Aula 03
EN3457
REGULAÇÃO E MERCADO DE ENERGIA
ELÉTRICA
Prof.: Haroldo de Faria Jr
haroldo.faria@ufabc.edu.br
Histórico
Pano de Fundo para as Mudanças
Crise no Setor nos Anos 80
• Aumento da dependência de financiamentos externos
• Episódios de Racionamento:
• Região Sul (1986)
Histórico
Pano de Fundo para as Mudanças1995
• Sistema de geração operando acima do limite da capacidade nominal recomendável
• Crescentes restrições ao sistema de transmissão, aumentando o risco de interrupções (particularmente na área RJ )
• Incapacidade de investimento
• Efetivados: 1.100 MW/ano
• Necessários: 2.000 MW/ano
• Aumento das perdas técnicas e comerciais
• 23 obras paralisadas – 33 concessões não iniciadas
Histórico
Reforma BrasileiraRequisitos Necessários
- Implantar a competição nas áreas de geração e comercialização de energia elétrica
Estabelecer condições de neutralidade comercial nos serviços de transmissão e
distribuição, de tal forma que não se privilegie nenhum agente
Estabelecer regras bem definidas para o acesso e utilização dos sistemas de
Histórico
Reforma BrasileiraObjetivos
-• Assegurar mercado competitivo para assegurar custos reduzidos
• Assegurar recursos para expansão do sistema (Estado falido)
• Trazer novos investidores para a cena econômica
• Facilitar a privatização e maximizar recursos arrecadados pelo estado
Histórico
Reforma Brasileira• Início em 1995 com o projeto RE-SEB
• Seguido por uma série de implementações de cunho institucional
-Criação da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL (Lei n0 9427, de 31/11/97), responsável pela
regulamentação tarifária e estabelecimento das condições gerais de contratação do acesso e do uso dos sistemas de transmissão e distribuição;
- A forma de participação dos agentes de produção e consumo no mercado atacadista de energia – MAE (hoje CCEE) - Lei n0 9648, de 27/05/98, Decreto n0 2655, de 02/07/98;
- A definição de que as empresas transmissoras não poderiam desempenhar qualquer atividade de compra e venda de energia e que essas empresas trabalhariam com base no conceito de receita permitida (Resolução n0 142, de 10/06/99);
- A definição pela ANEEL dos equipamentos e instalações pertencentes à rede básica (Resolução n066,
de 16/04/99);
- Estabelecimento de instrumentos contratuais para a compra e venda de energia e uso do sistema de transmissão;
Histórico
Reforma Brasileira Principais alterações
-• Desverticalização
• Criação do Operador do Sistema (Privado) • Instituição do Mercado Atacadista de Energia • Limitações ao Poder de Empresa e de Mercado • Comercialização (novo segmento na cadeia)
Histórico
Reforma Brasileira- 1ª Etapa das Reformas
-• Competição na geração e comercialização
• Investidores tinham acesso a novas concessões de projetos de geração através de “leilões de concessão”, onde os vencedores tinham que conseguir as licenças ambientais e contratos bilaterais
• Privatizações (distribuição, transmissão e geração)
• Consumidores com carga superior a 3 MW podiam ser livres
• Despacho centralizado. A proposta de oferta de preços para o sistema brasileiro é inadequada devido a presença de usinas em cascata com donos diferentes
Histórico
Reforma Brasileira- 1ª Etapa das Reformas
-Expansão da capacidade
• A expansão seria induzida por uma combinação de sinais do mercado spot e contratos futuros (distribuidoras e consumidores livres tinham que estar 85% contratados)
• Os contratos financeiros tinham que ter respaldo físico.
• Distribuidoras e consumidores livres perseguiriam seu contratos para cobrir a demanda e, ao mesmo tempo, induzir a expansão da geração.
Histórico
Reforma Brasileira- 1ª Etapa das Reformas (Problemas)
-• Sinal econômico (preço spot) muito volátil para indicar corretamente e estimular a entrada de capacidade nova no sistema
• Países com forte presença de hidrelétricas podem ter uma indicação de condições conjunturais favoráveis, derrubando o preço spot, mesmo quando existem problemas estruturais de suprimento
Histórico
Reforma Brasileira- 1ª Etapa das Reformas (Problemas)
-• A necessidade de estar 85% contratada era insuficiente para garantir um suprimento adequado de longo prazo.
• A sobrecontratação era punida e as distribuidoras só podiam repassar para os consumidores 100% dos pagamentos para a compra de energia
Resultado:Subcontratação e ida ao mercado spot (preços usualmente baixos) em caso de falta de energia
• Os incentivos para a expansão da geração de energia vem da vontade das distribuidoras em contratar. Havia dificuldade em se estabelecer um benchmark para o repasse dos custos dos contratos para os consumidores
Histórico
Reforma Brasileira- 2ª Etapa das Reformas
-• Em 2003 e 2004, o governo federal determinou importantes alterações institucionais e legais em relação ao funcionamento do setor de energia elétrica
• As principais alterações foram feitas no modelo de comercialização de energia elétrica com a criação do ACR e do ACL
- Bases Fundamentais –
• Distribuidoras e clientes livres devem contratar previamente toda a energia necessária
• Distribuidoras compram energia através de leilões
• Maior garantia de repasse dos custos de compra de energia para as tarifas
Histórico
Reforma Brasileira- 2ª Etapa das Reformas
-• Implantou-se um esquema para que os contratos de energia induzam a expansão do sistema.
-Toda carga deve estar 100% contratada através de contratos financeiros de suprimento de energia (sobrecontratação de 103% permitida)
Histórico
1995 1996/1997 1998/2000 2001 2002 2003 2004/2005
Lei nº 9.074 - Estabelece normas para a outorga e prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos, criando a figura do PIE
Projeto de Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro - RE-SEB “A eficiência no setor elétrico será assegurada através da competição, onde possível, e da regulamentação, onde necessária”
Histórico
1995 1996/1997 1998/2000 2001 2002 2003 2004/2005
Crise de abastecimento (racionamento de energia) Câmara de Gestão da Crise
(Comitê de revitalização do Setor Elétrico)
Câmara de Gestão do Setor Energético (Comitê de revitalização do Setor Elétrico) (Relatórios de Revitalização)
Institui a Convenção do MAE Resolução ANEEL nº 102/02
Base Conceitual do Novo Modelo MPs 144 e 145
Regulamentação do Novo Modelo
Lei nº 10.848 - Dispõe sobre a comercialização de energia elétrica Lei nº 10.847 - EPE
Decreto 5.081 - ONS
Decreto 5.163 – Regulamenta a comercialização de energia elétrica Decreto 5175 - CMSE
Decreto 5177 - CCEE
Resolução Normativa nº 109 - Convenção de Comercialização de Energia Elétrica Resoluções da ANEEL
Regras de Comercialização
Histórico
Modelo Antigo Modelo de Livre Mercado Modelo Atual
Financiamento através de recursos públicos Financiamento através de recursos públicos e privados
Financiamento através de recursos públicos e privados
Empresas verticalizadas Empresas divididas por atividade: geração, transmissão, distribuição e comercialização
Empresas divididas por atividade: geração, transmissão, distribuição, comercialização,
importação e exportação
Empresas predominantemente Estatais Abertura e ênfase na privatização das Empresas Convivência entre Empresas Estatais e Privadas Monopólios – Competição inexistente Competição na geração e comercialização Competição na geração e comercialização
Consumidores Cativos Consumidores Livres e Cativos Consumidores Livres e Cativos
Tarifas reguladas em todos os segmentos Preços livremente negociados na geração e comercialização
No ambiente livre: Preços livremente negociados na geração e comercialização. No ambiente regulado: leilão e licitação pela menor tarifa
Mercado Regulado Mercado Livre Convivência entre Mercados Livre e Regulado
Planejamento Determinativo - Grupo Coordenador do Planejamento dos
Sistemas Elétricos (GCPS)
Planejamento Indicativo pelo Conselho Nacional
de Política Energética (CNPE) Planejamento pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE)
Contratação: 100% do Mercado Contratação : 85% do mercado (até
agosto/2003) e 95% mercado (até dez./2004) Contratação: 100% do mercado + reserva Sobras/déficits do balanço energético
rateados entre compradores
Sobras/déficits do balanço energético liquidados no MAE
Sobras/déficits do balanço energético liquidados na CCEE. Mecanismo de Compensação de Sobras e
Agentes
Ambiente Institucional
CNPE – Conselho Nacional de Política Energética.
Homologação da política energética, em articulação com as demais políticas públicas.
MME – Ministério de Minas e Energia.
Formulação e implementação de políticas para o setor energético, de acordo com as diretrizes do CNPE.
EPE – Empresa de Pesquisa Energética.
Execução de estudos para definição da Matriz Energética e planejamento da expansão do setor elétrico (geração e transmissão)
CMSE – Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico.
Monitoramento das condições de atendimento e recomendação de ações preventivas para garantir a segurança do suprimento.
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica.
Regulação e fiscalização, zelando pela qualidade dos serviços prestados, universalização do atendimento e pelo estabelecimento de tarifas para consumidores finais, preservando a viabilidade econômica e financeira dos Agentes de Comercialização.
ONS – Operador Nacional do Sistema.
Coordenação e controle da operação da geração e da transmissão no sistema elétrico interligado
CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica.
Administração de contratos, liquidação do mercado de curto prazo, Leilões de Energia.
Agentes
CNPE
• Proposição da política energética nacional ao Presidente da República, em articulação com as demais políticas públicas
• Proposição da licitação individual de projetos especiais do setor elétrico, recomendados pelo MME
Agentes
MME
• São competências do MME as áreas de geologia, recursos minerais e energéticos;
aproveitamento da energia hidráulica; mineração e metalurgia; e petróleo, combustível e energia elétrica, incluindo a nuclear
• Formulação e implementação de políticas para o setor energético, de acordo com as diretrizes do CNPE
• Monitoramento da segurança de suprimento do Setor Elétrico, por intermédio do CMSE • Definição de ações preventivas para restauração da segurança de suprimento no caso
desequilíbrios conjunturais entre oferta e demanda, tais como gestão da demanda e/ou contratação de uma reserva conjuntural de energia do sistema interligado
Agentes
MME
• Promover as licitações destinadas à contratação de concessionários de serviço público para produção, transmissão e distribuição de energia elétrica e para a outorga de concessão para aproveitamento de potenciais hidráulicos
• Celebrar os contratos de concessão ou de permissão de serviços públicos de energia elétrica e de concessão de uso de bem público e expedir atos autorizativos
• Extinguir a concessão, nos casos previstos em lei e na forma prevista no contrato
Agentes
EPE
• Realizar estudos e projeções da matriz energética brasileira • Elaborar e publicar o balanço energético nacional
• Identificar e quantificar os potenciais de recursos energéticos
• Elaborar estudos necessários para o desenvolvimento dos planos de expansão da geração e transmissão de energia elétrica de curto, médio e longo prazos
• Desenvolver estudos para avaliar e incrementar a utilização de energia proveniente de fontes renováveis
• Promover estudos de mercado visando definir cenários de demanda e oferta de petróleo, seus derivados e produtos petroquímicos
Agentes
ANEEL
• Implementar as políticas e diretrizes do governo federal para a exploração de energia elétrica e o aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica
• Incentivar a competição e supervisioná-la em todos os segmentos do setor de energia elétrica
• Propor os ajustes e as modificações na legislação necessários à modernização do ambiente institucional de sua atuação
• Regular os serviços de energia elétrica, expedindo os atos necessários ao cumprimento das normas estabelecidas pela legislação em vigor
• Aprovar as regras e procedimentos de comercialização de energia elétrica, contratada de formas reguladas e livre
Agentes
CCEE
• Implantação e divulgação das Regras de Comercialização e dos Procedimentos de Comercialização
• Manter o registro de todos os CCEARs e os contratos resultantes dos leilões de ajuste, da aquisição de energia proveniente de geração distribuída e respectivas alterações
• Apurar o PLD (Preço de liquidação de diferenças do mercado de curto prazo por submercado – preço spot)
• Promover leilões de compra e venda de energia elétrica, caso exista delegação da ANEEL
• Promover a medição e o registro de dados relativos às operações de compra e venda e outros dados inerentes aos serviços de energia elétrica
• Manter o registro dos montantes de potência e energia objeto de contratos celebrados no ACL
Visão Geral do Mercado de
Energia Elétrica Brasileiro
• O sistema interligado nacional – SIN, é composto pelas empresas que compõem os sistemas de produção e transmissão de energia elétrica das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte do Brasil
• Tem por característica ser um sistema hidrotérmico de grande porte, com predominância de usinas hidrelétricas, interligado por linhas de alta tensão
• Aproximadamente 3% da capacidade de produção de eletricidade do país encontra-se fora do SIN, em pequenos sistemas isolados localizados principalmente na região amazônica
• De acordo com o Decreto nº 5.163/04, é no âmbito do SIN onde ocorrem as negociações envolvidas nos processos de compra e venda de energia elétrica
Visão Geral do Mercado de
Energia Elétrica Brasileiro
Sistemas Isolados 3% do mercado
Predominância : Termoelétricas
A capacidade instalada do Brasil: aproximadamente 118,4 GW (2012)
com predominância das hidrelétricas acima de 30 MW, correspondendo a 75% Sistema Interligado 97% do mercado Predominância : Hidroelétricas Principais bacias Principais centros de carga
Visão Geral do Mercado de
Energia Elétrica Brasileiro
Visão Geral do Mercado de
Energia Elétrica Brasileiro
Visão Geral do Mercado de
Energia Elétrica Brasileiro
• O SIN é dividido em submercados
Submercados são subdivisões do sistema interligado correspondentes às áreas de mercado, para as quais a CCEE estabelecerá preços diferenciados e cujas fronteiras são
Visão Geral do Mercado de
Energia Elétrica Brasileiro
Comercialização de Energia
O Decreto nº 5.163, de julho de 2004 define as bases de comercialização de energia elétrica e diversas medidas que contribuem para a modicidade tarifária:
• Comercialização em dois ambientes:
Ambiente de Contratação Regulada – ACR e Ambiente de Contratação Livre – ACL Ambientes de contratação
• Ambiente de contratação regulada – ACR: Compreende a contratação de energia para o atendimento aos consumidores de tarifas regulados (consumo dos distribuidores) por meio de contratos regulados com o objetivo de assegurar a modicidade tarifária.
• Ambiente de Contratação Livre – ACL: Compreende a contratação de energia para o
atendimento aos consumidores livres, por intermédio de contratos livremente negociados.
• Competição na expansão da geração através de licitações por menor tarifa
• Contratação conjunta por todos os distribuidores (100% do mercado), através de leilões pelo critério de menor tarifa
Funcionamento do Mercado
• Administração do Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e do Ambiente de Contratação Livre (ACL) • Apuração do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD)
• Contabilização e liquidação das transações realizadas no mercado de curto prazo
Venda • Geradores Públicos • PIE`s • APE`s • Geradores Incentivados Consumidores Livres/Especiais Compra Distribuidoras Consumidores Cativos Tarifa Regulada Contratos Regulados Comercializadores Comercializadores
Contratação de Energia em
Dois Ambientes
GERAÇÃO
Geradores de serviço público, Produtores Independentes, Comercializadores e Autoprodutores Preços de suprimento livremente negociados Preços de suprimento resultante de licitações Ambiente de Contratação Livre ACL Ambiente de Contratação Regulada ACR Distribuidores
Consumidores Cativos Consumidores EspeciaisConsumidores Livres Vendedores
G1 G2
. . .
Gk. . .
GnD1 D2
. . .
Dn CL CL CLC
Ambiente de Contratação Regulada (ACR)
Contratos bilaterais regulares leilões pela CCEE
Contratos bilaterais de ajuste leilões pela CCEE
Ambiente de Contratação Livre (ACL)
Contratação em regime de livre contratação
G: Geradores D: Distribuidores CL: Consumidores Livres C: Comercializadores