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Psicopatologia do trabalho: uma reflexão sobre o trabalho humano no que concerne ao processo de sofrimento ou adoecimento psíquico

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ

DHE - DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO

CURSO DE PSICOLOGIA

NARA TERESINHA ZIMMER

PSICOPATOLOGIA DO TRABALHO: UMA REFLEXÃO SOBRE O TRABALHO HUMANO NO QUE CONCERNE AO PROCESSO DE SOFRIMENTO OU

ADOECIMENTO PSÍQUICO

SANTA ROSA – RS 2014

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NARA TERESINHA ZIMMER

PSICOPATOLOGIA DO TRABALHO: UMA REFLEXÃO SOBRE O TRABALHO HUMANO NO QUE CONCERNE AO PROCESSO DE SOFRIMENTO OU

ADOECIMENTO PSÍQUICO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao curso de Graduação em

Psicologia do Departamento de

Humanidades e Educação da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul- UNIJUI, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Psicologia.

ORIENTADOR: MS. BETINA BELTRAME

Santa Rosa – RS 2014

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais pelo apoio, pois sem eles não teria a oportunidade de encerrar com êxito a primeira de muitas etapas da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço á Deus, por ter iluminado e me conduzido ao longo deste curso, trilhando o meu caminho da forma mais correta possível.

Agradeço aos meus pais João e Adelia, por me darem incentivo, apoio e carinho, e por serem a minha maior motivação no encerramento de minha formação e conclusão desta etapa.

Agradeço aos meus colegas, que em vários momentos foram as molas propulsoras para que eu não desistisse. A minha irmã Noeli, obrigada por torcer por mim. Ao meu marido Marcelo, e a minha princesinha Manuella que ainda não veio ao mundo, pela paciência da mamãe passar horas estudando e não ter te dado atenção, mesmo você dando os chutinhos esperando carinho.

Agradeço a minha Orientadora, Professora Betina Beltrame pela calma que me proporcionou, pela atenção e por estar sempre disponível para me ajudar e me estimular a seguir em frente. E a todos os professores que fizeram parte da minha formação, passando seus conhecimentos, o meu muito obrigado.

Por fim, agradeço aos meus amigos pelos momentos de descontração que me proporcionaram, para que eu pudesse me tranquilizar na realização deste trabalho.

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“No curso de sua história, o homem não cessou de se construir a si mesmo, ou seja, de trasladar continuamente o nível de sua subjetividade, de se constituir numa série infinita e múltipla de subjetividades diferentes

que nunca alcançam um final nem nos colocam na presença de algo que pudesse ser o homem.”

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RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso apresenta uma pesquisa bibliográfica acerca do processo de adoecimento ou sofrimento psíquico do sujeito trabalhador. Para discutir a temática proposta, traz-se uma abordagem histórica do trabalho para o homem, bem como este se organiza dentro da instituição. O trabalho vem se modificando ao longo dos anos, necessitando cada vez mais de conhecimentos específicos e mão de obra especializada. Não havendo estas condições, e sendo o trabalho fundamental para o sujeito e sua sobrevivência, alguns trabalhadores acabam por se sujeitar a realizar atividades para as quais não estão qualificados, para poder continuar com sua atividade mesmo não lhe oferecendo bem estar, mas poderá ser substituído a qualquer momento por outro trabalhador melhor preparado, considerando a competitividade a qual estamos vivenciando atualmente. Quando o sujeito não encontra trabalho ou se submete ao sub-trabalho, como uma questão de mera sobrevivência, parece haver a possibilidade de que ele passe a achar-se incapaz, diferente, excluído dos processos sociais de seu grupo. Sentindo-se marginalizado do processo produtivo, este sujeito pode vir a deixar de fazer novas buscas por emprego, isolando-se e lentamente pode vir a adoecer e sofrer.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...7

1. CONSTITUIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO, TRABALHO E HISTÓRIA AO LONGO DOS ANOS PARA O SUJEITO ...9

1.1. A Organização...9

1.2. Conceito de Trabalho ...13

1.3. Significado do Trabalho no Decorrer da História ...15

2. SOFRIMENTO E AS RELAÇÕES DE TRABALHO ...20

2.1. O Sofrimento Psíquico ...20

2.2. Relações entre o Sujeito e o Trabalho, no que Concerne ao Processo do Sofrimento ou Adoecimento Psíquico...24

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...32

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho de Conclusão do Curso de Psicologia é delimitado pela linha teórica psicanalítica, e propõe a abordagem do tema Psicopatologia do Trabalho como um sintoma que se destaca na nossa condição social, devido à quantidade de pessoas que trazem queixas referentes ao adoecimento pelo trabalho.

Apresenta exposições acerca da organização do trabalho, para a constituição do sujeito dentro do espaço de trabalho. Isto tornou-se possível, fazendo uma retomada do que foi o trabalho para o homem e pela configuração atual do mundo contemporâneo, onde o capitalismo impera, e impõe aos sujeitos uma forma de inserir-se no mundo do trabalho, desenvolver suas atividades, tendo a possibilidade de escolha de campo de trabalho ao qual deseja atuar.

Inicialmente, o primeiro capítulo – Organização - aborda-se, de uma forma mais ampla, o significado da palavra e situa-se sobre ela um olhar a partir de uma breve exposição de como se organiza e reorganiza a todo o momento uma organização, com suas regras e leis que são constitutivas de todas as empresas bem organizadas.

O primeiro capítulo traz ainda, a constatação levantada por Chiavenato (2004), em que ele aborda a concepção de que o homem moderno vive dentro da organização e precisa dela para viver, se alimentar, educar, informar, divertir e cuidar da saúde. Desta forma, podemos pensar inicialmente que a Organização faz parte da constituição do sujeito.

No ponto seguinte faz-se uma retomada histórica desde antes da Era da Revolução Industrial, para entender como se dava o trabalho para o homem. Albornoz (1994) relata que o trabalho era visto como uma forma de prazer, as pessoas trabalhavam porque gostavam do que faziam, não recebiam por isso, trabalhavam para o seu próprio sustento, sendo que em momentos faziam trocas de produtos, trocavam o que tinha em abundância pelo que lhes faltava.

Com o passar do tempo por volta do século XVIII, com a Revolução Industrial, isso passa a ser substituído por pequenas fábricas, extinguindo aos

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poucos o trabalho braçal, onde as pessoas começam a comprar alimentos ao invés de produzir.

Conforme Dejours (1992) foi com a chegada das fábricas, que começa também a inserção do chefe da família no trabalho, logo após ia a esposa, e com ela levava os filhos para trabalhar, pois os salários eram muito baixos para apenas uma pessoa da família trabalhar e sustentar o restante. O trabalho era desumano, chão das fábrica com falta de higiene, odores fortes, intoxicações, além da carga horária de trabalho ser de até 12 horas por dia ou mais, e o efeito disso recaía sobre o trabalhador, que acabava por se esgotar de cansaço, criando uma grande quantidade de pessoas que acabavam por adoecer devido a várias questões relacionadas ao trabalho.

Esse trabalhador sofria uma grande pressão psíquica, que logo de início não é visível, mas que passado o tempo, foi aumentando até o momento em que aparece através de algum problema biológico, só aí é dada atenção, às vezes mínima para esse sujeito, quando já está fragilizado. Em muitos casos quando o trabalhador não se dá conta desta pressão mental, ele pode acabar tendo sérios sofrimentos psíquicos, emocionais, e biológicos.

O segundo capítulo - Relações entre o sujeito e o trabalho, no que concerne ao processo de adoecimento ou sofrimento psíquico - é subdivido em duas partes. A primeira concentra-se em entender o que é o adoecimento psíquico, baseado em autores como Dejours (1992), Freud (1930), Codo (1985 - 1993), para depois na sequencia, entender um pouco como se dá esse tipo de patologia para o sujeito no trabalho, e como esta pode aparecer de diversas formas e sintomas, que muitas vezes, não são percebidos instantaneamente por se tratar de um adoecimento lento, imperceptível. Baseado e fundamentado em autores que tratam do assunto como Codo, Chanlat, e o próprio Dejours, que é reconhecido como o autor que mais fundamenta essa questão do adoecimento, como um fator de desestabilização do trabalhador, e as relações e formas de trabalhar com estas questões antes que aconteça qualquer problema mais sério como um acidente propriamente dito, trazendo risco para seu bem-estar e dos demais do grupo.

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1. CONSTITUIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO, TRABALHO E HISTÓRIA AO LONGO DOS ANOS PARA O SUJEITO

Baseado numa pesquisa bibliográfica, o presente trabalho utiliza-se de uma análise textual, temática e interpretativa do tema proposto, que nas palavras de Gil (2010) é uma pesquisa elaborada com material já publicado e impresso como livros, revistas, teses, dissertações, para que o trabalho tenha uma fundamentação teórica relevante, bem como a identificação do estágio atual do conhecimento referente ao tema. Sendo ainda importante para contrapor posições dos autores a determinado assunto.

Neste capítulo, apresenta-se o que é a organização, caracterizando também como ela se constitui, partindo de uma explanação sobre o caminho percorrido pelo sujeito com o trabalho, e em que momento encontra-se o sujeito organizado dentro de uma organização. Que tempo é esse, em que momento estamos situados, e o que esta organização vem produzindo no sujeito que podemos chamar de adoecimento psíquico na atualidade.

O primeiro capítulo é utilizado como um aporte para o debate que será desenvolvido no decorrer deste trabalho sobre a psicopatologia no trabalho, tema central desta pesquisa. Neste, é apresentado o conceito de organização, já que buscamos justificar, no decorrer de nosso estudo, que a organização é onde o sujeito se defronta com as exigências esperadas dele dentro da organização.

1.1 A Organização

A organização fez e faz parte do sujeito. E nela que encontram-se as primeiras oportunidades de trabalho, onde o trabalhador pode mostrar seus conhecimentos iniciais, e ir aperfeiçoando suas formas de trabalho com o passar do tempo, independente dos problemas e circunstâncias com que se defrontam.

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Chiavenato (2004), afirma que todas as organizações se defrontam com problemas, e que por isso, devem estar em constante organização internamente, para responder às expectativas e exigências do mundo do trabalho.

A partir desta base, França (2008) afirma que, toda e qualquer organização humana é composta por pessoas, não levando em consideração seu tamanho, o que produz, e quanto lucra, o mais importante a ser considerado são as pessoas nela inseridas.

Chiavenato (2004, p.286) explica que, “organizar a organização é um enorme e constante desafio.” As organizações nascem, crescem, se desenvolvem, e se não forem bem cuidadas podem morrer, por isso as organizações devem se organizar e reorganizar constantemente para serem bem sucedidas.

A organização (do grego, organon = ferramenta) significa o arranjo e disposição dos recursos organizacionais para alcançar objetivos estratégicos. Esse arranjo se manifesta na divisão do trabalho em unidades organizacionais, como divisões ou departamentos e cargos, a definição de linhas formais de autoridade e a adoção de mecanismos para coordenar as diversas tarefas organizacionais. (CHIAVENATO, 2004, p. 286).

Deste modo, o sucesso de uma organização repousa de certa maneira, na forma como esta consegue funcionar e proporcionar melhores resultados, já que o objetivo de toda organização é criar e explorar estratégias para com o trabalho e o trabalhador.

Chanlat (1996) traz que a organização é um local para onde são trazidos, e no interior do qual são reproduzidos e produzidos, esquemas de conhecimento, instrumentos de análise e corpos, de onde há conhecimentos sistematizados sobre o ambiente, tecnologia, e sobre a própria organização e a psicologia dos indivíduos.

Para muitos sujeitos trabalhadores a mecanização trouxe enormes ganhos, fazendo com que o ser humano se transformasse num competidor nato. Para outros, o conhecimento do velho, com quem se mantinha a sabedoria mais antiga, não era mais considerado. O uso da máquina transformou a visão do homem sobre a produção, deixando a sua marca na imaginação, pensamento e sentimento dos homens através dos tempos (MORGAN, 1996).

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As organizações se propõem muitas vezes a atender apenas as necessidades do cliente, deixando de prestar atenção no trabalhador que realiza este serviço. Reforça-se que a qualidade dos serviços prestados não se faz somente com tecnologias, mas sim com pessoas que estejam capacitadas, treinadas, lideradas, motivadas e tenha plena consciência de suas responsabilidades (CHIAVENATO, 2004).

Chanlat (1996, p.29) afirma que:

O ser humano dispõe de uma autonomia relativa. Marcado pelos seus desejos, suas aspirações e suas possibilidades, ele dispõe de um grau de liberdade, sabe o que pode atingir e que preço estará disposto a pagar para consegui-lo no plano social. O universo organizacional é um dos campos em que se pode observar ao mesmo tempo esta subjetividade em ação e esta atividade da reflexão que sustenta o mundo vivenciado da humanidade concreta.

Levando em conta que muitas organizações crescem, e que apesar de provocarem sofrimento e dor nas pessoas, crescem a ponto de ignorar este fator tão importante que é saúde tanto física quanto mental desses sujeitos, que são tomados como “coisas funcionais” (pessoas vistas apenas como trabalhadores sem espaço para expor sentimentos), onde não há lugar nem tempo para afeto e expor emoções, que devem ficar contidos, criando várias situações de conflito (FRANÇA, 2008).

As empresas estão cada vez mais preocupadas com os rendimentos, e aos poucos desligando o interesse tanto pelo trabalho do trabalhador, como pela sua vida, pois faz parte do bem estar do trabalhador na empresa que ele esteja bem com sua vida, seus vínculos sociais e afetivos. As empresas acabam dando mais enfoque para os lucros e rendimentos, e pensam o homem, não pela sua dedicação ao que foi produzido, mas vendo-o como um sujeito mecanizado, envolvido pelo sistema burocrático da empresa.

Para reforçar a ideia, cita-se Morgan sobre o que o mesmo escreve sobre a vida organizacional:

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A vida organizacional é freqüentemente rotinizada com a precisão exigida de um relógio. Espera-se que as pessoas cheguem ao trabalho em determinada hora, desempenham um conjunto predeterminado de atividades, descansem em horas marcadas e então retomem as suas atividades até que o trabalho termine. (MORGAN, 1996, p.22).

De acordo com Morgan (1996), as organizações são planejadas e operadas como se fossem máquinas. Este autor refere que, pela organização ser comparada a uma máquina, o trabalhador deveria acompanhar o seu ritmo de funcionamento. Mas a maioria das organizações são burocratizadas, devido à maneira mecanicista de pensamento que delineou os mais fundamentais conceitos de que se chama de organização. Quando se fala em organização pensa-se num conjunto de ralações ordenadas entre partes claramente definidas que possuem alguma ordem determinada.

Chiavenato (2004) aborda a concepção de que o homem moderno vive dentro da organização e precisa dela para viver, se alimentar, educar, informar, divertir e cuidar da saúde. E a cultura da organização é histórica e antropológica (porque está gravada em cada organização). E esta cultura que diferencia a maneira como cada sujeito interage uns com os outros e também como se comportam, sentem, pensam, agem e trabalhem.

Por isso, cada cultura traz a sua forma de desenvolver e criar, que orienta as nossas ações de alguma forma, desde as nossas maneiras de ser e de agir; dentro do conjunto de complexidades existentes em nossa sociedade, e que possibilita ao homem adquirir sua capacidade para orientar sua vivência, seu conjunto de conhecimentos, crenças, arte, moral, costumes e hábitos.

Então, uma organização não existe sem a instituição segundo Lebrun (2009). O mesmo autor afirma que a instituição tem a sua origem na falta em um tempo a posteriori. A condição primária da instituição é o furo enquanto puro real, e precisa encontrar uma forma de representação, que é entendido como um mito fundador. A instituição vai se atualizando através dos sintomas que vão retornando e faz com que a empresa se interrogue sobre a sua história.

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1.2 Conceito de Trabalho

Neste ponto vamos seguir com os pensamentos anteriores, tendo a contribuição de alguns autores para definir o que é o trabalho, e o que ele significa para o sujeito nos mais diversos tempos.

Para alguns sujeitos, o trabalho é algo da ordem de uma escolha subjetiva, permitindo a construção de sua identidade como pessoa, pois, podemos nos organizar através do reconhecimento que obtivermos no trabalho que realizamos. Para muitos, o trabalho é apenas uma forma de ganhar dinheiro para sustentar o consumo. Para muitas outras pessoas, é a forma de colocar em prática seus conhecimentos em determinada área, o que daria um sentido para o trabalho que desenvolve.

Albornoz (1994) relata que a palavra trabalho está carregada de significações, sendo algumas delas satisfação, realização, ou por outro ponto de vista, sofrimento, tortura, repetição, dor, entre outros, e acompanha a história.

Sendo possível ainda contrapor com outras significações e línguas que entram em controvérsia, como no grego:

O grego tem uma palavra para fabricação e outra para esforço, oposto a ócio; por outro lado, também apresenta pena, que é próxima de fadiga. O latim distingue entre laborare, a ação de labor, e operare, o verbo que corresponde a opus, obra. Em francês, é possível reconhecer pelo menos a diferença entre travailler e ouvrer ou oeuvrer, sobrando ainda o conteúdo de tâche, tarefa. Assim também lavorare e operare em italiano; e trabajar e obrar em espanhol. No inglês, salta aos olhos a distinção entre Jabour e work, como no alemão, entre Arbeit e Werk. Work, como Werk, contém a ativa criação da obra, que está também em Schaffen, criar, enquanto em labour e Arbeit se acentuam os conteúdos de esforço e cansaço. (ALBORNOZ, 1998, p. 8-9).

Já na língua portuguesa a palavra trabalho, tem origem do latim, Tripalium que era um instrumento feito de três paus aguçados, algumas vezes munidos de pontas de ferro, o qual os agricultores usavam para bater trigo, e espigas de milho como explica Albornoz (1994).

Segundo Codo (1993), a palavra trabalho na língua portuguesa tem sua origem a mais de três séculos, e também pode ser entendida como sinônimo de

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ocupação, atividade, tarefa, profissão, oficio, e é sempre vista como resultado de alguma ação executada.

Vasquez (1997) ressalta que o trabalho, é de certa forma uma atividade humana, que é governada pela consciência e por fins idealmente postos antes da execução propriamente dita da atividade. Sendo assim podemos pensar que antes mesmo do trabalho ser executado, ele já é tido como tal, porque precisa ser pensado, planejado, elaborado antes de ser propriamente desenvolvido na prática.

A partir disso, temos a ideia de que sempre o trabalho foi pensado como uma forma de sofrimento para o homem, sendo considerada forma de trabalho, até o modo de planeja-lo intelectualmente enquanto o esforço corporal.

Nesta mesma linha de pensamento, nos damos conta de que a partir do trabalho as pessoas criam vínculos sociais, além de reconhecimento pelo que é desenvolvido quando bem feito. Através do trabalho que cada sujeito desenvolve, é de onde irão surgir as reações da organização quanto ao seu trabalho, sejam resultados que agreguem a sua desenvoltura ou não, não sendo favorável, pode acabar gerando alguma patologia.

Albornoz traz algumas contribuições a cerca do assunto quando se trata do rendimento e reconhecimento do homem no trabalho.

Há quem julgue o trabalho como um dever. É o que aparece na concepção puritana da vida. É o que acaba se acentuando em algumas versões da sociedade industrial. E se nos deixamos empolgar pela visão positiva do trabalho, mesmo na sua concepção humanista, renascentista, o trabalho não só é um dever, mas um direito, pois através dele o homem é homem, se faz, aparece; enquanto cria, entra em relação com os outros, com o seu tempo, cria o seu mundo, se torna reconhecido e deixa impressa no planeta em que vive a marca da sua passagem. (ALBORNOZ, 1998, p. 24).

Na interpretação de Codo (1993), Marx Weber defende um posicionamento um pouco diferente sobre o trabalho. Em “O Capital”, Marx afirma o trabalho como sendo criador de valores-de-uso, como trabalho útil, e que o trabalho é indispensável para a existência do homem, seja em quaisquer formas de sociedade, pois é uma necessidade natural. O trabalho é um processo onde o homem não participa sozinho, é um processo entre ele e a natureza, que põe em movimento as forças do

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seu corpo como os braços, pernas, mãos, cabeça a fim de apropriar-se de seus recursos, dando uma forma útil à vida humana. Então, o homem por meio do trabalho, tende à construção do seu mundo objetivo, sendo através da manipulação da natureza.

Portanto, o trabalho está na base de qualquer sociedade, e na vida de qualquer sujeito, e é com o trabalho que surgem as primeiras relações. A forma como cada indivíduo interpreta o trabalho, será a forma com a qual irá seguir desenvolvendo suas atividades, criando seus vínculos e agregando conhecimento.

O sujeito que busca conhecimento e tem interesse pelo trabalho, pode ter muitas oportunidades proveitosas para com o seu trabalho, em função disto é necessário que se tenha conhecimento sobre a questão de como acontece e se dá o trabalho, não apenas nos dias de hoje, mas fazer uma retomada e buscar saber um pouco mais sobre a história do trabalho, para que se possa pensar o trabalho hoje.

1.3 Significado do Trabalho no Decorrer da História

O objetivo deste subcapitulo é, primeiramente discutir e analisar o papel do trabalho na vida dos sujeitos, que se deparam todos os dias com novos questionamentos referentes ao seu cotidiano, e como isso se dá ao longo história.

Para iniciar os questionamentos referentes ao trabalho, é oportuno retomar alguns pontos e momentos importantes acerca da historicidade do trabalho para o homem, pois como vimos anteriormente, o trabalho fez e faz parte da constituição do homem desde a formação de sua subjetividade quando ele se identifica e desenvolve alguma atividade.

Albornoz (1994) destaca que as pessoas trabalhavam para seu próprio sustento, consumiam o que produziam, sendo que a caça e a pesca eram seus principais alimentos. Neste período não visavam lucro nenhum, apenas subsistência. Não havia disputa por quem produzia mais ou lucrava mais.

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Após a fase em que tudo o que era consumido era extraído da natureza, surge a agricultura, onde começam a surgir as trocas, e junto com isso a noção de propriedade do local onde estavam sendo plantados os produtos.

Reivindicarei a posse ou o direito de domínio e determinação sobre o produto deste pedaço de terra que cultivei. Do que planto, como e alimento meus filhos. E se me sobra alguma coisa, levo-a para trocar com o vizinho: minha sobra de milho por sua sobra de trigo ou leite de cabra. (ALBORNOZ, 1994, p. 18).

Desta forma de trabalho na terra, começam a surgir às primeiras formas de riqueza, e com isso vai aumentando o incentivo de aumentar a produção e diversificar os produtos que eram plantados, isso também vai ajudar no desenvolvimento do trabalho artesanal, intensificando o comércio. Dessa troca inicial de produtos, dar-se-ão os primeiros passos para a criação do comércio e a vendas mediadas por moedas.

Com a intensificação do artesanato e do comércio, as riquezas não dependiam mais somente do que advinha da terra, mas ainda continuavam necessitando do que era produzido por ela para produzir mais. Os comerciantes mais bem sucedidos começam então a empregar trabalhadores para ajudar no trabalho que começava a aumentar, e assim começa uma hierarquia baseada no dinheiro, possibilitando também o surgimento dos primeiros salários.

O tempo foi passando, e estes artesãos vão ganhando seu lugar como trabalhadores, e sujeitos que começam a ganhar um reconhecimento pelo que produziam. Aliado a isso, começam a ter rotinas de trabalho, a aplicação da ciência à produção também traz uma grande mudança, especialmente na área química, que era aplicada diretamente na indústria.

Nessa perspectiva Albornoz (1994, p.21) destaca que:

A performance histórica da classe burguesa em seu momento criativo teria sido, pois, a ideia de aplicar à produção os conhecimentos sobre a natureza e os fenômenos físicos. Aplicar a ciência ao aumento da produção material, assim como hoje cada vez mais, nas sociedades contemporâneas se aplicam conhecimentos das ciências humanas e principalmente da psicologia ao controle social.

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Albornoz (1994) chama a atenção para o fato de que o indivíduo da modernidade, encontra dificuldades em dar algum sentido (seja ele no seu convívio social, como suas relações de trabalho) para a sua vida, se não for através do seu trabalho, pois para estar bem com seu trabalho e poder render é necessário que o sujeito esteja bem com as suas relações.

A chegada do período do capitalismo industrial foi se caracterizando, basicamente pelo aumento da produção. Também caracterizam este período, o abandono do campo por seus habitantes, que foram em busca de melhores condições de vida, e vão aos centros urbanos para se instalar.

Um fator marcante desta época era a jornada excessiva de trabalho, os salários eram desumanos para a carga de trabalho exercida pelos funcionários, não sendo o suficiente para sobrevivência das famílias, e com isso, acabavam por trazerem crianças para trabalhar nas fábricas com seus familiares, sendo que muitas outras formas de aumentar a renda das famílias eram pensadas, mas sem muito sucesso, e acabavam por trabalhar mais, podendo assim aumentar minimamente os salários.

Dejours traz sua contribuição nessa situação colocando que:

Alguns elementos marcantes podem ser retidos: a duração do trabalho, que atinge correntemente 12,14 ou mesmo 16 horas por dia, o emprego de crianças na produção industrial, algumas vezes a partir dos 3 anos, e, mais frequentemente, a partir dos 7 anos. Os salários são muito baixos e, com frequência insuficientes para assegurar o estritamente necessário. Os períodos de desemprego põem imediatamente em perigo a sobrevivência da família. (DEJOURS, 1992 p.14).

Além disso, é importante salientar a falta de higiene, a convivência entre diferentes pessoas e em diversas condições sociais, o esgotamento físico e mental, que acabavam por ocasionar acidentes de trabalho, o que acaba criando uma alta incidência de morbidade e mortalidade desta cadeia de trabalhadores. “A luta pela saúde, nesta época, identifica-se com a luta pela sobrevivência: ‘viver, para o operário, é não morrer’.” (DEJOURS 1992, p. 14).

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Com isso, não se pode pensar muita coisa referente à saúde do trabalhador do século XIX, pois a mão-de-obra ao invés de ser algo prazeroso, começa a tornar-se apenas uma mercadoria, onde não tornar-se tornar-sente mais prazer pelo que tornar-se faz, apenas faz-se pelo salário e para seu sustento.

Segundo Dejours (1992), o que pode ser chamado de “pré-história da saúde do trabalhador”, após tantas lutas dos trabalhadores, por melhores condições de vida e reivindicação de seus direitos, conquistam então, ainda no século XIX, a redução da jornada de trabalho. Os trabalhadores estavam muito cansados, o esgotamento não era apenas físico, mas também mental, e isso fez com que se iniciasse os movimentos operários em busca de melhores condições.

Deste modo, não é o aparelho psíquico que aparece como primeira vítima do sistema, mas, sobretudo o corpo dócil e disciplinado, entregue sem obstáculos, á injunção da organização do trabalho, ao engenheiro de produção e á direção hierarquizada do comando. Corpo sem defesa, corpo explorado, corpo fragilizado pela privação do seu protetor natural, que é o aparelho mental. Corpo doente, portanto, ou que corre o risco de tornar-se doente. (DEJOURS, 1992 p. 19).

Ademais, estes movimentos dos operários, conforme Dejours (1992), também tentam obter melhorias no que concerne a saúde-trabalho e mudanças para o conjunto de trabalhadores. Muitas vezes, não se conseguiam resultados e ainda geravam mais diferenças entre os sujeitos trabalhadores e as fábricas.

O capitalismo trouxe uma grande mudança de pensamento a respeito do trabalho, pois no período anterior quem produzia, como o artesão, por exemplo, iniciava e finalizava o processo de fabricação do produto. Quem não tinha nenhuma ocupação ou conhecimento trabalhava de forma braçal para ganhar seu salário. O trabalho se torna mercadoria, e uma mercadoria que pode ser comprada (DEJOURS 1992).

A Revolução Industrial no século XIX, vai rompendo aos poucos o laço que o trabalhador tinha com o feudalismo, pois a máquina vem para substituir o trabalho manual. E não consiste apenas na inserção da máquina na produção, o crescimento de produção nas fábricas acaba eliminando outras formas existentes de

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apropriações do trabalho. O capitalismo ainda vem se desenvolvendo nos dias atuais, sendo isso uma consequência ainda da Revolução Industrial.

A chegada do taylorismo vem para reduzir a jornada de trabalho do homem, e assim poder dar-lhe a oportunidade de aproveitar um pouco seus momentos livres, com sua família, com o social, ao ar livre, podendo assim render o seu trabalho e buscar um sentido para o que desenvolve.

Pensando nisso, é possível questionar se o trabalho é dignificante para esse trabalhador, ou detona seu bem estar e sua forma de viver, pois se não houvesse essas mudanças no decorrer da história, haveriam muitas pessoas que adoeceriam constantemente em decorrência da carga horária excessiva e da falta sentido/sentimento pela sua vida.

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2. SOFRIMENTO E AS RELAÇÕES DE TRABALHO

Este capítulo é subdividido em duas partes. Primeiramente discorre-se como acontece e como se dá o sofrimento psíquico no sujeito, através de uma pesquisa acerca do que os autores estudam sobre tais questões.

Na segunda etapa, é apresentado como aparece esse sofrimento nas relações de trabalho, e quais suas consequências. O sofrimento, hoje, atinge muitas pessoas, num mundo, onde a produção e a competência são muitas vezes levadas mais em conta do que a saúde e bem-estar do trabalhador.

2.1 O Sofrimento Psíquico

Um sujeito que desempenha uma função apenas por necessidade de trabalhar, sem oportunidade de escolha, não conseguindo identificação com a atividade; ou até mesmo pela alienação ao trabalho, pode acabar adoecendo. Tal sofrimento, pode ser uma das razões pelas quais as pessoas desenvolvem algum tipo de patologia. Por isso, é necessário entender a psicopatologia do trabalho.

É sabido que o trabalho está no centro de tudo para o homem e faz parte da constituição psíquica dos indivíduos. Por isso, a importância de levantar as hipóteses do que acontece com esse trabalhador quando ele se defronta com problemas no seu trabalho ou até mesmo alienado pelo sistema. Nas palavras de Codo, “o homem alienado é um homem desprovido de si mesmo.” (CODO, 1985, p.8).

Pensando nisso, a alienação pode ser pensada por dois vieses diferentes. O trabalhador que não tem espaço para criar e expandir dentro da organização, e o trabalhador que não quer participar. Este primeiro trabalhador é o que sofre mais por querer colaborar e não tendo mais chances de explorar o seu conhecimento, acaba por estacionar. E o segundo trabalhador, que é aquele que se acomoda mesmo, que para ele a forma de trabalho está boa, prefere que não seja mexido na sua forma de trabalho, pois não tem autonomia para realizar demais atividades. A alienação tem muito a ver com o desejo inconsciente, segundo Dejours (1992).

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Sobre isso, Laurell (1982), traz em seu livro sobre o sintoma de adoecimento psíquico que:

A compreensão de adoecimento psíquico deve ser entendida, em termos gerais, determinado pelo modo como o homem se apropria da natureza em um dado momento, apropriação que se realiza por meio do processo de trabalho baseado em determinado momento das forças produtivas e relações sociais de produção. (LAURELL, 1982, p.16).

No entendimento de Dejours (1992), o sofrimento psíquico é patogênico, porque ele é responsável pela fragilização e desestabilização do sujeito, frente ao trabalho que realiza, e isso coloca a vida psíquica do indivíduo em risco. Mas mesmo assim, Dejours afirma que todo e qualquer trabalho, causando ou não sofrimento psíquico, pode ser fonte de saúde e de prazer.

Outro enfoque proposto por Dejours é que o sofrimento resulta da organização do trabalho para o homem. Geralmente a psicopatologia do trabalho, tem a ver muito com a forma de trabalho, como ela se dá para cada sujeito.

O trabalhador visa sempre uma satisfação ao iniciar um novo trabalho, procura realizar seus projetos quando os tem, e pensa neles como uma forma de prazer. Quando isso não acontece, com o passar do tempo, o trabalhador pode começar a sintomatizar. Muitas vezes, nem o trabalhador e nem o meio se dão conta disso, por ser este um processo muito lento.

Freud traz sua contribuição sobre a psicopatologia em “O Mal Estar da Civilização”. Nesse aspecto:

A atividade profissional constitui fonte de satisfação, se for livremente escolhida, isto é, por meio de sublimação, tornar possível o uso de inclinações existentes, de impulsos instintivos (pulsionais) persistentes ou constitucionalmente reformados. No entanto, como caminho para a felicidade, o trabalho não é altamente prazeroso para os homens. Não se esforçam em relação a ele como o fazem em relação a outras possibilidades de satisfação. A grande maioria das pessoas só trabalha sob pressão da necessidade, e esta aversão humana em relação ao trabalho suscita problemas sociais extremamente difíceis. (FREUD, 1930 p.102).

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Freud traz ainda que todo trabalho escolhido livremente é para ser a fonte de prazer ou não para o sujeito.

[...] Nossa vida psíquica normal apresenta oscilações entre uma liberação de prazer relativamente fácil e outra comparativamente difícil, paralela à qual ocorre uma receptividade, diminuída ou aumentada, ao desprazer. (FREUD, 1930 p.86).

A partir disso, observa-se a importância que tem para o sujeito trabalhador, obter o reconhecimento pelo seu trabalhado desenvolvido. Quando isso não ocorre, o trabalhador acaba ficando alienado á somente aquela atividade que realiza, o que lhe causa um grande sofrimento psíquico, sendo este, um sofrimento invisível. Este sofrimento, não é igual a um corte no braço onde todos podem ver e realizar imediatamente os procedimentos para amenizar a dor, esse sofrimento fica invisível para os demais a sua volta.

Na luta cotidiana contra este sofrimento, acontece do trabalhador não perceber que já está dentro do sintoma, ficando despercebido por ele, pelos demais colegas e pelo social ao qual pertence, pois o próprio sofrimento cria barreiras defensivas, por ser o trabalho algo que é da constituição do sujeito e essencial para ele. Este sofrimento também pode ser chamado de sofrimento criativo. Este é um sofrimento que gera uma barreira de luta do sujeito para não descontrolar-se, e ter condições de reverter essa situação criando suas próprias barreiras, podendo produzir soluções que sejam favoráveis para o sujeito e para a sua vida, e que reflita em bem estar para a sua saúde (DEJOURS, 1992).

Dejours (1992) trata também do sofrimento patogênico, que é o contraposto do sofrimento criativo, o patogênico é quando o trabalhador não produz soluções para seus problemas relacionados ao seu trabalho, ao contrário, o sujeito produz soluções desfavoráveis para sua vida, autoestima e trabalho.

Para o mesmo autor, a psicopatologia do trabalho tem estudado a relação do homem e a organização do trabalho. Se de um lado a organização do trabalho é caracterizada pela sua rigidez e por se impor regras e restrições aos trabalhadores de outro, o funcionamento psíquico, fica caracterizado pela liberdade de imaginação e criação do sujeito frente aos seus desejos inconscientes. Para que o trabalhador

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possa ter essa liberdade, é preciso que ele encontre sentido no trabalho a partir de uma identificação, investindo na sua criatividade.

Outro contra ponto do autor que se pode destacar, é que também há uma satisfação do trabalho para o homem quando o meio lhe possibilita, quando ele encontra alguma atividade há qual se identifica e sente prazer no trabalho que executa.

O modo capitalista exige muito a atividade repetitiva, onde o trabalhador chega, executa suas atividades por horas, tem seu pequeno intervalo e logo volta para as mesmas atividades, até encerrar sua carga horária, criando assim uma alienação para com aquele trabalho, sem ter chances de criar novas formas de organizar-se dentro da instituição. Tal situação é mais frequente em metalúrgicas, fábricas de calçados e empresa as quais as máquinas são os principais aliados para o trabalho, mas totalmente mecanizado.

As atividades repetitivas fazem com que o trabalhador fique muito cansado ao final do dia, não tendo vontade de realizar outras atividades que fazem parte de sua vida familiar, o que muitas vezes afeta seus ciclos de relacionamento; não dando atenção necessária à família, amigos, o que pode gerar conflitos. Estes conflitos, por vezes, são levados consigo, no outro dia para o trabalho, não conseguindo realizar com êxito suas atividades, o que pode gera um ciclo de conflitos e frustrações.

Os homens e as mulheres que povoam as organizações são considerados, na maioria das vezes, apenas recursos, isto é, como quantidades materiais cujo rendimento deve ser satisfatório do mesmo modo que as ferramentas, os equipamentos e a matéria-prima. Associados ao universo das coisas, as pessoas empregadas nas organizações transforma-se em objetos. (CHANLAT, 1996, p.25).

Com isso, o trabalhador acaba ficando sem ter no que investir, não tem um sentido no trabalho, apenas o realiza por necessidade. Tal situação é muito bem ilustrada no filme do Charlie Chaplin “Tempos Modernos”, no qual o personagem Chaplin passava horas apertando parafusos, criando uma desordem total no seu sistema psíquico, ao ponto de que num dado momento este já estava praticamente inserido na máquina, como se fizesse parte dela, totalmente alienado.

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Dejours (1992) contribui ainda, dizendo que se esse investimento não acontece dentro da empresa para com o funcionário, os problemas não ficam apenas no seu convívio social e familiar, mas podem acabar gerando sérios problemas entre colegas de trabalho, tanto com intimidações, deboches, o que pode criar outro problema que é uma individualização entre colegas, e o que resta para o funcionário é o sofrimento.

Para que o sujeito possa elaborar um pouco sobre esse sintoma de adoecimento, é preciso que entenda que há uma relação entre o que acontece no trabalho, e com suas atividades dentro da instituição. Tal questão será explorada no tópico seguinte.

2.2 Relações entre o Sujeito e o Trabalho, no que Concerne ao Processo de Adoecimento ou Sofrimento Psíquico

Neste subcapítulo é feita uma relação entre o trabalhador e o seu trabalho dentro da empresa/instituição e quanto ao seu sofrimento, qual seriam as melhores formas de lidar com isso.

Quando se fala de sofrimento no trabalho, pode ser pensada a Organização Científica do Trabalho (O.C.T.) inaugurada por Taylor, como uma desapropriação do saber, o qual era extraído o máximo de força de trabalho dos sujeitos, sendo que eles se submetiam a este tipo de produção. Quando o trabalhador de submete a passar por este tipo se situação ele é totalmente privado de exercer seu trabalho de forma produtiva, e acaba por abrir possibilidades para que se instaure alguma patologia neste individuo (DEJOURS, 1992).

Entende-se, segundo Dejours (1992), que o trabalhador de certa forma se aliena dentro do seu trabalho, deixando a desejar no seu relacionamento com os demais. E com isso ele sofre, porque de momento não consegue encontrar uma saída cabível e rápida para sair desse estado de alienação. A forma de trazer isso à tona é sintomatizando e adoecendo.

Então, pode-se pensar que todo e qualquer trabalho pode trazer riscos para a saúde, tudo depende de como cada um lida com o seu trabalho e a forma que o

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desenvolve. Dejours (1992, p.34) alerta que “a doença é vivida como um fenômeno totalmente exterior resultante do destino e dependente da intervenção exterior: o médico, o hospital”.

Segundo Codo (1993), quando o trabalho proporciona condições gratificantes, e se gosta do que faz, é apaixonante, como por exemplo, os escritores que escrevem seus livros. Quando se é obrigado a exercer algo que não gosta, imprime-se uma raiva ao que se produz. Por isso, por mais alienado que seja o trabalho para o trabalhador, é preciso encontrar alguma forma de elaborar, antes de cair no sintoma de adoecimento.

Cita-se Codo para reforçar essa ideia:

[...] a carga afetiva despejada entre as escrivaninhas ou as bancadas é grande: sedução ou intriga, afeto ou picardia, fofoca ou solidariedade, carinho ou demagogia, sorriso ou palidez, [...] estamos falando nem mais nem menos de sobrevivência. (CODO, 1993, p. 190).

O trabalhador, muitas vezes não entende que o sofrimento propriamente dito, é visto como forma de adoecimento, e quando não encontra formas de ser sintomatizado, deixa sua saúde em risco.

Por vezes, o trabalhador encontra formas externas de lidar com isso. Procura por fugas nas toxicomanias, no alcoolismo, ou nas drogas não encontrando mais sentido para o trabalho. Para Dejours (1992, p.34), “o alcoolismo é uma saída individual e gravemente condenada pelo grupo social”.

As relações de trabalho podem ter relação com o comportamento de dependência em relação a substâncias psicoativas, estas relações muitas vezes acabam sendo desagradáveis e até insuportáveis pelo sujeito. “O ambiente de trabalho contribui de várias maneiras para a saúde física e o bem estar emocional dos funcionários”. (SPECTOR, 2006, p. 415).

Em algumas instituições ainda pensa-se o trabalho pelo modelo taylorista, porque é mais cômodo e mantém o controle sobre os indivíduos, não havendo muita comunicação entre eles. Tal modelo, favorece a alienação onde o trabalhador acaba isolado. Conforme Dejours (1992, p.75), “conhecemos muito mal os efeitos da

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repressão desta agressividade sobre o funcionamento mental dos trabalhadores, se bem que possamos presumir sua importância na relação saúde/trabalho”.

Os efeitos dessa forma de trabalho não são de modo algum benéficos para a saúde do trabalhador, pois precisam encontrar alguma forma de expandir seus sentimentos, os que mais aparecem são agressividade, ansiedade e insatisfação (DEJOURS, 1992).

Sobre a insatisfação e ansiedade Dejours (1992, p.78) relata que:

A partir dos efeitos específicos da organização do trabalho sobre a vida mental dos trabalhadores resulta numa ansiedade particular partilhada por uma grande parte da população trabalhadora: é o sentimento de uma esclerose mental, de paralisia da imaginação, de regressão intelectual. De certo modo, de despersonalização.

Tendo como base os elementos trazidos por Dejours, é possível obter um esclarecimento acerca do adoecimento psíquico do trabalhador que está sempre em risco, colocando seu próprio sistema psíquico como defesa criando saídas.

Caso isso não aconteça, o sujeito não suportaria tal pressão, e assim além do sofrimento, ainda teria outro grande problema que seria a descompensação do trabalho, trazendo uma queda no seu desempenho, diminuindo seu rendimento, afastando-se do grupo de colegas, e talvez perdendo seu emprego.

As instituições têm forte influência nessa relação entre o trabalhador e seu sintoma, pois muitas vezes a pressão sobre o sujeito é muito grande fazendo com que ele não encontre brechas para compensar essa pressão. Mas “basta diminuir a pressão organizacional para fazer desaparecer toda manifestação de sofrimento”. (DEJOURS, 1992, p.120).

Algumas empresas não aceitam o adoecimento psíquico, entendendo este, por vezes, como uma “preguiça” ou falta de vontade. Contudo, não percebe que pode estar pressionando demais o trabalhador, fazendo com que ele não corresponda às expectativas. Desta forma, muitas organizações só entendem e percebem que o trabalhador está sofrendo, quando este recorre as vias médicas e comprova através de documentação seu sintoma.

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Neste sentido, Dejours (1992, p.121) destaca que:

O sofrimento mental e a fadiga são proibidos de se manifestarem numa fábrica. Só a doença é admissível. Por isso, o trabalhador deverá apresentar um atestado médico, geralmente acompanhado de uma receita de psicoestimulantes ou analgésicos.

Ressalta-se que a exploração do sofrimento para o trabalhador dentro da organização não cria doenças específicas. Não existem psicoses e nem neuroses de trabalho, pois as descompensações psicóticas e neuróticas dependem muito da estrutura de personalidade de cada indivíduo, e adquiridas muito antes de entrar para o trabalho (DEJOURS, 1992).

Mas só isso não é suficiente para explicar essa descompensação. Podem-se levar em consideração três componentes da relação homem-organização do trabalho, que é a fadiga, que faz com que o aparelho mental do sujeito perca sua versatilidade; o sistema frustração-agressividade reativa, que acaba por deixar sem saída uma parte importante da energia pulsional; e a organização do trabalho, como uma correia de transmissão de uma vontade externa, que se opõe aos investimentos das pulsões e ás sublimações (DEJOURS, 1992).

É necessário que este trabalhador tente organizar-se para que de alguma forma, possa sair ileso deste sintoma. Por vezes, isso não é possível, e o trabalhador que não cede a essa desordem psíquica acaba geralmente sofrendo acidentes de trabalho. Dejours chama essa desordem de Síndrome Subjetiva pós-traumática. Esta surge após os sintomas de adoecimento aparecerem em forma de acidentes reais, como a cicatrização de uma ferida.

A síndrome subjetiva pós-traumática caracteriza-se por uma variedade de problemas funcionais, ou um sintoma que apareceu depois de um acidente real. Para Dejours (1992, p.124), “às vezes, é interpretada como descompensarão hipocondríaca de uma estrutura neurótica subjacente e preexistente ao acidente”.

Essa síndrome ainda pode acabar criando uma barreira entre o trabalhador e o seu trabalho, fazendo com que apareça o medo onde antes havia um enfrentamento de crises e problemas. Ou seja, aparece à doença, e este sujeito vai

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precisar de força e vontade para conseguir superar e enfrentar essa problemática que lhe é imposta, e o desafia a transformar esse medo em coragem novamente. Tal processo é muito lento e vai de cada sujeito encontrar as formas de superá-lo.

Convencido da realidade do risco e excluído da ideologia ocupacional, o trabalhador acidentado deverá, a partir de então, enfrentar individualmente o perigo e o medo [...] a consciência exata do risco presente durante o trabalho torna impossível à continuidade da tarefa. Nessas condições, compreende-se que o trabalhador acidentado recuse energeticamente retomar o trabalho. (DEJOURS, 1992, p.124).

Enfim, o valor que é dado ao trabalhador e ao seu trabalho está mudando constantemente. A realidade competitiva dos dias atuais, onde quem produz mais, rende mais, tem o maior valor e quem não alcança tal produção é visto de forma alienada ou como descaso com seu trabalho ou ainda falta de vontade. Para Chanlat (1996, p. 22) “há mais de um século, nossa sociedade é palco de inúmeras transformações econômicas, sociais, politicas e culturais”.

Vive-se atualmente em um mundo de incertezas, onde cada dia mais é cada um por si. Nossas relações são instáveis. Os sujeitos estão sendo tratados como bens de consumo, caso haja defeito, descarta-se ou até mesmo troca-se por versões mais atualizadas, isso acontece não só no trabalho, como no social e particular, o que acaba por influenciar novamente no trabalho, e assim vivem-se essas constantes mudanças (BAUMAN, 2007).

No mundo capitalista de hoje muitas atitudes antes inaceitáveis pela sociedade, hoje são vistas como normais, em relação ao bem estar dos sujeitos. O medo toma conta das pessoas, as quais não sabem mais diferenciar o que é certo do que é errado dentro da sociedade, vivendo muitas vezes na incerteza.

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O medo está lá - e recorrer a seus suprimentos aparentemente inexauríveis e avidamente renovados a fim de reconstruir um capital político depauperado é uma tentação à qual muitos políticos acham difícil resistir. E a estratégia de lucrar com o medo está igualmente bem arraigada, na verdade uma tradição que remonta aos anos iniciais do ataque liberal ao Estado social.

Bauman (2007) acredita que é preciso que o homem tenha amor próprio, que os sujeitos precisam ter suas relações, amorosas, sociais para se constituir e não apenas para o seu bem estar, como também para um bom rendimento no seu trabalho.

Ainda para o mesmo autor, o amor e as relações líquidas estão cada vez mais instáveis, não sabe-se mais o que esperar do outro, não se tem mais certeza de nada.

Os trabalhadores por vezes sentem-se desamparados frente à diversidade de problemas que encontram dentro das organizações, e pouco sabe sobre formas e sistemas de proteção como a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Com base nas mudanças que encontramos na sociedade moderna, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) criada em 1919, após o fim da Primeira Guerra Mundial, vem desde essa época, lutando e buscando formas de desenvolver melhores condições de trabalho para os milhões de trabalhadores. A OIT visa assim, uma vida mais justa e melhores oportunidades para homens e mulheres de todas as classes sociais, que estão inseridos no mercado de trabalho e fora desse sistema.

O Trabalho Decente é o ponto de convergência dos quatro objetivos estratégicos da OIT: o respeito aos direitos no trabalho (em especial aqueles definidos como fundamentais pela Declaração Relativa aos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho e seu seguimento adotada em 1998: (i) liberdade sindical e reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva; (ii) eliminação de todas as formas de trabalho forçado; (iii) abolição efetiva do trabalho infantil; (iv) eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação), a promoção do emprego produtivo e de qualidade, a extensão da proteção social e o fortalecimento do diálogo social. (OIT, 2014).

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O sujeito trabalhador muitas vezes não tem acesso a esse tipo de informação, e não sabe como poderia evitar ou procurar ajuda frente a problemas da instituição e da organização do trabalho, e como ela aparece para o sujeito.

Ainda há necessidade de muitos esclarecimentos para a classe trabalhadora, para que tenham a oportunidade de conhecer as Organizações que defendem seus direitos, não somente enquanto trabalhador de baixa renda, ou condição racial, mas que pensa o trabalhador também quanto ao sofrimento que pode estar carregando com sua forma de trabalho.

Seria oportuno conhecer e dominar as várias formas de ajuda e proteção as quais o trabalhador tem condição de procurar, a OIT não está voltada particularmente para o campo da psicologia, mas é visto como um órgão maior que pensa, estuda e legisla sobre o que é certo ou errado, bom ou ruim, para o indivíduo inserido no campo do trabalho, e não somente ele, como qualquer sujeito que procura formas de trabalho e inserção.

Sobre a proteção social a OIT (2012, p. 06) diz que:

A proteção social é reconhecida universalmente como um direito humano fundamental, tal como refletido na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), nas normativas das Nações Unidas e nas normas internacionais do trabalho. As políticas de proteção social compreendem a garantia de condições de trabalho decente, como o respeito à legislação trabalhista e aos princípios de saúde e segurança no trabalho, bem como regimes de seguridade social e um conjunto de políticas para proteger grupos especialmente vulneráveis da população trabalhadora. Um sistema de proteção social efetivo contribui para um crescimento equitativo, a estabilidade social e a melhoria da produtividade.

A partir dessas condições de defesa do trabalhador, a OIT estabeleceu três objetivos que refletem as dimensões mais importantes da proteção social como: promover a extensão da cobertura e a efetividade dos sistemas de seguridade social, as quais proporcionam acesso aos cuidados de saúde e proteção do rendimento em diversas contingências como, por exemplo, a maternidade, o desemprego, doenças, invalidez e acidentes de trabalho. Também de promover condições essenciais para o trabalho honrado e digno o qual traga satisfação ao sujeito, incluindo remuneração e jornada de trabalho adequadas, além de segurança e saúde no trabalho, e ainda a promoção de programas e atividades visando à

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proteção de grupos vulneráveis, tais como trabalhadores e trabalhadoras migrantes e suas famílias, ou ainda defesa de trabalhadores da economia informal e pessoas vivendo com HIV/Aids (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO - OIT, 2012).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho de conclusão de curso foi realizado para que se possa perpassar questões estudadas no decorrer do curso de graduação de Psicologia. O mesmo serviu para aprofundar os conhecimentos com relação ao processo de adoecimento ou sofrimento psíquico do trabalhador.

O sofrimento no trabalho é um tema preocupante para as organizações e que merece ser discutido ainda mais no âmbito da psicologia.

Percebe-se que o trabalhador para ter seu bem estar garantido no trabalho, precisa estar em constante organização dentro do seu ambiente de trabalho, para que, quando surjam questões ele tenha meios de lidar sem ser afetado psiquicamente.

O olhar do psicólogo frente ao processo de adoecimento precisa ter uma atenção voltada para a saúde do sujeito, do qual fazem parte trabalhadores que consequentemente, de alguma forma são atingidos pelo bombardeio de informações acerca do trabalho e o que isso traz de consequência.

Atualmente têm-se criado estratégias para trabalhar com estes sujeitos dentro das organizações como acompanhamentos por parte de equipes de treinamento contratados para esse serviço do qual fazem parte psicólogos e outros profissionais. Nem sempre os resultados são instantâneos, pois geralmente são acompanhamentos rápidos e em grupo, não se dá espaço para ouvir o trabalhador na sua individualidade, proporcionando pouco espaço de fala. E esses processos só podem acontecer desde que não interfira na produção, além de esta organização proporcionar espaço de entrada de outros profissionais que possam agregar conhecimento e um olhar diferenciado sobre a subjetividade do outro.

Através da pesquisa bibliográfica, procurou-se responder o problema de pesquisa que foi delimitado como: Em que lugar se coloca este sujeito trabalhador atualmente? A alienação do sistema produtivo pode ser um fator causador de sofrimento psíquico? Da mesma forma o objetivo geral de buscar a compreensão acerca do mundo do trabalho e suas características, partindo de um ponto de vista

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histórico, delimitado pela Revolução Industrial aos dias atuais e os efeitos desse processo no sujeito.

Desde o início da constituição do sujeito percebe-se que o trabalho esteve e está presente na vida e na subjetividade de cada indivíduo, como forma de reconhecimento, e isto é perceptível na retomada da historicidade do trabalho, no qual este encontra-se como fonte de prazer e ao mesmo tempo de sofrimento, sendo possível nesse sofrimento encontrar saídas através da elaboração do sintoma que se apresenta. Ademais, com o surgimento do trabalho mais humanizado, o homem passa a ter mais direitos.

Para tanto, quando iniciou-se os estudos na área da presente pesquisa tinha-se a noção de que era o trabalho que fazia com que o sujeito adoecestinha-se. Ao finalizar o trabalho percebeu-se que essa suposição inicial não está errada, mas sim, incompleta.

Essa problemática vai para, além disso, a questão do adoecimento é muito mais ampla, dando-se conta que é pela forma como se organiza o trabalho para o sujeito que faz com que ele adoeça, e uma vez que dentro do sintoma da organização, pode ou não criar saídas.

Por fim, o presente trabalho não tem por objetivo encerrar-se, pois através das leituras e pesquisas realizadas é possível pensar formas de intervir juntamente com o trabalho da psicologia criando ferramentas de atenção voltada para a saúde do trabalhador.

Estas podem ser trabalhadas em grupo, mas nunca deixando a singularidade do indivíduo de lado, dando-lhe oportunidade de contribuir e ao mesmo tempo criticar a sua forma de trabalho, mas podendo falar, para que, tanto o trabalhador, quanto a organização possam refletir a cerca das queixas, podendo assim trazer benefícios ao trabalhador que sofre e continuar posteriormente a refletir sobre tais questões.

Um desses pontos seria que o profissional da psicologia sempre trabalhasse em conformidade com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil. Ressalta-se que a OIT não é o foco deste trabalho, mas é de suma importância para a proteção do trabalhador, sendo que poucos sabem que já existe uma organização

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que pensa a saúde não apenas pelo viés da psicologia, mas que trabalha com todas as questões relacionadas ao trabalho e ao bem estar do sujeito.

Ademais, pretende-se realizar futuros estudos para trazer mais esclarecimentos a cerca da Organização Internacional do Trabalho (OIT), pelo viés da psicologia viabilizando mais conhecimento, acompanhamento e evolução deste mecanismo para beneficiar a saúde do trabalhador.

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