante atuante e rigorosa, seja pelo Ministério do Trabalho ou do Ministério do Meio Ambiente que, através de pesadas multas, estão fazendo com que os Gestores de Pessoas se sensibilizem, cumpram e atentem para dar melhores condições e dignidade ao ser humano, impactando na qualidade de vida e na Sustentabilidade Ambiental. Este avanço é visível nas empresas organizadas e grandes produtores, porém observa-se que o gestor quando pessoa física, na média e pequena propriedade ainda resiste ao cumprimento da legislação e em oferecer condições dignas de trabalho às pessoas.

(18)

18 Os problemas verificados decorrem em parte, pela legislação generalista ao determinar procedimentos que muitas vezes são inviáveis, pela região, clima, situação econômica, tamanho de propriedade e outros fatores que influenciam no cumprimento efetivo do que está previsto em lei.

No caso da produção de arroz já existem algumas propriedades que fazem uso da casca do arroz como adubo e como combustível gerador de energia para atender a demanda dos secadores de grãos, substituindo a lenha. Cabe observar, que a grande produção de casca de arroz, cujo destino era a natureza e poluição do meio ambiente, está sendo aproveitada e canalizada para a produção de energia, em usinas do setor privado que disponibilizam a sobra de mesma para o mercado consumidor, sanando um problema gravíssimo e gerando lucros.

Soluções como a exemplificada no setor do arroz, devem ser perseguidas por cooperativas, federações de agricultores e produtores, sindicatos rurais, Embrapa, universidades, órgão municipais e estaduais e demais entidades buscando alternativas para eliminar elementos poluidores, transformando-os em processos produtivos que gerem postos de trabalho, preservando o meio ambiente e melhorando a qualidade de vida das pessoas.

Entende-se que os reflexos culturais e a falta de educação precisam de um tratamento de choque, seja através de programas de orientação, fiscalização, punição ou multas para que a sustentabilidade ambiental não seja tratada como um faz de conta, pois o meio ambiente é desrespeitado tal como o é a dignidade humana. Urge programas de treinamento através de cursos e demais ferramentas possíveis que motivem e envolvam mudanças comportamentais, com diretrizes e parâmetros direcionados a capacitação de gestores de pessoas no setor primário visando qualidade de vida, saúde humana e ambiental.

É preciso desenvolver os indivíduos e dota-los de capacidade crítica, competência e valores, treinamento com foco no médio e longo prazo, visando capacitar os profissionais a interagirem e transformar o ambiente em que trabalha e vive.

O desafio da sustentabilidade ambiental na gestão de pessoas no setor primário é assunto que pela sua importância deve passar por uma revisão na forma de gerir pessoas, através de atitudes e um processo cognitivo, cujo impacto não pode dissociar o ser humano do meio ambiente. A sustentabilidade só será alcançada quando houver equilíbrio e tratamento adequado dos dois entes através do apoio de uma consciente, digna, humana e moderna matriz gerencial.

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Referências Bibliográficas

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VILAS BOAS, Ana Alice. ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de. Gestão Estratégica de

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20 APÊNDICE A – Questionário1

“O presente questionário faz parte de pesquisa para trabalho de conclusão de curso, do curso de pós-graduação latu sensu em Gestão de Pessoas da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul – UNIJUI, cujo tema é O desafio da sustentabilidade ambiental na gestão de pessoas, um estudo no setor primário. Ao respondê-lo, V. Sa. estará colaborando elaboração de um artigo que retratará a situação do setor primário relacionado à sustentabilidade ambiental na gestão de pessoas.”

PARTE I – PERFIL 1) Faixa etária:

( ) até 30 anos ( ) de 31 a 40 anos ( ) mais de 41 anos 2) Sexo:

( ) Masculino ( ) Feminino 3) Escolaridade:

( ) primário ( ) secundário ( ) superior 4) Estado civil:

( ) casado ( ) solteiro ( ) divorciado 5) Tempo na atividade:

( ) até 5 anos ( ) de 5 a 10 anos ( ) mais de 10 anos

PARTE II – QUESTÕES

6) Considera conhecer a legislação Ambiental? ( ) sim ( ) um pouco ( ) não

7) Enquanto gestor exige da sua equipe o cumprimento da Legislação Ambiental na propriedade?

( ) sim ( ) algumas vezes ( ) não

8) Os colaboradores conhecem a legislação Ambiental? ( ) sim ( ) um pouco ( ) não

9) Todos estão envolvidos e orientados na preservação ambiental?

1

Importante enfatizarmos que cada entrevistado respondeu as perguntas em ordem aleatória, conforme especificado anteriormente, quando explicamos a metodologia.

(21)

21 ( ) sim ( ) um pouco ( ) não

10) Os recursos naturais são tratados de maneira Sustentável? ( ) sim ( ) as vezes ( ) não

11) O eco sistema é preservado? ( ) sim ( ) um pouco ( ) não 12) O lixo tem o destino correto? ( ) sim ( ) as vezes ( ) não

13) Lixo e embalagens tóxicos são devolvidos para o devido e adequado destino, conforme a legislação?

( ) sim ( ) as vezes ( ) não

14) Os fatores geradores de Poluição são tratados? ( )sim ( ) as vezes ( ) não

15) É feita a reciclagem de algum produto? ( ) sim ( ) as vezes ( ) não

16) Existe um programa de preservação ao Meio Ambiente? ( ) sim ( ) as vezes ( ) não

17) Ecologia é tema de preocupação e discussão entre a equipe? ( ) sim ( ) as vezes ( ) não

18) O proprietário observa o uso racional da terra e das águas? ( ) sim ( ) as vezes ( ) não

19) O proprietário permite obras poluidoras? ( ) sim ( ) as vezes ( ) não

20) O proprietário observa a lei sobre queimadas e desmatamentos? ( ) sim ( ) as vezes ( ) não

21) O proprietário orienta a equipe sobre a caça e a pesca predatória? ( ) sim ( ) as vezes ( ) não

22) Existe aproveitamento de subprodutos para geração de energia? ( ) sim ( ) um pouco ( ) não

23) Permite o corte ou extração de árvores nativas? ( ) sim ( ) as vezes ( ) não

24) É disponibilizado aos trabalhadores equipamentos de proteção individual para a lida com produtos tóxicos?

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22 ( ) sim ( ) as vezes ( ) não

25) Os trabalhadores são orientados sobre normas de procedimento e segurança no trabalho? ( ) sim ( ) as vezes ( ) não

26) Existe um programa de conscientização dos trabalhadores quanto as suas responsabilidades na preservação do meio ambiente?

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