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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL CAMPUS DE PATOS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA MONOGRAFIA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS DE PATOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

MONOGRAFIA

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, CLÍNICOS E PATOLÓGICOS DA FORMA NERVOSA DA LISTERIOSE EM RUMINANTES DIAGNOSTICADA NO

LABORATÓRIO DE PATOLOGIA ANIMAL HV/UFCG-PB

Isabel Luana de Macêdo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS DE PATOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

MONOGRAFIA

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, CLÍNICOS E PATOLÓGICOS DA FORMA NERVOSA DA LISTERIOSE EM RUMINANTES DIAGNOSTICADA NO

LABORATÓRIO DE PATOLOGIA ANIMAL HV/UFCG-PB

Isabel Luana de Macêdo (Graduanda)

Prof. Dr. Antônio Flávio Medeiros Dantas (Orientador)

Patos, PB Dezembro, 2017

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSRT DA UFCG

M141a Macêdo, Isabel Luana de

Aspectos epidemiológicos, clínicos e patológicos da forma nervosa da listeriose em ruminantes diagnosticada no Laboratório de Patologia Animal HV/UFCG-PB / Isabel Luana de Macêdo. – Patos, 2017.

36f.: il.;Color.

Trabalho de Conclusão de Curso (Medicina Veterinária) – Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, 2017. "Orientação: Prof. Dr. Antônio Flávio Medeiros Dantas.”

Referências.

1. Doenças de ruminantes. 2. Encefalite bacteriana. 3. Microabscessos. I.Título.

CDU 616:636.3

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAUDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS DE PATOS-PB

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

ISABEL LUANA DE MACÊDO Graduanda

Monografia submetida ao Curso de Medicina Veterinária como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário.

ENTREGUE EM: _____/_____/______ NOTA GERAL: ________

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________ ____________ Examinador I Nota Prof. Dr. Glauco José Nogueira de Galiza

_____________________________________________ ____________ Examinador II Nota Med. Vet. Msc. Erick Platiní Ferreiro de Souto

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAUDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS DE PATOS-PB

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

ISABEL LUANA DE MACÊDO Graduanda

Monografia submetida ao Curso de Medicina Veterinária como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário.

APROVADO EM ___/___/____

EXAMINADORES:

Prof. Dr. Antônio Flávio Medeiros Dantas (Orientador)

Prof. Dr. Glauco José Nogueira de Galiza (Examinador I)

Med. Vet. Msc. Erick Platiní Ferreira de Souto (Examinador II)

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Sonho (s.m.) É a semente mais querida do jardim da nossa vida, e a mais difícil de florescer.

Tem que regar todo dia com dedicação e vontade. Tem que adubar e proteger da secura do desânimo. É a nossa parte mais sincera. É quando a gente deixa de lado todos os “mas...” e diz o que a gente realmente quer e é.

A gente pode ter mais de um, não tem problema. O problema é desistir. (João Doederlein)

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por todo amor e força diária que me deu, não só durante a graduação, mas em todos os momentos da minha vida, até naqueles em que eu não fui capaz de enxergar sua grandiosidade. Obrigada por todo cuidado e provações que o Senhor colocou no meu caminho apenas com o propósito de mostrar que eu sou capaz de conseguir ultrapassar qualquer obstáculo.

Agradeço à minha família, em especial minha vozinha que não se faz mais presente entre nós, mas que foi um exemplo de mulher forte e guerreira para mim. Aos meus pais, Geni e Socorro, pelo amor incondicional, pela paciência, pelo exemplo de força, honestidade, amizade e persistência. Não tenho como descrever o que eu sinto por vocês, apenas sou muito grata a Deus por ter colocado vocês em minha vida, saibam que eu sinto muito orgulho de vocês.

Às minhas irmãs, Inez e Andressa, por sempre acreditarem em mim e me apoiarem em todos os meus passos. Andressa, saiba que você me ajudou muito, com cada mensagem e ligação. Eu amo muito vocês. Obrigada por tudo!

Aos meus sobrinhos (Liz, Alice e Enzo), por todos os momentos que tivemos juntos, que Deus abençoe muito a vida de vocês.

À minha vó Inês e meu vô Cícero (in memorian), aos meus tios e tias (em especial a tia Daguia, Marluce, Piedade e Socorro), primos e primas e demais familiares.

À minha família formada no IFRN, que nunca mediu esforços para me alegrar e acreditar no meu potencial, mesmo que fosse aquela força a distância (já que eu abandonei Currais). Muito obrigada, Rê, Sisi, Jujuba, Ju, Ana e Karen. Amo muito vocês.

A todos os mestres que passaram por mim e me ensinaram alguma coisa, em especial aos professores: Gil, Fernando, Pedro e Verônica.

Ao professor Glauco que me ajudou bastante durante esse último ano, obrigada por todos os conselhos e ensinamentos.

Aos meus amigos da turma 2013.1, espero levar a amizade de vocês para sempre. Tenho um carinho e admiração muito especial por cada um: Vinícius, Agricio, Franci, Sávio, Luiz Gonzaga, Thiago, Denise, Rayra, Joyce, Jardel, Juliana, Nay, Michas, Márcio, entre outros.

Às amigas que Deus escolheu pra viver comigo a caminhada durante a graduação, espero ter vocês sempre por perto. Amo muito vocês, muito obrigada por tudo: Dix, Thercynha e Ryca.

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Ao meu grande amigo e irmão, Joel, que sempre teve uma preocupação incondicional comigo e que desde o início, desde o primeiro trabalho da graduação, ficou ao meu lado. Amo muito você, meu melhor amigo. Obrigada por sempre desejar coisas boas para mim.

Aos ‘só besteira boys’ (Clédson, Talisson, Jânio e João Lucas), obrigada por tantos momentos de diversão e alegria. Vocês foram sensacionais. Sinto muita saudade das resenhas. Também agradeço a Daniele que durante o curso me ajudou bastante, obrigada por toda força que você me deu. Desejo e sei que será uma profissional excelente.

À uma pessoa que me ajudou e me inspirou desde o início do curso, me mostrando uma área pela qual me apaixonei. Muito obrigada, Davi. Tenho muito orgulho de ti e fico feliz com o seu sucesso.

A Telma, que entrou na minha vida de forma inesperada, mas que me ajudou muito. Um exemplo de pessoa, dona de um coração imenso. Muito obrigada por tudo!

A Ismael, que se mostrou uma pessoa muito solícita (pseudoanjo) durante esse tempo de amizade, principalmente nessa etapa final. Obrigada pelo carinho, preocupação, “humor” e amizade (devemos agradecer pelos estresses diários também?). Te admiro muito, pela pessoa (nem sempre kkkk) e profissional que você é.

A Rodrigo, que é um grande amigo, obrigada por todo apoio e ajuda! Gosto muito de você e torço muito pelo seu sucesso!

A Jeff, pela preocupação de sempre e por todos os ensinamentos, sejam eles referentes à patologia ou alguma gíria do meu Estado Ceará. Desejo muito sucesso nessa caminhada.

Aos estagiários do Laboratório de Patologia Animal (Jô, Karolzinha, Raquel, Yanca, Artefio, Junior e aos antigos, em especial Belisa) por todo o aprendizado compartilhado.

A todos os demais integrantes do LPA (Gian, Jussara, Raquel, Édipo, Platiní, Millena e Robério) por todo conhecimento compartilhado e ajuda. Em especial, aos que já passaram (Talita e Lisanka) e que servem de grande inspiração.

Às turmas 2014.1, em especial: João (rei do Bode), Danilo, Rafa, Aleff, Marcelo, Júnior; 2016.1: Melissa, Geovanny, Helen, Gabriela; 2017.1: meus ferinhas lindos e perfeitos (Amanda, Lua, Julia, Virgulino, Vitor, Marcelo, Nayron, as Letícia’s, Raul, Alisson, Ângelo, Juliana, Beatriz, Pedro, Rodolfo, os Gabriel’s). Muito obrigada pela amizade!

Aos funcionários do Hospital Veterinário (Nevinha, Seu Cuité, Ninho, Joninhas, Neide e os demais) e Universidade.

Por último, agradeço infinitamente ao professor Flávio, por ter me deixado fazer parte da rotina do laboratório (lembro sempre do “sim” que me foi dado). Obrigada por toda

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preocupação e conselhos, pelos ‘carões’ disfarçados de brincadeiras sérias. O senhor é um exemplo de profissional, nasceu com o dom de lecionar. Obrigada pelas oportunidades!

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SUMÁRIO Página 1 INTRODUÇÃO ... 11 2 REVISÃO DE LITERATURA ... 12 2.1 Agente etiológico ... 12 2.2 Listeriose em ruminantes ... 12 2.2.1 Epidemiologia ... 12 2.2.2 Patogenia ... 13 2.2.3 Sinais clínicos ... 14

2.2.4 Aspectos macro e microscópicos ... 15

2.2.5 Diagnóstico ... 16 2.2.6 Controle e Profilaxia ... 16 3 MATERIAL E MÉTODOS ... 18 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 19 5 CONCLUSÃO ... 27 6 REFERÊNCIAS ... 28

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LISTA DE FIGURAS

Página Figura 1. Listeriose em ovinos. Observa-se tração da língua com facilidade ... 23 Figura 2. Listeriose em ovinos. Ptose palpebral e labial. ... 23

Figura 3. Listeriose em ovinos. Observa-se cortes seriados do tronco encefálico evidenciando assimetria esquerda e área focal acinzentada na ponte e bulbo. ... 25 Figura 4. Listeriose em ovinos. Observa-se assimetria esquerda com área focal amarelo acinzentada, irregular na região de ponte ... 26 Figura 5. Listeriose em caprinos. Observa-se assimetria direita do óbex, com área focal amarelada ... 26 Figura 6. Aspectos microscópicos da listeriose em ruminantes. A) observa-se a formação de micro abscessos e manguitos no tronco encefálico de um caprino. B) observa-se micro abscessos no bulbo de um bovino. C) Infiltrado inflamatório mononuclear nas meninges de um ovino. D) Infiltrado neutrofílico mulfifocal no gânglio do nervo trigêmeo em um caprino ... 27

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LISTA DE TABELAS

Página Tabela 1. Distribuição dos casos de listeriose nervosa em ovinos diagnosticados nos municípios da Paraíba, relacionando época do ano, idade, sexo e raça ... 21 Tabela 2. Distribuição dos casos de listeriose nervosa em caprinos diagnosticados nos municípios da Paraíba, relacionando época do ano, idade, sexo e raça ... 21 Tabela 3. Suspeita clínica e sinais neurológicos de ovinos com listeriose nervosa ... 22

Tabela 4. Suspeita clínica e sinais neurológicos de caprinos com listeriose nervosa ... 24

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MACÊDO, ISABEL LUANA DE. Aspectos Epidemiológicos, Clínicos e Patológicos da Forma Nervosa da Listeriose em Ruminantes Diagnosticados no Laboratório de

Patologia Animal HV/UFCG-PB. Patos, UFCG. 2017. 31 p. (Trabalho de conclusão de curso de Medicina Veterinária)

RESUMO

A listeriose é uma doença infecciosa de etiologia bacteriana, que apresenta distribuição cosmopolita e pode afetar várias espécies animais, apresentando grande importância para ruminantes devido às perdas econômicas consequentes à infecção. O objetivo do presente trabalho foi estudar a forma nervosa da listeriose em ruminantes diagnosticados no Laboratório de Patologia Animal do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande, através de um estudo retrospectivo durante o período de janeiro de 2003 a dezembro de 2016. No período de estudo foram necropsiados 874 bovinos, 660 caprinos e 518 ovinos no LPA da UFCG, desses foram diagnosticados 23 (1,12 %) casos de listeriose, sendo 11 casos em ovinos (2,12 %), 10 em caprinos (1,51 %) e dois em bovinos (0,22 %). Os principais sinais clínicos foram semelhantes em todos os casos: andar cambaleante, opistótono, nistagmo, ptose labial e palpebral, incoordenação, entre outros. Em alguns casos foram observadas lesões macroscópicas no tronco encefálico caracterizadas por áreas unilaterais, acinzentadas e mal delimitadas. Histologicamente, observaram-se a formação de microabscessos, manguitos perivasculares e meningite, que variavam quanto ao grau de intensidade e localização. Listeriose acomete ruminantes em diferentes municípios do sertão da Paraíba, ocorrendo principalmente em ovinos e caprinos, de diferentes idades, sem predileção por sexo e raça.

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MACÊDO, ISABEL LUANA DE. Epidemiological, Clinical, and Pathological Aspects of the Neurologic Form Listeriosis in Ruminants Diagnosed at the Laboratory of Animal

Pathology HV/UFCG-PB. Patos, UFCG. 2017. 32 p. (Work of completion of Veterinary Medicine)

ABSTRACT

Listeriosis is an infectious disease of bacterial etiology, which presents cosmopolitan distribution and can affect several animal species, being of great importance for ruminants due to economic losses resulting from infection. The objective of the present study was to study the nervous form of listeriosis in ruminants diagnosed in the Laboratory of Animal Pathology of the Veterinary Hospital of the Federal University of Campina Grande, through a retrospective study during the period from January 2003 to December 2016. In the period of In the present study, 874 cattle, 660 goats and 518 sheep in the LPA of the UFCG were necropsied, of which 23 (1.12%) cases of listeriosis were diagnosed, 11 cases in sheep (2.12%), 10 in goats (1.51%) and two in cattle (0.22%). The main clinical signs were similar in all cases: staggering gait, opisthotonus, nystagmus, labial and palpebral ptosis, incoordination, among others. In some cases macroscopic lesions were observed in the brainstem characterized by unilateral, grayish and poorly delimited areas. Histologically, the formation of microabscesses, perivascular cuffs and meningitis were observed, which varied in degree of intensity and location. Listeriosis affects ruminants in different municipalities of the Paraíba hinterland, occurring mainly in sheep and goats, of different ages, without predilection for sex and race.

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1 INTRODUÇÃO

A listeriose é uma doença infecciosa de origem bacteriana, amplamente distribuída no mundo afetando principalmente pequenos ruminantes, causada por bactérias do gênero Listeria, geralmente, L. monocytogenes. Essa enfermidade pode ser observada em várias espécies domésticas, apresentando grande importância em ruminantes devido as perdas econômicas consequentes à infecção.

Em humanos está relacionado com a ingestão de alimentos, principalmente, de leite contaminado e seus derivados, sendo considerada uma importante Doença Transmitida por Alimentos (DTA). Os principais grupos suscetíveis são mulheres grávidas, fetos e pessoas imunossuprimidas, que podem desenvolver septicemia, encefalite ou resultar em aborto.

Sua ocorrência em ruminantes não está correlacionada a idade, sexo ou raça dos indivíduos acometidos, mas está intimamente associada com o consumo de silagem de baixa qualidade, contato com fezes e secreções contaminadas. Na forma nervosa, geralmente, é necessária uma lesão prévia na cavidade oral para que haja a disseminação do agente.

Existem três principais formas clínicas encontradas em animais com listeriose: a septicêmica, mais comum em neonatos ou animais jovens, sendo caracterizada por microabscessos em vários órgãos; a reprodutiva, que culmina em placentite e aborto; e, ainda, a nervosa, em que o animal apresenta sinais como desvio de cabeça, sonolência, andar em círculos, paralisia facial, entre outros. A forma nervosa é comumente observada nos ruminantes, principalmente, caprinos e ovinos.

O diagnóstico de listeriose é realizado baseado nos aspectos epidemiológicos, clínicos e patológicos, confirmado com exame microbiológico e imuno-histoquímica. Normalmente não são verificadas lesões macroscópicas em exames necroscópicos na forma nervosa. Microscopicamente, observa-se áreas multifocais a coalescentes de inflamação supurativa formando microabscessos. O tratamento na maioria das vezes não é eficaz, devendo assim atentar para o controle e profilaxia.

Embora a ocorrência da forma nervosa em ruminantes seja bem relatada, ainda são necessários estudos da listeriose que caracterizem os principais aspectos dessa doença na mesorregião do Sertão da Paraíba. Além disso, lesões macroscópicas podem ser verificadas no tronco encefálico de ruminantes acometidos, particularmente de ovinos e caprinos; mas esses achados não têm sido apropriadamente abordados na literatura científica.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Agente etiológico

A Listeria é uma bactéria intracelular facultativa, gram-positiva, em forma de bastonete, não formadora de esporo e crescimento em temperaturas que variam de 4ºC a 45ºC. Possui alguns produtos de interesse médico, como por exemplo as internalinas, que são proteínas de superfície responsáveis pela fixação ou adesão, assim como a entrada da bactéria nas células alvos; e a listeriolisina O (LLO), uma citolisina dependente do colesterol, bastante importante na determinação da virulência desse microrganismo (CRUZ, 2008; NARAYANAN, 2016). O LLO rompe as membranas dos vacúolos fagocitícios e dos lisossomos, assim como a captação do íon ferro, que é essencial para o metabolismo das bactérias (MENDONÇA; AFONSO, 2016).

Atualmente são conhecidas oito espécies de Listeria, entretanto duas são de importância para a medicina veterinária, L. monocytogenes e L. ivanovii (SCHILD,2007; NARAYANAN, 2016). L. monocytogenes é mais frequentemente relatada em casos de meningoencefalite em ruminantes, já L. ivanovii está associada com casos de abortos em ovinos e bovinos (SCHILD,2007).

Listeria monocytogenes é a principal espécie patogênica para os animais e seres humanos, é capaz de evadir-se do fagossomos e assim multiplicar-se no interior do citoplasma da célula, propagando-se por várias células. De acordo com Hofer e Reis (2005) é um microrganismo que está amplamente disseminado na natureza, podendo ser encontrado no solo, plantas, silagem e outros alimentos, superfície da água, fezes, entre outros.

2.2 Listeriose em ruminantes

2.2.1 Epidemiologia

De acordo com Mendonça e Afonso (2016) Listeria monocytogenes já foi descrita em mais de 42 espécies de mamíferos, que inclui os humanos, 17 espécies de aves, além de peixes, crustáceos e animais selvagens.

A listeriose é uma doença infecciosa aparentemente pouco frequente no Brasil, ocorrendo geralmente casos esporádicos em bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos,

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preferencialmente durante o inverno e primavera e sem predileção por idade, sistema de criação ou sexo nas regiões Sul e Sudeste (HOFER; REIS, 2004; RISSI et al., 2006; SCHILD, 2007).

A forma nervosa já foi relatada em pequenos ruminantes no Rio Grande do Sul (RISSI et al., 2006), Paraíba (GUEDES et al., 2007), Paraná (RISSI et al., 2010) e Rio Grande do Norte (CÂMARA et al., 2012). No Rio Grande do Sul, a doença é de grande importância para caprinos sendo mais frequente no inverno e início da primavera e tem sido associada à alimentação com silagem de má qualidade. Na Paraíba, os casos de listeriose representaram 6,34% das enfermidades do sistema nervoso central. Dentre esses surtos, dois foram relacionados ao consumo de silagem, um ocorrendo em conjunto com as lesões orais decorrentes das mudas dentárias (RIBEIRO et al., 2006) e outro relacionado ao tipo de silo utilizado (trincheira) (CÂMARA et al., 2012), cursando com a forma nervosa da enfermidade.

2.2.2 Patogenia

Segundo Schild (2007), Narayanan (2016), Mendonça e Afonso (2016), a infecção na forma nervosa está, principalmente, relacionada com o consumo de silagem de má qualidade associada a lesões prévias na cavidade oral. Pode estar associada também, a um processo inflamatório como por exemplo uma periodontite, que atua favorecendo à entrada do agente.

A bactéria ascende via axônios sensoriais, usando o transporte axonal retrógrado, para o glânglio trigeminal até atingir o cérebro/medula ou então via porção motora do quinto par de nervos cranianos até chegar diretamente no mesencéfalo e medula. Após a entrada da bactéria nas terminações nervosas, principalmente, dos nervos trigêmeo, facial e hipoglosso, o agente segue um fluxo centrípeto em direção ao sistema nervoso central, até atingir o tronco encefálico, onde se encontra a origem dos ramos dos pares de nervos cranianos citados a cima. A Listeria monocytogenes pode infectar diretamente neurônios, células da glia, células do plexo coroide e os macrófagos recrutados no exsudato inflamatório (ZACHARY, 2013).

O mecanismo de lesão tecidual da listeriose não está bem definido, no entanto acredita-se que a lesão celular esteja relacionada acredita-secundariamente ao efeito da inflamação. A partir daí há a formação de microabscessos, compostos por uma inflamação supurativa, com predominância de neutrófilos (ZACHARY, 2013).

Na manifestação septicêmica a Listeria monocytogenes e dissemina-se via hematógena ocasionando a formação de microabscessos em fígado, baço, pulmões, rins, glândula mamária e placenta, (MENDONÇA; AFONSO, 2016).

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2.2.3 Sinais clínicos

A listeriose pode se apresentar de três formas clínicas: septicêmica, reprodutiva e nervosa. A forma septicêmica se caracteriza pela presença de microabscessos no fígado, baço e outras vísceras, especialmente, em ruminantes jovens ou animais cuja mãe tenha sido infectada no terço final da gestação; a reprodutiva, cursando com aborto, morte perinatal, endometrite e placentite esporádica, particularmente nos bovinos e ovinos; a forma nervosa, mais frequente, caracteriza-se, principalmente por uma meningoencefalite (SCHILD, 2007; JUNIOR et al., 2015).

A apresentação nervosa da listeriose varia de acordo com a localização e gravidade da lesão (JUNIOR et al., 2015). Os sinais clínicos, geralmente, são assimétricos, unilaterais, relacionado com lesões dos nervos cranianos como paralisia da orelha e pálpebra superior, flacidez dos lábios, diminuição do tônus da língua, dificuldade de apreensão e mastigação, assim como deglutição dos alimentos (SCHILD, 2007). Posteriormente, pode ocorrer síndrome vestibular, caracterizada por andar em círculos, apoio do corpo em obstáculos como cercas e baias, decúbito sem capacidade de se manter em estação, desvio da cabeça, tremores, opistótono e evolução para morte (SANCHES et al., 2000; RISSI et al., 2006; CZUPRYNSKI et al., 2010). O curso clínico está entre 7 e 14 dias, porém caprino e ovinos tendem a ter um curso agudo já os bovinos tendem a evoluir para cronicidade. (RISSI et al., 2006; BARROS et al., 2006; SCHILD, 2007).

No surto descrito por Guedes et al (2007), foram observados sinais clínicos súbitos caracterizados por desvio lateral da cabeça e pescoço, nistagmo, andar em círculos, paralisia da mandíbula e língua, estrabismo, reflexo pupilar diminuído, decúbito lateral e movimentos de pedalagem alternados com espasticidade dos membros.

Na forma septicêmica, os sinais são inespecíficos como, febre, anorexia, debilidade progressiva, diarreia e morte em até sete dias. Esta apresentação é mais comum em neonatos e fetos de ruminantes, podendo também acontecer em monogástricos (SCHNEIDER, 2004).

Na forma abortiva em bovinos ocorre comumente expulsão dos produtos do aborto no terceiro trimestre de gestação. A fase de bacteremia é subclínica, porém as vacas podem apresentar febre e anorexia por uma metrite e há, geralmente, retenção de placenta com consequente inflamação da mesma (placentite) (ANDERSON, 2012).

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2.2.4 Aspectos macro e microscópicos

Lesões macroscópicas nos casos da apresentação nervosa da listeriose estão, geralmente, ausentes, mas pode ser observado opacidade das leptomeninges, foco de descoloração amarelo-amarronzado, hemorragia, necrose no tronco encefálico terminal e o líquido cefalorraquidiano (LCR) pode se apresentar com certo grau de turvidez (ZACHARY, 2013). Segundo Rissi et al. (2010) em ovinos foram encontradas áreas focais deprimidas, escuras e amolecidas no mesencéfalo.

É importante a avaliação cuidadosa da placenta em casos de suspeita de infecções por L. monocytogenes, pois a bactéria se dissemina por via hematógena e pode infectar os anexos fetais. Além disso, outros agentes podem ocasionar lesões exclusivas na placenta, o que seria o meio para o diagnóstico definitivo da causa do aborto (ANTONIASSI et al. 2007). Placentite e edema podem estar presentes, normalmente, a placenta encontra-se mais pesada e pode conter exsudato e espessamento das membranas corioalantoicas (ANDERSON, 2012).

Microscopicamente, a meningoencefalite envolve a substancia branca e cinzenta do tronco encefálico e medula (ZACHARY, 2013). As lesões consistem em microabscesso multifocais a coalescentes, manguitos perivasculares linfoplasmocitários, gliose difusa, esferoides axonais, focos de malacia unilateral com células Gitter, degeneração neuronal e neuronofagia (BARROS et al., 2006; RISSI et al., 2010; ZACHARY, 2013).

Faz-se necessário que amostras de tálamo, telencéfalo caudal, cerebelo e medula espinhal cervical sejam coletadas e mantidas refrigeradas ou congeladas e encaminhadas para o laboratório de microbiologia e assim, seja feita a realização do diagnóstico diferencial de raiva por imunofluorescência direta e prova biológica (BARROS et al., 2006).

Nos órgãos coletados e na placenta, as alterações microscópicas podem estar mascaradas devido a autólise (KIRKBRIDE, 1992; FOSTER, 2009; ANDERSON, 2012; ANTONIASSI et al. 2013). Na microscopia, as lesões vistas macroscopicamente em fetos e natimortos bovinos correspondem a microabscessos distribuídos pelo fígado com distribuição multifocal (KIRKBRIDE, 1993; FOSTER, 2009; ANDERSON, 2012); placentite supurativa multifocal (KIRKBRIDE, 1993) e, com menor frequência, meningite (ANDERSON, 2007) e microabscessos no baço, linfonodos, miocárdio, pulmões, adrenais, trato gastrointestinal e encéfalo (SCHNEIDER, 2004).

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2.2.5 Diagnóstico

O diagnóstico é realizado a partir do histórico, dados epidemiológicos, sinais clínicos, exames necroscópicos e laboratoriais como histopatológico, cultivo microbiológico e molecular. A confirmação do diagnóstico pode ser feita a partir da demonstração do microrganismo no tronco encefálico e no nervo trigêmeo por técnicas de imuno-histoquímica (BARROS et al., 2006).

O cultivo microbiológico consiste no isolamento do microrganismo e na avaliação das características morfotintoriais (coloração de Gram). Esse isolamento pode ser obtido em meio de ágar-sangue ovino ou em meios seletivos (ágar Listeria), incubados a 37ºC. Em casos de abortamento é necessário a coleta de fragmentos da placenta, conteúdo estomacal, fígado, baço e pulmões do feto, para que seja encaminhado para análise microbiológica (MENDONÇA; AFONSO, 2016).

No exame do líquido cefalorraquidiano pode-se observar concentrações de proteína acima de 40 mg/dl e um aumento na contagem de leucócitos, entretanto o microrganismo não é evidenciado nesse procedimento (BARROS et al., 2006). Em ocorrência de manifestação nervosa, faz-se necessário a coleta total do encéfalo, a fim de aumentar as chances de diagnóstico histopatológico, sendo evidenciadas lesões assimétricas.

O principal diagnóstico diferencial da manifestação nervosa da listeriose é a otite interna em consequência de infecção parasitária causada por Railletia auris e Rhabditis spp. (BARROS et al., 2006) ou abscessos no tronco encefálicos causados por uma infecção através do nervo vestíbulo-coclear, que pode evoluir a partir de uma otite interna. Outros diagnósticos diferenciais incluem: acetonemia em bovinos e toxemia da prenhez em ovinos, sendo que nessas enfermidades o curso clínico é mais agudo e está associado a presença de um cetonemia (SCHILD, 2007).

2.2.6 Controle e profilaxia

A identificação dos surtos e a forma de seu desencadeamento se faz importante na prevenção da enfermidade nos criatórios de pequenos ruminantes no semiárido brasileiro. O reconhecimento das possíveis formas de transmissão da enfermidade auxilia na tomada de estratégias para controle as enfermidades. Em casos correlacionados com o consumo de silagem inadequada, a qualidade e as condições de armazenamento da silagem devem ser cuidadosamente examinadas (RIBEIRO et al., 2006). Mesmo sendo um importante fator de

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risco para ocorrência da listeriose (MORIN, 2004; BRUGÈRE-PICOUX, 2008; RIBEIRO et al., 2006; DRIEHUIS, 2013), ressalta-se que já foram registrados casos em ruminantes alimentados com pastagem nativa (RISSI et al., 2010), feno (BRUGÈRE-PICOUX, 2008), cama-de-frango, subprodutos de soja e variedade de outros grãos (MORIN, 2004).

Tal agente é sensível in vitro à penicilina, ampicilina, clorafenicol, eritromicina e outros antimicrobianos (NARAYANAN, 2016), entretanto os animais podem se recuperar espontaneamente (SCHILD, 2007).

O prognóstico tende a ser bom caso o animal seja diagnosticado no início e as medidas de prevenção sejam efetuadas. No entanto, pode ser desfavorável em animais com septicemia, sinais neurológicos acentuados e/ou que permanecem em decúbito e não estejam responsivos ao tratamento a algum tempo. Animais que se recuperam da doença, podem desenvolver sequelas, como por exemplo: giro cervical, cegueira, incoordenação e andar cambaleante (MENDONÇA e AFONSO, 2016).

As medidas de prevenção e controle incluem redução ou cessação da silagem fornecida, especialmente alimentos de baixa qualidade. Os animais acometidos com os sinais clínicos que condizem com a enfermidade devem ser isolados, e o material em contato com os mesmos deve ser descartado (NARAYANAN, 2016).

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3 MATERIAL E MÉTODOS

Foram revisados os protocolos de necropsias de ruminantes realizadas no Laboratório de Patologia Animal do Hospital Veterinário do Centro de Saúde e Tecnologia Rural da Universidade Federal de Campina Grande (LPA/HV/CSTR/UFCG), no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2016 em busca de casos confirmados ou sugestivos da forma nervosa de listeriose. Foram obtidos dados epidemiológicos (referentes à idade, sexo, raça, época do ano, procedência do animal e estado vacinal), clínicos e patológicos.

As lâminas histológicas de todos os animais foram revisadas e quando necessário, novas lâminas foram confeccionadas a partir de fragmentos teciduais arquivados em blocos de parafina ou do material acondicionado em formol.

Para o diagnóstico da forma nervosa de listeriose foram considerados os casos de ruminantes necropsiados que apresentavam lesões comumente localizadas no tronco encefálico e caracterizadas por microabscessos unilaterais (SANCHES, 2000).

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19

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período de estudo foram necropsiados 874 bovinos, 660 caprinos e 518 ovinos no LPA da UFCG, desses foram diagnosticados 23 (1,12 %) casos de listeriose, sendo 11 casos em ovinos (2,12 %), 10 em caprinos (1,51 %) e dois em bovinos (0,22 %).

Todos os ruminantes eram criados em regime semiextensivo e ocasionalmente eram suplementados. Entretanto, nenhum dos animais acometidos recebiam silagem, considerada uma das principais fontes de infecção em ruminantes, principalmente pela ingestão de silagem de má qualidade, como reportada em outros países e no Rio Grande do Sul (BARLOW; MCGORUM, 1985; BARROS et al., 2006; RISSI et al., 2006; SCHILD, 2007). Os ruminantes eram criados no Sertão da Paraíba, região de clima semiárido, caracterizado por apresentar um período seco, que vai de junho a dezembro e um período de chuva de janeiro a maio, sendo a maioria dos casos de listeriose (13 casos) diagnosticados no período seco, e 10 casos no período de chuva, diferentemente da ocorrência maior da doença em outros países durante o inverno (BARLOW; MCGORUM, 1985) e semelhante a alguns casos de listeriose relatados no Brasil durante o período de seca (RISSI et al., 2010; ROSA et al., 2013). Acredita-se que as características de resistência do gênero Listeria, relacionadas a crescimento em variações de temperatura (1-450C) e de pH (4.3 a 9.6), são fatores que podem ser observados na região e favoreçam a infecção e consequentemente o desencadeamento da doença clínica. Associados, a uma porta de entrada do agente, normalmente secundária a ingestão de alimentos grosseiros ou vegetação característica da região, podendo ocorrer a infecção através da contaminação ambiental ou contato direto com secreções ou fezes (RISSI et al., 2010).

Quanto aos ovinos, a idade dos animais variou de 3 meses a 8 anos, sendo a maioria adultos e fêmeas. A maior frequência da doença em ovelhas adultas foi também observada em outros estudos (RISSI et al, 2010). Não existem relatos sobre predileção racial (BARROS et al., 2006), contudo a raça Santa Inês foi predominante no estudo, possivelmente por ser a raça mais comumente criada na região do Sertão da Paraíba (SOUSA et al., 2003) (Tabela 1).

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20

* Não informado ** Sem raça definida

Quantos aos caprinos, a maioria dos casos eram fêmeas. A idade variou bastante, sendo a maioria com menos de 1 ano. No entanto, em um estudo realizado com 59 caprinos por

Oevermann et al. (2010), a média da idade foi de 2,5 anos variando entre 2 a 3 anos (Tabela 2).

* Não informado ** Sem raça definida

Quanto aos bovinos, o animal 1 era fêmea com cinco anos de idade, SRD e proveniente do município de Patos, tendo sido acometido no mês de maio de 2007. O animal 2, era macho com 1 ano e 6 meses, SRD, proveniente do município de Piancó, acometido no mês de junho de 2009. Casos semelhantes tem sido descritos por Sanches et al. (2000), onde observou casos de listeriose em bovinos durante o período de chuva, como visto nesse estudo.

Tabela 1. Dados epidemiológicos dos casos de listeriose em ovinos.

Animal Município Mês/Ano Idade Sexo Raça

1 Patos Jun/2004 36 meses Fêmea Santa Inês

2 Pombal Mai/2007 96 meses Fêmea Santa Inês

3 Pombal Mar/2008 Adulto Macho SRD**

4 São Mamede Jun/2008 NI* Fêmea Santa Inês

5 São José do Bonfim Jun/2008 36 meses Fêmea SRD

6 Quixaba Jul/2009 18 meses Fêmea SRD

7 Paulista Jul/2009 5 meses Macho Santa Inês

8 Patos Out/2011 3 meses Macho SRD

9 Patos Mar/2012 36 meses Fêmea Santa Inês

10 São José de Caiana Abr/2012 Adulto Macho SRD

11 São José de

Espinharas

Ago/2016 NI Fêmea SRD

Tabela 2. Dados epidemiológicos dos casos de listeriose em caprinos.

Animal Município Mês/Ano Idade Sexo Raça

1 Caturité de Boqueirão Ago/2005 18 meses Fêmea Parda Alpina

2 Patos Mai/2006 NI* Fêmea SRD**

3 Catingueira Jun/2006 6 meses Fêmea SRD

4 Patos Jul/2007 24 meses Fêmea SRD

5 Patos Jul/2008 36 meses Macho Parda Alpina

6 São José do Bonfim Mai/2010 10 meses Fêmea SRD

7 Pombal Jul/2010 30 meses Fêmea SRD

8 São José do Bonfim Fev/2011 5 meses Fêmea SRD

9 NI Jul/2011 NI NI NI

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Todos os animais acometidos apresentaram sinais clínicos característicos de envolvimento neurológico, particularmente da região de tronco encefálico, variando entre os ovinos, caprinos e bovinos respectivamente (Tabelas 3, 4 e 5).

Tabela 3. Sinais clínicos e suspeita clínica de ovinos com listeriose nervosa.

Animal Sinais Clínicos Suspeita Clínica

1

Decúbito esternal e lateral, nistagmo bilateral, desvio lateral da cabeça para a direita, pupilas dilatadas, apatia, opistótono,

cegueira parcial, movimentos de pedalagem e miose.

Polioencefalomalacia/ Otite média 2 Dificuldade de locomoção em um membro anterior, decúbito

esternal e lateral. Listeriose

3 Andar em círculos, dificuldade em se manter em estação,

cegueira bilateral, ausência de reflexos palpebral e pupilar. NI* 4

Decúbito lateral, diminuição dos reflexos e sensibilidade da face (esquerda), movimentos de pedalagem, nistagmo, ptoses

labial e palpebral.

NI

5

Depressão, incoordenação, nistagmo bilateral, ausência dos reflexos palpebral e de ameaça esquerda, ptose labial, ptose

auricular.

NI

6 Decúbito lateral, movimentos de pedalagem, opistótono e

cegueira unilateral. NI

7

Decúbito, tremores, incoordenação, salivação intensa, pescoço com desvio lateral, opacidade no olho com perda dos reflexos

palpebral e corneal.

NI

8 Claudicação do MAE**, paresia e nistagmo. Meningite/

Polioencefalomalacia 9 Tremores musculares, decúbito lateral, espasticidade nos

membros, ptoses auricular e lábio e tônus lingual diminuído. Listeriose

10 Cegueira e decúbito lateral. NI

11

Dificuldade para andar, decúbito, não responsivo ao reflexo de ameaça (olho esquerdo) e o direito diminuído, contração pupilar diminuída no olho direito e ausente no esquerdo,

estrabismo dorsal medial direito, nistagmo, trismo mandibular, ptose auricular esquerda, dificuldade de

deglutição, redução do tônus de língua.

NI

* Não informado

** Membro anterior esquerdo

Os principais sinais clínicos verificados, principalmente nos ovinos, foram decúbito lateral e esternal, incoordenação, desvio lateral da cabeça, diminuição do tônus da língua (Figura 1), ptose labial e palpebral (Figura2).

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22

Figura 1. Listeriose em ovinos. Diminuição do tônus da musculatura da língua mediante tração.

(27)

23

Tabela 4. Sinais clínicos e suspeita clínica de caprinos com listeriose nervosa.

Animal Sinais Clínicos Suspeita Clínica

1

Estrabismo, nistagmo, espasticidade, diminuição do reflexo pupilar, pressão da cabeça contra obstáculos, desvio lateral da

cabeça, hipereflexia, contrações e decúbito.

Listeriose/Raiva

2 Cegueira com rompimento da córnea esquerda, decúbito

lateral e movimentos de pedalagem. Listeriose 3 Andar cambaleante, opistótono, movimentos de pedalagem,

paresia dos membros posteriores e diminuição do plexo anal. NI*

4

Tremores, desvio lateral da cabeça, decúbito esternal e lateral, espasticidade, movimentos de pedalagem, diminuição dos

reflexos corneal, palpebral e da movimentação da orelha esquerda, sensibilidade da face diminuída e paralisia de

língua.

NI

5 Opistótono, nistagmo, estrabismo, salivação, decúbito,

sensibilidade facial diminuída e trismo mandibular. Listeriose/Raiva

6

Decúbito esternal, desvio lateral, da cabeça, incoordenação, ptose labial, salivação profusa, paralisia facial e relaxamento

de mandíbula.

Listeriose

7

Opistótono, decúbito, espasticidade nos membros anteriores, hipereflexia, midríase, diminuição da sensibilidade da face, relaxamento de mandíbula e exposição da língua após tração.

NI

8 NI Raiva

9 NI NI

10 Andar cambaleante e decúbito Acidose metabólica

* Não informado

Tabela 5. Sinais clínicos e suspeita clínica de bovinos acometidos com listeriose.

Animal Sinais Clínicos Suspeita Clínica

1

Andar cambaleante, decúbito esterno abdominal, cabeça voltada para o flanco, nistagmo, estrabismo, vasos episclerais

congestos, apatia, paralisia lingual, incoordenação e paralisia da cauda.

Raiva

2 Andar em círculo, incoordenação, salivação e ptose da

língua, decúbito lateral, diminuição do plexo anal. NI* * Não informado

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24

Os sinais clínicos observados em todos os casos (andar cambaleante, opistótono, nistagmo, ptose labial e palpebral, incoordenação), são condizentes com os relatados na literatura (OEVERMANN, 2010; RISSI et al., 2006; RISSI et al., 2010; WALLAND et al., 2015). É importante ressaltar que os sinais clínicos não são patognomônicos e que portanto em alguns casos é possível pensar em outros diagnósticos, principalmente: raiva, polioencefalomalacia, meningite, coenurose e otite (SCHILD, 2007). Em alguns países da Europa a listeriose é o principal diagnóstico diferencial para Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE) em bovinos adultos com sinais neurológicos (ROELS et al., 2009; WALLAND et al., 2015). E a coenurose é uma parasitose neurológica diagnosticada principalmente na região Sul do Brasil (FERREIRA et al., 1992; RISSI et al., 2008) que não ocorre no Sertão da Paraíba.

Nos ovinos 2, 3, 4, 6 e 8 não evidenciou-se alterações macroscópicas. O ovino 1 apresentava abscesso no ouvido médio direito e ulcerações na região interna da bochecha de aproximadamente 5 cm de diâmetro. O ovino 5 apresentou aumento de volume na região da ponte e bulbo. Os ovinos 7, 9, 10 e 11 apresentaram na região de tronco encefálico área focal amarelada ou acinzentadas que variavam de 0,2 a 0,5 cm de diâmetro, além de assimetria unilateral (Figura 3 e 4). Geralmente lesões macroscópicas não são descritas na literatura (RISSI et al., 2006), como observado nos casos de bovinos desse estudo. No entanto, tem-se percebido com frequência na rotina do LPA/HV/UFCG, principalmente em pequenos ruminantes, lesões unilaterais na região de tronco encefálico.

Figura 3. Listeriose em ovinos. Observa-se cortes seriados do tronco encefálico evidenciando assimetria esquerda e área focal acinzentada na ponte e bulbo.

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25

Figura 4. Listeriose em ovinos. Observam-se assimetria esquerda com área focal amarelo acinzentada, irregular e mal delimitada na região de ponte.

Os caprinos 1, 2, 3, 6 e 7 não apresentavam alterações macroscópicas. No caprino 8 observou-se herniação do verme cerebelar pelo forame magno e nos caprinos 4, 5, 9 e 10 observou-se na região de medula, bulbo, óbex aumento de volume, áreas amareladas e arredondadas que após fixação apresentavam-se acinzentadas e unilaterais. Além disso no caprino 5 observou-se a ausência de um pré-molar na maxila esquerda, possível porta de entrada para o agente (BARROS et al., 2006; WALLAND et al., 2015).

Figura 5. Listeriose em caprinos. Observa-se assimetria direita do óbex, com área focal amarelada.

(30)

26

Em todos os casos de listeriose as lesões histológicas caracterizavam-se por meningoencefalite microabscedativa variando de discreta a acentuada que se estendia desde o bulbo até o mesencéfalo, atingindo em alguns casos a medula cervical (Figura 6-A). As lesões eram predominantemente unilaterais que, além da inflamação microabscedativa no neurópilo, consistiam de manguitos perivasculares (Figura 6-B) multifocais que variavam de intensidade de discretos a acentuados com infiltrado mononuclear, por vezes neutrofílico (figura yy – bb). Foi observado ainda esferoides axonais, edema, células Gitter e ganglioneurite (Figura 6-D) em alguns casos. Além disso, observou-se, principalmente em casos mais acentuados, hipereosinofilia da parede dos vasos (necrose fibrinoide).

Figura 6. Aspectos microscópicos da listeriose em ruminantes. A) Caprino, tronco encefálico. Observa-se a formação de micro abscessos e manguitos. HE, obj.100. B) Bovino, bulbo. Observa-se microabscessos multifocais a coalescentes. HE, obj.100. C) Ovino, meninges. Infiltrado inflamatório mononuclear. HE, obj.100. D) Caprino, gânglio trigêmeo. Infiltrado neutrofílico mulfifocal. HE, obj.100.

O diagnóstico dos casos de listeriose encefálica nesse estudo foi baseado na morfologia característica da doença. Exceto um caso, que além da histopatologia, foi realizado exame microbiológico para confirmação do agente. A falta de confirmação por outros métodos dos casos desse estudo, pode ser discutível, porém as lesões são bastante características, permitindo um diagnóstico relativamente acurado (SANCHES, 2000).

A B

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27

5 CONCLUSÃO

A forma nervosa da listeriose acomete esporadicamente ruminantes no Sertão da Paraíba, particularmente ovinos e caprinos, sem predileção por idade, sexo ou raça. Clinicamente observam-se sinais de comprometimento do tronco encefálico associados a andar cambaleante e decúbito. Macroscopicamente podem ser verificados lesões no tronco encefálico que na histologia correspondem aos característicos microabscessos.

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