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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - BACHARELADO TAMILES BORSATTO PATRICIO

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - BACHARELADO

TAMILES BORSATTO PATRICIO

DETERMINAÇÃO DO PADRÃO DE DIETA E EXPLORAÇÃO

AMBIENTAL DA POPULAÇÃO DO SAMBAQUI DA RUA 13,

BALNEÁRIO DE BOMBAS, BOMBINHAS, SC COMPARADO COM

PARÂMETROS ATUAIS

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TAMILES BORSATTO PATRICIO

DETERMINAÇÃO DO PADRÃO DE DIETA E EXPLORAÇÃO

AMBIENTAL DA POPULAÇÃO DO SAMBAQUI DA RUA 13,

BALNEÁRIO DE BOMBAS, BOMBINHAS, SC COMPARADO COM

PARÂMETROS ATUAIS

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Bacharel no curso de Ciências Biológicas da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC.

Orientador(a): Prof. (ª) MSc. Cláudio Ricken

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TAMILES BORSATTO PATRICIO

DETERMINAÇÃO DO PADRÃO DE DIETA E EXPLORAÇÃO

AMBIENTAL DA POPULAÇÃO DO SAMBAQUI DA RUA 13,

BALNEÁRIO DE BOMBAS, BOMBINHAS, SC COMPARADO COM

PARÂMETROS ATUAIS

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Bacharel, no Curso de Ciências biológicas da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de Pesquisa em Manejo de Recursos Naturais.

Criciúma, 26 de novembro de 2009.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Cláudio Ricken - Mestre – (UNESC) - Orientador

Juliano Bitencourt Campos - Especialista - (IPAT/UNESC)

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Dedico este trabalho a minha família que nunca mediu esforços para me ajudar a chegar até aqui.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a meus pais, Nelson Lauro Patricio e Maria Eunice Borsatto Patricio, minha irmã Daiane Borsatto Patricio que sempre me apoiaram.

Ao meu marido Juliano pelo companheirismo e incentivo desde o inicio da graduação.

Agradeço ao coordenador do Setor de Arqueologia do IPAT/UNESC Juliano Bitencourt Campos, por disponibilizar o Laboratório de Arqueologia e sua biblioteca pessoal para realização do projeto e pesquisa, além de sua equipe, Fabrício Delfino Sartor, Mayla Stainer Toi e Juliano Gordo Costa, por me ajudarem na separação, limpeza e catalogação do material de estudo.

Ao Professor Elídio gerente do Instituto de Pesquisas Ambientais e Tecnológicas (IPAT/UNESC), por ter fornecido as analises.

Aos meus amigos e companheiros de trabalho do IPAT: Clóvis, Jader, Miguel, Morgana, Sergio, Alice, Janaína, Jonathan, Nadja pela amizade, palavras de incentivo e conhecimento repassado.

Agradeço a todos que de uma maneira ou outra contribuíram para a realização do trabalho, e ao meu orientador Professor MSc. Claudio Ricken que esteve presente me auxiliando na preparação do material para análise e na elaboração do trabalho.

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“No final, tudo é um humor”

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RESUMO

Sambaqui deriva da palavra tupi tamba (marisco) e ki (amontoado), sendo os mais numerosos sítios litorâneos, neles encontramos restos de fauna e flora, além de restos humanos. Estes restos esqueletais depois de salvos revelam muito sobre a vida do homem sambaqui. O objetivo principal deste trabalho foi determinar o padrão de dieta e exploração ambiental da população do sambaqui da Rua 13 do balneário de Bombas, Bombinhas, SC, por meio da análise dos componentes anatômicos do esqueleto e da análise de elementos químicos traço bário, cálcio e estrôncio analisado por meio de Espectroscopia de Difração de Raios. Foram registrados onze indivíduos, nove adultos e duas crianças. Foram analisados quatorze dentes dentre eles de animais herbívoros e carnívoros de indivíduos vivos e do sambaqui. Nos testes químicos as relações Ba/Ca e Ba/Sr não apresentaram similaridade com trabalhos realizados por outros autores, mas a relação Sr/Ca apresentou resultados satisfatórios. Com base nesses resultados pode-se inferir que os indivíduos da população sambaquieira que originaram os esqueletos analisados apresentavam uma dieta rica em carne e que realizam atividades que necessitavam de esforços físicos apresentando alto grau de robustidade.

Palavras-chave: Sambaqui, Dieta, Pressões Ambientais, Patologias ósseas, Elementos

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Dinâmica de mobilização dos elementos traço na cadeia trófica. Modificado de Goodman et al. (1997). ...15 Figura 2: Mapa de localização do Sítio Arqueológico. Fonte: Google Earth modificado. ...19 Figura 3: Esquema do processo realizado em laboratório para análise química dos dentes. ...22 Figura 4: A) Esquema dos ossos registrados na quadricula A2. B) Higienização dos ossos no laboratório (PATRICIO, 2009)...24 Figura 5: A) Esquema dos ossos registrados na quadricula B2. B) Higienização dos ossos no laboratório (PATRICIO, 2009)...25 Figura 6: Esquema dos ossos registrados na quadricula B2...25 Figura 7: Esquema dos ossos registrados na quadricula B2...26 Figura 8: A) Esquema dos ossos registrados na quadricula B2. B) Crânio do indivíduo encontrado na quadricula B7 nível 20-30 (CAMPOS, 2005)...27 Figura 9: A) Esquema dos ossos registrados na quadricula C4. B) Higienização dos ossos no laboratório (PATRICIO, 2009)...28 Figura 10: A) Esquema dos ossos registrados na quadricula C4. B) Higienização dos ossos no laboratório (PATRICIO, 2009)...29 Figura 11: A) Esquema dos ossos registrados na quadricula D4. B) Indivíduo encontrado na

quadricula D4 nível 40 cm (CAMPOS, 2005). ...30 Figura 12: Esquema dos ossos registrados na quadricula D4. B) Higienização dos ossos no laboratório (PATRICIO, 2009)...30 Figura 13: Esquema dos ossos registrados na quadricula D4. B) Higienização dos ossos no laboratório (PATRICIO, 2009)...31 Figura 14: A) Esquema dos ossos registrados na quadricula sem identificação. B) Ossos do indivíduo encontrado na quadricula se identificação (CAMPOS, 2005). ...32 Figura 15: Relação entre Bário/ Cálcio no esmalte dentário de dente de leite (DL), dente vegetariano (DV), dente Preá (DP), dente com alimentação variada (DM), dente Morro dos Conventos (DC), dente Jaguatirica (DJ), dente Guarani (DG), dente tubarão (C4 50-60 T), dente criança sambaqui (C4 50-60), dente adulto Sambaqui (C4 40-50), dente tubarão sambaqui (B4 60-70T)...33 Figura 16: Relação entre Bário/ estrôncio no esmalte dentário de dente de leite (DL), dente vegetariano (DV), dente Preá (DP), dente com alimentação variada (DM), dente Morro dos Conventos (DC), dente Jaguatirica (DJ), dente Guarani (DG), dente tubarão (C4 50-60 T), dente criança sambaqui (C4 50-60), dente adulto Sambaqui (C4 40-50), dente tubarão sambaqui (B4 60-70T)...33

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Figura 17: Relação entre estrôncio/cálcio no esmalte dentário de dente de leite (DL), dente vegetariano (DV), dente Preá (DP), dente com alimentação variada (DM), dente Morro dos Conventos (DC), dente Jaguatirica (DJ), dente Guarani (DG), dente tubarão (C4 50-60 T), dente criança sambaqui (C4 50-60), dente adulto Sambaqui (C4 40-50), dente tubarão sambaqui (B4 60-70T), dente tubarão Sambaqui (B2 50-60A)...34

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Fonte alimentícia e comportamento esperado dos elementos. ...16

Quadro 2: Classificação das cáries relativamente ao tamanho segundo Lukacs (1989). ...20

Quadro 3: Classificação das cáries quanto ao local segundo Powell, (1985). ...21

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...12 1.1 Sambaquis ...12 1.2 Dieta e Nutrição ...14 1.3 Patologias ósseas ...17 2 METODOLOGIA...19 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...23

3.1 Análise dos vestígios ósseos...23

3.1.1 Quadrícula A2...23

3.1.2 Quadricula B2...24

3.1.3 Quadricula B7...26

3.1.4 Quadricula C4...27

3.1.5 Quadricula D4...29

3.1.6 Quadrícula sem identificação ...31

3.2 Análise química dos dentes ...32

4 CONCLUSÕES...35

REFERÊNCIAS ...36

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1 INTRODUÇÃO

Os restos esqueletais depois de salvos e estudados, revelam muito sobre a vida do homem sambaqui, ou seja, revelam a evidência mais direta da biologia das populações antigas e o seu estudo fornece dados acerca da sua demografia, saúde e bem-estar, dieta, violência, dentre outros fatores (FERNANDES; FERREIRA; SILVA, 2007).

Dessa forma, é possível, por meio dos estudos dos restos esqueletais, elucidar vários aspectos relacionados ao modo de vida da população do sambaqui, e a quais pressões ambientais eram submetidos, e inferir sobre quais recursos alimentares se baseava essa comunidade.

Segundo Trancho; Robledo (1999), estabelecer a forma de vida das populações antigas, em especial o tipo de dieta, permite entender alguns padrões comportamentais, o modo de adquirir alimento, o estado de saúde, ou seja, seu grau de adaptação ao meio.

1.1 Sambaquis

O povoamento pré-colonial da região sul do Brasil tem como referencia a ocupação de áreas litorâneas, que se desenvolveu a partir da presença “indígena” que se fixaram nas praias, rios e lagos (CAMPOS, 2008).

Os grupos denominados de “pescadores e coletores” que se estabeleceram neste contexto geográfico, que possibilita a exploração dos referidos recursos marinhos, ocupara os bancos de areias emergentes do nível do mar, de onde exploravam a fauna malacológica e também capturavam peixes e outros animais marinhos (CAMPOS, LINO 2003).

Sítio Arqueológico segundo Moraes (1999) é definido como: “a menor unidade do espaço passível de investigação, dotada de objetos intencionalmente produzidos ou rearranjados, que testemunham as ações de sociedades do passado”.

E estes sítios são considerados Patrimônios culturais.

Segundo a Constituição de 1988, Patrimônio Cultural é definido como:

“Bens de natureza material e imaterial, tombados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais incluem: formas de expressão; modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais e os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico".(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).

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Os sambaquis são os mais numerosos sítios litorâneos e os mais bem conhecidos. A palavra Sambaqui seria derivada de tamba (marisco) e ki (amontoado) em tupi. Resultante de ocupação de grupos caçadores-coletores, porém adaptados aos recursos marinhos, os sambaquis, sítios compostos por grande quantidade de conchas, material ósseo e lítico (GASPAR, 1998; 2000). Estão localizados sempre em regiões com grandes baías e ao longo de mangues, sendo que a maioria apresenta forma aproximada de calota, formando morros artificiais (PROUS, 1992).

Com datações mais antigas em torno de 6000 anos AP, estas pesquisas recentes (GASPAR 1998; 2000) vem levantando novos dados sobre a finalidade da construção destes grandes montes, como por exemplo, aventando a possibilidade de que os sambaquis maiores seriam monumentos e/ou lugares sagrados. Outro aspecto levantado é a complexidade hierárquica que poderia caracterizar a estrutura social desta população

Os habitantes dos sambaquis retiravam sua alimentação da caça e pesca, principalmente de moluscos, apesar do reduzido valor nutritivo que apresentam (PROUS, 1992; KREVER; IZIDRO; HAUBERT, 1999). Vários autores, dentre eles FIGUTI (1999) e DE MASI (2001), evidenciaram que apesar do grande número de conchas encontradas nesses sítios, a dieta dos sambaquieiros era provavelmente composta por uma quantidade maior de peixes e aves marinhas, seguidos por mamíferos terrestres. SCHEEL-YBERT et al. (2003) associando os resultados de análises antracológicas com resultados obtidos através de análises de patologia dental em sambaquieiros por WESOLOWSKI (2000), indicaram que, pelo menos em alguns sítios, as freqüências de cáries são análogas às de horticultores, e mesmo agricultores, indicando a existência de algum tipo de cultivo ou forte exploração de vegetais em algumas comunidades sambaquieiras.

Segundo Trancho; Robledo (1999), cada ser humano tenta explorar ao máximo o entorno com o propósito inicial de sobrevivência física, e isso, depende dos recursos disponíveis e da capacidade técnica alcançada. Asseguradas essas necessidades, poderão realizar a reprodução, garantindo assim, a continuidade biológica e cultural para geração seguinte.

Nos sítios arqueológicos são encontradas conchas, ossos de peixes e mamíferos, além de líticos, pontas de flechas e sepultamentos humanos (PROUS, 1992).

Em vários sambaquis onde são feitos escavações, são encontrados esqueletos humanos, o que aponta que não haviam sítios especializados como cemitério ou habitação (KREVER; IZIDRO; HAUBERT, 1999; PROUS, 1992).

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pressões ambientais, como intemperismo, falta de alimentos adequados, etc (PROUS, 1992; FERNANDES; FERREIRA; SILVA, 2007).

1.2 Dieta e Nutrição

“Qualquer organismo vivo está constantemente sujeito a situações de desequilíbrio fisiológico ocasionadas por determinadas condições ambientais” (GILBERT, 1985).

Ao longo das suas vidas tem que lutar contra várias enfermidades para manter a homeostasia, a maioria das quais são episódicas, durando alguns dias ou meses. Alguns destes episódios de stress, entende-se como desequilíbrio, podem inibir temporariamente o crescimento, o funcionamento e a reprodução desses organismos (GILBERT, 1985).

“As deficiências nutritivas e as condições patológicas constituem as principais fontes de stress fisiológico” (BERRYMAN & SPRADLEY, 2000; POWELL, 1988).

“O tecido ósseo é susceptível de desequilíbrios podendo o esqueleto registrar nos ossos alguns dos períodos menos favoráveis da vida de um indivíduo, tais como condições traumáticas e doenças” (WHITE, 2000).

As alterações patológicas observáveis são o resultado do desequilíbrio entre a formação e a reabsorção de osso. Esta situação resulta da interação de diversos fatores entre os quais o stress mecânico, as alterações no abastecimento sanguíneo, a inflamação dos tecidos moles, as infecções, e os desequilíbrios hormonal, nutricional e metabólico (WHITE, 2000).

A antropologia biológica analisa aspectos relativos à caracterização biomorfológica, paleobiológica e genética das populações, com o propósito de valorizar as respostas biológicas em relação a determinados fatores ambientais.(TRANCHO; ROBLEDO, 1999).

Em relação a paleodieta e formação dos ossos e dentes Antunes-Ferreira (2005) diz que, “a observação macroscópica dos dentes e ossos adjacentes constitui um método indireto para inferir os padrões dietéticos dos nossos antepassados. Apenas uma análise química poderá inferir sobre padrões temporais e espaciais”.

De acordo com Humphrey et al. (2008), “provas da história nutricional, mobilidade residencial, e da exposição a metais pesados podem potencialmente ser recuperadas a partir de vestígios arqueológicos e mesmo dentes fósseis”.

Segundo Trancho; Robledo (1999), ”três linhas de pesquisa permitem estimar indiretamente a dieta das populações antigas, são elas: os recursos de fauna e flora

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disponíveis, a evidência arqueológica baseada nas cerâmicas e ferramentas utilizadas e o estudo de indicadores de saúde (presença de cáries, tártaro e desgaste dentário).

Em trabalhos realizados por Trancho et al. (1996, 1997), realizou-se uma breve exposição dos princípios básicos em que se fundamenta a técnica que permite avaliar o tipo de dieta baseado na concentração dos oligoelementos presentes nos ossos. Segundo esse autor a composição dos tecidos duros dos ossos e dentes reflete a composição das substâncias a que foram expostos ao longo de sua vida (dieta e contaminação química).

O esquema a seguir (figura 1) demonstra que a maioria dos elementos traço, ao contrário dos metais pesados ao avançar pelos níveis tróficos da cadeia alimentar, não é cumulativo, ou seja, seu gradiente de concentração diminui (Ezzo, 1997).

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Figura 1: Dinâmica de mobilização dos elementos traço na cadeia trófica. Modificado de Goodman et al. (1997).

Sendo assim, pode-se inferir como respeito a dieta preferencial de uma população humana por meio da pesquisa do grau de concentração de determinados elementos em relação ao componente principal da matriz óssea e esmalte dentário (Larsen, 1999). A fonte alimentícia, o nível trófico em que os elementos são encontrados e a dinâmica de absorção, estão melhores explicados a seguir (quadro 1).

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Quadro 1: Fonte alimentícia e comportamento esperado dos elementos.

Fonte alimentícia Nível trófico Absorção

Ba legumes, frutos secos, carne. Fibra vegetal, tubérculos, Herbívoro - carnívoro Algo diagenético

Cu Crustáceos, moluscos, vísceras, carne, frutos secos, mel. Carnívoro - herbívoro Similar ao Ba

Mg legumes, frutos secos, carne. Vegetais verdes, cereais, Herbívoro - carnívoro Altos níveis se associam com dietas ricas em cereais.

Sr Ecossistemas marinhos, dieta vegetal em geral. Herbívoro - carnívoro Muito utilizado na paleodieta

V Tubérculos, legumes, frutos secos, leites. Herbívoro - carnívoro Pouco conhecido em nível de paleodieta.

Zn Crustáceos, moluscos, carne, cereais. Carnívoro - herbívoro Diagenéticamente estável, muito utilizado na paleodieta.

Fonte: adaptação de Trancho; Robledo (1999).

Segundo Gallego (2005), os elementos Ba, Cu, Mg, Sr, V e Zn são necessários para o crescimento, desenvolvimento e reprodução de todos os animais e plantas, sendo que muitas plantas possuem concentrações elevadas de Mg, Sr, Mn, Ni e Co por unidade de massa que os animais, mas a maioria dos animais, no entanto, dispõem de maior quantidade de Zn, Cu, Mo e Se.

Os primeiros estudos sobre esses elementos foram realizados em 1965 por Toots e Voortues ao reconstruir a cadeia trófica, baseando-se no conteúdo de estrôncio (Sr) em ossos fosseis.(TRANCHO; ROBLEDO, 1999).

A partir dos anos 80, muitos estudos foram realizados utilizando outros elementos químicos como Bário (Ba), cobre (Cu), magnésio (Mg), vanádio (V) e zinco (Zn). O Ba, Mg, Sr, e V são considerados indicadores de ingestão de vegetais. O nível do Ba é diferente em cada nível trófico por ter menor absorção pelo tubo digestivo, sendo considerado um importante marcador.(TRANCHO; ROBLEDO, 1999).

Em trabalho realizado por Lambert e outros, (1982) confirmou de forma sistemática que os níveis de Sr, Zn, e Mg são os mesmos para diferentes componentes do esqueleto humano depois de enterrados por longos períodos de tempo. Elementos confiáveis como Ca, Na e Pb decrescem nas costelas, ainda que Fe, Al, Mn e K podem derivar de uma contaminação, motivo pelo qual não são confiáveis.

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1.3 Patologias ósseas

Dentre as patologias ósseas que podem ser analisadas em ossos procedentes de sítios arqueológicos podemos citar:

Hiperostose porótica, causada principalmente por deficiência de ferro, anemia hemolítica hereditária, estresse nutricional devido a uma dieta pobre em ferro, como também provenientes de infecções e de doenças crônicas (MELLO; ALVIM e GOMES, 1989; MELLO; ALVIM; UCHÔA e GOMES, 1991).

“Segundo Powell (1988), “as hipoplasias lineares do esmalte dentário, a hiperostose porótica e a criba orbicularia são considerados indicadores gerais e não específicos de stress episódico, assim denominados, pois partilham uma etiologia não específica, em que não é possível relacionar os sinais observados com uma doença específica. Estes indicadores de stress são o resultado de variados fatores que causam um desequilíbrio metabólico (subnutrição e/ou doença)”.

A cárie é um processo infeccioso caracterizado pela destruição do esmalte, dentina e cimento (HILLSON, 2000). Segundo Powell (1985), a dieta constitui o fator mais importante na prevalência e severidade das cáries por apresentarem uma dieta rica em amido e glicose.

O desgaste dentário é definido como a erosão contínua do esmalte dentário da superfície oclusal dos dentes provocado pela fricção mandibular durante o ato de mastigação, concomitantemente com o efeito abrasivo dos constituintes duros presentes na alimentação (HILLSON 2000).

O Tártaro ou calculus dentário caracteriza-se pela deposição da placa mineralizada sobre a superfície dos dentes. A incidência de tártaro, tal como o desgaste dentário, apresenta uma relação inversa com a incidência de cárie. Estas duas condições representam dois opostos, no balanço do pH da placa dentaria e da deposição/dissolução dos minerais da placa (HILLSON 1996, 2000).

Existem numerosos fatores que contribuem para a perda de dentes durante a vida de um indivíduo, tais como a idade avançada, uma fraca higiene oral, os depósitos elevados de tártaro, as doenças e a dieta, sendo difícil discernir a sua causa ANTUNES-FERREIRA (2005).

Segundo Rodrigues-Carvalho e Souza (2005), “os Marcadores de Estresse Ocupacional (MEO), são indicadores que compreendem um conjunto diversificado de sinais patológicos e não patológicos, que representam respostas e alterações às principais ocupações cotidianas, rotineiras. Entre estes diferentes marcadores, três grandes categorias de MEO destacam-se pela estreita associação com demandas mecânicos-musculares impostas ao

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esqueleto: os Marcadores de Comprometimento Articular (MCA); os Marcadores de Estresse Músculo-Esquelético (MEM); e os Marcadores de Estresse Mecânico-Postural” (MEP). Dos marcadores citados acima, dois são mais utilizados na reconstrução do impacto do cotidiano das cargas físicas sobre os conjuntos articulares (MCA), e sobre as áreas de fixação muscular (MEM).

O presente trabalho tem como objetivos quantificar o número de indivíduos presentes nos sepultamentos, a dieta preferencial com base nas taxas de elementos químicos traço, sexo, estimativa de idade e possíveis patologias causadas por pressões ambientais que os sambaquieiros sofreram, e através da analise química dos dentes de indivíduos vivos verificar se a dieta dos sambaquieiros apresenta semelhança com a nossa.

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2 METODOLOGIA

O estudo foi realizado com materiais provenientes do Sambaqui da Rua 13, que se localiza no Balneário Bombas no municipio de Bombinhas, SC, Brasil (Figura 2).

Figura 2: Mapa de localização do Sítio Arqueológico. Fonte: Google Earth modificado.

Foram realizados trabalhos de salvamento arqueológico do sambaqui em 2005 pela equipe do setor de arqueologia do IPAT/UNESC com a coordenação do Arqueólogo Rodrigo Lavina, em função de que no local seria construido uma pousada, o sitio arqueológico pesquisado estava em meio a área urbanizada sendo o local utilizado para

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descarte de entulho, o que reforça a ideia de que o sitio arqueologico foi danificado perdendo sua forma e disposição real.

Nesta escavação foram encontrados sepultamentos e vários ossos esparsos, conchas, ossos de peixes e mamiferos, além de líticos e pontas de flechas, que estão sob a guarda do Laboratório de Arqueologia do Instituto de Pesquisas Ambientais e Tecnológicas (IPAT) , onde foram realisados os trabalhos de higienização e as análises.

No laboratório, os ossos e dentes, foram limpos com pincel macio e espátula e acondicionados em embalagens plásticas com o nome do sítio arqueológico, o número da quadricula e o nível em que foram resgatados, sendo que nessa etapa foram separados ossos de fauna das conchas e ossos humanos.

Os ossos foram quantificados para saber o número de individuos entre crianças, jovens e adultos. Para classificar e reconstituir foi utilizada a metodologia descrita por Krever; Haubert; Izidro (1999), principalmente para ossos esparsos.

Na classificação foi observado as semelhanças dos ossos procurando classificar cada parte do corpo o qual pertencem. A reconstituição foi realizada por tentativa baseada na forma, coloração e espessura dos ossos, na tentativa de reconstituí-los o mais próximo possível do original (SANTOS, 1992; KREVER; HAUBERT; IZIDRO, 1999).

Para determinar o sexo, foi utilizado o metodo descrito por Santos (1999), onde o esqueleto é examinado macroscopicamente ou com lupa binocular simples por completo, dando-se enfase á pelve, ao crânio, tórax, fêmur, úmero e a primeira vertebra cervical, onde as caracteristicas morfologicas mais importantes serão observadas.

Os dentes foram analizados para saber se há algum trauma e os resultados comparados com trabalhos realizados por Powell (1985).

As cáries foram analisadas de acordo com seu tamanho e localização segundo os critérios ditados por Lukacs (1989) e Powell (1985) (Quadros 2 e 3).

Quadro 2: Classificação das cáries relativamente ao tamanho segundo Lukacs (1989).

Graus Descrição

1 Cárie de pequena cavidade ou fissura.

2 Cárie média a grande com menos de metade da coroa destruída. 3 Cárie grande com mais de metade da coroa destruída.

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Quadro 3: Classificação das cáries quanto ao local segundo Powell, (1985).

Graus Descrição

1 Buraco ou fissura localizado na superfície oclusal dos pré-molares e molares, assim como nas fissuras bucal e lingual dos molares.

2 Interproximal.

3 Cervical, localizada na linha de junção cimento-esmalte. 4 Localizada nas superfícies lisas bucal e/ou lingual. 5 Localizada na raiz sob a junção cimento-esmalte.

6 Casos em que é impossível detectar o local onde a cárie se iniciou.

Para a análise do desgaste dentário foram considerados dez graus de acordo com a severidade do mesmo: o grau zero indica que os dentes não ostentam desgaste dentário, o grau oito define os dentes com desgaste muito severo e o grau 9 significa que não foi possível efetuar a observação do dente, de acordo com a metodologia proposta por Smith (1984).

Para a análise da presença de tártaro, utilizou-se à escala proposta por Cunha (1994) em que serão utilizados quatro estados (quadro 4).

Quadro 4: Classificação do tártaro de acordo com Cunha (1994).

Estados Descrição

1 Vestígios na face lingual e/ou vestibular.

2 1/3 das superfícies lingual e/ou vestibular sem tártaro.

3 Mais de 1/3 e menos de 1/2 da superfície de uma das faces lingual e/ou vestibular estão cobertas por tártaro

4 Mais 1/2 da superfície de uma das faces lingual e/ou vestibular apresenta tártaro

Os indicadores de estresse ocupacional foram determinados segundo metodologia descrita por Schmit (2006), que considera como robustidade as formações ósseas modificadas relacionadas aos esforços físicos e movimentos intensos.

A inferência da dieta foi realizada com base na análise de três elementos traço indicado por Trancho e Robledo (1999) como potenciais indicadores para estudos de paleodieta: bário, cálcio, estrôncio em quatorze dentes humanos e de fauna (quatro de sambaquieiros, três de tubarão, um de vegetariano, um de leite, um de adulto com vários tipos de alimentação, um dente de preá, um de jaguatirica, um de indivíduo proveniente de um sítio

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arqueológico em Morro dos Conventos e um guarani, proveniente do Sitio Figueirinha de Balneário Gaivota) (CAMPOS; LINO, 2003).

No presente estudo foram utilizados dentes de indivíduos vivos para verificar se há correlação entre a alimentação e a concentração dos elementos bário e estrôncio. Cada individuo, respondeu um questionário (apêndice A) sobre seus hábitos alimentares.

Cada dente foi emblocado em resina acrílica e seccionado longitudinalmente, usando uma serra de diamante polido, em seguida lixados com lixa nº 1200 a base de água até se obter uma superfície lisa, imediatamente, lavada com água destilada e colocada em estufa a 45º por 24 horas. As diferentes concentrações dos metais estrôncio, bário e cálcio foram determinadas em diferentes pontos dessa secção, tendo como ponto de referência à linha de esmalte neonatal. As determinações foram realizadas por meio de Espectroscopia de Difração de Raios X (HUMPHEY et al., 2008) no laboratório de Espectroscopia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Não foram realizados testes estatísticos por não apresentar amostras suficientes (Figura 3).

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3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Análise dos vestígios ósseos

Foram registrados onze indivíduos, dispostos em seis quadriculas (A2, B2, B7, C4, D4 e uma sem identificação), sendo dois indivíduos infantis e nove adultos. Na determinação do sexo, somente um indivíduo foi identificado, pois os outros apresentavam péssimo estado de conservação não apresentando evidencias suficientes para saber estimar o sexo.

3.1.1 Quadrícula A2

O indivíduo da quadricula A2, é um indivíduo adulto e apresenta vários ossos esparsos e sem conexão anatômica, e encontra-se disperso nos níveis 50-60 e 90-100.

Foram encontrados no nível 50-60 partes do crânio, como o osso parietal, parte da mandíbula com apenas um dente o primeiro molar superior esquerdo, cujo mesmo apresenta grau 8 de desgaste dentário, não apresentando carie. Neste mesmo nível foram registradas cinco vértebras cervicais em péssimo estado de conservação devido a esmagamento por uso de maquinas na construção da pousada.

No nível 90-100 foi registrada uma parte da clavícula direita, uma parte da articulação do ombro esquerdo, além do úmero e do rádio, ambos em bom estado de conservação, e não apresentavam nenhuma patologia óssea (Figura 4).

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Figura 4: A) Esquema dos ossos registrados na quadricula A2. B) Higienização dos ossos no laboratório (PATRICIO, 2009).

3.1.2 Quadricula B2

Na quadricula B2 foram registrados três indivíduos, um infantil e dois adultos. O indivíduo infantil encontra-se no nível 60-70 e apresenta mandíbula completa com poucos dentes (caninos superiores, primeiro pré-molar superior esquerdo, primeiro molar superior esquerdo, primeiro e segundo molar inferior direito e esquerdo, canino direito inferior), parte frontal do crânio, osso da clavícula esquerda e uma única vértebra lombar, além de vários ossos esparsos sem identificação e conexão anatômica.(Figura 5)

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Figura 5: A) Esquema dos ossos registrados na quadricula B2. B) Higienização dos ossos no laboratório (PATRICIO, 2009).

O indivíduo adulto encontra-se no nível 50-60 e apresenta vários ossos esparsos sem conexão anatômica. O indivíduo apresenta uma mandíbula fragmentada com apenas três dentes (primeiro pré-molar, primeiro molar e segundo molar) juntamente com os dentes foi registrado um dente de tubarão perfurado, o úmero e a ulna direita fragmentados (Figura 6).

(

Figura 6: Esquema dos ossos registrados na quadricula B2.

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O terceiro indivíduo presente no nível 70-80 apresenta apenas a mandíbula fragmentada com trinta e dois dentes, sendo que os molares apresentam grau severo de desgaste dentário (Figura 7).

Figura 7: Esquema dos ossos registrados na quadricula B2.

3.1.3 Quadricula B7

A quadricula B7 apresenta um indivíduo e encontra-se no nível 20-30. O individuo é um adulto e apresenta partes do crânio fragmentadas como o osso temporal, forame supra-orbital e a mandíbula com poucos dentes em péssimo estado de conservação (Figura 8).

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27

Figura 8: A) Esquema dos ossos registrados na quadricula B2. B) Crânio do indivíduo encontrado na quadricula B7 nível 20-30 (CAMPOS, 2005).

3.1.4 Quadricula C4

Nesta quadricula foram encontrados dois indivíduos um adulto e um infantil. O indivíduo do sexo masculino no nível 40-50 apresenta o crânio esmagado com a mandíbula completa, as vértebras cervicais fragmentadas, clavículas direita e esquerda em bom estado de conservação, oito costelas (quatro direita e quatro esquerda) fragmentadas e os úmeros direito e esquerdo em bom estado de conservação, mas ambos apresentam robustidade, ou seja, formações ósseas modificadas que estão relacionadas a esforços e movimentos intensos segundo classificação de Schmitz (2006). Nos úmeros os marcadores mais observados foram nas áreas de fixação do peitoral maior e redondo maior, as fixações do deltóide e ancônio (SOBOTTA, 2006).

Juntamente com esse individuo são encontrados material associado como conchas, dentes de tubarão e ossos de peixes e aves.

Trabalho realizado por Mendonça de Souza (1995) citado por Schmitz (2006), constatou que a amostra de sambaqui de Cabeçuda, Santa Catarina, possuía bom desenvolvimento físico, com acentuada solicitação mecânico-muscular, principalmente dos membros superiores.

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Outros estudos mostram que populações que habitavam sambaqui utilizavam mais os membros superiores, sugerindo atividades extenuantes relacionadas ao uso de remos, redes de pesca, natação e a utilização de machado (SCHMITZ, 2006) (Figura 9).

Figura 9: A) Esquema dos ossos registrados na quadricula C4. B) Higienização dos ossos no laboratório (PATRICIO, 2009).

O outro indivíduo infantil encontra-se no nível 50-60, com vários ossos esparsos, não está completo, apresentando mandíbulas fragmentadas e ossos avermelhados (ocre).

Os ossos registrados estão em péssimo estado de conservação. Foram registrados o crânio, partes da clavícula esquerda, partes da escapula esquerda, o rádio e ulna direito e esquerdo, três vértebras torácicas, fêmur direito, partes da tíbia esquerda e a patela esquerda (Figura 10).

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Figura 10: A) Esquema dos ossos registrados na quadricula C4. B) Higienização dos ossos no laboratório (PATRICIO, 2009).

3.1.5 Quadricula D4

Nesta quadricula foram encontrados quatro indivíduos três em péssimo estado de conservação e um mais conservado, devido ao uso de maquinas na construção da pousada.

No nível de 40 cm, foram encontrados dois indivíduos, um deles apresentava somente o crânio fragmentado, o outro indivíduo adulto em melhor estado de conservação, apresentando a parte superior da mandíbula com dentes, os úmeros direito e esquerdo, ambos com robustidade, pequenos fragmentos do rádio direito e esquerdo, clavícula direita, três vértebras cervicais e uma lombar, ossos das mãos, escapulas direita e esquerda, e o fêmur direito e esquerdo esparsos (Figura 11).

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Figura 11: A) Esquema dos ossos registrados na quadricula D4. B) Indivíduo encontrado na quadricula D4 nível 40 cm (CAMPOS, 2005).

Juntamente com este indivíduo foram encontradas pontas de ossos de aves.

No nível 40-50, foi registrado somente um indivíduo em péssimo estado de conservação, apresentando somente o crânio bem fragmentado e o fêmur direito e esquerdo (Figura 12).

Figura 12: Esquema dos ossos registrados na quadricula D4. B) Higienização dos ossos no laboratório (PATRICIO, 2009).

A

A B

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No nível 60 cm, também foi encontrado somente um indivíduo em péssimo estado, e este apresentava o crânio e metade da mandíbula inferior com poucos dentes, sendo que os molares apresentam grau sete no desgaste dentário, não apresenta tártaro e cárie (Figura 13).

Figura 13: Esquema dos ossos registrados na quadricula D4. B) Higienização dos ossos no laboratório (PATRICIO, 2009).

3.1.6 Quadrícula sem identificação

O individuo registrado não apresentava crânio, mas estima-se que seja adulto pelo tamanho dos ossos. O mesmo apresenta as duas clavículas, úmeros direito e esquerdo, ulna esquerda fragmentada, ossos dos dedos médio, anelar e mínimo da mão esquerda, todos os ossos da mão direita, disco da vértebra, fêmur direito, a patela direita e esquerda, fíbula direita e esquerda fragmentadas e a tíbia direita. Não apresentando nenhuma patologia óssea.

Este indivíduo é o único que apresenta os ossos mais bem conservados (Figura 14). B A

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Figura 14: A) Esquema dos ossos registrados na quadricula sem identificação. B) Ossos do indivíduo encontrado na quadricula se identificação (CAMPOS, 2005).

3.2 Análise química dos dentes

Os dentes dos indivíduos vivos utilizados para análise, apresentavam-se sem cáries, tártaro e desgaste dentário, já os dentes dos sambaquieiros apresentavam-se com desgaste dentário, sem cáries e tártaro.

Na análise química dos dentes a relação bário/cálcio e bário/estrôncio não apresentaram resultados aceitáveis, por não apresentar parâmetros condizentes com trabalhos realizados por James et al. (1999).

O comportamento do bário nos dentes de animais carnívoros apresentou maior índice que em dentes de herbívoros. Segundo Guilherme, L.R.G, et al., (2005) o bário deveria apresentar maior índice em herbívoros e menor em carnívoros, podendo este valor ser diferenciado por motivos regionais, variando de região para região, ou em ambientes alcalinos, onde o comportamento do bário varia de acordo com o pH do ambiente.

A relação bário/cálcio apresenta altos níveis de concentração em animais carnívoros, como a jaguatirica, tubarão, assim como no dente do individuo do sitio do Morro dos Conventos, dente de leite e dente de uma pessoa com alimentação diversificada (Figura 15).

B A

(33)

33 0,0000 0,0010 0,0020 0,0030 0,0040 0,0050 0,0060 0,0070 B4-60-70T C4-40-50 C4-50-60 C4-50-60T DG DJ DC DM DP DV DL

Figura 15: Relação entre Bário/ Cálcio no esmalte dentário de dente de leite (DL), dente vegetariano (DV), dente Preá (DP), dente com alimentação variada (DM), dente Morro dos Conventos (DC), dente Jaguatirica (DJ), dente Guarani (DG), dente tubarão (C4 50-60 T), dente criança sambaqui (C4 50-60), dente adulto Sambaqui (C4 40-50), dente tubarão sambaqui (B4 60-70T).

Na relação bário/estrôncio, os niveis apresentam-se elevados para jaguatirica e dente de tubarão do sítio arqueológico de Bombinhas. Nos demais individuos a concentração diminui, sendo que o dente do individuo do sitio arquologico de Bombinhas presente no nivel 50-60 da quadricula C4 apresenta menor concentração do elemento, chegando muito próximo dos valores apresentados pelo individuo vegetariano (Figura 16)

0,0000 0,0500 0,1000 0,1500 0,2000 0,2500 0,3000 0,3500 0,4000 0,4500 B4-60-70T C4-40-50 C4-50-60 C4-50-60T DG DJ DC DM DP DV DL

Figura 16: Relação entre Bário/ estrôncio no esmalte dentário de dente de leite (DL), dente vegetariano (DV), dente Preá (DP), dente com alimentação variada (DM), dente Morro dos Conventos (DC), dente Jaguatirica (DJ), dente Guarani (DG), dente tubarão (C4 50-60 T), dente criança sambaqui (C4 50-60), dente adulto Sambaqui (C4 40-50), dente tubarão sambaqui (B4 60-70T).

Na relação estrôncio/cálcio os dentes de herbívoros apresentaram maior concentração de estrôncio que os dentes dos carnivoros. Estes resultados apresentam similaridade com o trabalho realizados por James et al. (1999), onde o elemento quimico estrôncio é encontrado em maiores quantidades nos herbívoros, diminuindo a cada nivel trofico da cadeia alimentar.

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34

Os níveis de estrôncio em relação a cálcio comparando o dente de leite com o dente do individuo infantil da quadricula C4 50-60 apresenta semelhança, isso se dá porque os indivíduos infantis apresentam um menor período de vida em relação ao adulto. Deste modo às concentrações de estrôncio são menores em indivíduos adultos em função do maior período de exposição (alimentação) ao ambiente.

O dente de preá e do vegetariano também apresentaram concentrações similares de estrôncio, baseado em uma dieta rica em vegetais.

Nos indivíduos carnívoros como a jaguatirica e tubarão os níveis permaneceram menores, fato que o estrôncio apresenta níveis mais elevados em herbívoros do que em carnívoros, ou seja, a cada nível trófico da cadeia sua concentração diminui (Figura 17).

Através dos resultados obtidos pra relação Sr/Ca, podemos inferir que a população sambaquieira apresentava uma dieta rica em carne, sendo introduzido poucas quantidades de vegetais. 0,0000 0,0050 0,0100 0,0150 0,0200 0,0250 0,0300 B2-50-60A B4-60-70T C4-40-50 C4-50-60 C4-50-60T DG DJ DC DM DP DV DL

Figura 17: Relação entre estrôncio/cálcio no esmalte dentário de dente de leite (DL), dente vegetariano (DV), dente Preá (DP), dente com alimentação variada (DM), dente Morro dos Conventos (DC), dente Jaguatirica (DJ), dente Guarani (DG), dente tubarão (C4 50-60 T), dente criança sambaqui (C4 50-60), dente adulto Sambaqui (C4 40-50), dente tubarão sambaqui (B4 60-70T), dente tubarão Sambaqui (B2 50-60A).

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4 CONCLUSÕES

A análise das patologias ósteo-dentárias encontradas reflete a grande exigência de esforços físicos nas atividades rotineiras, reforçando os estudos realizados por Rodrigues-Carvalho & Souza (2005) quanto aos Marcadores de Estresse Ocupacional. Também destaca o alto grau de desgaste dentário, associado ao consumo de alimentos duros e/ou com grande concentração de abrasivos (areia). A ausência de cáries reflete uma dieta pobre em amido e glicose.

Não foram registrados casos de hiperostose porótica e criba orbiculária, o que indica baixos índices de deficiência nutricional de ferro, ao contrário de diversas bibliografias a respeito de populações sambaquieiras.

A relação entre os elementos Ba/Ca e Ba/Sr, não demonstraram resultados similares a bibliografias consultadas. Possivelmente o bário é influenciado por fatores regionais e ambientais de acordo com o discutido por James et al. (1999).

O estrôncio apresentou resultados similares a bibliografias, apresentando concentrações elevadas nos herbívoros e pode ser utilizado para inferência da dieta. Os resultados obtidos para o elemento estrôncio demonstraram e que a população analisada apresentava uma dieta rica em proteína animal, com baixas taxas de consumo de vegetais.

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(39)

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APÊNDICE A

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40

Projeto: Determinação Do Padrão De Dieta E Exploração Ambiental Da População Do

Sambaqui Da Rua 13, Balneário De Bombas, Município De Bombinhas, Sc Comparado Com Parâmetros Atuais

Nome do pesquisado: DM

Nome do responsável pelo pesquisado: DM Idade: 22

Sexo: ( X ) feminino ( ) masculino Local onde morou até os 15 anos: Lauro Müller Tipo de alimentação até os 15 anos de idade

1 2 3 4 5 M F F O O 6 7 8 9 10 O O O O O 11 12 13 14 15 O O O O O

M = Leite materno F = Mamadeira O = Todo tipo de alimento V= vegetariano

Já teve algum tipo de doença diagnosticada até os 15 anos de idade: ( ) não

( X ) sim Qual? E com quantos anos? Catapora aos 10 anos.

Identificação do(s) dente(s) doado(s) para o estudo. Dente número 8 do canto inferior direito.

(41)

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Projeto: Determinação Do Padrão De Dieta E Exploração Ambiental Da População Do

Sambaqui Da Rua 13, Balneário De Bombas, Município De Bombinhas, Sc Comparado Com Parâmetros Atuais

Nome do pesquisado: DV

Nome do responsável pelo pesquisado: DV Idade: 21

Sexo: ( ) feminino ( X ) masculino

Local onde morou até os 15 anos: São Ludgero Tipo de alimentação até os 15 anos de idade

1 2 3 4 5 M F F V V 6 7 8 9 10 V V V V V 11 12 13 14 15 V V V V V

M = Leite materno F = Mamadeira O = Todo tipo de alimento V= vegetariano

Já teve algum tipo de doença diagnosticada até os 15 anos de idade: ( X ) não

( ) sim Qual? E com quantos anos?

Identificação do(s) dente(s) doado(s) para o estudo. Dente número 8 do canto inferior esquerdo.

(42)

42

Projeto: Determinação Do Padrão De Dieta E Exploração Ambiental Da População Do

Sambaqui Da Rua 13, Balneário De Bombas, Município De Bombinhas, Sc Comparado Com Parâmetros Atuais

Nome do pesquisado: DL

Nome do responsável pelo pesquisado: Cláudio Ricken Idade: 9

Sexo: ( X) feminino ( ) masculino

Local onde morou até os 15 anos: Forquilhinha Tipo de alimentação até os 15 anos de idade

1 2 3 4 5 M F F O O 6 7 8 9 10 O O O O O 11 12 13 14 15 O O O O O

M = Leite materno F = Mamadeira O = Todo tipo de alimento V= vegetariano

Já teve algum tipo de doença diagnosticada até os 15 anos de idade: ( X ) não

( ) sim Qual? E com quantos anos?

Identificação do(s) dente(s) doado(s) para o estudo. Dente número 6 o canto superior direito

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