• Nenhum resultado encontrado

Perversão e a estrutura social: a lógica perversa da burocracia e os discursos de ódio

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Perversão e a estrutura social: a lógica perversa da burocracia e os discursos de ódio"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

PERVERSÃO E A ESTRUTURA SOCIAL: A LÓGICA PERVERSA DA BUROCRACIA E OS DISCURSOS DE ÓDIO

Gustavo Henrique Maronez1 ghmpsi@hotmail.com

INTRODUÇÃO

A proposta deste artigo é a discussão entre perversão e onde ela se apresenta na estrutura social. Em um primeiro momento será discorrido sobre como se dá a estruturação da perversão pela visão da psicanálise, diferenciando-a do senso comum ou de outras áreas de conhecimento, principalmente, das áreas da saúde mental. A introdução da lógica constitutiva da perversão, sua relação com o Outro materno e a Lei que vem da função do nome-do-pai, fazendo uma comparação e distinguindo das duas outras grandes estruturas psíquicas, a Neurose e a Psicose.

Num segundo momento, será trabalhado como a perversão se apresenta no laço social constitutivo da sociedade moderna, mais especificamente o lado perverso da burocracia e de onde ela evolui. Utilizando autores como: Primo Levi (um sobrevivente do campo de concentração Auschwitz na Polônia durante a Segunda Grande Guerra Mundial), Hannah Arendt (sua visão do Julgamento de Eichmann em Jerusalem), será apresentado como a burocracia atinge os sujeitos, independentemente de suas posições (opressor e oprimido) com sua lógica perversa de funcionamento. Assim comparando com os discursos de ódio que se apresentam nos nossos dias.

1. A PERVERSÃO COMO ESTRUTURA

Com base no livro “Perversões” de Norton Cezar Dal Follo da Rosa Junior, pode-se pensar a perversão como uma estrutura clínica, diferenciando-a dos traços perversos que se apresentam também nas outras estruturas, como algo que vem dizer

1 Graduado em Psicologia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande

do Sul (UNIJUI) em 2017. Pós-graduando em Psicologia Clínica: praticas clinicas nas instituições pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

(2)

de uma normalidade de cada sujeito, como por exemplo, nas fantasias sexuais. Nesse sentido, Rosa Junior (2019) nos aponta que:

Tem que ser possível falar sem indignar-se do que chamamos de perversões sexuais, essas transgressões da função sexual tanto no âmbito do corpo quanto no do objeto sexual [...] E cada um de nós, em sua própria vida sexual, ora aqui, ora ali, transgride um pouquinho os estreitos limites do que se julga normal. As perversões não são bestialidades nem degenerações no sentido patético da palavra. (ROSA JUNIOR, 2019, p.44, apud Freud, 1905(1901) /2005, p.45)

Cabe, então, diferenciar aquilo que é patológico daquilo que é de uma “certa normalidade”. Freud (1927) no seu texto “Fetichismo” nos coloca a questão do fetiche como uma construção do fetichista para dar conta da castração materna, ou seja, “o fetiche é o substituto do falo da mulher (...), no qual o garotinho acreditou e do qual – sabemos o porquê – não quer abri mão” (Freud 2016 (1927), p.316). No lugar de reconhecer a ausência do pênis na mãe, o fetichista coloca algum objeto que recobre a verdade da castração materna, é “como se fosse retida como fetiche a última impressão antes da estranha, da traumática”. (Freud 2016(1927), p.319). Assim, o fetiche seria o último objeto que se apresenta antes de a criança encarar a castração da mãe, como, por exemplo, a calcinha, o sapato ou pés, mãos, unhas, etc. No lugar da falta, se instaura um objeto.

O objeto fetiche instaura uma recusa da castração, mas não do jeito de uma lógica neurótica da negação ou psicótica de foraclusão, mas da lógica do Desmentido

(Verleugnung), uma recusa da realidade onde o objeto fetiche esconde uma lógica de

reconhecimento da castração e a negação deste, fazendo com que, tanto o reconhecimento quanto a negação coexistam na mesma lógica. Isto Freud (1927) nos aponta ao relatar um recorte de um de seus casos:

Em casos mais refinados ela está no próprio fetiche. Em cuja construção tanto a recusa à realidade [Verleugnung] quanto a afirmação [Behauptung] da castração conseguiram se introduzir. Esse foi o caso de um homem cujo fetiche era uma cinta pubiana, que também pode ser usada como calção de banho. Essa peça de vestimenta escondia inteiramente os genitais e a diferença genital. De acordo com o que a análise demonstrou, ele significava tanto que a mulher é castrada como também ela não é castrada, e, além disso, deixava em aberto a hipótese da castração do homem, pois todas essas possibilidades podiam igualmente se esconder debaixo da peça de roupa, cujo primeiro rudimento, em sua infância, fora folha de parreira em uma estátua. (FREUD 2016 (1927), p. 321)

Assim, o fetiche deixa em aberto a castração. A isso Rosa Junior (2019) aponta, “Eis a lógica da posição perversa em relação ao saber: conciliar duas afirmações incompatíveis” (p. 65). Seguindo o autor, se utilizando do livro “Clefs pour

(3)

l’Imaginaire ou l’Autre Scène” de Octave Mannoni, que ao analisar a perversão em Freud, mais especificamente no texto do Fetichismo, aponta uma frase que define a lógica perversa: “Eu sei bem que, mas mesmo assim...”. Assim temos a lógica do perverso, reconhecendo e negando o saber, conciliando duas afirmações contrárias no mesmo enunciado. “Portanto, o perverso tem um saber sobre a castração, ao mesmo tempo nada deseja reconhecer sobre isso” (Rosa Junior, 2019,p. 65)

Lacan apresentara o fetiche como uma cortina, que fica na iminência de fechar-se e abrir-se em relação ao falo materno: “Se o fetiche está ali é porque ela justamente não o perdeu, mas ao mesmo tempo pode-se fazê-la perdê-lo, isto é, castrá-la” (Lacan, 1956-57, p.158). O autor continua e apresenta o esquema do Véu, onde entre o sujeito, o objeto e o nada encontra-se o véu, em que o sujeito projeta algo sobre ele que dê ao menos uma certa consistência sobre o nada que está além, “assume o seu valor, seu ser, e sua consistência justamente por ser aquilo sobre o que se projeta e se imagina a ausência” (Lacan, 1956-57, p. 157). Sendo assim, nas trocas entre sujeitos, os objetos se apresentam como ausência.

O perverso tem a ilusão de capturar o objeto por completo, recusando acreditar no nada que está para além, na ausência. Então ao tentar apagar a falta do Outro, o perverso tenta desesperadamente “situar-se numa captação inesgotável do desejo do Outro, jogando-o e fixando-o na condição de objeto inanimado” (Rosa Junior, 2019, p. 66). Sendo assim,o perverso aprisiona o outro numa imagem fixa, estando ele, o perverso, também aprisionado na lógica de seu fetiche reduzindo o outro a um instrumento, há uma “violência materializada mediante a usurpação e coisificação do corpo do outro” (Rosa Junior, 2019, p.67). Ele fica assim “preso” a imagem fixa, rígida e repetitiva de seu fetiche, desprovendo o objeto de qualquer traço de subjetividade.

Para Lacan, a perversão será por excelência o campo de valorização da imagem, pois essa será tanto a testemunha privilegiada de que algo no inconsciente deve ser articulado, quanto a evidência de uma singular fragilidade simbólica. O objeto fetiche terá então a função de signo, na medida em que o significante ao qual ele estará materializado não representa um sujeito para outro significante, ou ainda não produz deslizamento. (ROSA JUNIOR, 2019, p.90)

Há na perversão uma predominância do registro imaginário e uma fragilidade do registro simbólico no sujeito, assim, a perversão é por excelência o campo das imagens, a veneração da imagem. Então o fetiche terá uma função de signo, pois ali

(4)

onde deveria existir um significante que represente o sujeito para outro significante ele simplesmente não há, ou melhor, está cristalizado numa imagem (signo).

Rosa Junior (2019) segue dizendo que além de o perverso direcionar seu olhar para o corpo materno,irá dizer que a posição perversa convocará também o olhar paterno. Claro que na perversão sempre existe algo que o perverso não quer reconhecer (e tenta desmentir), que é sua relação com o pai e a recusa de sua filiação. O autor, citando Lacan, diz que este último propõeque precisamos compreender a relação do perverso com a lei, pois o fetiche não se constitui em todas as perversões. Nas palavras de Rosa Junior (2019):

Conforme refere Safatle, isso merece uma explicação prévia, pois não se trata de dizer que as escolhas perversas de objetos são necessariamente fetichistas. Ou seja, para haver perversão, não é condição a constituição de um fetiche. Entretanto a posição subjetiva que o perverso ocupa, em sua relação com a lei diz respeito à mesma lógica implícita ao objeto fetiche, a saber: reconhecer e recusar a castração. (ROSA JUNIOR, 2019, p. 74)

Para falarmos sobre a Lei é preciso entender a partir de onde ela se apresenta para nós, que neste caso se dá na relação paterna, ou melhor com o Nome-do-pai. A interdição da função paterna nos permite viabilizar nosso desejo e também as trocas sociais, possibilitando a vida em sociedade. O Nome-do-pai no ensino de Lacan é a inscrição do pai simbólico na estruturação psíquica do sujeito. Ele é “o significante que dá esteio à lei, que promulga a lei” (Lacan ,1957-58 (1999), p. 152). Assim, o pai é quem introduz a criança ao significante falo, em que a criança toma para si uma necessária parte da significação fálica utilizando-o como instrumento de suas trocas simbólicas como sujeito.

O significante Nome-do-pai, se dá na relação da mãe com seu filho, não se trata necessariamente de um pai real (homem), mas a transmissão entre mãe e filho. Mais precisamente, a mãe irá transmitir ao filho seus significantes que constituiu na relação dela com seu Outro, enfim, trata-se de como a mãe se apresenta em sua relação com o seu Outro. “Essa posição da mãe situa a falta de seu saber, demarcando assim a insuficiência de qualquer objeto, pois o falo não está encarnado nela, tampouco em sua cria” (Rosa Junior, 2019, p.140).

Nesse sentido, a transmissão pela mãe de sua falta de saber, retira a criança que fora situada em um primeiro momento como complemento do que falta à mãe –

ser o falo dela – para, em um segundo momento, quando a mãe se apresenta faltosa

(5)

criança irá em direção àquele para quem a mãe faz suplência de saber, o pai, em algo se encontra para além da relação dual da mãe-bebe. Neste movimento a mãe se apresenta insuficiente, é onde ela mostra sua falta e ao mesmo tempo a transmite para a criança, demonstrando sua castração e, consequentemente, a da criança. Dessa forma, a criança irá em direção ao pai, buscando uma espécie de “salvação” perante a castração que sua mãe lhe impõe, salvando a criança das garras do Outro materno ao passo em que se introduz também como pivô da lei.

Desse modo, a inscrição do Nome-Do-Pai no desejo da mãe passa a instaurar um desejo para além da relação mãe-bebê. Então, o pai simbólico diz respeito ao fato de a mãe transmitir à criança o desejo enquanto alhures. Ao fazer isso, ela reconhece a insuficiência de seu saber sobre o filho, e, assim, a castração a que lhe concerne recai sobre a criança. Nesse caso, a castração se ordenará na categoria de dívida simbólica em relação à referência da falta de objeto imaginário, pois o objeto de castração é um objeto imaginário, o falo. (ROSA JUNIOR, 2019,p.142)

Sendo assim, Lacan nos mostra que o Nome-do-Pai é o significante do falo representando a falta no discurso materno, ou seja, o falo é a insígnia da falta no sujeito. Isso possibilita a instauração do pai simbólico e, portanto, a sua entrada no universo das trocas simbólicas e nas cadeias de significantes. Então, o sujeito enquanto desejante encontra-se numa espécie de fenda dividido entre o gozo que se constrói na relação mãe e filho, uma demanda de amor (o gozo do Outro) e o saber que se situa para além dessa relação, no Nome-Do-Pai, no falo que não está na mãe, está para além.

Se isso se der de uma maneira satisfatória, essa inscrição de um pai simbólico, o falo, possibilitara a criança a inscrição do registro imaginário no seu psiquismo. Esse momento é onde a criança tenta de alguma forma capturar o desejo que a mãe transmite, o desejo do Outro, preenchendo-o. “Nesse caso, se a mãe não tem o falo, ela lhe dará o falo imaginário, jogando-se a serviço do gozo materno” (Rosa Junior, 2019, p.149). Esse seria o momento de passagem perversa da estruturação da criança, o que chamamos de uma perversão polimorfa, nessa etapa se observa que a perversão faz parte da constituição de cada sujeito (neurótico).

Segundo Rosa Junior (2019) o sujeito se vê encurralado, pois capturar o desejo do Outro é impossível e a única resposta do sujeito parte pela via do real, ou seja, pela angústia de castração. Então reconhecer sua falta é a única maneira de não ser engolfado pelo gozo materno. E é a partir deste reconhecimento, desta interdição ao gozo que se instaura um gozo referente ao falo, que o tira da encruzilhada materna,

(6)

o gozo fálico. Diante deste reconhecimento da falta o sujeito entra na linguagem através de uma perda, o objeto a efeito da castração. Sendo assim, “a função do pai, na pére-version, é proteger o filho de um excesso de gozo” (ROSA Junior, 2019, p.164)., ou seja, cada sujeito possui uma versão do (ao) pai (pére-version) que o protege dos excessos de gozo. Porém, como nos mostra Rosa Junior (2019):

(...) quando o pai goza da “mostração do gozo”, ele não irá possibilitar a vetorização da insígnia da falta, encarnando-a em si mesmo, impedindo assim um circuito de trocas. Vê-se aí a sobreposição do pai imaginário ao pai real, pois, quando o pai não situa alhures o objeto causa de desejo, o desejo em questão não poderá se inscrever na condição neurótica do impossível ou insatisfeito. (ROSA JUNIOR, 2019, p.161)

Assim, o pai do perverso é o pai que mostra o seu desejo, torna-o visível, palpável, capturando o sujeito em uma fantasia perversa, compulsiva e fixa, como o que ocorre no objeto fetiche, “Trata-se do engodo da sobreposição do pai imaginário ao pai real, mais do que a “mostração do desejo”, coloca-se em cena a mostração do gozo” (Rosa Junior, 2019, p.159). Diferente do pai do neurótico, que delimita o gozo colocando o impossível da realização do mesmo, o pai do perverso delimita o gozo em uma imagem, dando assim a ilusão de uma possibilidade de o encontrar e realizá-lo.

O autor continua e afirma que para haver o reconhecimento de uma autoridade é necessário que o sujeito tenha internalizado a lei. Este pensamento vem na direção de Freud que, em seu texto “Totem e Tabu” (1913), introduz uma história sobre a origem do recalque no sujeito, que se inicia na inveja do pai, neste caso, no pai da Horda, violento, tirano, que possuía todo o gozo para si (mulheres, poder...) e a união dos irmãos para assassiná-lo e devorá-lo. Porém, após este acontecimento, os irmãos sentem culpa e remorso pelo que fizeram, agora os sentimentos hostis que eram direcionados para o pai se tornam em amor e ternura exagerada. Assim, surge a clássica frase de Freud (1913), “o pai morto tornou-se ainda mais forte do que fora em toda sua vida”. Após isso, os próprios irmãos acabam por criar e instaurar as leis que passam a controlar as exigências pulsionais e os excessos de gozo de cada sujeito. O sujeito em sua relação com o pai e os pares internaliza a lei, instaurando a autoridade como referência em suas relações. Nas palavras de Rosa Junior (2019):

Após essa rápida incursão, pode-se levantar a seguinte questão: Qual a pertinência deste texto na atualidade? Destaco no mínimo dois argumentos: primeiro, Totem e tabu ajuda a compreender que o reconhecimento de uma autoridade exige a internalização da lei, mediante a culpa e a dívida de um crime. Essa constatação levou-o a afirmar: o pai morto tornou-se mais poderoso do que jamais fora em sua vida. Neste sentido, o convívio social

(7)

torna-se viável a partir da internalização e de manutenção dessa autoridade. Eis uma referência mínima responsável por dar sustentação subjetiva ao sujeito e viabilizar a organização social mediante o controle das exigências

pulsionais. (ROSA JUNIOR, 2019, p.179)

O pai da horda seria o pai do perverso, um pai que não demonstra a seus filhos um gozo que seja fálico, um gozo para além; pelo contrário, ele acaba por “mostrar” aos filhos como gozar, faz a “mostração” de seu gozo para os filhos. Onde deveria ter ausência, ele materializa em seu corpo o objeto de desejo, “quando assim o faz, destitui sua autoridade, pois deixa de vetorizar o desejo enquanto insígnia de falta” (Rosa Junior, 2019, p. 180). Esta para o autor, seria a posição que o pai ocupa (e se apresenta) na perversão, e também o início dos primeiros agrupamentos de homens que evoluíram das sociedades primitivas até as sociedades modernas e os laços sociais que encontramos hoje.

2. A PERVERSÃO NA ESTRUTURA SOCIAL: A PRATICA BUROCRÁTICA

Um dos meios mais conhecidos que a perversão se apresenta na sociedade é pela lógica da burocracia. A burocracia, a principal ferramenta que se utiliza nos capitais privados e públicos, é o principal meio por onde se pode observar a montagem perversa no laço social. Diante dela não há diferença, todos são indiferentes, as pessoas se transformam em objetos não importando a origem, classe social, cor, etnia, etc. Assim, o mecanismo perverso da negação da diferença reina em absoluto, como uma “máquina”, e os indivíduos que se encontram nela ou são partes da engrenagem, ou são esmagados por ela.

O principal exemplo desta perversão burocrática que encontramos na história é a ascensão do Nazismo. Mais preocupante que o antissemitismo, foi o totalitarismo burocrático que se instaurava nos processos, as mortes de judeus (ou qualquer um contrário ao regime) se transformaram apenas em números, eram coisas supérfluas. Sendo assim, como em qualquer trabalho, quanto maiores os números, melhor era o desempenho dos que estavam realizando seu trabalho, ou seja, um bom funcionário. Costa (1991) nos apresenta dois lados diante do supérfluo da burocracia. De um lado, a delinquência, uma reação violenta contra os dispositivos burocráticos e ideológicos de uma sociedade. Do outro, a obediência, tanto do lado de quem oprime quanto de quem é oprimido pelo sistema. No caso do nazismo, para os oprimidos (judeus) ela vem como uma tentativa de dar uma mínima sustentação diante da

(8)

barbárie que se passava, tentando dar sentido ao que se parecia impossível. Nas palavras de Primo Levi: “Logo vem outro alemão, diz que devemos colocar os sapatos num canto, e assim fizemos por que tudo já acabou, sentimos que estamos fora do mundo, que só nos resta obedecer” (LEVI, 1988, p.21). Já o opressor, os alemães, estavam também dentro do supérfluo da “máquina” e se agarram nas ideias do partido para pertencer a alguma coisa, pátria, ideal, nação, etc. Imagina-se como parte de uma engrenagem. Sendo assim, todos estão dentro da mesma "desolação” da lógica burocrática.

Os personagens destas páginas não são homens. A sua humanidade ficou sufocada, ou eles mesmos a sufocaram, sob a ofensa padecida ou infligida a outros. Os SS maus e brutos, os Kapos, os políticos, os criminosos, os discriminados e escravos, todos os degraus da hierarquia insensata determinada pelos alemães estão, paradoxalmente, juntos numa única íntima desolação. (LEVI, PRIMO, 1988, p.180)

Freud nos aponta em seu texto “Psicologia das massas e Análise do Eu (1921)”, que quando um sujeito se encontra em um movimento de massa, ele tende a abrir mão de sua subjetividade, do certo ou errado, do senso crítico, em prol de pertencer a um ideal, pátria, nação ou grupo, onde normalmente a figura do líder encarna este ideal. No caso dos soldados alemães, eles identificavam-se com o ideal econômico e higienista da supremacia ariana, onde os problemas do país eram os judeus, e tudo projetado e encarnado na figura do líder, Hitler. Assim, dando um sentido e justificando a barbárie de seus atos.

Então, diante da indiferença e do supérfluo, o que resta é a obediência como tentativa de dar sentido ao impossível do que se passava. A indiferença era a pior forma de castigo que poderia haver nos campos de concentração. Primo Levi (1988), em seu relato sobre os dias que passou em Auschwitz, aponta a única questão pela qual ele julga todos os que fizeram parte da barbárie nazista, onde ele não era apenas um judeu que necessitava ser exterminado, era um simples objeto aos olhos do outro, nas palavras de Levi:

Para voltar à fábrica, temos que passar por um trecho cheio de vigas e armações metálicas amontoadas. O cabo de aço de um cabreaste corta o caminho, Alex se agarra nele para passar por cima. Donnerwetter, com os diabos, olha a sua mão preta de graxa pegajosa. Quando chego ao seu lado, Alex, sem ódio nem escárnio, esfrega em meu ombro a mão, a palma e o dorso, para limpá-la. Ficaria surpreso, o inocente bruto Alex, ao saber que é por esse ato que hoje o julgo – ele, e Pannwitz e todos os que foram como eles, grandes e pequenos, em Auschwitz e em toda parte. (LEVI, PRIMO, 1988. P.159)

(9)

A indiferença que reinava sobre Levi e a todos dentro dos campos era tamanha que até em seus sonhos ela se fazia presente, como se ele já não existisse mais como sujeito, inclusive para sua família: “É uma felicidade interna (...) estar em minha casa, entre pessoas amigas e ter tanta coisa para contar, mas bem me percebo de que eles não me escutam. Parecem indiferentes; falam entre si de outras coisas, como se eu não estivesse ali.” (LEVI, 1988, p.85). Talvez o sonho venha como uma tentativa de elaboração do impossível que se estava passando, ou também o real da indiferença era tão grande que alcançou o lugar mais íntimo e singular do sujeito, os sonhos.

Quando o pesadelo mesmo, ou seus elementos nos despertam, tentamos em vão decifrar seus elementos, rechaçá-los um por um fora da nossa percepção atual, para defender nosso sono da sua intromissão, mas, logo que fechamos os olhos, percebemos novamente que o cérebro recomeçou a trabalhar, independentemente da nossa vontade, zune e martela, sem descanso, constrói fantasmas e signos terríveis, sem parar os traça e os agita numa névoa cinzenta na tela dos sonhos. (LEVI, PRIMO, 1988, p.89)

A experiência dos campos de concentração nada mais foi do que a burocracia do regime nazista colocado em prática, o que em um escritório é colocado em papel, dentro dos campos é executado, os sujeitos são “peças”, números que crescem ou diminuem, todos ali iguais, não importando suas diferentes necessidades, ali já não são considerados um sujeito em semelhança ou sequer na radical diferença do “estranho familiar”:

Fechem-se entre cercas de arame farpado milhares de indivíduos, diferentes quanto idade, condição, origem, língua, cultura e hábitos, e ali submetam-nos a uma rotina constante, controlada, idêntica para todos e aquém de todas as necessidades; nenhum pesquisador poderia estabelecer um sistema mais rígido para verificar o que é congênito e o que é adquirido no comportamento do animal-homem frente à luta pela vida (...) frente a pressão da necessidade e do sofrimento físico, muitos hábitos, muitos instintos sociais são reduzidos ao silêncio. (LEVI, PRIMO, 1988, p.128)

Primo Levi segue relatando sobre a experiência de esvaziamento subjetivo, onde até a dignidade de sofrer lhes é tomada, o sujeito é reduzido a um mero “pedaço de carne” sem nenhum pensamento:

A sua vida é curta, mas seu número é imenso são eles, os “muçulmanos”, os submersos, são eles a força do Campo: a multidão anônima, continuamente renovada e sempre igual, dos não homens que marcham e se esforçam em silêncio; já se apagou neles a centelha divina, já estão vazios, que nem podem realmente sofrer. Hesita-se em chamá-los de vivos; hesita-se em chamar “morte” à sua morte, que eles já nem temem, porque estão esgotados demais para poder compreendê-la (...) se eu pudesse concentrar numa imagem todo o mal do nosso tempo, escolheria essa imagem que é familiar:

(10)

um homem macilento, cabisbaixo, de ombros curvados, em cujo rosto, cujo olhar, não se possa ler o menor pensamento. (LEVI, PRIMO, 1988, p.132)

Após esta descrição de Primo Levi, especialmente na questão da rotina dos campos de concentração, uma rotina fixa, rígida, constante, controlada e indiferente ao sujeito, pode-se pensar a relação entre a rotina do campo e a fantasia perversa descrita anteriormente, uma lógica com um padrão repetitivo, rígido, fixo, onde não se reconhece o outro (e a si próprio) como um sujeito, apenas um objeto a se fazer gozar a qualquer custo. Então, os campos talvez nada mais eram do que um mal necessário para que a Alemanha fosse limpa e grandiosa. Ou seja, uma montagem perversa a nível social: rígida, fixa, padronizada, que deveria ser realizada a qualquer custo. Assim como o perverso em sua lógica subtrai sua própria subjetividade para servir como um “porta voz” de um gozo (Gozo do Outro) que ele faz incidir sobre o outro a sua frente, também, o desprovendo de sua subjetividade. Da mesma forma, os guardas alemães se faziam de cumpridores das leis (gozo) do totalitarismo nazista, incidindo-a sobre os prisioneiros do campo, assim, ambos guardas e prisioneiros estavam dentro da mesma lógica perversa da máquina burocrática do nazismo. Isso não significa que podemos dizer que todos os nazistas eram perversos (no sentido clinico), pelo contrário, talvez eram simples neuróticos com seus preconceitos que se sentiam autorizados pelo discurso social, a realizar seus atos. Também não se pode excluir que não haviam perversos, mas possivelmente a minoria.

Trazendo as ideais de Hannah Arendt, segundo Costa (1991), para que se instaure uma lógica burocrática é preciso que poucos indivíduos, minoria, sejam experientes (os especialistas), muito bem treinados, que abram mão de suas subjetividades e seus pensamentos críticos em nome da lealdade e patriotismo, renunciando, de certa maneira, a sua humanidade. Assim se constitui a ideia de um funcionário obediente e eficiente, agindo sempre em sigilo para o bem maior de um ideal.

Hannah Arendt, em seu livro “Eichmann em Jerusalém: Um relato sobre a banalidade do mal” (1999), narra o julgamento de Otto Adolf Eichmann, um nazista burocrata que participou direta e indiretamente da morte de milhares de judeus. Na análise da autora, ela não estava diante de um sádico que gozava do sofrimento de suas vítimas. Ele era apenas um homem ordinário, normal – todos psiquiatras que o analisaram disseram que era um homem normal –, não muito inteligente, que seguia as ordens de seus superiores e as executava da melhor forma possível, era o

(11)

funcionário perfeito, obediente e sempre tentando melhorar seus números. A isso Hannah atribuiu a famosa expressão “banalidade do mal”. Eichmann não era um antissemita, era simplesmente um indivíduo normal fazendo seu trabalho banal como funcionário, tendo seu trabalho reconhecido pelos seus chefes. Era um fiel seguidor das Leis, e na época do nazismo as ordens vindas de Hitler eram absolutas e ele simplesmente as seguia, pois não estava fazendo nada ilegal perante as leis do Reich, como ele mesmo falou no julgamento que “(...) lembrava perfeitamente de que só ficava com a consciência pesada quando não fazia aquilo que lhe ordenavam” (Arendt, Hannah, 1999, p.37). Assim, Eichemann foi um funcionário exemplar dentro da burocracia homicida do nazismo.

Como lembra Costa (1991), não se pode dizer que os burocratas de hoje sejam iguais aos nazistas, isso seria um erro. Porém, as questões de apagamento subjetivo, de obediência a normas que acabam por virar leis, e que não sabem muito bem qual a procedência das mesmas e por vezes acabam repetindo o que aprenderam com os demais ou por sua própria experiência, “que as coisas são assim”, que “não há nada a se fazer”, que é “tradição”, ou o famoso “é assim que é e assim que vai ser”. Talvez o burocrata atual - principalmente no serviço público -, seja um imobilista, não está dentro de um ideal expansionista e patriótico como no nazismo, ele apenas quer realizar seu trabalho mais ou menos bem, e espera que as coisas não mudem, e, caso a burocracia aumente, para ele é indiferente ou no máximo incômodo. Isso pode-se constatar ao entrar em uma repartição pública, as reclamações das pessoas são as mesmas, demora no serviço, o atendente parece não ter nenhuma agilidade, certa apatia e indiferença com os demais.

Porém, por mais que a burocracia seja uma forma de apagamento do sujeito, nem sempre é perversa. Será perversa quando o sujeito se utiliza dela para seu gozo, mas as vezes o sujeito se utiliza dela para sua proteção diante do outro. Como nos casos das instituições, ela é necessária para manter o mínimo de estrutura de funcionamento. Aí se observa outro problema, que é quando a burocracia falha, fazendo com que as instituições percam suas referências e estrutura organizacional, causando tanto mal-estar quanto seu uso excessivo e perverso.

Um exemplo desta falha burocrática, foi em um trabalho que fora desenvolvido junto ao Corpo de Bombeiros, com maior atenção a parte de análises de PPCI (Plano de Prevenção de Combate a Incêndios), que era a parte mais burocrática da guarnição. A instituição passava por uma grande reformulação a nível

(12)

estadual de leis e normas após 2013, devido ao incidente na boate Kiss em Santa Maria/RS. Ao escutar os analistas do setor de PPCIs, sempre vinha a reclamação de que as leis mudavam quase que mensalmente ou às vezes quinzenalmente; isso gerava um incomodo muito grande, pois estudavam as novas leis e logo em seguida elas já mudavam. A situação inclusive fez com que o antigo Comandante da guarnição pedisse transferência para outra repartição militar (na época ainda podia-se escolher entre polícia e bombeiros) pois não conseguia acompanhar o ritmo das alterações. Assim, o contato com o público em geral – especialmente com os engenheiros civis – que necessitavam dos alvarás ficou muito debilitada, pois as normas mudavam a todo momento e não condizia com a realidade das construções, como eles reclamavam aos bombeiros que trabalhavam na análise das plantas. Então, após o incidente Kiss a burocracia aumentou drasticamente, tomando conta da instituição. A indiferença perante a realidade das situações se tornou enorme, para os bombeiros ao mesmo tempo que entendiam as reclamações que vinham do público não podiam fazer nada “infelizmente as coisas são assim e não podemos fazer nada”, não sabiam exatamente como eram feitas essas normas e leis, apenas vinham como ordens a serem executadas. Porém, ao contrário do nazismo, onde o ideal patriótico ainda sustentava, ali havia um apagamento entre o alto comando e as guarnições, assim a burocracia necessária para a sustentação, falhava, e aos poucos acabavam aparecendo sinais de adoecimento (sintomas psicossomáticos e estresse era o que mais podia se constatar). Pois ao contrário do apagamento subjetivo, aqui é onde o sujeito fica muito exposto, pois pelas excessivas mudanças nas leis, o padrão de aplicação das mesmas não fica muito claro, aparecendo o sujeito na posição de decidir se cumpre ou não uma norma, ou de que jeito ele interpretará a norma e aplica-la.

Uma outra questão importante de se analisar é como o discurso na Alemanha antes e durante o regime nazista foi mudando. A ascensão no poder do nazismo veio seguido de um discurso de ódio em relação aos sujeitos que eles consideravam o mal da Alemanha, em especial os Judeus. Este discurso foi evoluindo de um ataque verbal, moral, psicológico, físico e econômico (os bens materiais), para um discurso onde se reinou a indiferença perversa. Primeiramente, o que é o ódio e suas formas discursivas para a psicanálise? Sabemos que a agressividade - a face mais comum do ódio - faz parte da constituição subjetiva do sujeito, se apresentando nas diversas etapas psíquicas nas relações do sujeito com o mundo exterior que é entendido como

(13)

hostil, mas também como parte constitutiva do sujeito. Nas palavras de Koltai (2018), o ódio:

(...) é a eterna expressão de um narcisismo mais ou menos bem temperado. Na constituição do Eu, o mundo exterior é considerado como hostil em relação ao Eu, e isso em todas as etapas da constituição deste, o que explica por que o ódio de si está na raiz do ódio do outro e da sociedade, levando o sujeito a rejeitar sua própria miséria psíquica sobre um outro, transfomando na causa de todos os seus males. (KOLTAI, CATERINA, 2018, p.260)

Ainda Koltai (2018), a autora continua dizendo que toda a relação de objeto do sujeito se constitui dividida em duas faces, amor e ódio, ‘’amódio’’. O ódio nas relações se apresenta recalcado, porém, de tempos em tempos ele ressurge no real, como forma destrutiva do outro. Isto se dá quando o intervalo necessário entre os sujeitos em uma sociedade se apaga. Este intervalo é o que estrutura e sustenta uma separação necessária entre o que é do sujeito e o que é do outro, e sem ele este espaço das relações se torna confuso. ‘’Nesse deserto sem conflito, junto com a impossibilidade do conflito político desaparece também a possibilidade de uma subjetivação’’ (Koltai, Caterina, 2018, p.261). Assim a proximidade com outro se torna tão insuportável que as discussões democráticas já não dão conta de delimitar um intervalo subjetivo, o que resta é o ódio e a tentativa de destruição do outro.

Assim, os discursos de ódio são marcados por uma espécie de segregação entre o bem (nós) e o mal (os demais que não apoiam), uma espécie de lógica binarias, é um ódio de gênero, de classe, de raça, etc. É um ódio por tudo que é diferente. Na atualidade, estes discursos surgem como ‘’formações indenitárias fechadas e agressivas que negam e excluem do outro do mundo partilhado, movidas por ideologias de ressentimento que, a meu ver, dominam o imaginário da nossa época’’ (Koltai, Caterina, 2018, p.262). É o que se pode observar nos governos totalitários (nazistas e stalinistas) do século XX e das políticas econômicas e sociais dos governos na nossa época.

Este, talvez, é ponto onde o discurso de ódio pode se tornar uma espécie de indiferença perante aquele que se odiava. Poderia se pensar como uma passagem ao Discurso da indiferença, mas creio que não é isso, pois a indiferença já não carrega a palavra, pelo contrário, é a falta dela. A impossibilidade de subjetivação que o discurso do ódio provoca, acaba por colocar o outro numa posição de não-sujeito. O ódio dos judeus, no caso do nazismo, foi extremo e se enraizou tanto dentro da sociedade

(14)

alemã que eles já não eram reconhecidos como estranhos perigosos, eram ratos – o que podia se observar nas propagandas nazistas, onde comparavam os judeus a ratos de rua – que precisavam ser eliminados pois era uma simples ‘’peste’’ incomoda que adoecia a sociedade. O outro já não é outro.

CONCLUSÃO

Após estes apontamentos, pode-se pensar o quanto uma sociedade ao utilizar o lado perverso da burocracia pode adoecer, e quanto fica vulnerável aos movimentos de massa? Isso acaba por propiciar a ascensão de extremistas em todos os lugares do mundo. Hitler foi eleito pelo povo, um salvador da pátria, um “mito”, que faria justiça a um povo alemão ressentido (e talvez com um pouco de razão) dos tratados pós-primeira guerra mundial, onde sofreram várias sansões e retaliações. Então os governos extremistas que se apresentam na sociedade atual e durante toda a história moderna, se consolidam com um discurso de ódio que pode evoluir para uma indiferenciação e a utilização da burocracia como mecanismo perverso de eliminação de tudo que é diferente. Mesmo após o nazismo não se alterou muita coisa na questão da burocracia, a lógica continua a mesma, claro que sem a questão homicida que se apresentava no nazismo, mas o principal problema da fragilidade subjetiva que ela provoca (seu lado perverso) ainda continua, isso se não piorou, pois no nazismo ainda havia um porquê de se realizar aquilo, hoje o anonimato e a indiferença estão avançando alto ritmo.

Em resumo, os governos totalitários dos séculos XX (nazistas e estalinistas) evoluíram de um discurso de ódio e segregação, para o completo apagamento subjetivo e indiferença do sujeito, levando a criação de campos de trabalho forçado e extermínio. A questão que fica é: com a atual escalada dos discursos de ódio e políticas sociais segregativas, podemos novamente cair num estado (ainda pior) de apagamento subjetivo e da indiferença? Ou será que isto já está ocorrendo, e já estamos cegos pela indiferença?

(15)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARENDT, Hannah (1906-1975). Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. Tradução José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia da Letra, 1999.

COSTA, Jurandir Freire. Psiquiatria Burocrática: duas ou três coisas que sei dela. In: Clinica do Social: ensaios. São paulo: Escuta, 1991.

FREUD, Sigmund. (1927). Fetichismo. In: Obras incompletas de Sigmund Freud:

Neurose, Psicose, Perversão. Tradução Maria Rita Salzano Moraes. São Paulo:

autêntica, 2016.

FREUD, Sigmund (1913). Totem e tabu. In: Obras completas. Tradução Jaime Salomão. Edição Standard brasileira e Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1987, v.13.

FREUD, Sigmund (1921). Psicologia de grupo e análise do eu. In: Obras

Completas. Tradução Jaime Salomão. Edição Standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1987, v.19.

KOLTAI, Caterina. Ódio na política, políticas do ódio. In: As escritas do ódio: psicanálise e política / Miriam Debieux Rosa, Ana Maria Medeiros da Costa, Sergio Prudente (organizadores). São Paulo: Escuta/Fapesp, 2018.

LEVI, Primo. É isto um homem? Tradução de Luigi Del Re. Rio de Janeiro: Rocco, 1988

LACAN, J. [1956-57]. O Seminário, livro 4: a relação de objeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,1995.

LACAN, J. [1957-58]. O Seminário, livro 5: as formações do inconsciente. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

ROSA JUNIOR, Norton Cezar Dal Follo. Perversões: o desejo do analista em questão. 1 e.d - Curitiba: Appris, 2019.

Referências

Documentos relacionados

Após a colheita, normalmente é necessário aguar- dar alguns dias, cerca de 10 a 15 dias dependendo da cultivar e das condições meteorológicas, para que a pele dos tubérculos continue

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

Os resultados são apresentados de acordo com as categorias que compõem cada um dos questionários utilizados para o estudo. Constatou-se que dos oito estudantes, seis

b) Execução dos serviços em período a ser combinado com equipe técnica. c) Orientação para alocação do equipamento no local de instalação. d) Serviço de ligação das

Os interessados em adquirir quaisquer dos animais inscritos nos páreos de claiming deverão comparecer à sala da Diretoria Geral de Turfe, localizada no 4º andar da Arquibancada

utilizada, pois no trabalho de Diacenco (2010) foi utilizada a Teoria da Deformação Cisalhante de Alta Order (HSDT) e, neste trabalho utilizou-se a Teoria da

Neste estudo foram estipulados os seguintes objec- tivos: (a) identifi car as dimensões do desenvolvimento vocacional (convicção vocacional, cooperação vocacio- nal,

Como parte de uma composição musi- cal integral, o recorte pode ser feito de modo a ser reconheci- do como parte da composição (por exemplo, quando a trilha apresenta um intérprete