BASES DO ACORDO ORTOGRÁFICO
Helena Mateus Montenegro
hmateus@uac.pt
ACORDO ORTOGRÁFICO
BASE I
Do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados Letras do alfabeto – 26 letras
a A (á) n N (ene) b B (bê) o O (ó) c C (cê) p P (pê) d D (dê) q Q (quê) e E (é) r R (erre) f F (efe) s S (esse) g G (gê ou guê) t T (tê) h H (agá) u U (u) i I (i) v V (vê) j J (jota) w W (dáblio) k k (capa ou cá) x X (xis) l L (ele) y Y (ípsilon) m M (eme) z Z (zê)
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Obs.:
Além destas letras, usam-se: ç (cê cedilhado)
e os seguintes dígrafos:
rr (erre duplo),
ss (esse duplo),
ch (cê-agá),
lh (ele-agá),
gu (guê-u),
qu (quê-u).
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BASE II
Do H inicial e final 1. O h inicial emprega-se:
a) Por força da etimologia: hoje, haver, hélice, hera. b) Em virtude da adoção convencional: hã? hem? 2. O h inicial suprime-se:
a) Quando apesar da etimologia a sua supressão está consagrada pelo uso: ervanário, erva.
b) Quando por via da composição passa a interior e o elemento em que figura se aglutina com o precedente: desarmonia,
desumano, inábil.
3. O h inicial mantém-se quando, numa palavra composta, pertence a um elemento que está ligado ao anterior por hífen: anti-higiénico,
sobre-humano, pré-história.
4. O h final emprega-se em interjeições: ah! oh!
5. Escreve-se com ou sem h: húmido, úmido, humidade, umidade. (Do lat. Humĭdu-).
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BASE III
Da homofonia de certos grafemas consonânticos
1. Distinção gráfica entre ch e x: achar, archote, capucho, chave,
chorar; ameixa, baixo, deixar, eixo, elixir, puxar.
2. Distinção gráfica entre g, com valor de fricativa palatal, e j:
adágio, herege, girafa, estrangeiro; laranja, laranjeira, enjeitar. 3. Distinção gráfica entre as letras s, ss, c, ç e x, que representam
sibilantes surdas: ascensão, cansar, conversão; atravessar, benesse,
pêssego; cebola, cereal, cetim; dançar, linguiça, muçulmano;
auxílio, máximo, próximo.
4. Distinção entre s de fim de sílaba (inicial ou interior) e x e z com idêntico valor fónico: escusar, esgotar, espontâneo; extensão,
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5. Distinção gráfica entre s final de palavra e x e z com idêntico valor fónico: aliás, anis, após; cálix, Félix, fénix; fez, giz, arroz.
6. Distinção gráfica entre as letras interiores s, x e z, que representam sibilantes sonoras: aceso, analisar, asa; exemplo, exibir, inexato;
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BASE IV
Das sequências consonânticas
1. O c, com valor de oclusiva velar, das sequências interiores cc (segundo c com valor de sibilante), cç e ct e o p das sequências interiores pc (c com valor de sibilante) e pç e pt, ora se conservam ora se eliminam. Assim:
a) Conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferidas nas pronúncias cultas da língua: compacto, convicto, ficção;
pacto; núpcias; adepto, apto, rapto.
b) Eliminam-se nos casos em que são invariavelmente mudos nas pronúncias cultas da língua: ação, acionar, direção, diretor,
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c) Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta. Aspecto e aspeto, cacto e cato,
dicção e dição, facto e fato, sector e setor, ceptro e cetro,
concepção e conceção, corrupto e corruto, recepção e receção. d) Quando, nas sequências interiores mpc, mpç e mpt se eliminar
o p, o m passa a n, escrevendo-se, respectivamente, nc, nç e nt:
assumpção e assunção, peremptório e perentório, sumptuoso e
suntuoso, sumptuosidade e suntuosidade.
2. Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se
proferem numa pronúncia culta: o b da sequência bd, em súbdito
(súdito); o b da sequência bt, em subtil (sutil); o g da sequência gd, em amígdala (amídala); o m da sequência mn, em amnistia
(anistia), indemne (indene), omnisciente (onisciente), etc., o t da sequência tm, em aritmética (arimética).
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BASE V
Das vogais átonas
1. Distinção gráfica entre e, i. O seu emprego regula-se fundamental-mente pela etimologia: ameaça, balnear, campeão; imiscuir-se,
inigualável, itinerário.
2. Distinção gráfica entre o e u: abolir, costume, díscolo; légua, lugar,
pontual.
3. É relativamente complexa a sistematização dos usos de e ou i e o ou u em sílaba átona, pois são múltiplas as condições etimoló-gicas e histórico-fonéticas em que se fixaram graficamente
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BASE VI
Das vogais nasais
1. Quando uma vogal nasal ocorre em fim de palavra (ou em fim de elemento seguido por hífen), representa-se a nasalidade por til, se essa vogal for a: coimbrã, irmã, campeã.
2. Mantém-se o til quando se acrescenta –mente aos casos indicados no n.º 1: irmãmente, cristãmente.
3. Mantém-se o til quando o sufixo começa por z: irmãzinha,
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BASE VII Dos ditongos
1. Os ditongos orais, que tanto podem ser tónicos como átonos, distribuem-se por dois grupos gráficos principais, conforme o
segundo elemento do ditongo é representado por i ou u: ai, ei, éi, oi, ói, ui; au, eu, éu, iu, ou: caixote, deveis, farnéis, oito, lençóis,
uivar, cacau, ilhéu, mediu, passou.
2. Os ditongos nasais, que tanto podem ser tónicos como átonos,
pertencem graficamente a dois tipos fundamentais: ditongos repre-sentados por vogal com til e semivogal; ditongos reprerepre-sentados
por uma vogal seguida de consoante nasal:
mãe, cãibras, mão, tão, põe;
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BASE VIII
Da acentuação gráfica das palavras oxítonas
1. São acentuadas (acento agudo) as palavras agudas ou oxítonas terminadas nas vogais –a, -e ou –o, seguidas ou não de s:
está, pontapé, dominó.
2. Algumas palavras oxítonas admitem acento agudo ou circunflexo:
bebé ou bebê, canapé ou canapê, puré ou purê.
3. Acentua-se com acento agudo a forma verbal terminada em r, s, z quando se acrescenta o pronome pessoal nas formas lo, la:
dá-la, comprá-la.
Com vogal fechada usa-se o acento circunflexo: compô-lo-ia,
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4. Acentuam-se com acento agudo as palavras oxítonas (não monossilábicas) terminadas em –em ou ens, à excepção das formas verbais: entretém / entreténs, mas mantêm, intervêm. 5. Acentuam-se: ilhéus, anéis, herói, corrói.
6. Não são acentuadas graficamente palavras oxítonas homógrafas, mas heterofónicas: cor / cor colher / colher para / para mas pôr / por
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BASE IX
Da acentuação gráfica das palavras paroxítonas (graves) 1. Geralmente as palavras paroxítonas não são acentuadas:
. enjoo
. voo
2. São acentuadas com acento agudo (vogal aberta) e com acento circunflexo (vogal fechada) palavras paroxítonas terminadas em –l, -n, r:
. amável . têxtil
. dócil . cânone
. tórax . cônsul
3. Não têm acento gráfico:
. assembleia . heroico
. boina . introito
. comboio . jiboia
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4. É facultativo acentuar a 1.ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo:
. falámos ou falamos
5. Mantém-se o acento circunflexo em têm, vêm e derivados: . mantêm; detêm
6. Distingue-se graficamente pôde e pode.
7. É facultativo acentuar a 1.ª pes. do plural do presente do conjuntivo: . dêmos ou demos
8. Escreve-se sem acento circunflexo: . creem; deem; veem; preveem
11. Escreve-se sem acento agudo: . para (prep.)
. para (verbo)
12. Escreve-se sem acento agudo: . polo (polo Norte)
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BASE X
Da acentuação gráfica das vogais tónicas grafadas i, u das palavras oxítonas e paroxítonas
1. Acentuam-se:
. atraí; país; amiúde
. atraíam; atraísse; cafeína; saída, egoísmo
2. Acentuam-se:
. juízes, mas juiz
. raízes, mas raiz
3. Não se acentuam: . bainha
. moinho
4. Não se acentua o i nos ditongos iu e ui precedidos de vogal: . distraiu; instruiu, pauis
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BASE XI
Da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas (esdrúxulas)
1. Acentuam-se palavras esdrúxulas com vogal aberta e com i ou u: . árabe; exército; líquido, tétrico
2. Acentuam-se com acento circunflexo:
. dinâmico; excêntrico, trôpego; fôssemos
3. Palavras que podem ser acentuadas com acento agudo ou circunflexo: . académico / acadêmico . anatómico / anatômico . fenómeno / fenômeno . fêmea / fémea . gémeo / gêmeo . génio / gênio
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BASE XII
Do emprego do acento grave
1. Emprega-se na contracção da preposição a com o artigo definido no feminino ou com os demonstrativos:
. à; às
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BASE XIII
Da supressão dos acentos em palavras derivadas
1. Advérbios de modo não são acentuados nem com acento agudo nem com acento circunflexo:
. lamentavelmente
. excentricamente
2. Não têm acento gráfico: . cafezinho
. avozinho
. avozinha
. chapeuzinho
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BASE XIV Do trema
1. Supressão do trema nas palavras portuguesas ou aportuguesadas. 2. Usa-se o trema em antropónimos ou derivados de antropónimos:
. mülleriano <Müller . hübneriano < Hübner
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BASE XV
Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares 1. Usa-se o hífen nas palavras compostas por justaposição em que
cada uma das palavras intervenientes mantém acento próprio: . ano-luz
. decreto-lei
. tio-avô
. médico-cirurgião
2. Usa-se hífen em afro-brasileiro; és-sueste
3. Aglutinam-se as palavras que perderam a noção de composição: . mandachuva
. paraquedas (aA pára-quedas) 4. Aglutinam-se palavras com mal:
ACORDO ORTOGRÁFICO
5. Usa-se hífen com palavras com mal antes de vogal ou h: . mal-afortunado
. mal- humorado
6. Usa-se hífen com palavras compostas com bem: . bem-falante
. bem-nascido
mas
. benfeitor
. benfeito (aA bem-feito)
7. Usa-se hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas ou zoológicas:
. couve-flor
. feijão-verde
ACORDO ORTOGRÁFICO
8. Usa-se hífen com além, aquém, recém: . além-Atlântico
. além-fronteiras
. aquém-Pirenéus
. recém-nascido
9. Não se usa hífen em locuções de qualquer tipo: . cão de guarda
. fim de semana
. cor de vinho
. cor de laranja
10. Excepções consagradas pelo uso: . cor-de-rosa
. água-de-colónia
. pé-de-meia
11. Usa-se hífen em:
. relações Portugal-Brasil; . o voo Ponta Delgada-Lisboa
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BASE XVI
Do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação
1. Usa-se o hífen em:
. anti-higiénico; co-herdeiro; super-homem; neo-helénico
2. Usa-se hífen se a última vogal do prefixo ou pseudoprefixo é igual à primeira do segundo elemento:
. anti-ibérico; micro-ondas; auto-observação
3. Com o prefixo co- geralmente aglutina-se: . cooperante; coordenar
ACORDO ORTOGRÁFICO
4. Usa-se hífen com os prefixos circum, inter, ex, vice, pós, pré, pró: . ex-ministro; pró-europeu
5. Aglutina-se quando a palavra começa por r ou s e dobra-se o r ou s: . antirreligioso
. antissemita
ACORDO ORTOGRÁFICO
BASE XVII
Do hífen na ênclise e na tmese e com o verbo haver 1. Usa-se o hífen em:
. levá-lo
. dir-lhe-emos
2. Com haver de não se usa hífen: . hei de; havemos de
3. Usa-se hífen:
. eis-me; ei-lo
4. Usa-se hífen em:
. Vocês é que no-lo disseram.
. Se eles não no-la tivessem dado… . Ainda não no-las tinham prometido.
ACORDO ORTOGRÁFICO
BASE XVIII Do apóstrofo
1. Usa-se antes do nome de uma obra: . Li n’Os Lusíadas.
2. Referindo-se a Deus: . Acredito n’Ele.
3. Usa-se com santo e santa: . Sant’Ana, tb. Santana
. Sant’Iago, tb. Santiago
4. Mantém-se:
. O facto de o conhecer.
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BASE XIX
Das minúsculas e maiúsculas
1. Usam-se minúsculas em todas as palavras da língua portuguesa. 2. Usam-se minúsculas no nome dos dias, meses, estações do ano:
. segunda-feira; outubro, verão
3. Nos títulos de livros pode-se usar minúsculas ou maiúsculas: . Menina e Moça
. Menina e moça
4. Os pontos cardeais escrevem-se com minúscula, mas as abreviaturas com maiúscula:
. norte; sul; . N; SW
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5. Usa-se com minúscula:
. O senhor doutor Pedro já chegou.
6. Nos hagiónimos pode optar-se por maiúscula ou minúscula: . Santo António; santo António
7. Nos nomes que indicam domínios do saber pode usar-se minúscula ou maiúscula:
. Matemática; matemática
8. Usa-se maiúscula nos antropónimos reais ou ficcionais: . António Pedro;
. Adamastor
9. Usa-se maiúscula nos topónimos reais ou ficcionais: . Ponta Delgada
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10. Usa-se maiúscula no nome de instituições: . Segurança Social
11. Usa-se maiúscula no nome de festividades: . Natal, Páscoa, Ramadão
12. Usa-se maiúscula no nome dos periódicos: . Correio dos Açores
. Sol
13. Usa-se maiúscula nos pontos cardeais com valor absoluto: . o Norte de Portugal;
. o Médio Oriente
9. Usa-se maiúscula ou minúscula no nome rua: . Rua de Lisboa; rua de Lisboa
ACORDO ORTOGRÁFICO
BASE XX Divisão silábica
1. Em regra a divisão silábica faz-se pela soletração: . má-xi-mo; ma-le-á-vel; i-ná-bil
2. São indivisíveis no interior da palavra as sucessões de duas consoantes que constituem perfeitos grupos ou sejam aquelas sucessões em que a primeira consoante é labial, velar, dental ou labiodental e a segunda um l ou um r:
. ce-le-brar; du-pli-ca-ção; a-cla-mar; a-fri-ca-no
3. As sucessões de mais de duas consoantes ou de m ou n, com valor de nasalidade, são divisíveis do seguinte modo:
. ex-pli-car; in-clu-ir; subs-cre-ver
;
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4. As vogais sucessivas, excepto ditongos decrescentes (ai-ro-so;
ins-ti-tui; tra-ves-sões) podem separar-se na escrita se a primeira delas não é u precedido de g ou q:
. do-er; á-re-as; a-la-ú-de; flu-i-dez; vo-o
5. Os digramas gu e qu nunca se separam da vogal ou ditongo imediato, quer o u seja pronunciado quer não:
. pe-que-no; á-gua; am-bí-guo; a-ve-ri-gueis;
quais-quer; lon-gín-quos
6. Nos dígrafos, duas consoantes iguais separam-se: . pror-ro-gar; as-se-gu-rar
7. Pode-se separar ditongos e vogais, quando o ditongo for cres-cente:
. en-sai-os; flu-iu; com-bo-io
8. Repete-se o hífen na translineação quando a separação coincide com o hífen: trata--se
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BASE XXI
Das assinaturas e firmas
Para ressalva de direitos, cada qual poderá manter a escrita que, por costume ou registo legal, adote na assinatura do seu nome.
Com o mesmo fim, pode manter-se a grafia original de quaisquer firmas comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos que estejam Inscritos em registo público.