CONTROLE QUÍMICO DE Alabama argillacea (HUEB., 1818) EM ALGODOEIRO
Fernando Alves de Albuquerque (UEM), Luciana Maestro Borges (Unesp), Milton Nishimura (Syngenta Proteção de Cultivos Ltda.).
RESUMO - O presente ensaio foi realizado em Cidade Gaúcha-PR, durante o mês de fevereiro de 2004 e visou o controle do curuquerê, Alabama argillacea, na cultura do algodoeiro. Os seguintes produtos foram utilizados em pulverização: diafentiuron (Polo 500 SC: 400, 600 e 800 ml p.c./ha), lambdacihalothrina (Karate Zeon: 100 ml p.c./ha) e profenofós (Curacron 500: 300 ml p.c./ha). Foram realizadas cinco avaliações, sendo uma prévia e as demais aos 2, 5, 10 e 15 dias após a aplicação dos produtos. O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos casualizados com quatro repetições. Em cada avaliação foi feita a contagem do número de lagartas maiores que 1,5 cm presentes em 3 m de rua de algodão, em cada parcela. Diafentiuron (Polo 500 SC; 600 e 800 ml p.c./ha) e profenofós (Curacron 500; 300 ml p.c./ha) mostraram um bom desempenho no controle de A. argillacea, com 82,1%, 90,2% e 82,1% de controle, respectivamente, aos quinze dias após a aplicação.
Palavras-chave: Gossypium spp., curuquerê-do-algodoeiro, diafentiuron.
CHEMICAL CONTROL OF Alabama argillacea IN COTTON CROP
ABSTRACT - This trial was carried out in Cidade Gaúcha, Brazil, during February, 2004, aiming at controlling Alabama argillacea in cotton crop. The following products were used in pulverization: diafentiuron (Polo 500 SC: 400, 600 and 800 ml c.p./ha), lambdacyhalothrin (Karate Zeon: 100 ml c.p./ha) and profenophos (Curacron 500: 300 ml c.p./ha). The experimental design was randomized blocks with four replicates. Five evaluations were realized; the first one prior to insecticide spraying and the others at 2, 5, 10 and 15 days after application. For each evaluation, the number of large caterpillar (>1.5 cm) was counted in 3 m of cotton row in each parcel. Diafentiuron (Polo 500 SC; 600 and 800 ml c.p./ha) and profenophos (Curacron 500; 300 ml c.p./ha) showed a good performance on the control of
A. argillacea, with 82.1%, 90.2% and 82.1% of control, respectively, at fifteen days after application. Key words: Gossypium spp., cotton leaf worm, diafentiuron.
INTRODUÇÃO
O algodão é considerado a mais importante das fibras têxteis naturais ou artificiais, sendo inclusive, a planta de aproveitamento mais completo e que oferece os mais variados produtos de utilidade (EMBRAPA, 1998).
A cultura do algodoeiro tem evoluído, atingindo níveis tecnológicos consideráveis, exigindo planejamento e o uso de tecnologia adequada às diversas condições econômicas, edáficas e climáticas à que está sujeita.
Assim como ocorre com outras grandes culturas, a cultura do algodoeiro apresenta grandes problemas fitossanitários. Os dados disponíveis na literatura indicam que o ataque de algumas pragas chega a causar perdas substanciais na quantidade e qualidade da produção.
O curuquerê, Alabama argillacea (HÜBNER, 1818), é uma das pragas mais antigas e conhecidas do algodoeiro. Seus ataques ocorrem geralmente após 90 dias de emergência da cultura. Suas infestações dependem de migrações anuais das mariposas (GONDIM,1996).
O adulto é uma mariposa marrom-avermelhada com duas manchas circulares escuras na parte central das asas anteriores, medindo 30 mm de envergadura. Têm hábito noturno e possui longo alcance de vôo (GALLO et al., 2002; GONDIM,1996).
A fêmea oviposita ao redor de 500 ovos durante a sua longevidade. Os ovos, de coloração verde, são geralmente colocados na página inferior das folhas do ponteiro, com eclosão em 3 a 5 dias (SANTOS, 1999).
As lagartas recém nascidas alimentam-se inicialmente do parênquima foliar, até completarem a primeira “muda” de pele. A seguir, passam para a face dorsal das folhas, devorando grandes áreas, notando-se nas mesmas, faixas irregulares ao longo das nervuras principais. Da primeira à última “muda” (a quinta), as lagartas vão aumentando sua voracidade alimentar, variando de coloração e aumentando de porte, alcançando 38 a 40 mm. A fase larval pode durar de 14 a 21 dias, dependendo das condições climáticas (GALLO et al., 2002; GONDIM,1996).
Esporadicamente pode atacar brotos, gemas ou maçãs. Quando o ataque ocorre na abertura dos capulhos, provoca a maturação forçada, prejudica a qualidade tecnológica da pluma e às vezes sua classificação (GONDIM,1996).
Segundo Gallo et al. (2002), completado o período larval, as A. argillacea transformam-se em crisálidas nos bordos das folhas que elas dobram, prendendo-os por meio de fios de seda, permanecendo 6 a 8 dias nesta fase, até transformarem-se em adultos.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência dos inseticidas Polo 500 SC, Karate Zeon e Curacron 500, em aplicação foliar, sobre o curuquerê do algodoeiro, A. argillacea.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente ensaio foi conduzido no Município de Cidade Gaúcha, Estado do Paraná, nos meses de fevereiro e março de 2004.
Foi utilizada a variedade Delta Opal, semeada em 16/11/03, com espaçamento de 1,0 metro entre linhas, e com emergência ocorrida no dia 21/11/03.
O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos casualizados, com seis tratamentos e quatro repetições. Cada parcela foi constituída por seis linhas de plantas, com 10 m de comprimento, perfazendo uma área de 60 m2 por parcela. As quatro linhas centrais de cada parcela foram utilizadas
para amostragem, enquanto as duas linhas laterais foram utilizadas como bordadura.
A aplicação dos produtos foi feita em 09/02/04, sendo que a operação de pulverização foi realizada com um pulverizador costal pressurizado com CO2 , munido de barra com quatro bicos 11002,
espaçados 0,5 m entre si e trabalhando a uma pressão de 60 lb/pol2. Foram gastos aproximadamente
200 litros de calda por hectare, sendo que os tratamentos utilizados, assim como as respectivas doses encontram-se na Tabela 1.
Foram realizadas cinco avaliações, sendo uma prévia e as demais aos 2, 5, 10 e 15 dias após a aplicação dos produtos. Em cada uma das avaliações procedeu-se a contagem do número de lagartas vivas, maiores que 1,5 cm, encontradas em três metros lineares de rua, por parcela. Para estas avaliações utilizou-se um pano de batida de 1,0 m x 0,5 m.
Os resultados foram submetidos à análise estatística pelo teste F e as médias comparadas através do teste de Tukey a 5% de probabilidade. A porcentagem de eficiência dos inseticidas foi calculada por meio da fórmula de Abbott (PIMENTEL GOMES, 1978; NAKANO et al, 1981).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas Tabelas 1 e 2 estão apresentados os resultados do efeito dos produtos aplicados sobre o curuquerê do algodoeiro, Alabama argillacea.
Constatou-se que em 11/02/04, 14/02/04, 19/02/04 e 24/02/04, aos dois, cinco, dez e quinze dias após a aplicação dos produtos, todos os tratamentos químicos diferiram estatisticamente da testemunha pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Observou-se uma maior eficiência dos tratamentos 3, 4 (Polo 500 SC: 600 e 800 ml p.c./ha) e 6 (Curacron 500: 300 ml p.c./ha), que não diferiram estatisticamente entre si e apresentaram taxas de controle acima de 80%. Constatou-se, ainda, que o tratamento 2, a base de Polo 500 SC (400 ml p.c./ha) e o tratamento 5, a base de Karate Zeon (100 ml p.c./ha), não apresentaram um desempenho satisfatório ao longo do ensaio, sendo que o tratamento 5 diferiu estatisticamente dos demais tratamentos químicos e apresentou taxas de controle sempre abaixo de 55%.
Tabela 1. Efeito de diferentes tratamentos empregados no controle do curuquerê do algodoeiro, Alabama argillacea. Cidade Gaúcha, PR., 2004.
Porcentagem de controle1
--- Dose/ha dias após a aplicação
Tratamentos --- --- P.C. I.A. 02 DAT 05 DAT 10 DAT 15 DAT 11/02/04 14/02/04 19/02/04 24/02/04 1. Testemunha - - - - - - 2. Polo 500 SC 400 ml 200 g 67,8% 75,7% 73,1% 71,4% 3. Polo 500 SC 600 ml 300 g 84,4% 93,9% 93,5% 82,1% 4. Polo 500 SC 800 ml 400 g 91,0% 98,4% 97,5% 90,2% 5. Karate Zeon 100 ml 5 g 42,9% 54,3% 48,5% 33,3% 6. Curacron 500 300 ml 150 g 88,6% 94,4% 92,5% 82,1%
Tabela 2. Efeito de diferentes tratamentos empregados no controle do curuquerê do algodoeiro, Alabama argillacea. Cidade Gaúcha, PR., 2004.
Número médio de lagartas por metro linear1 --- Dose/ha dias após a aplicação Tratamentos --- --- P.C. I.A. PRÉVIA 02 DAT 05 DAT 10 DAT 15 DAT 09/02/04 11/02/04 14/02/04 19/02/04 24/02/04 1. Testemunha - - 18,7 a 24,1 a 31,2 a 33,5 a 19,5 a 2. Polo 500 SC 400 ml 200 g 18,4 a 7,8 c 7,6 c 9,0 c 5,6 c 3. Polo 500 SC 600 ml 300 g 18,3 a 3,8 d 1,9 cd 2,2 d 3,5 c 4. Polo 500 SC 800 ml 400 g 19,3 a 2,2 d 0,5 d 0,8 d 1,9 c 5. Karate Zeon 100 ml 5 g 18,0 a 13,8 b 14,3 b 17,3 b 13,0 b 6. Curacron 500 300 ml 150 g 17,5 a 2,8 d 1,8 cd 2,5 d 3,5 c C.V. (%) 26,39% 17,22% 29,07% 16,32% 24,47% 1. Médias seguidas das mesmas letras nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos no presente experimento, podemos concluir que os tratamentos 3 e 4, a base de Polo 500 SC, nas doses de 600 e 800 ml p.c./ha, e o tratamento 6, a base de Curacron 500, na dose de 300 ml p.c./ha, destacaram-se como os mais eficientes, apresentando um controle satisfatório do curuquerê do algodoeiro até os quinze dias após a aplicação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMBRAPA-CPAO Algodão: informações técnicas. Dourados: EMBRAPA-CPAO, 1998. 267 p. (Circular Técnica, 7).
GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEREIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BAPTISTA, G. C.; BERTI FILHO, E.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.; VENDRAMIN, J. D.; MARCHINI, L. C.; LOPES, J. R. S.; OMOTO, C.. Entomologia Agrícola. São Paulo: FEALQ, 2002. v. 10. 920 p.
GONDIM, D. M. C. et al. Manual de Identificação das pragas, doenças, deficiências minerais e injúrias do algodoeiro no Estado do Paraná. 2a. ed., Cascavel, COODETEC/CIRAD-CA, 1996, 104p.
NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCHI, R.A. Entomologia econômica. São Paulo, Livroceres, 1981, 314p.
PIMENTEL GOMES, F. Curso de estatística experimental. 8a. ed., São Paulo, Nobel, 1978, 430p. SANTOS, W. J. Manejo integrado de pragas do algodoeiro com destaque para as regiões do cerrado do Brasil. In: FUNDAÇÃO MT. Mato Grosso: Liderança e Competividade. Rondonópolis: Fundação MT; Campina Grande: Embrapa-CNPA, 1999. 182 p. (Boletim, 3).
