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Revisitando Rio 2016, Pergunta-se o Que Realmente Aconteceu: Jogos Olímpicos ou Feira Internacional Olímpica?

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OLíMPICA?

LOOKINg BACK TO RIO 2016, WHAT REALLY HAPPENED: OLYMPIC OR WORLD FAIR gAMES?

Lamartine DaCOSTA1

dacosta8@terra.com.br Briefing

Post event reports from IOC highlighted the 2016 Olympics as the most consumed Games ever, taking into consideration broadcast coverage viewed on television and digital platforms, as well as engagement on social media. Broadcasters around the world made more television coverage and more digital coverage available than ever before: over 350,000 hours total for Rio 2016 compared to almost 200,000 hours for London 2012. Moreover, half the world’s population watched coverage of Rio’s Games which also brought up over 7 billion video views of official content on social media platforms. According to Burnett (2016) these data suggested that the 2016 Games might be considered a lan-dmark in terms of visibility and awareness of the Olympics. These worl-dwide impacts had naturally the local audiences as leverage which was previously enhanced by DaCosta (2016) in a public preview of the 2016 Games promoted by Soudoesporte movement. Indeed, the city of Rio de Janeiro since 1922 has been showcasing supportive connections with sport mega-events, as experienced by the later extinguished Latin American Olympic Games, an event shared by most part of local popu-lation. More recently, the 2007 Pan American Games also hosted by Rio de Janeiro were a great successful enterprise in terms of shareholders despite its management pitfalls. Furthermore, DaCosta in his historical predictive analysis suggested that the long-time sport audience-based tradition of Rio’s could be comparable with the “aspiration”, the civic self--valorization that emerged from the 2012 London Olympic Games’ local

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audiences. This soft patriotism in the case of 2016 Rio Olympics appa-rently stood up as a scenario for local citizenship’s symbolic actions. On the other hand, this text aims to analyze far-reaching overviews from the civic aspiration thesis taking into account the disruptive digital event here previously raised from IOC sources. In another words, Rio 2016 Olympics became a multimedia platform in response to outside inno-vative pressures with a digital step-change that now requires a major reset in mind-sets from scholars dedicated to Olympic Studies. Actually, this turnaround was partially and previously detected by Susan Brow-nell (University of Missouri) examining new business-related forces of the Olympic Games. Overall, this researcher focused on the Hospitality Houses which have been a parallel and autonomous activity in past Games’ environments but becoming a large-scale structure of meeting--points for commercialization and entertainment during the Rio 2016 mega-event. As a result, a work-in-progress debate on the Hospitality Houses ‘turn’ came forth during Rio Olympics’ academic events joining S. Brownell to L. DaCosta with contributions from Beatriz Garcia (Uni-versity of Liverpool) who embarked on the interpretation of a cultural spin-off provoked by the Hospitality Houses besides the detected digital volatile effects. Also Philipe Bovy (Swiss Federal Institute of Technolo-gy) gave innovative directions to the debate linking the effects of the new transportation system of Rio into the general connectivity of urban life of the city. Regardless of why these disruptions emerged in Rio’s Olympics without participation from the Games’ or local government’s decision-makers, the exchange of thoughts agreed in a conception of the 2016 Olympic Games mixed with a World Fair-like promotion mos-tly created by the Hospitality Houses associated to an amplified digital connectivity of the city’s life. In short, Rio de Janeiro became a non planned ‘smart city’ during the 2016 Olympic Games on account of a technological ‘invasion’ in addition to ‘off-Rio 2016’ events mostly car-ried on by Hospitality Houses. Symptomatically, data collected post Rio Games revealed that four million people accessed those participation opportunities while eight million shared the sport competitions. Thus far, a key question posed by the work-in-progress theoretical debates along the duration of the Olympics focused on what extension the Tokyo 2020 Olympic Games would turn to be a combined event with digital fair-like promotions. A last question but not least would then be whether the

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digital dominance experienced by Rio 2016 signalized changes in the cultural dimensions of the Olympics

Introdução

Em dezembro de 2016, o Comitê Olímpico Internacional-COI deu conhecimento de suas versões de resultados de destaque dos Jogos Olímpico de 2016, quando da realização na cidade do Rio de Janeiro (Burnett, 2016). Houve então confirmações oficiais e detalhes das in-terpretações do grande sucesso já perceptível no Brasil e no exterior quanto aos megaeventos olímpicos e paraolímpicos no período agos-to-setembro daquele ano. Em resumo, a comunicação institucional do COI identificou na atuação da Rio 2016 o alcance das tão perseguidas buscas de “universalidade e inclusão” (sic) dos Jogos Olímpicos, pon-do em relevo suas seguintes caracterizações mediáticas e sociais:

• As coberturas dos Jogos de 2016 por TV e meios digitais foram os de maior público na história sendo compartilhadas por metade da população do planeta, totalizando 350 mil horas e superando a cifra de 200 mil horas registradas em Londres 2012;

• As plataformas de mídia social – Facebook, Twitter etc – que incorporaram vídeos dos Jogos totalizaram sete bilhões de aces-sos no período dos Jogos;

• 45% dos onze mil atletas presentes nas competições eram mulheres uma cifra recorde na história do Jogos e pela segunda vez – depois de Londres 2012 – o grupo feminino competiu em todas as modalidades;

• As pesquisas independentes em escala mundial comissiona-das pelo COI revelaram que 82% dos expectadores entrevista-dos revelaram uma melhor experiência do que as de suas expec-tativas nas transmissões dos Jogos do Rio de Janeiro;

• No Brasil, nove em cada dez pessoas com acesso à TV assis-tiram transmissões das competições; nos EE.UU., a rede NBC registrou 2.71 bilhões de minutos de transmissão ao vivo, 1.2

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bi-lhões além de todos os Jogos Olímpicos anteriores combinados; na China, a competição final de Badminton atraiu uma audiência maior do que todas as outras anteriormente registradas nos Jo-gos de Londres; no Japão, a audiência da Rio 2016 superou as de Londres 2012 para as competições com atletas mulheres. Em conclusão, o relatório post hoc do COI sobre os resultados de Rio 2016 realçou os avanços de “visibilidade e de conscientização (awareness)” assumidos pelos Jogos Olímpicos, os quais se tornaram o evento de maior “consumo” na comunicação de massa da história da humanidade. Tal sucesso, focalizando-se a cidade do Rio de Janeiro em particular, foi previsto pelo autor deste texto um mês antes da rea-lização dos Jogos de 2016 (DaCosta, 2016). Ou seja: numa entrevista de acesso público, assinalei a existência de uma sintonia histórica da população da cidade com grandes eventos esportivos como já se ve-rificara nos Jogos Olímpicos Latino-americanos realizados em 1922 (evento extinto pelo COI posteriormente), na Copa do Mundo de Fu-tebol de 1950 e nos Jogos Pan e ParaPan de 2007, quando houve sucesso de público em que pese graves entraves na preparação de tais eventos.

Essa compreensão do público do Rio de Janeiro à luz da inter-pretação “consumidores” de megaeventos pautados pelo COI – o que tem se repetido no Carnaval, no Réveillon, no Rock in Rio etc, citando--se exemplos não esportivos – foi analisado com nuances pós evento diante do impacto de grande adesão popular confirmado por várias fontes nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos ocorridos em 2016 (Da-Costa, 2017):

Em outras palavras, os sentidos de preservação e de de-senvolvimento gerados tradicionalmente pelas propostas de legados olímpicos e paralímpicos, estariam agora sendo as-sociados a um sentimento de pertencimento, típico de rea-ções de adesão massiva e compartilhada local – ou mesmo nacional - a uma determinada crença coletiva. Portanto, os legados preliminarmente cogitados tornaram-se vinculados à

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cidadania brasileira em geral e não somente a instituições específicas (governo e entidades esportivas privadas). Antes, nos Jogos de Londres 2012, fenômeno similar foi detectado, ganhando a denominação de “inspiration”, algo relacionado a um nacionalismo “soft” e de valorização positivas das coi-sas e realizações do Reino Unido, com o esporte operando como meio de intermediação. Mas a experiência brasileira aparentemente foi além da observada com base em Londres 2012 desde que os Jogos 2016 confundiram-se com a pró-pria identidade da cidadania, como se comprovou frequente-mente com os discursos dos atletas e do públicos assistentes veiculados na ocasião pela mídia. Assim sendo, os atos es-portivos se transformaram em festividades cívicas, exibindo um consenso popular raramente encontrado no Brasil. Em resumo, a competição esportiva tornou-se sobretudo um ce-nário e um motivo para as manifestações de patriotismo em que a bandeira nacional tornou-se um símbolo dominante. Sobreposição de jogos olímpicos com feira internacional durante Rio 2016

Assim disposto, a concepção de “consumo” divulgada pelo COI teve como contraponto uma versão tradicional de audiência marcada por motivações de cunho localista de viés patriótico. Entretanto, a meu ver, ambas as visões são pertinentes embora sejam incompletas, pois a experiência Rio 2016 consistiu basicamente - mas não de modo ex-clusivo - em compartilhamento multimídia dominado e orientado por conexões digitais. Tal compreensão foi construída progressivamente com contribuições de vários pesquisadores antes, durante e depois dos Jogos de 2016, constituindo, portanto um típico “work in progress” ao se adotar um jargão de pesquisa. Neste contexto de desenvolvi-mento, a presente contribuição propõe-se a construir um primeiro es-boço da tese do compartilhamento popular e digital dos Jogos de 2016 ocorrido pretensamente em conjugação com as modificações

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estrutu-rais da localidade que hospedou o megaevento em questão, a cidade do Rio de Janeiro.

A hipótese de situar o tecido e a mobilidade urbana da cidade hóspede dos Jogos 2016 como “framework” (estrutura básica) do com-portamento receptivo da população local ao megaevento, deveu-se a Susan Brownell, antropóloga da Universidade de Missouri, em Saint Louis, EEUU, minha colega no Conselho de Pesquisas do COI, du-rante os períodos das Olimpíadas de Atenas 2004 e de Beijing 2008. Para Susan, a observação comparativa dos Jogos Olímpicos em suas versões recentes sugeria uma crescente ênfase na comercialização distinta dos casos de patrocínio, o que seria demonstrado pela atua-ção das Casa de Hospitalidade (Hospitality Houses) operando como espaços de promoção e convívio ao estilo de “show room” e de feira de negócios. Nessas condições, a audiência dos Jogos incorporaria tam-bém clientes além de meros assistentes, cujos espaços de contato dos primeiros teriam localizações ajustadas às estruturas urbanas, diferen-tes portanto das instalações esportivas com acesso para assistência das competições.

Prevendo-se que a cidade do Rio de Janeiro se conformaria às tendências identificadas por Susan, veio dela a solicitação de se cole-tar dados de comprovações por parte de meus alunos na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, todos doutorandos e especiali-zados em Gestão do Esporte, o que não foi possível implementar dada a sobreposição de tarefas durante a realização dos Jogos Olímpicos. Tivemos então encontros face-a-face durante a programação da Rio 2016 para debatermos o notável impacto das Casas de Hospitalidade, então já tornado evidente pelos noticiários das mídias e pela simples convivência com as ocorrências dos Jogos.

Em particular, discutimos o tema das “Casas” no transcorrer do 2º. Simpósio Internacional Pierre de Coubertin, localizado na Univer-sidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro – um dos dez eventos acadêmi-cos que participei ou auxiliei na organização durante os Jogos no Rio de Janeiro – quando incorporamos no debate Beatriz Garcia. Esta

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pesquisadora da área de sociologia urbana com foco em políticas culturais dos Jogos Olímpicos, vinculada à Universidade de Liverpool no Reino Unido, também tinha sido minha ocasional interlocutora em temas culturais dos Estudos Olímpicos e estava presente aos Jogos de 2016 dada a sua condição de consultora do Programa Cultural da Rio 2016. Coincidentemente, Beatriz também foi surpreendida com a inusitada adesão da população do Rio de Janeiro às Casas de Hos-pitalidade, então levantando a hipótese dessas instalações operarem como um “spin-off” cultural em meio aos efeitos da digitalização na sociedade local.

Beatriz Garcia, Susan Brownell e eu tentamos então encontrar explicações teóricas para o sucesso do dispositivo promocional de empresas e países do dispositivo “Casas” no ambiente do Rio de Janeiro e concluímos afinal que teríamos de obter dados post hoc sobre o fenômeno para alcançar posturas mais consistentes. Con-tudo, concordamos preliminarmente que os Jogos do Rio de Janeiro tinham se tornado uma mistura de “Olympic Games” com “World Fair” em condições semelhantes aos Jogos Olímpicos do início do século 20, i.e. Paris 1900, Saint Louis 1904 e Londres 1908. Até mesmo o Rio de Janeiro com seus Jogos Olímpicos Latino-americanos de 1922, segundo lembrei na ocasião, teria experimentado tal mistura (ver inter alia Torres, 2012).

Outra concordância entre Brownell, Garcia e DaCosta ainda du-rante o Simpósio da Universidade Santa Úrsula, incidiu na inexistência de qualquer intervenção quer do governo local, das autoridades federais ou das entidades líderes esportivas, para a geração e expansão do fe-nômeno “Hospitality House” durante os Jogos 2016. Estávamos então diante de um dispositivo de geração espontânea nitidamente importante mas de causas e efeitos não ainda monitoradas por pesquisas.

Rio 2016: conectividade orientada por eventos

Adiadas as interpretações teóricas do grupo gerado a partir de insights de Susan Brownell (ver Brownell, 2016, para interpretações do

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comercialismo nos Jogos Olímpicos atuais) para uma desejável coo-peração futura, passei então a coletar dados e informações com possi-bilidades de explicar melhor o sucesso das “Hospitality Houses” resul-tantes da experiência Rio 2016. Nessas circunstâncias, em 13/08/2016 em outro evento sob minha coordenação (ver Chappelet, 2016) situ-ado também na Universidade Santa Úrsula, acompanhei uma longa intervenção de Philipe Bovy do Instituto Federal Suiço de Tecnologia com sede em Lausanne, na qual foi analisado o sistema de transportes disponibilizado durante o Rio 2016 (BRT, Metrô, Supervia, VLT e vias expressas) então entendido como uma complementação do suporte básico para a mobilidade urbana da cidade do Rio de Janeiro.

Bovy como consultor do COI visitara o Rio várias vezes durante os preparativos para o Rio 2016, habitualmente constatando a de-sarticulação entre modais do transporte urbano da cidade. Mas final-mente admitindo uma mudança fundamental quando da inauguração da Linha 4 do Metrô já nas vésperas da abertura dos Jogos Olímpi-cos. Para este expert suíço surgira finalmente uma articulação efetiva com a conjugação dos novos modais com as múltiplas ligações de de ônibus tradicionais e de transporte individual. O avanço neste caso, segundo Bovy, residia na lógica de conexões entre os modais, agora posta ao alcance físico e às decisões dos usuários por informações a eles disponibilizadas.

Figura 1: Rede de Conectividade

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A contribuição de Bovy iluminou o caminho para se chegar à abordagem da conectividade como meio de interpretação do que ocor-rera durante Rio 2016 tanto com o transporte público e privado como em relação ao sucesso das Hospitality Houses. Isto porque em um centro urbano com múltiplos e abrangentes acessos aos meios digi-tais de comunicação, a integração dos meios de transporte e de ou-tros serviços locais torna-se mais viável e eficiente vis-à-vis decisões descentralizadas, autônomas e operacionais dos usuários (Mansury & Shin, 2015); tal tipo de articulação tem sido geralmente relacionadas às “smart cities” (cidades inteligentes) que se tornaram correntes pelo uso da tecnologia para melhorar a infraestrutura urbana e tornar os centros urbanos mais eficientes na convivência social.

Neste contexto de conceituações as Casas de Hospitalidade Rio 2016 podem ser inseridas como serviço e também como tecnologia pois intermediaram conteúdos na intensa e ampla digitalização da ci-dade durante os Jogos. Além disso, elas pressupostamente participa-ram no que também se tornou corrente nos estudos de conectividade sob a denominação de “event-oriented connectivity” (conectividade com base em eventos) ora admitindo-se os Jogos Olímpicos como evento focal.

Em contas finais o Rio de Janeiro tornou-se na prática uma ci-dade de vida urbana conectada durante os Jogos Olímpicos 2016, embora não tenha havido um planejamento abrangente neste sentido. Ou seja, a conectividade originada dos Jogos Olímpicos com suas de-mandas globais e advinda da digitalização pode ser sobretudo consi-derada como um efeito unificado e amplo de causas diversificadas e muitas vezes independentes entre si como sugere a figura 1, captada de anúncios promocionais de dados em nuvem. Nesta disposição a conectividade apresenta-se em posição de convergência e produto co-mum diante de uma diversidade de processos e de instrumentos de intervenção urbana.

Em adendo a esssa interpretação teórica ainda inicial pretende--se que os Jogos Olímpicos do Rio não somente atuaram como cata-lizadores das diversas novas, reabilitadas e tradicionais intervenções urbanas como também criaram a convergência necessária para uma experiência com sentido e significado de compartilhamento coletivo. É

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compreensível outrossim que tal experimentação tenha durado apenas no período dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos levados a efeito em agosto-setembro de 2016, pois logo após estes megaeventos houve uma desmobilização das intervenções geradas a partir de tais con-juntos de competições, incluindo naturalmente as Casas de Hospita-lidade. Portanto, a experiência de connectividade urbana orientado por aqueles grandes eventos esportivos deve ser observada post hoc como um teste de viabilidade na perspectiva do projetos de desenvol-vimento futuro da cidade.

Identificando o cinturão de conectividade do rio de janeiro

Estabelecido o procedimento de trabalho em progresso (work in progress) para o desdobramento do presente estudo, apresenta-se a seguir uma apreciação preliminar dos dados até agora organizados à luz do marco teórico da conectividade. Com este objetivo foi produzido o mapa da figura 2 em que se destacam os quatro polos de competi-ções dos Jogos 2016 referidos à cidade do Rio de Janeiro, aduzindo--se a localização predominante das 60 Casas de Hospitalidade como também dos dez eventos acadêmicos em que houve participação do autor deste texto.

Figura 2 Cinturão de conectividade

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Esse primeiro exercício de localização foi esboçado a fim de se observar adaptações das Casas de Hospitalidade e dos eventos aca-dêmicos aos modais de transporte operados durante os Jogos 2016, apontados por Philipe Bovy como reveladores da estrutura lógica da mobilidade urbana e portanto do próprio sentido de conectividade. Como apontam as convenções gráficas de ambos os tipos de interven-ção, houve uma localização predominante ao longo das áreas urbanas do centro da cidade – incluindo a área reabilitada do “Porto maravilha” - , passando pelos bairros do Flamengo e Botafogo, alcançando a Zona Sul e estendendo-se até a Barra da Tijuca. Este percurso naturalmente se ajustou aos modais renovados e novos de transporte, permitindo assim reforçar a connectividade já ambientada na cidade pelos meios digitais relacionados aos Jogos.

Em síntese, as Casas de Hospitalidade e os eventos acadêmicos localizaram-se em formato de cunha seguindo as margens da Baía de Gunabara e do Oceano Atlântico, no sentido do Centro para a Zona Sul da cidade. A partir deste roteiro constatou-se que houve uma outra cunha no sentido Barra – Deodoro em que se localizaram os novos ho-teis da cidade construidos para atender a demanda dos Jogos – o nú-mero de quartos da hotelaria da cidade dobrou com esses adendos – e de certa forma para participar das novas ofertas turísticas criadas em função do Parque Olímpico na margem oeste da Barra da Tijuca. Uma terceira cunha foi identificada pela localização dos novos parques de grande porte para atividades esportivas das Zonas Norte e Oeste da cidade, isto é, Madureira e Deodoro, que se somaram a dois parques antigos de porte semelhante das mesmas Zonas: Quinta da Boa Vista e Miécimo. Uma quarta cunha é perceptível pelo eixo formado pelos estádios Engenhão-Maracanã que se completa pelo centro da cidade e praia de Copacabana com suas adatações de espaços de competição para os Jogos.

Isto posto, os quatro aglomerados identificados esboçaram uma conformação oval para a cidade, operando efetivamente como um cin-turão de conectividade cogitando-se dos quatro polos dos Jogos Olípi-cos e ParalímpiOlípi-cos e seus adendos, até então mais perceptíveis e fun-cionais com relação às novas localizações e funções mapeadas. Por conseguinte, a renovação dos modais de transporte deve ter tido

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influ-ência nas escolhas de localização das novas intervenções das Casas de Hospitalidade e dos eventos acadêmicos tanto quanto o ambiente urbano que se preparou previamente para ampla digitalização. De ou-tro modo não seria possivel para essas operações “Off - Rio 2016” al-cançar os quatro milhões de participantes estimados pela Prefeitura do Rio de Janeiro para eventos não incorporados aos Jogos em áreas de concentração de Casas de Hospitalidade. Note-se que as competições dos Jogos Olímpicos teve oito milhões de assistentes, quantitativo cujo contraste com participantes dos eventos Off-Rio 2016 traz evidente im-portância para estes últimos.

Os dados quantitativos não relacionados diretamente às compe-tições correspondem a um levantamento realizado durante os Jogos Olímpicos 2016 dado a público pela Associação Comercial do Rio de Janeiro - ACRio e que abrangeu a área Porto Maravilha – Boulevard Olímpico onde funcionaram Casas de Hospitalidade de destaque du-rante os 17 dias dos Jogos em adição aos frequentadores dos parques Madureira e Miécimo no mesmo perído (ACRio, 2016). Numa única entidade de frequência controlada, a “Casa Brasil” – a de maior porte – houve 450 mil visitantes no período olímpico, o que oferece uma idéia do sucesso de adesão aos eventos de hospitalidade no ambiente de compartilhamento gerado na cidade.

Diante dessas revelações entendo que está aberta a temporada de novas pesquisas e estudos sobre a fusão Jogos Olímpicos – Feira Internacional bem como sobre a emergente cidade do Rio de Janeiro como um centro urbano de conectividade orietada por eventos espor-tivos, culturais e de promoção comercial. E na conformidade destas expectativas importa levar em conta duas perguntas correntes nos debates da Universidade Santa Úrsula: em que medida a Olimpíada Tokyo 2020 pode se tornar uma também uma combinação de Jogos Olímpicos com Feira Internacional? E neste contexto cabe por outro lado questionar: o domínio digital experimentado pela Rio 2016 sinali-zou mudanças nos significados culturais dos Jogos Olímpicos?

Referências

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