• Nenhum resultado encontrado

Pedofilia por meio da internet: ausência de tipificação no Código Penal Brasileiro.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Pedofilia por meio da internet: ausência de tipificação no Código Penal Brasileiro."

Copied!
75
0
0

Texto

(1)

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS

UNIDADE ACADÊMICA DE DIREITO

CURSO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS

ARIANE DE CASSIA BRUNET GOMES

PEDOFILIA POR MEIO DA INTERNET: AUSÊNCIA DE TIPIFICAÇÃO

NO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO

SOUSA - PB

2009

(2)

PEDOFILIA POR MEIO DA INTERNET: AUSÊNCIA DE TIPIFICAÇÃO

NO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO

Monografia apresentada ao Curso de

Ciências Jurídicas e Sociais do CCJS

da Universidade Federal de Campina

Grande, como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharela em

Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientadora: Professora Ma. Maria de Lourdes Mesquita.

SOUSA - PB

2009

(3)

P E D O F I L I A P O R M E I O D A I N T E R N E T : A U S E N C I A DE T I P I F I C A Q A O N O C O D I G O P E N A L B R A S I L E I R O

B a n c a E x a m i n a d o r a : Data de a p r o v a c a o : 2 4 / 1 1 / 2 0 0 9

Prof3. Maria d e Lourdes Mesquita

Professora Orientadora

Prof3. Carla Rocha P e d r o s a

(4)

Este trabalho dedico aos meus pais: Ah e Cassia, pelo amor, dedicagao e incentivo recebidos incondicionalmente

(5)

A G R A D E C I M E N T O S

A o M e u Deus Fiel, que Esta s e m p r e p r e s e n t e na m i n h a v i d a , seja m e e n c o r a j a n d o , d a n d o d i s c e r n i m e n t o , direcionando m e u s c a m i n h o s e por m e mostrar e m c a d a dia vivido o real valor d a s p e s s o a s e d a s coisas m a i s simples d a vida.

A o s m e u s pais, A h e C a s s i a , a m i n h a gratidao e obrigado, pelo carinho, incentivo e forca d a d a d e s d e o inicio do curso e por apostar na m i n h a c a p a c i d a d e . E ao m e u

irmao Alberto, por torcer pela realizacao d e s t e s o n h o .

A o m e u amor, a m i g o e c o m p a n h e i r o Gabriel, pela c o m p r e e n s a o e indispensavel p r e s e n c a nos m o m e n t o s mais especiais e felizes que j a vivi. E p r i n c i p a l m e n t e por m e a m a r t a o verdadeira e s e r e n a m e n t e .

A t o d o s os m e u s familiares, a o s q u e j a se f o r a m e aos aqui a i n d a p r e s e n t e s , pela f u n d a m e n t a l participagao na m i n h a vida. E m especial a m i n h a avo Dirce, pela satisfacao da convivencia e elogios e l o q u e n t e s .

A m i n h a orientadora Maria d e L o u r d e s M e s q u i t a , pela paciencia e f u n d a m e n t a l contribuicao para a concretizagao d e s t e t r a b a l h o .

(6)

costumes, a exigir uma providencia legislativa que ponha fim a um comportamento reprovado pela coletividade. (MANOEL PEDRO

(7)

A p r e s e n t e p e s q u i s a cientifica a b o r d a a pedofilia praticada atraves d a internet e a a u s e n c i a de tipificacao no C o d i g o Penal Brasileiro. O objetivo principal d e s t e trabalho e mostrar a lacuna existe na esfera penal q u a n t o aos crimes de informatica, m a s p r e c i s a m e n t e a pedofilia praticada por m e i o d a internet. Ja q u e tal c r i m e surge c o m o u m a a g r e s s a o frontal a s o c i e d a d e atual. Para tanto, recorre-se a pesquisa bibliografica, ao m e t o d o exegetico-juridico, ao historico-evolutivo e i n f o r m a c o e s contidas e m artigos e s p e c i a l i z a d o s publicados e m sites d a internet s i s t e m a t i z a n d o o estudo e m tres capitulos. O primeiro capitulo visa tratar dos a s p e c t o s historicos da pedofilia, o seu conceito, a q u e s t a o da pessoa do pedofilo e sua relagao c o m a v i t i m a ; o s e g u n d o capitulo versa s o b r e c o m o o o r d e n a m e n t o j u r i d i c o patrio e n q u a d r a tal c a s o , isto e, as leis aplicadas a t u a l m e n t e diante d e u m c a s o c o n c r e t o ; e o terceiro capitulo tente mostrar a responsabilidade d o s p r o v e d o r e s da internet frente a e s s a q u e s t a o ; d e m o n s t r a r os m e i o s utilizados para reprimir este c r i m e praticado por m e i o da rede m u n d i a l de c o m p u t a d o r e s , c o m o , revelando a s s i m , a situagao fatica d a vida d a s criancas e a d o l e s c e n t e s no m u n d o e m relagao ao a b u s o sexual; b u s c a n d o , portanto os m e i o s de s o l u c a o e r e p r e s s a o , atraves d e u m a n o r m a q u e tipifique sua pratica, c o m o meio d e prevenir e punir os pedofilos C o m o resultado deste trabalho o b s e r v o u - s e a a u s e n c i a de n o r m a penal especifica q u e trate d e s t a materia, p r o v a n d o q u e o o r d e n a m e n t o j u r i d i c o nao esta a c o m p a n h a n d o a s m u d a n c a s sociais e tecnologicas a o m e s m o

passo q u e elas se d e s e n v o l v e m .

(8)

This research deals with pedophilia practiced via the Internet and the lack of typing in t h e Brazilian Penal C o d e . T h e objective of this w o r k is to s h o w the gap exists in the field of criminal law regarding c o m p u t e r crime, but precisely pedophilia practiced via t h e Internet. Since such a c r i m e a p p e a r s as a frontal attack on society. It u s e s to the literature, the legal-exegetical m e t h o d , the evolutionary and historical information c o n t a i n e d in articles published in specialized Internet sites systematize the study into three chapters. T h e first chapter a i m s to a d d r e s s the historical a s p e c t s of pedophilia, its c o n c e p t , the issue of child sex of the person a n d their relationship with t h e victim; a n d the third chapter attempts to s h o w the liability of Internet providers f a c e this q u e s t i o n , s h o w i n g the m e a n s used to p r o s e c u t e this c r i m e c o m m i t t e d t h r o u g h the W o r l d W i d e W e b , a n d , t h u s revealing the factual situation of the lives of children a n d a d o l e s c e n t s in the W o r l d R e g a r d i n g sexual a b u s e , looking for, so the m e a n s of solution and repression, by a rule w h i c h explicitly defines his practice as a m e a n s of preventing and punishing p e d o p h i l e s . A s a result of this study s h o w e d the a b s e n c e of specific criminal rule that a d d r e s s e s this issue by s h o w i n g that t h e law is not keeping t h e social and technological c h a n g e at t h e s a m e p a c e that they d e v e l o p .

(9)

S U M A R I O 1 I N T R O D U Q A O 9 2 D A P E D O F I L I A 11 2.1 A S P E C T O S H I S T 6 R I C O S 11 2.2 A S P E C T O S C O N C E I T U A I S 16 2.3 O P E D O F I L O E S U A VJTIMA 19 3.A P E D O F I L I A NO D I R E I T O B R A S I L E I R O 2 8 3.1 A P E D O F I L I A N O C 6 D I G O P E N A L B R A S I L E I R O 2 8 3.2 A P E D O F I L I A N A S LEIS E X T R A V A G A N T E S 33 4 D A P E D O F I L I A P R A T I C A D A A T R A V E S D A I N T E R N E T 4 2 4.1 A P E D O F I L I A NA I N T E R N E T E A R E S P O N S A B I L I D A D E D O S P R O V E D O R E S 4 2 4 . 2 A U S E N C I A D E T I P I F I C A Q A O P E N A L 50 5 C O N C L U S A O 59 R E F E R E N C E S 61 A N E X O I E M E N D A N° 2 - C C T / C C J 6 3

(10)

A pedofilia praticada atraves d a internet tern sido repudiada e m nivel m u n d i a l por toda a s o c i e d a d e , por ser d a d a a p r o t e c a o e inviolabilidade d o s direitos d a crianca e dos adolescentes, visto q u e elas s a o o que ha de m a i s importante neste m u n d o , d e p o i s de Deus. Essa importancia e e v i d e n t e e tern s u a s b a s e s e m convicgoes biologicas, por elas s e r e m responsaveis pela perpetuagao d a e s p e c i e , religiosas, morais, eticas e sociais. E necessario q u e t o m e m o s m e d i d a s serias, eficazes e urgentes para impedir q u e e s s e m a l se alastre, t r a z e n d o profunda d e g r a d a g a o ao q u e t e m o s de mais valioso: a crianga e o a d o l e s c e n t e .

Este trabalho tern c o m o objetivo suprir a falta de tipificagao penal relativa a pratica d a pedofilia, principalmente no q u e t a n g e a praticada por m e i o d a internet,

isto e, questionar a n e c e s s i d a d e de u m a n o r m a r e g u l a m e n t a d o r a para a a b o r d a g e m

d o t e m a .

C o m o f o r m a d e alcangar tais m e t a s recorre-se ao m e t o d o historico-evolutivo, e ao exegetico-juridico, e a pesquisa bibliografica t e n d o sua f o n t e na leitura de artigos, doutrinas e textos adquiridos na internet, a l e m d a analise d a Constituigao Federal d e 1988, d o Estatuto da Crianga e do A d o l e s c e n t e , Lei n° 8.069 de 13 d e Julho de 1990, e d a analise d o C o d i g o Penal Brasileiro e no t o c a n t e ao Projeto de Lei que trata dos C r i m e s Eletronicos (PLC 8 9 / 2 0 0 3 ) , q u e p r o c u r a m regular o s crimes de informatica, u s a n d o tais m e t o d o s para m e l h o r e m b a s a r e m a p e s q u i s a ante a falta de lei especifica para tratar d o assunto.

D e s s a f o r m a , apresenta-se o p r o b l e m a e a hipotese, aqui p r e v i a m e n t e levantados quais s e j a m : E necessario u m tipo penal para tornar crime especifico a pratica d a pedofilia no m e i o virtual? S i m , e indispensavel a criagao de u m a n o r m a p e n a l , isto e, u m a tipificagao para regulamentar a pratica d a pedofilia, principalmente a praticada atraves d a internet.

P a r a u m a m e l h o r a b o r d a g e m do t e m a , o e s t u d o foi s i s t e m a t i z a d o e m tres capitulos, no primeiro visa estabelecer o conceito de pedofilia e sua evolugao historica, a b o r d a n d o t a m b e m a pessoa do pedofilo e sua relagao c o m a v i t i m a , c o m o t a m b e m , os efeitos psicologicos q u e tal crime tern sobre a crianga e j o v e m a b u s a d o . B u s c a - s e delinear quais seriam as c o n s e q u e n c i a s psicologicas e flsicas d e s s e

(11)

delito, b e m c o m o informar q u e as cicatrizes s e m p r e ficarao na m e n t e e corpo d a s vitimas.

O s e g u n d o capitulo visa mostrar c o m o a pedofilia e a b o r d a d a no direito, principalmente no q u e se refere a pedofilia praticada por meio d a internet, f a z e n d o u m a m e n g a o de c o m o e s t e delito e e n q u a d r a d o , p o r e m , nao tipificado no C o d i g o Penal Brasileiro. A b o r d a - s e t a m b e m as Leis Penais Extravagantes e a Constituicao Federal d e 1988, que disciplinam tal materia, f a z e n d o u m breve c o m e n t a r i o a cerca d a s m e s m a s e d a s m u d a n g a s ocorridas r e c e n t e m e n t e e m tais dispositivos.

Por fim, o terceiro capitulo apresentara acerca do t e m a d a pedofilia na

internet, b e m c o m o a responsabilidade dos p r o v e d o r e s de internet e a a u s e n c i a de

tipificagao penal para o c r i m e de pedofilia no a m b i t o virtual na legislagao penal brasileira, a b o r d a n d o tal deficiencia da legislagao penal brasileira no t r a t a m e n t o a respeito d a materia. B e m c o m o , averiguar-se-a c o m o s u g e s t a o deste trabalho a criagao d e u m tipo penal, este estaria e l e n c a d o no C o d i g o P e n a l , e m seu C a p i t u l o II (Dos crimes sexuais contra vulneraveis), no Titulo V l ( Dos crimes contra a d i g n i d a d e sexual), e abordaria toda a questao q u e envolva a pedofilia, aplicando t a m b e m u m a n o r m a para os crimes praticados por m e i o virtual, responsabilizando p e n a l m e n t e os pedofilos e os p r o v e d o r e s d e internet q u e f o r e m coniventes c o m tal pratica.

Ressalte-se que a presente p e s q u i s a tern o intuito de instigar na c o m u n i d a d e a c a d e m i c a , u m a atengao maior s o b r e a inviolabilidade d o s direitos d a crianga e do a d o l e s c e n t e , t r a t a n d o s o b r e a pratica d a pedofilia, e m e s p e c i a l q u a n d o esta e praticada atraves da utilizagao da internet, b e m c o m o a a u s e n c i a d e u m a tipificagao no C o d i g o Penal Brasileiro.

(12)

A n t e s d e se fazer u m a a b o r d a g e m a c e r c a da pedofilia e s e u s q u e s t i o n a m e n t o s j u r i d i c o s , t e m a d e s t e e s t u d o , e de s u m a importancia ver s e u s a s p e c t o s historicos, sua e v o l u c a o n a s civilizacoes e ressaltar sua pratica na atualidade. A s s i m , para m e l h o r c o m p r e e n d e r a pedofilia nos dias de hoje, d e v e - s e analisar os p e r i o d o s da historia na qual tal pratica s e fazia presente.O capitulo visa estabelecer o conceito de pedofilia, a b o r d a n d o a p e s s o a d o pedofilo e sua relacao c o m a vitima, c o m o t a m b e m , os efeitos psicologicos q u e tal c r i m e tern sobre a crianca e j o v e m a b u s a d o . B u s c a - s e delinear quais seriam as c o n s e q u e n c i a s psicologicas e fisicas d e s s e delito, b e m c o m o informar q u e as cicatrizes s e m p r e ficarao na m e n t e e corpo das vitimas.

2.1 A S P E C T O S H I S T O R I C O S

A p e s a r do alto indice de r e p r o v a c a o d a pratica de pedofilia no nosso p a i s e no m u n d o , sua existencia na antiguidade e e m o u t r a s culturas era e n c a r a d a c o m o u m a atitude n o r m a l e aceita no p a s s a d o . Na antiguidade classica a pedofilia s e e s t e n d e u pelo Egito, A s s i r i a , Persia, A r a b i a e, principalmente, Grecia e R o m a .

O s vestigios mais antigos q u e s e tern noticia a c e r c a da pedofilia c o m o u m ritual s e g u n d o M A R T I N S (2002), f o r a m localizados nas tribos Marind, na M e l a n e s i a1,

n u m ritual orgiastico masculino, o n d e s e permitia q u e q u a l q u e r h o m e m p e n e t r a s s e m e n i n o s e estes iniciassem a s s i m sua vida s e x u a l . H o m e n s c a s a d o s p o d i a m ser c o n v o c a d o s para ser o iniciador d e s e u sobrinho, d u r a n t e tres ou quatro a n o s . De u m ponto de vista antropologico, a pedofilia p o d e ser e n t e n d i d a c o m o c o n t i n u a c a o d e rituais de iniciagao e ritos d e p a s s a g e m a que o s m e n i n o s e r a m s u b m e t i d o s para s e t o r n a r e m adultos e q u e , s e g u n d o M A R T I N S (2002) persistem ate hoje e m d e t e r m i n a d a s culturas.

1 Do grego "ilhas dos negros" e uma regiao da Oceania, no extremo oeste do Oceano Pacifico e a

nordeste da Australia, que inclui os territ6rios das ilhas Molucas, Nova Guine, ilhas Salomao, Vanuatu, Nova Caledonia e Fiji

(13)

Na Grecia e no Imperio R o m a n o , o uso d e m e n o r e s para a satisfagao sexual d e adultos foi u m c o s t u m e tolerado e ate prezado, visto que na Grecia antiga, cabia a o chefe d a familia conduzir o s j o v e n s a iniciacao sexual, d e s e n v o l v e n d o - s e , a partir d a i , o habito d e h o m o s s e x u a l i d a d e e d a pedofilia, j a q u e esta c o n d u t a funcionava c o m o u m a troca d e favores p e s s o a i s , u m a iniciacao do j o v e m a f a s e adulta, q u a n d o a s s i m estes p a s s a v a m a d e s e n v o l v e r relacoes estaveis c o m o sexo o p o s t o .

D e s s a f o r m a , na Grecia a pedofilia, ou melhor, a pederastia era algo s o c i a l m e n t e aceito. Platao, no s e u dialogo sobre o amor, intitulado "O B a n q u e t e " (2002), fala do a m o r pelos e f e b o s Govern de sexo m a s c u l i n o q u e tinha iniciagao sexual c o m h o m e m mais v e l h o ) , j a q u e tais m e n i n o s a c o m p a n h a v a m os v e t e r a n o s d a milicia para absorve-lhes o espirito militar e u m a aptidao fisica ideal. Nao se s e p a r a v a m n e m para dormir, e m troca os e f e b o s a c a b a v a m por proporcionar-lhes a satisfagao de d e s e j o s eroticos. Nesta obra Platao t a m b e m fala d e sua entrega a S o c r a t e s , q u e foi seu professor. A i n d a na Grecia, e m razao d a pratica d a h o m o s s e x u a l i d a d e ser c o n s i d e r a d a ato n o r m a l , s e m preconceitos a e p o c a , os antigos filosofos gregos t r a t a v a m s e u s alunos - d i s c i p u l o s c o m o s e f o s s e m m u l h e r e s .

E m R o m a , a s o c i e d a d e c o l o c o u o pater familias no m a n d o absoluto d a familia, a b r a n g e n d o a todos, responsabilizando-se, inclusive, pela iniciagao sexual d o filius. A pratica do sexo entre o pater familias e o filius estava i n t e i r a m e n t e fora do controle d o Estado, pois d e a c o r d o c o m o estava escrito na Lei d a s XII T a b u a s (450-4 5 1 a . C ) , e s p e c i f i c a d a m e n t e na quarta t a b u a , e m s e u s e g u n d o ponto, o pai tinha s o b r e os filhos nascidos d e c a s a m e n t o legitimo o direito de vida e de m o r t e e o poder de vende-los, agindo c o m o verdadeiro dominus.

N o m e s m o p e r i o d o historico a c i m a exposto, era c o m u m na C h i n a , c o m o afirma C A R V A L H O (2002), o uso de m e n o r e s para a satisfagao sexual de adultos, o qual foi u m c o s t u m e p r e z a d o e ate tolerado na e p o c a , c o m o t a m b e m castrar m e n i n o s para vende-los a ricos p e d e r a s t a s , c o n s i d e r a d o c o m e r c i o legitimo durante milenios. No m u n d o islamico, a rigida m o r a l q u e o r d e n a as relagoes entre h o m e n s e m u l h e r e s foi nao raro c o m p e n s a d a pela tolerancia para c o m a pedofilia h o m o s s e x u a l . Em alguns p a i s e s isso d u r o u ate pelo m e n o s o c o m e g o do s e c u l o X X , f a z e n d o d a Argelia, por e x e m p l o , u m j a r d i m d a s delicias p a r a os viajantes d e p r a v a d o s .

(14)

D e s t a c a n d o t a m b e m as civilizacoes arabes e orientals, se registra a pratica d e sexo entre adultos e criangas e m diversas p a s s a g e n s , m o s t r a n d o a historia d o s s a m u r a i s c o m s u a s j o v e n s a m a n t e s , m a n t e n d o - a s c o m o tal ate a idade adulta, q u a n d o Ihes era permitida a e m a n c i p a c a o .

A pratica d a pedofilia teria base e a p o i o d o isla. O livro Sahih B u k h a r i2 e m

s e u quinto capitulo traz q u e A i s h a , u m a d a s e s p o s a s d e M a o m e , teria seis a n o s q u a n d o se c a s o u c o m ele e as primeiras relacoes intimas a c o n t e c e r a m a o s nove. O p e r i o d o d e espera nao teria sido por conta d a pouca idade d a m e n i n a , m a s de u m a d o e n c a que ela tinha na e p o c a . E m c o m p e n s a c a o , M a o m e , que tinha 53 a n o s , teria sido g e n e r o s o c o m a m e n i n a , permitiu q u e ela levasse t o d o s os s e u s b r i n q u e d o s e b o n e c a s para sua t e n d a .

De a c o r d o c o m o q u e d e s c r e v e S A N T O S (2002) o rei Davi era u m anciao q u a n d o dividiu a c a m a c o m A b i s a g , d e c a d a s m a i s nova q u e ele. Na antiga India, a casta d o s nayar estimulava e x p e r i e n c i a s sexuais de m e n i n a s a n t e s d a primeira m e n s t r u a c a o . E m alguns mosteiros budistas no Tibete, ate hoje sobrevive u m a tradicao de novatos d o r m i r e m c o m m o n g e s m a i s experientes.

E m relagao ao registro d a pedofilia na Idade M e d i a M A R T I N S (2002) registra q u e a partir de d e t e r m i n a g o e s v i n d a s d o s i m p e r a d o r e s bizantinos C o n s t a n t i n o e Justiniano, as relacoes sexuais entre adultos e criangas comegaraim a s e r q u e s t i o n a d a s e c o n d e n a d a s tanto pelos i m p e r a d o r e s c o m o pela s o c i e d a d e d a e p o c a . De fato, tal c o n d e n a g a o nao era d a d a a pedofilia e s p e c i f i c a d a m e n t e , m a s as relagoes sexuais fora d o c a s a m e n t o e s e m fim de procriagao.

Ja no R e n a s c i m e n t o , c o n f o r m e explicagoes de M A R T I N S (2002) houve u m intenso c o m b a t e a s o d o m i a3 q u e dentre s u a s variagoes, inclui a v o n t a d e de praticar

sexo c o m criangas, t o r n a n d o s e tal pratica viril e d e p r a v a d a , j a q u e a familia t o r n o u -se o centro para a m o r a l i d a d e crista.

T r a z e n d o o t e m a d a pedofilia para a c o n t e m p o r a n e i d a d e , constata-se quern m u i t a s culturas r e c o n h e c e m p e s s o a s c o m o t o r n a n d o - s e adultas e m v a r i a d a s idades, a t u a l m e n t e , por e x e m p l o , c o m o relata M I L L E R ( 2 0 0 8 ) , doutora e m antropologia social pelo M u s e u Nacional d a U F R J , a tradigao j u d a i c a considera c o m o adultos ( m e m b r o s da sociedade) as m u l h e r e s a o s 12 e os h o m e n s aos 13 a n o s de idade, s e n d o a cerimonia de transigao c h a m a d a Bat Mitzvah para as g a r o t a s e Bar Mitzvah

2 Livro considerado pelos muculmanos como o mais autentico depois do Alcorao.

(15)

para os rapazes. O s j o v e n s catolicos de a m b o s os sexos r e c e b e m o Sacramento da Crisma por volta d a m e s m a idade. No Ritual d e p u b e r d a d e f e m i n i n a d o s indios

nambiquara, povo indigena brasileiro localizados no o e s t e do Mato Grosso e e m

R o n d o n i a , logo q u e a india tern a sua primeira m e n s t r u a g a o , a m e n i n a pubere

(wa'yontadu, " m e n i n a m e n s t r u a d a " ) d e v e p e r m a n e c e r e m reclusao e m u m a casa

c o n s t r u i d a pelos s e u s pais e s p e c i a l m e n t e para este f i m . La a m e n i n a devera p e r m a n e c e r de u m a tres m e s e s , ao fim d o s quais u m a g r a n d e festa sera feita e os c o n v i d a d o s de outras aldeias n a m b i q u a r a virao para retira-la d a reclusao. A m e n i n a

(wekwaindu, " m e n i n a " , " m o c a " ) passa, entao, a ser c o n s i d e r a d a u m a mulher

f o r m a d a , c o n f o r m e explicam os Mamainde.

A t u a l m e n t e , c o m o d e n u n c i a o Phd Paul L. W i l l i a m s , e m materia publicada no b l o g4 ,esta traduzida c o m exclusividade no Brasil pelo site D e Olho Na Midia (2009),

u m e v e n t o d e gala ocorrido e m G a z a , mostra q u e o H a m a s5 foi o patrocinador de u m

c a s a m e n t o e m m a s s a para 4 5 0 casais. A maioria d o s noivos estava na c a s a d o s 2 5 a o s 30 anos, e a maioria d a s noivas t i n h a m m e n o s de d e z a n o s . A s s i m , os c a s a m e n t o s pedofilos do H a m a s q u e e n v o l v e m criangas d e ate 4 a n o s d e idade tern autorizagao pela lei do i s l a m i s m o radical. O C e n t r o Internacional Para P e s q u i s a s S o b r e M u l h e r e s estima a g o r a q u e e x i s t a m 51 m i l h o e s d e noivas infantis v i v e n d o no planeta Terra e q u a s e t o d a s e m p a i s e s m u g u l m a n o s . Q u a s e 3 0 % d e s t a s p e q u e n a s noivas a p a n h a m regularmente e s a o m o l e s t a d a s por s e u s m a r i d o s no Egito; m a i s de 2 6 % s o f r e m a b u s o similar na J o r d a n i a . T o d o a n o , tres m i l h o e s d e garotas m u g u l m a n a s s a o s u b m e t i d a s a mutilagoes genitais, de a c o r d o c o m a U N I C E F , tal pratica ainda nao foi proibida e m muitos lugares d a A m e r i c a .

Ainda, de acordo com artigo publicado no site De Olho Na Midia ( 2 0 0 9 ) , u m d o s m a i s c o n h e c i d o s de t o d o s o s clerigos m u g u l m a n o s d e s t e seculo, o Aiatola K o m e i n i , p r o t e g e u e m discurso a p a v o r a n t e a pratica d a pedofilia:

Um homem pode obter prazer sexual de uma crianca tao jovem quanto um bebe. Entretanto, ele nao pode penetrar; sodomizar a crianca nao tern problema. Se um homem penetrar e machucar a crianga, entao ele sera responsavel pelo seu sustento o resto da vida. A garota entretanto, nao fica sendo contada entre suas quatro esposas permanentes. O homem nao podera tambem se casar com a irma da garota... E melhor para uma garota casar neste periodo, quando ela vai comecar a menstruar, para que isso

4 thelastcrusade.org

5 E uma organizacao paramilitar e partido politico sunita palestino que mantem a maioria dos

(16)

ocorra na casa do seu marido e nao na casa do seu pai. Todo pai que casar sua filha tao jovem tera assegurado um lugar permanente no ceu.

E m s e u livro Pedofilia - A inocencia ferida e t r a i d a , F O R T U N A T O ( 2 0 0 7 ) a b o r d a a v e r d a d e sobre a obra literaria d e Lewis Carrol, Alice no Pais d a s Maravilhas. S e g u n d o F O R T U N A T O (2007), Carrol seria u m d o s mais c o n h e c i d o s pedofilos d a historia Lewis Carrol, era na v e r d a d e p s e u d o n i m o do escritor e m a t e m a t i c o ingles Charles D o d g s o n (1832 - 1898). C o n c e i t u a d o no m u n d o d a s letras, e n c a n t o u milhoes de criangas e m todo o m u n d o , ao e s c r e v e r o f a m o s o livro "Alice no Pais da Maravilhas", o n d e a p e r s o n a g e m principal era inspirada e m Alice Liddell, u m a crianga de a p e n a s quatro a n o s d e idade e filha de u m g r a n d e a m i g o dele, verdadeira paixao o b s e s s i v a do escritor.

C o m o ainda relata o escritor F O R T U N A T O (2007), p o u c o s n o t a r a m q u e Carrol fazia m e t a f o r a s entre a relagao da l i n g u a g e m e a realidade. S o m e n t e d e p o i s de c o n h e c e r e m a sua doentia paixao pela m e n i n a e que muitos c o n d e n a r a m sua obra, m a s na realidade nada tinha de a n o r m a l e m t e r m o s de literatura, nao p o s s u i n d o n e n h u m c o n t e u d o pedofilo, pelo m e n o s para o publico leitor. Ele i n c o m o d a v a a s o c i e d a d e e a lei d a e p o c a , pois era visivel a sua c o m p u l s a o por m e n i n a s , vivia e m p a r q u e s f o t o g r a f a n d o - a s . S u a paixao por Alice era t a o acintosa q u e a cortejava a b e r t a m e n t e f a z e n d o c o m q u e a familia d a crianga f o s s e viver e m outra c i d a d e . P o r e m , nao se s a b e se e s s a c o m p u l s a o de Carrol ficou s o m e n t e na p a s s i v i d a d e .

A p o s ter-se feito u m a analise d a pratica d a pedofilia no d e c u r s o do t e m p o v e - s e q u e c o m o d e s e n v o l v i m e n t o tecnologico e a c o n s e q u e n t e evolugao dos m e i o s d e c o m u n i c a g a o , as p e s s o a s d i s p o e m d e diversas m a n e i r a s de interagir, f a z e n d o d a distancia m e r o obstaculo s u p e r a v e l . De certo, as c o m b i n a g o e s d a informatica e d a c o m u n i c a g a o abriram fronteiras atraves da t r a n s m i s s a o de d a d o s de u m c o m p u t a d o r para outro, m o r m e n t e por m e i o d a g r a n d e rede mundial d e c o m p u t a d o r e s : a Internet. N o Brasil longe de ser n o v i d a d e , a pratica d a pedofilia, ate o inicio d a d e c a d a d e 1980, era feita por g r u p o s de individuos que se c o n h e c i a m e t r o c a v a m fotos do tipo P o l a r o i d6 ou filmes d o m e s t i c o s atraves d o correio ou e m contato pessoal e m clubes

secretos. C o m o a p a r e c i m e n t o d a s c a m e r a s digitals, a g r u p a d a s ate nos aparelhos

(17)

celulares, e e m particular a popularizacao d a internet, a pratica da pedofilia g a n h o u impulso e hoje atinge d i m e n s o e s proprias d o m u n d o globalizado.

S e g u n d o o Jornal O Dia Online ( 2 0 0 9 ) , a t u a l m e n t e os c a s o s e n v o l v e n d o a pedofilia v e m s e d i z i m a n d o e m p r o p o r c o e s a b s u r d a s e m muitos p a i s e s d o m u n d o , e t a m b e m proximas d o s nossos olhos, pois o Brasil e lider no ranking d e p a i s e s c o m maior incidencia d e crimes d e pedofilia na internet, e o terceiro c o l o c a d o dentre o s p a i s e s c o m indice de a b u s o s sexuais d e criangas e a d o l e s c e n t e s , s e g u n d o a f i r m a c o e s d o s e n a d o r M a g n o Malta ( P R - E S ) . E s t u d o s c o n s t a t a m q u e , d e cada 10 c a s o s d e pedofilia, seis a c o n t e c e m na propria f a m i l i a . M a g n o Malta, q u e preside a C P I contra a Pedofilia no S e n a d o , levantou t e m a s ineditos a respeito d e s s e crime no Pais. U m d a d o p r e o c u p a n t e e a g r a n d e m o v i m e n t a g a o d e dinheiro n a s varias f o r m a s de a t u a c a o . " E n q u a n t o o m e r c a d o d o narcotrafico m o v i m e n t a pelo m u n d o cerca d e R$ 52 bilhoes, o s crimes d e pedofilia giram e m torno d e R$ 105 bilhoes", afirmou o senador.

2.2 A S P E C T O S C O N C E I T U A I S

E n s i n a m o s filologos q u e a s palavras tern o r i g e m propria e d e v e m ser e m p r e g a d a s e m s e u sentido especifico. No q u e t a n g e ao Direito, e s s a regra s e f a z e s s e n c i a l , para evitar falhas e s e d i m e n t a c a o e m prejuizo d a s o c i e d a d e .

Para e x p o r e explicar d e v i d a m e n t e o sentido e significado d o v o c a b u l o pedofilia, e indispensavel investigar s u a etimologia. T a l palavra deriva d o grego

nai5o(piAia < naiq - Paido - q u e evoluiu para Pedos q u e significa "crianga" e cpiAict, e

a ultima particula Philos q u e s e t r a d u z e m " a m i z a d e " ; "afinidade"; "amor", "afeigao", "atragao"'; "atragao ou afinidade patologica por" "tendencia p a t o l o g i c a " .

A pedofilia esta unida a u m conceito d e c u n h o psicanalitico, definido, c o m o u m a t e n d e n c i a , u m a inclinagao d e u m sujeito d e s e atrair d e f o r m a irresistivel por criangas e c o m elas exercer praticas eroticas.

A s s i m , e m fungao d a imprecisao d o t e r m o pedofilia, pois tal e x p r e s s a o c o n d u z a u m a percepgao superficial d o f e n o m e n o , s e faz necessario fazer a distingao entre pedofilia e pederastia, visto q u e existe u m a p r o x i m i d a d e entre a s d u a s palavras, o c o r r e n d o desta f o r m a u m a c o n f u s a o entre a definigao d e l a s . O

(18)

dicionario define a pedofilia c o m o s e n d o u m a p e r v e r s a o que leva u m individuo adulto a s e sentir s e x u a l m e n t e atraido por criangas , s e n d o o pedofilo quern s e n t e a i m p u l s a o da pedofilia e/ou a pratica. E n q u a n t o q u e pederastia tern por definicao a "pratica sexual entre u m h o m e m e u m rapaz mais j o v e m , significando t a m b e m a h o m o s s e x u a l i d a d e masculina". A n a l i s a n d o - s e , o significado das d u a s palavras, conclui-se q u e para existir a pedofilia e necessario que haja a v o n t a d e sexual, e n q u a n t o q u e para ocorrer a pederastia exige atos executorios para a sua c o n s u m a c a o .

A pedofilia e u m a parafilia especifica, ou seja, perturbacoes d a s e x u a l i d a d e q u e p o d e m ser c o n s t a n t e s ou e p i s o d i c a s , q u e se m a n i f e s t a m atraves de fantasias ou d e c o m p o r t a m e n t o s recorrentes e que sao sentidas pelo proprio c o m o s e x u a l m e n t e excitantes, m a s nao se s a b e a o certo o p o r q u e d e s t a perturbada o r i e n t a c a o sexual.

A s parafilias sao c o n h e c i d a s t a m b e m por perversoes, definidas particularmente pela psicanalise, c o m o transtornos de u m a estrutura psicopatologica caracterizada pelos desvios de objeto e finalidade s e x u a i s . A p e s s o a portadora de p e r v e r s a o sente-se a t r a i d a por aquilo q u e e p e s s o a l m e n t e ou s o c i a l m e n t e proibido e inaceitavel.

A l e m d a pedofilia (foco e m criangas p r e - p u b e r e s ) , as parafilias e s p e c i f i c a s mais c o n h e c i d a s sao: o exibicionismo (exposigao d o s genitais); o fetichismo (uso de objetos i n a n i m a d o s ) ; o frotteurismo (tocar o u rogar-se n u m a pessoa q u e nao c o n s e n t e ) ; masochismo sexual (ser objeto de h u m i l h a g a o ou sofrimento); o s a d i s m o sexual (infligir dor); o fetichismo travestido (traves-tir-se); e o voyeurismo (observar atividade sexual).

Esclarecedoras, a respeito, sao as explicagoes de Muller (2002, p a g s . 2 3 e 24):

Para quern o termo pedofilia pressupoe "uma atragao sexual particular por criangas masculinas ou, mais frequentemente, femininas. (...) A atragao sexual pode ser exclusiva ou nao, pode visar criangas pequenas, ate recem-nascidos, ou pre-adolescentes".

D e a c o r d o c o m A M O R I M (2009J, e m entrevista realizada c o m Danilo Baltieri, este m e s t r e e doutor e m m e d i c i n a pelo D e p a r t a m e n t o de Psiquiatria da F a c u l d a d e de Medicina d a Universidade de S a o Paulo e c o o r d e n a d o r do a m b u l a t o r i o d e t r a n s t o r n o s d a s e x u a l i d a d e d a f a c u l d a d e de Medicina d o A B C ( A B S e x ) , elucida que

(19)

A M e d i c i n a e n t e n d e a Pedofilia c o m o u m a d o e n g a , classificada entre os c h a m a d o s T r a n s t o r n o s da Preferencia Sexual. O t e r m o pedofilia, ao q u e a m e d i c i n a se refere, e caracterizado por fantasias, atividades e / ou praticas sexuais intensas e recorrentes, e n v o l v e n d o criangas e / ou p u b e r e s c o m m e n o s d e 14 a n o s d e idade. Isso significa q u e o portador d e pedofilia excita-se s e x u a l m e n t e , p r e d o m i n a n t e m e n t e ou q u a s e q u e e x c l u s i v a m e n t e c o m criangas ou a d o l e s c e n t e s . Trata-se de u m a d o e n g a clinica, o n d e o portador tern dificuldades para c e s s a r s u a s fantasias e excitagao sexual e n v o l v e n d o criangas e / ou a d o l e s c e n t e s .

A pedofilia, por si so, nao e u m crime, m a s u m estado psicologico e u m desvio s e x u a l . A p e s s o a pedofila p a s s a a c o m e t e r u m c r i m e q u a n d o , b a s e a d o e m s e u s d e s e j o s s e x u a i s , c o m e t e atos c r i m i n o s o s c o m o a b u s a r s e x u a l m e n t e d e criangas, divulgar ou produzir pornografia infantil.

C o m o b e m salienta o artigo Pedofilia e m X e q u e (2009):

Ha quern acredite que pedofilia e doenga. "E como a cleptomania" compara Thiago Tavares, presidente da Safernet Brasil, que recebe e processa denuncias de pedofilia na rede. "E um conceito clinico. No caso da cleptomania, o furto e o crime. Da mesma forma o crime nao e o desejo sexual por criangas, colocar isso em pratica sim".

A s s i m , f a z e n d o u m paralelo entre toda a evolugao historica d a pedofilia, seja no Brasil, seja no m u n d o , e c h e g a n d o a atualidade, d e m o n s t r a d o por M A R T I N S , (2002), q u e e t a m b e m n e s s a e p o c a m o d e r n a q u e se intensifica a pornografia infantil, e m virtude da popularizagao d o s m e i o s de c o m u n i c a g a o e a facilidade de produzir, receber e fornecer material erotico por diversos m e i o s , dentro o s quais o principal e a internet.

Por isso, e necessario que haja u m a tipificagao na legislagao penal brasileira para disciplinar e c o m b a t e r tal c o n d u t a , q u e esta cada v e z m a i s presente na nossa s o c i e d a d e , m a s e s p e c i f i c a m e n t e atraves da evolugao tecnologica, o n d e a pratica da pedofilia e n c o n t r o u o s e u lugar de exercicio, divulgagao e e x p a n s a o , t o m a n d o rumos a s s u s t a d o r e s .

(20)

2.3 O P E D O F I L O E S U A V l T I M A

Na classificacao internacional de d o e n c a s (CIM 10), d a O r g a n i z a c a o Mundial d e S a u d e ( O M S ) , d a t a d a do primeiro trimestre de 1993, a pedofilia e tratada no capitulo "perturbacao d a preferencia sexual". A pedofilia e definida c o m o u m a preferencia sexual por criangas, g e r a l m e n t e d e idade p r e - p u b e r e ou no inicio d a p u b e r d a d e . C o n f o r m e o relatorio d a O M S , certos pedofilos s a o u n i c a m e n t e a t r a i d o s por m e n i n o s , outros por m e n i n a s , e ha, ainda a q u e l e s que nao p o s s u e m preferencia d e g e n e r o s e x u a l .

V a l e salientar q u e e s s a perturbagao nao se verifica c o m f r e q u e n c i a entre as m u l h e r e s , o q u e nao mostra que nao ocorra a pratica d a pedofilia no universo f e m i n i n o , e m b o r a , tal ocorrencia nao e muito vista. S e g u n d o u m e s t u d o d e s e n v o l v i d o pela Fondation Scelles, instituigao f r a n c e s a c o m atuagao no c o m b a t e a exploragao s e x u a l , constata-se que m e n o s de 1 0 % dos registros d e pedofilia s e j a m atribuido a s m u l h e r e s .

C o n f o r m e S a n t o s (2002, p a g . 4 0 ) , psicologos e m e d i c o s d a area i n f o r m a m q u e :

o abusador e uma pessoa comum na sociedade, e normalmente mantem preservadas as demais areas de sua vida. Ele e alguem que geralmente tern um trabalho, familia e as vezes ate pode ser repressor e moralista, pode ter ainda bom acervo intelectual. Mas, na verdade, e uma pessoa sexualmente perversa. Para ele, enganar e tao excitante quanto a propria pratica do abuso. Ele necessita da fantasia de poder sobre sua vitima, usa das sensacoes despertadas no corpo da crianca ou adolescente para subjuga-la, incentivando a decorrente culpa que surge na vitima. Muitos casos sao tambem de homens casados insatisfeitos sexualmente e ele se sente seguro na agao sexual e no controle da situacao diante da crianga.

O t e r m o pedofilia, q u e ha muitos a n o s e a p r e s e n t a d o nos m a n u a i s d e psicopatologia e q u e so hoje ingressa na l i n g u a g e m de t o d o s nos, tern c o m o significado, o ato ou a fantasia de ter contatos s e x u a i s c o m criangas e m idade pre-p u b e r e s (13 a n o s ou m e n o s ) . D a d o impre-portante pre-para ser frisado e q u e o pre-pedofilo tern d e ter m a i s de 16 a n o s e ser cinco a n o s m a i s v e l h o q u e a v i t i m a . A pedofilia e n v o l v e n d o vitimas f e m i n i n a s e relatada c o m maior f r e q u e n c i a do q u e a pedofilia e n v o l v e n d o m e n i n o s .

(21)

F I K E L H O R (2007) propos u m m o d e l o c o m quatro precondigoes o n d e e s t a o inclusos v a r i a d o s fatores e n v o l v e n d o os a g e n t e s do a b u s o sexual, primeiro esta presente a motivagao: q u e e o desejo d e a b u s a r s e x u a l m e n t e de u m a crianga, e nela se i n c l u e m ; a c o n g r u e n c i a e m o c i o n a l : o a b u s a d o r procura satisfazer u m a n e c e s s i d a d e e m o c i o n a l ; a excitagao s e x u a l : o a b u s a d o r esta c o n d i c i o n a d o pela atragao sexual a criangas ou a sexo n a o - c o n s e n s u a l ; o bloqueio: o a b u s a d o r tern de m a n e j a r bloqueios internos e externos para poder estabelecer relagoes s e x u a i s c o m p e s s o a s adultas. A s e g u n d a precondigao e as inibigoes internas, q u e d i z e m respeito a s u p e r a g a o d o s inibidores internos e implica q u e o a b u s a d o r d e , a si m e s m o , a p e r m i s s a o de a b u s a r s e x u a l m e n t e d e u m a crianga, g e r a l m e n t e e l a b o r a n d o a auto-justificagao infundada de q u e isso nao e prejudicial a ela ou q u e constitui algo

natural, d e s s a m a n e i r a , o a b u s a d o r libera a s u a motivagao. A terceira precondigao e as inibigoes externas q u e se referem a s u p e r a g a o d o s inibidores e x t e r n o s que p o d e m estar i m p e d i n d o o a b u s o s e x u a l . C o m a retirada de inibidores e x t e r n o s , criam-se o p o r t u n i d a d e s para q u e o a b u s o acontega. E por ultima precondigao esta a resistencia que trata da superagao d a s d e f e s a s d a crianga.

O M a n u a l Diagnostico, e Estatistico de D o e n g a s Mentais d a A s s o c i a g a o de Psiquiatras A m e r i c a n o s (1994), deixar u m a pessoa c o m o pedofila caso ela seja e n q u a d r a d a e m tres requisitos: primeiro, q u e por u m p e r i o d o d e ao m e n o s seis m e s e s a p e s s o a possui intensa atragao s e x u a l , fantasias sexuais ou outros c o m p o r t a m e n t o s d e carater sexual por p e s s o a s m e n o r e s de 13 a n o s de idade; s e g u n d o a p e s s o a decide por realizar s e u s d e s e j o s e s e u c o m p o r t a m e n t o e afetado por e s t e s , onde tais d e s e j o s c a u s a m e s t r e s s e ou dificuldades intra e, ou interpessoais; e, por fim a pessoa p o s s u i m a i s do q u e 16 anos de idade, e e ao m e n o s cinco a n o s mais velha do q u e a(s) criangas(s) citada(s), isto e, as v i t i m a s . Este criterio nao e valido para individuos ao final d a a d o l e s c e n c i a , ou seja, t e n h a entre 17 e 19 a n o s d e idade, e e envolvido e m u m relacionamento a m o r o s o c o m u m

individuo c o m idade entre 12 e 1 3 a n o s .

C o m o d e s t a c a A Z E V E D O E G U E R R A (1999), p o d e - s e dividir os a g r e s s o r e s sexuais ou pedofilos e m dois g r a n d e s g r u p o s : circunstanciais, estes nao a p r e s e n t a m u m a preferencia sexual pelas criangas, m a s praticam o sexo c o m elas por nao p o s s u i r e m limites morais e por satisfazer u m d e s e j o de e x p e r i m e n t a r u m a relagao sexual c o m j o v e n s ; j a os preferenciais a p r e s e n t a m u m a primazia definida e clara pelo sexo c o m criangas, e s t e tipo d e p e s s o a a p r e s e n t a u m a d e s o r d e m de

(22)

p e r s o n a l i d a d e q u e Ihe motiva a b u s c a por c o m p a n h e i r o s sexuais imaturos e vulneraveis, a s s i m , os a g r e s s o r e s preferenciais constituem u m a p e q u e n a minoria dentro do grupo de a b u s a d o r e s s e x u a i s , m a s p o d e m a b u s a r p o t e n c i a l m e n t e d e u m g r a n d e n u m e r o de m e n o r e s .

A i n d a tratando da divisao do g r u p o de pedofilos, e s p e c i f i c a d a m e n t e o grupo d o s a g r e s s o r e s preferenciais, constata-se q u e estes nao sao h o m o g e n e o s e m s u a f o r m a de agir, m a s p o d e m ser identificados e m tres g r a n d e s tipos de c o n d u t a : os s e d u t o r e s , q u e utilizam o afeto, a atengao e os presentes para atrair as vitimas, estes s a o c a p a z e s de e s p e r a r g r a n d e s p e r i o d o s de t e m p o e n q u a n t o s e d u z e m as criangas ate que estas a c e i t e m o a b u s o e u s a m a a m e a g a e a violencia para evitar q u e revelem o acontecido; os introvertidos, estes tern dificuldades para se relacionar c o m os m e n o r e s , m a n t e m u m nivel m i n i m o d e c o m u n i c a g a o c o m eles e t e n d e m a procurar criangas d e s c o n h e c i d a s e e x t r e m a m e n t e p e q u e n a s ; e os sadicos, por sua vez, c o n s t i t u e m o grupo mais n u m e r o s o , pois c o n s e g u e m a satisfagao sexual atraves do d a n o a suas v i t i m a s , tal tipo de agressor p o d e utilizar a forga fisica para persuadir a crianga, incluindo o s e q u e s t r o e, e m alguns c a s o s , o a s s a s s i n a t o posterior c o m o afirma A Z E V E D O E G U E R R A (1999).

A s s i m , a q u e l e que a b u s a s e x u a l m e n t e de criangas a p r e s e n t a transtornos d e personalidade e c o n d u t a , organicos ou psiquiatricos, p o d e n d o manifestar, a l e m disso, alteragao c o m p o r t a m e n t a l de a j u s t a m e n t o s e x u a l , induzido pelo uso a b u s i v o de alcool e outras drogas. A c o n d u t a dos pedofilos e repetitiva, e estes t e n t a m explicar q u e s e u s atos tern valor educativo para a crianga que a vitima tern prazer s e x u a l , e q u e sao elas quern os provoca o u , ainda, q u e c o m criangas nao adquirirem d o e n g a s c o m facilidade.

Para justificarem a s s u a s praticas, e c o m u m ouvir de alguns a b u s a d o r e s sexuais a r e f e r e n d a ao m o m e n t o e m que eles proprios f o r a m vitimas, e a s s i m , apresentar u m a d e s c u l p a para a pratica de u m ato tao a b s u r d o . O s m e s m o s d i z e m q u e o adulto (abusador) representava o m e d o , a angustia, o terror e q u e nunca m a i s c o n s e g u i r a m se libertar d e s s a i m a g e m a m e a g a d o r a .

O s pedofilos, na maioria d a s v e z e s nao s e n t e m a r r e p e n d i m e n t o ou mal-estar pela c o n d u t a d o s seus atos. Estes p o d e m ser h o m o s s e x u a i s , heterossexuais ou bissexuais; c a s a d o s ou solteiros; h o m e n s ou mulheres, e pertencer a t o d a s as profissoes e classes sociais. O s sujeitos q u e so m a n t e m praticas sexuais c o m criangas e m idade pre-pubere sao c h a m a d o s pedofilos exclusivos. A q u e l e s q u e ,

(23)

para a l e m d o s s e u s contatos sexuais ditos n o r m a i s , recorrem a i n d a a praticas sexuais c o m criangas e m idade p r e - p u b e r e7, sao c h a m a d o s de pedofilos nao

exclusivos. O s a b u s a d o r e s que tern preferencia por criangas do s e x o f e m i n i n o e s c o l h e m habitualmente m e n i n a s c o m idades entre o s 8 e 10 anos, ja o s q u e tern prioridade por m e n i n o s p r o c u r a m criangas m a i s velhas., e o q u e afirma o psicologo clinico C O U T I N H O ( 2 0 0 7 ) .

No artigo "Pedofilia e d o e n g a m a s c u l i n a " publicado pela Folha de S a o Paulo e m vinte de Janeiro de dois mil e u m , observa-se q u e os a b u s a d o r e s muitas v e z e s b u s c a m s e u s e m p r e g o s e o c u p a g o e s e m contato diario c o m criangas e pre-a d o l e s c e n t e s , c o m o c r e c h e s , e s c o l pre-a s , centros de pre-assistencipre-a socipre-al e orfpre-anpre-atos. Desta f o r m a , o s pedofilos se relacionam c o m a s criangas de s e u cotidiano e entao, elas se t o r n a m alvo relativamente facil para s e u s atos d e pedofilia.

Existem diversas f o r m a s d e a b o r d a g e m d o s pedofilos, a internet e d e s t a c a d a c o m o a principal delas, visto q u e e s s e meio virtual e m a i s s e g u r o e s s a pratica. Por s u a caracteristica global, a internet oferece a c e s s o a n o n i m o c o m m a i s facilidade, s e m risco imediato de a c u s a g a o , c o m o c o s t u m a - s e advir e m contatos pessoais..

A s s i m , p o d e - s e elencar as f o r m a s m a i s utilizadas na internet de contato entre o s pedofilos e s u a s vitimas, s e n d o e l a s : m e n s a g e i r o instantaneo: p r o g r a m a q u e permite a c o m u n i c a g a o instantanea entre p e s s o a s , individualmente ou e m g r u p o , atraves d e textos ou voz, e s s a f e r r a m e n t a p e r m i t e ainda o intercambio d e v i d e o s e fotos, por e x e m p l o , m s n ; chat; blog; fotolog: e u m registro d i v u l g a d o na

internet, c o m o se fosse u m diario, o n d e o usuario e s c r e v e s u a s ideias, angustias,

desejos, e t a m b e m pode incluir informagoes pessoais e fotos; e-mail; redes d e r e l a c i o n a m e n t o : s a o e s p a g o s virtuais c a p a z e s d e reunir individuos e instituigoes c o m afinidades ou objetivos c o m u n s , m a n t e n d o e a m p l i a n d o r e l a c i o n a m e n t o s interpessoais.

O c o n t e u d o sexual d a internet a p r e s e n t a - se e m i n u m e r a s paginas d a w e b , incluem textos, i m a g e n s e c o n v e r s a g o e s entre usuarios, envolve avisos publicitarios, f o r u n s e outras f o r m a s de c o m u n i c a g a o , e vai d e s d e a p o r n o g r a f i a8 m e n o s agressiva

7 Segundo o dicionario Aurelio, a palavra pre-pubere diz-se de ou crianga que ainda nao atingiu a

puberdade.

Pornografia, significa 1. Tratado acerca da prostituigao; 2. Figura(s), fotografia(s), filme(s), espetaculo(s), obra literaria ou de arte, etc., relativos a, ou que tratam de coisas ou assuntos obscenos ou licenciosos, capazes de motivar ou explorar o lado sexual do individuo; 3. Devassidao, libidinagem.

(24)

ate u m g r a u m a i s e l e v a d o , c o m o por e x e m p l o a p r o p a g a g a o d e i m a g e n s c o m c o n t e u d o p o r n o g r a f i c o . E m relagao a o t e o r s e x u a l , a internet o f e r e c e s u a n o c i v i d a d e q u a n d o p r o m o v e e s p e c i f i c a m e n t e o s e x o c o m m e n o r e s . Neste c a s o , a rede e e m p r e g a d a p a r a o servico d a pedofilia, p r o p o r c i o n a n d o o c o n t e n t a m e n t o d o s p e d o f i l o s , a t i n g i n d o a o s d o i s g r u p o s d e pedofilos, c i r c u n s t a n c i a i s e p r e f e r e n c i a i s . A s s i m , a pedofilia n a o e u m f e n o m e n o d a i d a d e m o d e r n a , c o m o v i s t o e m m o m e n t o anterior m a n i f e s t o u - s e d e s d e a a n t i g u i d a d e , p o r e m , e s s e s d e s v i o s s e x u a i s s e e n c o n t r a v a m isolados e s i l e n c i a d o s pelo o s t r a c i s m o e a s e v e r a critica s o c i a l , no e n t a n t o , o a p a r e c i m e n t o d a t e c n o l o g i a digital e da internet tern p r o p i c i a d o u m a c o n t e c i m e n t o d e c o n f r a t e r n i z a g a o e a p o i o m u t u o , p r o d u t o d a c e l e r i d a d e , m u l t i l a t e r a l i d a d e e a n o n i m a t o d a s c o m u n i c a c o e s atuais.

S e g u n d o a Revista A m b i t o J u r i d i c o ( 2 0 0 8 ) , e m artigo p u b l i c a d o s o b o titulo: "A pedofilia c o m o tipo e s p e c i f i c o na legislagao p e n a l brasileira", a a t u a g a o d o s pedofilos pela internet se m a n i f e s t a e m v a r i a s m o d a l i d a d e s , o n d e a s tres principals s a o :

[...] a criagao de redes de confraternizagao pedofila: servem para propiciar o contato entre individuos consumidores de sexo infantil. Os pedofilos utilizam as conversagoes pela rede visando a troca de textos, fotografias e videos, elaborando avisos publicitarios visando o intercambio de informagao referente aos seus interesses nos menores. Os lagos de fraternidade que se estabelecem pela internet os ajudam psicologicamente a escapar de sentimentos de culpa e evitar o isolamento, conquistando, por sua vez, o necessario anonimato de suas agoes ilicitas; [...]

[...] o intercambio e desfrute da pornografia: Os pedofilos, preferencialmente os clinicamente considerados como tal, se satisfazem ao colecionar compulsivamente fotografias e gravagoes de audio e video, onde se verificam abusos sexuais com menores nos quais participam os pedofilos ou terceiros; materials que ao circular pelas vias da rede mundial de computadores solidificam este fenomeno que e a pornografia infantil digital [ - ]

[...] relagao on-line entre os menores e os pedofilos: Outra das formas que corporificam o abuso sexual pedofilo pela internet consiste em persuadir as criangas para que permitam ser filmadas ou fotografadas atraves da

"webcam", passando a ser sujeitos da pornografia. Esta variavel supoe a

interagao on-line que usada de forma reiterada busca desenvolver sentimentos de confianga do menor no seu interlocutor pedofilo, o qual em geral comega sua sedugao com conversas correntes de amizade e pouco a pouco se direciona para o tema sexual, ate eliminar qualquer resistencia do menor. Os aliciadores pedem para a crianga nao contar para o "papai ou mamae" sobre o assunto, ameagando-os de nao enviar mais materiais. As criangas nao estando orientadas sobre estes riscos acabam fascinadas com o que veem, e logo passam a fazer confidencias sobre sua vida, onde

(25)

moram, onde estudam, seus numeros de telefone, etc. O maior perigo aparece quando o pedofilo visa a mudanca do ambiente de seu intercambio com a crianca da realidade virtual para a realidade fatica, mediante a realizacao de encontros pessoais entre ele e o menor, pondo em perigo a seguranca fisica dessa crianca, quando nao a morte, pois muitas vezes o abusador elimina o menor para apagar as possibilidades de ser reconhecido criminalmente [...]

Dessa f o r m a , Monteiro (2000,) explica q u e :

Atraves da Internet pedofilos assumidos ou nao vem se satisfazendo no seu prazer sexual solitario com criangas e adolescentes. Alem do mal obvio causado, merece discussao o fato de que a divulgacao livre do sexo com criangas satisfaz ao que ja foi chamado de inconsciente coletivo pedofilo da sociedade. Mas esta sociedade ha muito estabeleceu regras, e todos devem segui-las. O reconhecimento dos codigos eticos da sociedade, talvez seja a melhor forma de combater a pornografia infantil na internet.

O Jornal O p i n i a o e Noticia (2006), informa que C e r c a de mil novos sites d e pedofilia sao criados t o d o s o s m e s e s no Brasil. Destes, 5 2 % tratam de crimes contra criangas de 9 a 13 anos, e 1 2 % d o s sites de pedofilia e x p o e m crimes contra b e b e s d e zero a tres m e s e s de idade, c o m fotografias.

O psicologo clinico C O U T I N H O (2007), explica q u e a pedofilia tern u m a e v o l u g a o cronica, c o m c o m p o r t a m e n t o s q u e v a o d e s d e despir as criangas, c o m o t a m b e m observa-las, toca-las, praticar c o m elas o sexo oral, a m a s t u r b a g a o e ate a penetragao. Dentre os tipos d e pedofilos existe a q u e l e que s o m e n t e f o r n e c e o u v e n d e v i d e o s o u fotos c o m c o n t e u d o pornografico infantil; aqueles que a b u s a m de s u a s v i t i m a s , por meio de posterior e n c o n t r o m a r c a d o pela internet, s e n d o a s s i m m a i s facil d e descobrir s e u paradeiro, ou ao m e n o s s u a descrigao; e ha os q u e e x c l u s i v a m e n t e " a d m i r a m " s u a s vitimas c o m o m e i o de divertir s u a lascivia, t o r n a n d o -se mais dificil sua exposigao.

Importante salientar q u e , a maioria d a s definigoes de a b u s o sexual infantil f a z e m r e f e r e n d a a u m a multiplicidade de atividade s e x u a i s , incluindo situagoes e m q u e nao existem contactos fisicos p r o p r i a m e n t e ditos. Deve considerar-se a b u s o sexual a utilizagao de criangas e/ou a d o l e s c e n t e s para a satisfagao do d e s e j o sexual de p e s s o a s m a i s velhas. S a o ainda c o n s i d e r a d a s situagoes de a b u s o sexual t o d a s a s q u e v a o do t e l e f o n e m a o b s c e n o , ate a penetragao. Neste contexto d e v e m o s relembrar ainda a q u e s t a o d a exploragao sexual de criangas, que esta presente q u a n d o ha u m a d a s seguintes situagoes: a s s e d i o s e x u a l , intra ou extra familiar,

(26)

inclusive o incesto - r e l a c i o n a m e n t o sexual entre parentes c o n s a n g u i n e o s ; prostituigao infantil; pornografia infantil; turismo sexual e trafico de criangas.

Explica N O G U E I R A (2001) que e m relagao aos contatos realizados, alguns pedofilos s e n t e m - s e atraidos, c o n t u d o nao f a z e m nada c o m as criangas e a d o l e s c e n t e s , a l e m de presentea-las, e adora-las e x c e s s i v a m e n t e . O u t r o s criam lagos afetivos intensos, p o r e m s e m t o q u e s fisicos, outras p e s s o a s nao se c o n t e n t a m c o m o simples lago afetivo e p a r t e m para o ato fisico, c h e g a n d o a s e r e m violentos, d e s n u d a n d o - a s , acariciando-as s e x u a l m e n t e ou ainda, as m o s t r a n d o fotos e v i d e o s de f u n d o pornografico.

Explicitando ainda sobre o assunto, Nogueira (2008, pag.111) destaca

A conduta de um abusador e aliciador sexual de criangas comega com perguntas diretas, tais como "Voce ja foi beijado (a)? ou "Alguma vez voce ja se apalpou?". Delicadamente comegam a declarar suas intengoes, tais como: "Talvez nos devessemos nos encontrar um dia e eu poderia mostrar quanto a amo" ou "Talvez pudesse tirar fotografias de voce se tocando". Os mesmo ensinam as criangas a se masturbarem, comegam a esbogar razoes para o relacionamento, tais como amor, amizade, ou relacionamento duradouro.

E m relagao ao t r a u m a o c a s i o n a d o a crianga, d e p e n d e nao so do tipo d e ato a q u e esta foi v i t i m a , m a s t a m b e m d a idade q u e tinha na ocorrencia do fato, ou c o m o foi a assistencia d a d a a m e s m a . A crianga q u e e s e x u a l m e n t e a b u s a d a cria s e n t i m e n t o s de m e d o , v e r g o n h a , perda d a confianga e m p e s s o a s do m e s m o sexo do abusador, s e n t i m e n t o s de culpabilidade, baixa auto-estima, m e d o d o s interrogatorios e da d e v a s s a d a sua intimidade e d a f a m i l i a , m e d o d a exposigao publica, a l e m de m a i s tarde, poder vir a sofrer de d e p r e s s a o e a n s i e d a d e . S e g u n d o a O r g a n i z a g a o Mundial de S a u d e (1994) se as v i t i m a s f o r e m rapazes, e n t a o existe u m a probabilidade de se t o r n a r e m a g r e s s o r e s , p o d e n d o repetir os m e s m o s c o m p o r t a m e n t o s a que f o r a m sujeitos.

De a c o r d o c o m S I M O E S (2007), psicologa clinica e de a c o n s e l h a m e n t o , relata que e m b o r a r a r a m e n t e relatem o a b u s o , as v i t i m a s da pedofilia e m decorrencia do t r a u m a c o s t u m a m apresentar m u d a n g a s de c o m p o r t a m e n t o ou s i n t o m a s fisicos. O s mais c o m u n s s a o : d o r e s na regiao genital ou e m q u a l q u e r outra parte do corpo s e m motivo a p a r e n t e , dificuldade para urinar o u defecar, infecgoes urinarias c o n s t a n t e s e s a n g r a m e n t o s inesperados. Dentre as m u d a n g a s de c o m p o r t a m e n t o , as criangas p a s s a m a falar de sexo c o m f r e q u e n c i a e a fazer

(27)

p e r g u n t a s sobre o assunto, d e p r e s s a o constante, irritabilidade por motivos inexplicaveis, v e r g o n h a e m e d o s e x c e s s i v o s , e s q u i v a e x a g e r a d a a q u a l q u e r tentativa de t o q u e ou contato fisico por parte d o s adultos e q u e d a repentina no r e n d i m e n t o escolar.

E indispensavel que os adultos t e n h a m consciencia d o s sinais e s i n t o m a s q u e p o d e m indicar que o m e n o r esta s e n d o vitima de a b u s o sexual. Desta m a n e i r a , os m e s m o s d e v e m conversar c o m s e u s filhos sobre os riscos q u e e x i s t e m na

internet, m a n u s e a r o s c o m p u t a d o r e s utilizados pelas criangas e ver os s e u s sites

favoritos, colocar o c o m p u t a d o r e m lugar da c a s a onde t o d o s t e n h a m a c e s s o , e nao no quarto da crianga, pois e muito mais dificil para o d e l i n q u e n t s tentar u m a s s e d i o q u a n d o o c o m p u t a d o r estiver, por e x e m p l o , e m u m lugar e m q u e muitos t e n h a m a c e s s o , usar servigos d e bloqueio de sites de pornografia, m o n i t o r a n d o e s p e c i a l m e n t e as salas d e b a t e - p a p o que o filho acessa; ensinar a crianga a usar c o r r e t a m e n t e o servigo de e-mail, dentre outros c u i d a d o s .

U m fato relevante e q u e d e v e ser e s t u d a d o por psiquiatras, psicologos e t o d o s o s que t r a b a l h a m no c o m b a t e a este terrivel p r o b l e m a , e q u e u m a g r a n d e parte d e a c u s a d o s de pedofilia tern um perfil suicida, isto e, t e r m i n a m se s u i c i d a n d o por v e r g o n h a . Tal estatistica p o d e ser c o m p r o v a d o atraves d e varios e x e m p l o s trazidos por Nogueira (2008 pags. 123 a 1 2 7 ) :

Vergonha motiva morte de 32 internautas a c u s a d o s de pedofilia: Dos

7.200 acusados de pedofilia pela "Operation Ore", 32 cometeram suicidio. A operagao conduzida pela policia britanica com base em informacoes do FBI( policia federal norte-americana)foi concluida em 2003 e tinha como objetivo combater a pornografia infantil on-line.A causa dessas mortes teria sido a dificuldade dessas pessoas em conviver com a vergonha das acusacoes, de acordo com fontes do site "The Register" [...]

"Padre envolvido em escandalo de pedofilia s e suicida nos E U A 17/05/2002": Um padre de 64 anos que foi retirado do cargo em abril, apos

o surgimento de acusacoes de que ele teria abusado sexualmente de jovens, suicidou-se ontem em um instituto psiquiatrico catolico, disse hoje fontes da Igreja, que pediram oragoes por sua alma, e da policia. Este foi o segundo suicidio de um religioso desde fevereiro, quando teve inicio o escandalo de pedofilia que abala a Igreja Catolica norte-americana e que ja levou a prisao varios padres [...]

"Sacerdote Italiano acusado de pedofilia s e suicida: "Roma, 11 ago

(EFE).". o sacerdote italiano Marco Agostini, de 43 anos, se suicidou hoje na casa de sua mae em Roma, onde estava em prisao domiciliar apos ser acuado de pedofilia, informou a imprensa local. O religiosos, que ja tinha tentado se suicidar com uma overdose de remedios, foi encontrado por sua enforcado em um dos quartos [...]

(28)

"Jovem s e mata em blitz antipedofilia. Rapaz de 17 anos s e atirou da janela enquanto P F cumpria mandado de apreensao em operacao internacional: "o jovem V.N.P.L, de 17 anos, morreu ontem ao se jogando

do quarto, no 6° andar, logo apos a chegada de quatro agentes da policia Federal ao apartamento de sua familia, no Maracana, zona norte. A PF cumpria mandado de busca e apreensao expedido pela Justica numa acao internacional contra a pedofilia na internet [...].

Portanto, a pratica da pedofilia impulsionou no m u n d o e no Brasil u m a reagao por parte d a s o c i e d a d e , resultando na criacao de o r g a n i s m o s para c o m b a t e r a o s a b u s o s de m e n o r e s , t e n d o por e s c o p o a pesquisa e e m c o n s e q i i e n c i a a d e n u n c i a a s autoridades, e c o m isso a punicao de quern pratica esta c o n d u t a ilicita. Para existir u m m a i o r c o m b a t e , e necessario e urgente a capitulacao do crime d a pedofilia no C o d i g o Penal Brasileiro, resultando e m tipo penal c o m p u n i c o e s mais s e v e r a s para os pedofilos.

Destarte, c o m o foi publicado pelo j o r n a l O Dia Online (2002), e m recente v i a g e m a o s Estados Unidos, o s e n a d o r M a g n o Malta se reuniu c o m a diregao d a

Microsoft e d a Google, e a m b o s reafirmaram o c o m p r o m i s s o d a s e m p r e s a s e m criar

f e r r a m e n t a s de c o m b a t e a crimes ligados a pedofilia na rede. A s s i m , e x p o e o s e n a d o r M a g n o Malta q u e :

"Diversas frentes de trabalho estao abertas e em andamento, como a investigacao das denuncias de redes de pedofilos nos estados e a elaboracao de novas leis para reprimir a acao dos criminosos, alem da analise do material colhido nos sites suspeitos de conteudo ilegal".

Portanto, antes de procurar u m a solugao para u m fato novo existente na s o c i e d a d e e nao n o r m a t i z a d o e s p e c i f i c a d a m e n t e pela lei do nosso pais, e necessario estudar as leis existentes na legislagao brasileira q u e e n q u a d r a m a c o n d u t a d a pedofilia, enfatizando a falta de dispositivo penal legal q u e r e g u l a m e n t a a pedofilia pela internet e posteriormente apresentar u m a solugao para o caso e m d i s c u s s a o .

(29)

3.A P E D O F I L I A NO D I R E I T O B R A S I L E I R O

Feitas a s nocoes introdutorias, c u m p r e agora e m p r e e n d e r u m a analise a c e r c a d o s m e c a n i s m o s legais, destinados a p r o m o v e r a prevengao e repressao de praticas d a pedofilia. Este capitulo visa mostrar c o m o a pedofilia e a b o r d a d a no nosso direito, principalmente no q u e se refere a pedofilia praticada por m e i o d a

internet, f a z e n d o uma m e n c a o d e c o m o e s t e delito e e n q u a d r a d o , p o r e m , nao

tipificado no C o d i g o Penal Brasileiro. A b o r d a - s e - a t a m b e m as Leis Penais Extravagantes q u e disciplinam tal materia, f a z e n d o u m breve c o m e n t a r i o a cerca d a s m e s m a s e das m u d a n g a s ocorridas r e c e n t e m e n t e e m tais dispositivos.

3.1 A P E D O F I L I A N O C O D I G O P E N A L B R A S I L E I R O

A pedofilia foi tolerada ou ignorada e m muitas legislagoes estrangeiras, s e n d o e s t a s no decorrer do t e m p o modificadas pelas s u c e s s i v a s a p r o v a g o e s d e tratados internacionais. N o a u g e d e s t e s tratados figura a a p r o v a g a o e m 1989 pela O r g a n i z a g a o d a s Nagoes U n i d a s ( O N U ) d a C o n v e n g a o Internacional sobre os Direitos d a s Criangas, q u e e m s e u artigo 19 preve a obrigagao d o s Estados a adogao d e m e d i d a s que protejam a infancia e a d o l e s c e n c i a do a b u s o , a m e a g a o u lesao a s u a integridade social.

Muito e m b o r a nas legislagoes estrangeiras a pedofilia seja c o n s i d e r a d a c o m o crime, no Brasil nao s e tern u m a legislagao especifica q u e definida a c o n d u t a tipica c o m o nomem iuris de pedofilia, ou seja, nao existe n o r m a incriminadora a ser aplicada. O Codigo Penal Brasileiro nao possui o tipo penal q u e caracterize a pedofilia, por e s s e motivo, ao ser c o n s t a t a d a a praticada d o s a b u s o s , c o n s i d e r a d o s atos pedofilos, d e p e n d e n d o do c a s o concreto, d e v e ser aplicada a legislagao penal existente, p o d e n d o tal delito ser e n q u a d r a d o c o m o e s t u p r o a n t e s previsto no artigo 2 1 3 , atentado violento ao pudor disciplinado no artigo 2 1 4 , e corrupgao d e m e n o r e s , previsto no art. 2 1 8 , t o d o s d o C o d i g o Penal.

(30)

Estupro:

Art. 213 - Constranger mulher a conjungao carnal, mediante violencia ou grave ameaga (grifo nosso).

Pena -reclusao, de seis a dez anos. Atentado Violento ao pudor:

Art. 214. Constranger alguem, mediante violencia ou grave ameaga, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjuncao carnal:

Pena - reclusao, de seis a dez anos. Corrupgao de menores:

Art. 218. Corromper ou facilitar a corrupgao de pessoa de 14(catorze) e menor de 18(dezoito) anos, com ela praticando ato de libidinagem, ou induzindo-a a pratica-lo ou presencia-lo:

Pena - reclusao, de um a quatro anos.

A pratica d a pedofilia realizada a n t e r i o r m e n t e a p r o m u l g a c a o d a Lei n.° 12.015/09, era e n q u a d r a d a dentro do crime de estupro, por ser sujeito passivo os m e n o r e s d e 14 a n o s s u b m e t i d o s a c o n j u n c a o carnal e pela a u s e n c i a de tipificagao na lei penal. Desta f o r m a , a lei ora citada cria u m tipo penal que alcanga os m e n o r e s d e 14 a n o s , p o r e m nao tipifica o crime de pedofilia praticado atraves d a internet, t e m a do referido e s t u d o . Desta f o r m a , a lei n° 12.015/019 cria no artigo 2 1 7 do C o d i g o Penal u m novo tipo penal, estupro de vulneravel:

Art. 217 - A: Ter conjungao carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:

Pena - Reclusao de 8(oito) a 15(quinze) anos.

§ 1° incorre na mesma pena quern pratica as ag6es caput com alguem que, por enfermidade ou deficiencia mental, nao tern o discernimento para a pratica do ato, ou que, por qualquer outra causa, n§o pode oferecer resistencia

§2° (VETADO)

§3° Se a conduta resulta lesao corporal grave: Pena - reclusao, de 10(dez) a 20(vinte) anos. §4° Se da conduta resulta morte:

Pena - Reclusao, de 12(doze) a 30(trinta) anos.

Esta e a primeira m o d a l i d a d e tipica de estupro contra pessoa vulneravel. C o m a alteragao p r o m o v i d a pela Lei n° 12.015/09 a conjungao carnal ou qualquer ato libidinoso contra m e n o r de 14 a n o s deixou d e ser u m a simples m o d a l i d a d e do tipo penal c o m u m d e e s t u p r o para a s s u m i r a categoria de tipo penal c o m a m a r c a d a

a u t o n o m i a tipologica e d e n o m i n a g a o propria. A m u d a n g a , portanto, nao se restringiu a u m m e r o d e s l o c a m e n t o do e s p a g o normativo a n t e r i o r m e n t e o c u p a d o (art. 2 2 4 e

(31)

s u a s alineas) para o e s p a c o do n o v o artigo 2 1 7 - A do C o d i g o Penal. A g o r a , o o r d e n a m e n t o penal p a s s o u a ser integrado por mais esta infragao penal - e s t u p r o contra pessoa vulneravel - cuja c o n d u t a se identifica, e m sua parte f u n d a m e n t a l , c o m a q u e l a descrita no artigo 2 1 3 , caput, do C P .

A s s i m , de a c o r d o c o m a redacao constante no caput do artigo. 2 1 7 - A do C P , p o d e - s e d e s t a c a r os seguintes e l e m e n t o s : a) a c o n d u t a de ter conjungao carnal; b) ou praticar qualquer outro ato libidinoso; c) c o m p e s s o a m e n o r de 14 (quatorze) a n o s . N e s s a m e s m a linha, ressalta-se a importancia d e transcrever parcialmente a justificagao ao projeto que c u l m i n o u c o m a edigao da Lei n° 12.0115/09 citado por G r e g o ( 2 0 0 9 , pag 65):

O art.217-A, que tipifica o estupro de vulneraveis, substitui o atual regime de presuncao de violencia contra crianga ou adolescente menor de 14 anos, previsto no art.224 do Codigo Penal. Apesar de poder a CPMI advogar que e absoluta a presuncao de violencia de que trata o art.224, nao e esse o entendimento em muitos julgados. O projeto de reforma do Codigo Penal, entao, destaca a vulnerabilidade com idade ate 14 anos, mas tambem a pessoa que, por enfermidade ou deficiencia mental, nao possuir discernimento para a pratica do ato sexual, e aquela que pode, por qualquer motivo, oferecer resistencia; e com essas pessoas considera como crime ter conjungao carnal ou praticar ato libidinoso; sem entrar no merito da violencia e sua presungao. Trata-se de objetividade fatica.

Entao, as c o n d u t a s d o s pedofilos poderao ser e n q u a d r a d a s neste novo tipo penal, e s t u p r o contra pessoa vulneravel, c o n f o r m e seja o ato praticado por estes, visto que o sujeito passivo d e s t e c r i m e sao os m e n o r e s de 14 a n o s . P o d e n d o ainda haver a f o r m a qualificada, prevista nos § § 3 ° e 4 ° do artigo 2 1 7 - A , q u e informa q u e se d a c o n d u t a resulta lesao corporal de natureza g r a v e , a p e n a sera de 10 a 2 0 a n o s de reclusao, e se d a c o n d u t a resultam morte, pena d e 12 a 30 a n o s . P o d e n d o d a m e s m a f o r m a existir o a u m e n t o de p e n a , previsto no art.234-A, nos incisos III e IV, de m e t a d e d a pena se do crime resultar gravidez, e de u m sexto ate a m e t a d e da pena se o a g e n t e transmite a vitima doenga s e x u a l m e n t e t r a n s m i s s i v e l d e q u e s a b e o u deveria s a b e r ser portador.

A c o n d u t a pedofila podera t a m b e m ser abrangida pelo artigo 2 1 8 d o C o d i g o P e n a l , este alterado pela Lei n° 12.015/09.Este artigo, q u e previa o tipo penal de corrupgao d e m e n o r e s (tinha conotagao de corrupgao sexual e se distinguia d a hipotese r e v o g a d a de corrupgao de m e n o r e s d a Lei n° 2 2 5 2 / 5 2 ) d e s d o b r a - s e e m tres

Referências

Documentos relacionados

Antônio Ariza Gonçalves A definir - Campus Umuarama Optativa GFM041 Física da Medicina Nuclear Prof. Diego da Cunha Merigue 3D202 Optativa GFM042 Tópicos Especiais de

Após a colheita, normalmente é necessário aguar- dar alguns dias, cerca de 10 a 15 dias dependendo da cultivar e das condições meteorológicas, para que a pele dos tubérculos continue

Para preparar a pimenta branca, as espigas são colhidas quando os frutos apresentam a coloração amarelada ou vermelha. As espigas são colocadas em sacos de plástico trançado sem

Os dados descritos no presente estudo relacionados aos haplótipos ligados ao grupo de genes da globina β S demonstraram freqüência elevada do genótipo CAR/Ben, seguida

No presente estudo, catorze animais (34,15%) apresentavam algum tipo de parentesco procedente de oito diferentes propriedades rurais (26,66%), ora relacionado à vaca, ora ao touro,

Atualmente os currículos em ensino de ciências sinalizam que os conteúdos difundidos em sala de aula devem proporcionar ao educando o desenvolvimento de competências e habilidades

Apresenta a Campanha Obra-Prima, que visa a mudança comportamental por meio da conscientização diante de algumas atitudes recorrentes nas bibliotecas da

Purpose: This thesis aims to describe dietary salt intake and to examine potential factors that could help to reduce salt intake. Thus aims to contribute to