TEORIA DA ELASTICIDADE NÃO LINEAR
Márcio André Araújo Cavalcante
Universidade Federal de Alagoas – UFALCentro de Tecnologia – CTEC
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil - PPGEC
Maceió - Alagoas
Relações Constitutivas para
Dedução da
equação de balanço energético mecânico
a partir da
equação diferencial do movimento
:
O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
Potência instantânea total para sistemas contínuos no volume
V
t:
Definição de potência média e instantânea:
Trabalho realizado pelas forças atuantes no sistema no intervalo de tempo Dt. Variação da energia mecânica total do sistema no intervalo de tempo Dt.
Onde:
Nesta abordagem, a energia armazenada ou dissipada na forma de calor
é desprezada (efeitos térmicos desprezados).
O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
Energia mecânica total para sistemas contínuos no volume
V
t:
Onde:
Energia cinética total no volume Vt .
Energia potencial elástica total (Energia de deformação) no volume V0 . Densidade de energia potencial elástica (Energia de
deformação específica) no volume V0 .
Isso resulta na seguinte expressão para a
potência instantânea total
para sistemas contínuos
no volume
V
t:
Princípio da energia mecânica (
Equação de balanço energético
mecânico
):
Por analogia com a
equação de balanço energético mecânico
obtida
anteriormente, tem-se:
Uma vez que a igualdade anterior vale para qualquer região V0 , tem-se a seguinte equação diferencial de balanço energético mecânico:
O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
Elasticidade de Green ou hiperelasticidade:
O
sólido hiperelástico
é o material cuja a
energia de deformação
é
dada pela seguinte
energia de deformação específica
:
A
elascidade de Green
é um caso particular da
elasticidade de
Cauchy
, onde admite-se que o
tensor de tensão de Cauchy
é uma
função simples do
tensor gradiente de deformação
:
A elasticidade de Green é mais facilmente relacionada a resultados experimentais.
Nestas teorias, W e
s são funções apenas das
configurações inicial e final do corpo, por meio de F, o que significa que a velocidade de deformação ou as configurações intermediárias não têm efeito sobre o estado de tensão do corpo.O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
Elasticidade de Green ou hiperelasticidade:
Para o
sólido hiperelástico
tem-se:
Uma vez que:
Da
equação de balanço energético mecânico
, tem-se:
O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
Elasticidade de Green ou hiperelasticidade:
Desta forma, pode-se obter a seguinte
equação constitutiva para um
sólido hiperelástico
:
e
Significando que o primeiro tensor de tensão de Piola-Kirchhoff é energeticamente conjugado ao tensor gradiente de deformação.
O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
Elasticidade de Green ou hiperelasticidade:
Assumindo-se que a
energia de deformação específica
é uma função
do
tensor de deformação de Cauchy-Green à direita
, tem-se:
A suposição acima resulta da invariância da energia de deformação específica para movimentos de corpo rígido e será provada mais adiante.
O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
Elasticidade de Green ou hiperelasticidade:
Além disso:
Significando que o segundo tensor de tensão de Piola-Kirchhoff é energeticamente conjugado ao tensor de deformação de Green-Lagrange.
O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
Elasticidade de Green ou hiperelasticidade:
Desta forma, chega-se a seguinte relação constitutiva:
e
O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
Elasticidade de Green ou hiperelasticidade:
Para o tensor gradiente de deformação, considerando-se duas
configurações definidas nos tempos
t
e
t+
D
t
, tem-se:
e
Além disso:
O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
Elasticidade de Green ou hiperelasticidade:
Para o tensor de deformação de Green-Lagrange, considerando-se
duas configurações definidas nos tempos
t
e
t+
D
t
, tem-se:
e
Além disso:
O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
Elasticidade de Green ou hiperelasticidade:
O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
Elasticidade de Green ou hiperelasticidade:
Tensor de deformação de Almansi aplicado ao incremento do campo de deslocamentos:
O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
Elasticidade de Green ou hiperelasticidade:
Para o tensor de pequenas deformações Euleriano, considerando-se
duas configurações definidas nos tempos
t
e
t+
D
t
, tem-se:
e
Além disso:
O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
Elasticidade de Green ou hiperelasticidade:
Como:
Quando:
Tem-se:
O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
Elasticidade de Green ou hiperelasticidade:
Energia de deformação específica para uma descrição Euleriana do
movimento:
Assim:
onde
Além disso:
Significando que o tensor de tensão de Cauchy é energeticamente conjugado ao tensor de pequenas deformações Euleriano.
O PRINCÍPIO DA ENERGIA MECÂNICA E A
HIPERELASTICIDADE:
Elasticidade de Green ou hiperelasticidade:
Energia de deformação específica para uma descrição Euleriana do
movimento:
REVISÃO DE ÁLGEBRA LINEAR:
Tensores de Segunda Ordem e as Transformações Lineares:
Exemplos de transformações lineares:
(definida pelo
tensor gradiente de deformação
)
(definida pelo
tensor de rotação
)
(definida pelo
tensor de alongamento à direita
)
(definida pelo
tensor de tensão de Cauchy
)
Lei de Transformação de Tensores de Segunda Ordem:
Matriz de rotação bidimensional:
REVISÃO DE ÁLGEBRA LINEAR:
Para o sistema de coordenadas original:
Lei de Transformação de Tensores de Segunda Ordem:
Matriz de rotação bidimensional:
REVISÃO DE ÁLGEBRA LINEAR:
Desta forma:
onde:
De maneira geral, tem-se:
(Admitindo-se o mesmo comprimento do vetor “r” para ambos os sistemas de coordenadas)
Logo:
(Propriedades de um tensor de segunda ordem ortogonal próprio)
REVISÃO DE ÁLGEBRA LINEAR:
Lei de Transformação de Tensores de Segunda Ordem:
Matriz de rotação tridimensional:
(Rotação em torno do eixo-x1 )
(Rotação em torno do eixo-x2 )
(Rotação em torno do eixo-x3 ) onde: e
Propriedades (tensor de segunda ordem ortogonal próprio): e
Lei de Transformação de Tensores de Segunda Ordem:
REVISÃO DE ÁLGEBRA LINEAR:
Matriz de rotação aplicada a um vetor:
eMatriz de rotação aplicada a uma transformação linear:
Leis de trasformação de tensores de segunda ordem:
eREVISÃO DE ÁLGEBRA LINEAR:
Para soluções “não triviais”:
Que resulta na seguinte “equação característica”:
Em termo dos seguintes “invariantes”:
Valores Principais de Tensores de Segunda Ordem:
Valores Principais de Tensores de Segunda Ordem:
Prova da invariância dos invariantes quando da rotação do sistema
de coordenadas:
REVISÃO DE ÁLGEBRA LINEAR:
(O problema de autovalores e autovetores rotacionado é equivalente ao problema de autovalores e autovetores original)
Diagonalização dos tensores de segunda ordem:
(Matriz dos autovetores) Valores Principais de Tensores de Segunda Ordem:
REVISÃO DE ÁLGEBRA LINEAR:
Diagonalização dos tensores de segunda ordem:
Desta forma:Para uma matriz simétrica “A”, os autovalores são necessariamente reais e a matriz dos autovetores é ortogonal, o que resulta em:
VALORES PRINCIPAIS DOS TENSORES DE
SEGUNDA ORDEM:
Tensões principais e o respectivo sistema de coordenadas nas
direções principais:
Problema de autovalores e autovetores (tensões principais e as respectivas direções principais):
Os elementos da diagonal principal são as tensões principais, e os vetores normais unitários são mutuamente ortogonais entre si e definem o sistema de coordenadas nas direções principais.
Tensor de tensões diagonalizado:
Comprimento do elemento infinitesimal na configuração deformada:
Para o tensor de deformação de Cauchy-Green à direita diagonalizado, tem-se:
Fazendo-se: Tem-se:
O que implica em: (
l
i >0 são os alongamentos principais)VALORES PRINCIPAIS DOS TENSORES DE
SEGUNDA ORDEM:
Alongamentos principais e os invariantes do tensor de deformação
de Cauchy-Green à direita:
Tensor de deformação de Cauchy-Green à direita diagonalizado:
Invariantes do tensor de deformação de Cauchy-Green à direita em termos dos alongamentos principais:
Alongamentos principais e os invariantes do tensor de deformação
de Cauchy-Green à direita:
VALORES PRINCIPAIS DOS TENSORES DE
SEGUNDA ORDEM:
Invariantes do tensor de deformação de Cauchy-Green à direita no
estado indeformado:
Relação entre o terceiro invariante do tensor de deformação de Cauchy-Green à direita e o determinante do tensor gradiente de deformação:
Estado de deformação isocórica (sem mudança de volume):
Alongamentos principais e os invariantes do tensor de deformação
de Cauchy-Green à direita:
VALORES PRINCIPAIS DOS TENSORES DE
SEGUNDA ORDEM:
INVARIÂNCIA DA ENERGIA DE DEFORMAÇÃO
ESPECÍFICA:
Descrição Lagrangeana do Movimento:
= Posição Final (Configuração Deformada) = Posição Inicial (Configuração Indeformada)
Movimento de Corpo Rígido:
= Translação de Corpo Rígido = Rotação de Corpo Rígido
Movimento do corpo em que cada partícula permanece na mesma
posição relativa ao restante do corpo. No entanto, o corpo como um
todo é rotacionado e transladado.
Qij(t) é um tensor ortogonal próprio dependente do tempo t: e
Princípio da Indiferença do Material ao Referencial:
A energia de deformação específica é afetada somente pelo movimento relativo das partículas, sendo, desta forma, invariante aos movimentos de corpo rígido.
Fisicamente, isto significa que a energia de deformação específica não depende da posição ou movimento do observador (Física Newtoniana).
Componentes do tensor gradiente de deformação após o movimento
de corpo rígido:
INVARIÂNCIA DA ENERGIA DE DEFORMAÇÃO
ESPECÍFICA:
Invariância da energia de deformação específica para movimentos
de corpo rígido:
Princípio da Indiferença do Material ao Referencial:
INVARIÂNCIA DA ENERGIA DE DEFORMAÇÃO
ESPECÍFICA:
Como a igualdade anterior deve ser verdadeira para todo tensor
ortogonal próprio Q, nós podemos fazer:
Como U é um tensor positivo-definido, ele é unicamente determinado
por U2=C.
Isto fica mais facilmente entendido para estes tensores diagonalizados:
Princípio da Indiferença do Material ao Referencial:
INVARIÂNCIA DA ENERGIA DE DEFORMAÇÃO
ESPECÍFICA:
Desta forma, nós podemos escrever a energia de deformação específica
como uma função do tensor de deformação de Cauchy-Green à direita:
Pode-se demonstrar que a igualdade acima é suficiente para a invariância de W para movimentos de corpo rígido:
Desta forma, uma condição necessária e suficiente para a invariância de W para movimentos de corpo rígido é que W depende de F através de C:
Simetria Material:
ENERGIA DE DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA PARA
MATERIAIS ISOTRÓPICOS HIPERELÁSTICOS:
A resposta do material independe da direção de aplicação do carregamento. Materiais considerados isotrópicos: metais, borrachas, polímeros, etc.
Para uma configuração de referência
C
0 , tem-se: ePara uma segunda configuração de referência
C
0 rotacionada, tem-se:onde X ocupa a posição antes ocupada por X, e Q é um tensor
constante ortogonal próprio (tensor de rotação).
Impondo-se o mesmo movimento para a configuração rotacionada: e
Para materiais isotrópicos, tem-se: para todo Q.
Simetria Material:
ENERGIA DE DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA PARA
MATERIAIS ISOTRÓPICOS HIPERELÁSTICOS:
Um material não isotrópico é conhecido como anisotrópico.
Tensor gradiente de deformação para a configuração rotacionada:
Tensor de deformação de Cauchy-Green à direita para a configuração rotacionada:
Desta forma, para um material isotrópico:
ENERGIA DE DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA PARA
MATERIAIS ISOTRÓPICOS HIPERELÁSTICOS:
Assim:
onde:
Tensores de tensão para um material isotrópico:
Segundo tensor de tensão de Piola-Kirchhoff: Tensores de tensão para um material isotrópico:
ENERGIA DE DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA PARA
MATERIAIS ISOTRÓPICOS HIPERELÁSTICOS:
Primeiro tensor de tensão de Piola-Kirchhoff:
Tensor de tensão de Cauchy:
A partir desta expressão, pode-se chegar na seguinte relação constitutiva:
Material elástico linear:
ENERGIA DE DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA PARA
MATERIAIS ISOTRÓPICOS HIPERELÁSTICOS:
Energia de deformação específica:
(função quadrática do tensor de deformação de Green-Lagrange)
Segundo tensor de tensão de Piola-Kirchhoff:
= (tensor de rigidez do material elástico linear)
E=módulo de Young; n =coeficiente de Poisson e m =módulo de cisalhamento. Válido para o regime de grandes deslocamentos e pequenas deformações.
Modelo de Blatz-Ko:
ENERGIA DE DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA PARA
MATERIAIS ISOTRÓPICOS HIPERELÁSTICOS:
O modelo de Blatz-Ko para materiais compressíveis é uma versão simplificada da expressão sugerida por Blatz-Ko (1962).
Pode ser utilizado para modelar borrachas de espuma de poliuretano
altamente compressíveis.
Energia de deformação específica:
O coeficiente de Poisson é assumido igual a 0,25, o que implica em m =E/2,5.
Blatz, P. J. and Ko, W. L. (1962). Application of finite elasticity theory to deformation of rubbery materials. Transaction of the Society of Rheology, 6, 223-251.
Material compressível de Mooney-Rivlin:
ENERGIA DE DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA PARA
MATERIAIS ISOTRÓPICOS HIPERELÁSTICOS:
Energia de deformação específica:
onde:
Visando-se uma consistência com a elasticidade linear no regime de
pequenas deformações, tem-se:
e
O material de Mooney-Rivlin original era incompressível (n = 0,5), esta energia de deformação específica modificada foi sugerida por Susmman e Bathe (1987).
m =módulo de cisalhamento e k =módulo de elasticidade volumétrico.
Sussman, T. and Bathe, K. J. (1987). A finite element deformation of nonlinear incompressible elastic and inelastic analysis. Computers and Structures, 26, 357-409.
Material compressível de Mooney-Rivlin:
ENERGIA DE DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA PARA
MATERIAIS ISOTRÓPICOS HIPERELÁSTICOS:
A compressibilidade e o coeficiente de Poisson podem ser modificados assumindo-se diferentes valores para o módulo de elasticidade volumétrico:
O material compressível de Mooney-Rivlin é particularmente popular na
modelagem de materiais macios, por conta do controle da compressibilidade.
O material compressível de neo-Hookean seria um caso particular, quando