• Nenhum resultado encontrado

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ARTUR MARQUES (Presidente) e ALFREDO ATTIÉ. São Paulo, 10 de junho de 2016

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ARTUR MARQUES (Presidente) e ALFREDO ATTIÉ. São Paulo, 10 de junho de 2016"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

Registro: 2016.0000402593

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 1019578-31.2014.8.26.0554, da Comarca de Santo André, em que é apelante FRANCISCO JAIRO LEMOS SALDANHA (JUSTIÇA GRATUITA), é apelada SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA.

ACORDAM, em 12ª Câmara Extraordinária de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ARTUR MARQUES (Presidente) e ALFREDO ATTIÉ.

São Paulo, 10 de junho de 2016

RAMON MATEO JÚNIOR RELATOR

(2)

Voto nº 12608

Apelação nº 1019578-31.2014.8.26.0554 Apelante: Francisco Jairo Lemos Saldanha Apelado: Sky Brasil Serviços Ltda.

Comarca: Santo André 8ª Vara Cível

Juiz sentenciante: Dr. Gustavo Sampaio Correia

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C.

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, MATERIAIS

E TUTELA ANTECIPADA Cobrança em

duplicidade feita pela SKY de valores relativos ao serviço contratado Parcial procedência Recurso do autor, insistindo na indenização por danos morais

Inadmissibilidade Ausência de comprovação de

danos morais Dissabores e aborrecimentos normais do cotidiano enfrentados pelo consumidor Ausência de efetiva negativação ou cobrança vexatória Danos morais não configurados Recurso improvido.

Trata-se de apelação interposta contra a r. sentença de fls. 70/72, que julgou parcialmente procedente a “ação de obrigação de fazer c/c indenização por danos morais, materiais e pedido de tutela antecipada” que FRANCISCO JAIRO LEMOS SALDANHA ajuizou em face da SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA., confirmando a tutela antecipada antes conferida e determinando que a ré se abstenha de promover cobrança em duplicidade das mensalidades, a partir de janeiro de 2015. Sendo maior sucumbente, o autor foi condenado ao pagamento de custas, despesas processuais e honorários advocatícios de 10% do valor atualizado da causa, nos termos do art. 20, §4º, do Código de Processo Civil, ressalvada a concessão da gratuidade.

Recorre o autor, insistindo em ser indenizado moralmente, em razão do descaso e aborrecimento que sofreu em decorrência da má-prestação de serviços da ré. Afirma que a ré não comprova suas alegações no sentido de justificar a cobrança duplicada, ônus que lhe cabia, enquanto que ele

(3)

demonstrou tanto a cobrança indevida quanto as diversas ligações feitas para a ré no intuito de reclamar do problema.

Afirma ter sofrido descaso e aborrecimentos com a

ocorrência, pois avisou a ré por diversas vezes da cobrança indevida e esta não deu nenhum retorno ao cliente por meses. E depois que regularizou o problema, devolvendo a quantia cobrada em excesso (R$ 780,00) ainda efetuou novamente cobrança em duplicidade, levando o autor a efetuar os pagamentos para evitar sua negativação. Por fim, requereu a majoração da verba honorária em 20% do valor atualizado da causa, e a condenação da ré à sucumbência.

O recurso foi recebido no duplo efeito (fl. 85), sendo apresentadas as contrarrazões (fls.87/93).

É o relatório.

A r. sentença merece ser mantida.

Relata o autor que era cliente da Sky Brasil Serviços S/A desde 2011, e que nos meses de fevereiro, março e abril de 2014 sofreu cobrança em duplicidade da mensalidade, no valor de R$ 65,00. Por tal razão, contatou a Sky para resolver o problema, mas a cobrança em duplicidade persistiu de maio a setembro do mesmo ano, oportunidade em que foi orientado pela empresa a cancelar junto à administradora de seu cartão, onde eram lançados os débitos. No entanto, isso não foi possível realizar, pois somente a credora (Sky), poderia fazê-lo. Por isso, ingressou com a presente ação requerendo tutela antecipada para impedir a cobrança duplicada, restituição dos valores indevidamente cobrados nos meses de maio a setembro de 2014 (R$ 325,00) e indenização por danos morais, estimada em R$ 7.240,00.

A r. sentença julgou parcialmente procedente a ação para confirmar a tutela antecipada antes concedida e

(4)

determinar que a ré se abstenha de promover a cobrança em duplicidade das mensalidades vencidas a partir de janeiro de 2015.

O autor recorre para pedir a indenização por danos morais e a inversão da sucumbência, com majoração da verba honorária.

Portanto, o objeto do recurso está limitado ao pedido de condenação da ré a indenização por danos morais e responsabilidade pelo pagamento das verbas de sucumbência.

Embora a dívida cobrada seja inexigível, não restou comprovado qualquer excesso por parte da requerida, que ultrapassasse os limites dos dissabores e aborrecimentos a que estamos expostos no dia-a-dia. A cobrança de dívida inexigível, apesar de acarretar ao consumidor diversos transtornos, não possui o condão de gerar dano moral indenizável.

Confiram-se, a respeito, os seguintes

julgados desta Corte, assim ementados: (grifos nossos)

“A PEL AÇÃ O. AÇÃ O D ECL ARA TÓR IA DE

INE XIG IBI LID ADE DE DÉ BIT O C . C . P EDI DO DE REP ETI ÇÃO DE IN DÉB ITO E CON DEN AÇÃ O P OR DAN OS MOR AIS . C obr anç a e m d upl ici dad e d e v alo res re lat ivo s a o s erv iço co ntr ata do. Co nde naç ão da req uer ida à dev olu ção em do bro do s v alo res in dev ida men te cob rad os. Nã o C omp rov açã o d e d ano s m ora is. Di ssa bor es e a bor rec ime nto no rma is do cot idi ano . A usê nci a d e e fet iva ne gat iva ção .

D ano s m ora is não co nfi gur ado s. Suc umb ênc ia

rec ípr oca . C ust as, de spe sas pr oce ssu ais e

hon orá rio s a dvo cat íci os rep art ido s e ntr e a s p art es. In tel igê nci a d o a rt. 21 do CP C. Dec isã o m ant ida .

R ecu rso de spr ovi do. ”(A pel açã o n º

0 005 303 -21 .20 15. 8.2 6.0 664 , R el. Az uma Ni shi , 2 5ª Câm ara de Di rei to Pri vad o, j. 18/ 02/ 201 6).

“R ECU RSO S D E A PEL AÇÃ O AÇ ÃO

IND ENI ZAT ÓRI A - Co bra nça s i nde vid as per pet rad as pel a r é, dia nte da du pla co bra nça em dé bit o

(5)

a uto mát ico e no car tão de cr édi to da aut ora -

Rea lid ade co mpr ova da pel a p rov a d ocu men tal

ac ost ada ao s a uto s - Da nos mo rai s i nde vid os - A use nte qu alq uer re lat o d e q ue se dep ree nda a ofe nsa a dir eit os per son alí ssi mos da au tor a, que de mor ou cer ca de doi s a nos pa ra ent rar co m a de man da - M ajo raç ão dos ju ros de mor a p ara 12 % a o a no - N ega do pro vim ent o a o r ecu rso da ré e rec urs o d a a uto ra par cia lme nte pr ovi do. ” ( Ape laç ão nº 000 217 3-4 2.2 011 .8. 26. 031 5, Rel . H ugo Cr epa ldi , 2 5ª Câm ara de Di rei to Pri vad o, j. 22/ 10/ 201 5).

Desta forma, verifica-se que a conduta perpetrada pela empresa requerida, apesar de reprovável, não enseja dano moral indenizável. Não há fundamentos para qualquer recomposição pecuniária, na medida em que o ocorrido não passou de mero aborrecimento cotidiano, que não pode ser alçado ao patamar de dano moral.

Na lição de Yussef S aid Cahali, “tudo aquilo

qu e mole sta r g raveme nte a alma h uma na, fe rin do-lhe grave men te os valore s fund ame nta is ine ren tes à sua pe rso nalida de ou reconh ecidos pe la socied ade em qu e e stá in teg rad o, qua lifica -se , e m linh a d e p rin cíp io, co mo dan o mora l; não há co mo enu merá-los

exa ustiva men te, evide nciand o-se n a d or, na an gústia , n o

sofrime nto , n a tristeza p ela au sên cia de um en te que rid o fale cid o; no despre stígio , n a d esconside ração social, n o d escréd ito à

rep uta ção , n a h umilha ção pú blica, no de vassamento d a

p rivacidad e; no desequ ilíbrio d a n ormalidad e p síq uica, nos

traumatismo s e mocion ais, n a d epressão ou no desgaste

psicológico, na s situ açõ es de con strang ime nto mo ral.” (in Da no

moral, Ed ito ra RT, 3ª ed içã o, pág s. 22/23).

Da mesma forma, Orlando Gomes nos

ensina, em sua obra “Obrigações”, 11ª edição, Editora Forense, págs. 271/272:

“Dano mo ral é, po rta nto , o co nstran gimento q ue alg uém experime nta em co nse quê ncia d e lesã o e m d ire ito

(6)

pe rso nalíssimo , ilicita men te pro duzida po r o utrem. (...) Ob serve-se, po rém, q ue esse d ano nã o é propriamente inde nizáve l, visto como inde nizaçã o sign ifica elimin açã o d o p rejuízo e da s consequ ências, o qu e n ão é p ossíve l q uan do se tra ta de dan o e xtrapa trimon ial. P refere -se dizer qu e é co mpe nsá vel. Trata-se d e comp ensaçã o, e n ão de ressarcimento. Entend ida ne ste s termos a o brigação de que m o produ ziu , a fasta-se a o bje ção de qu e o dinhe iro nã o p ode se r o eq uivale nte da do r, porque se re con hece q ue, no ca so, exerce o utra função dup la, a de exp iação, em re lação ao culpad o, e a de sa tisfação, em re lação à culp a”.

No caso em debate, houve simples cobrança dobrada do serviço contratado, fato este que não acarreta abalo a valores fundamentais inerentes à personalidade do autor, uma vez que não se empregou publicidade em cadastros de proteção ao crédito ou métodos vexatórios de cobrança, a ponto de abalar a honra do consumidor e configurar danos morais.

Ademais, o dever reparatório não pode ser considerado um instrumento capaz de obtenção de vantagens indevidas ou enriquecimento ilícito.

Ante o exposto, NEGA-SE PROVIMENTO ao recurso.

RAMON MATEO JÚNIOR Relator

Referências

Documentos relacionados

Dependendo do projeto específico : práticas em laboratório; síntese de nanomateriais, caracterização de nanomateriais; experimentos biológicos (nanotoxicidade), análise de

Leia-as atentamente, escolha um tema e faça o rascunho (se achar necessário) no espaço reservado para isso. Ainda que este caderno deva ser devolvido ao final da prova, o seu

A cefaléia do tipo tensional (CTT) caracteriza-se A cefaléia do tipo tensional (CTT) caracteriza-se por dor cefálica de caráter constrictivo, geralmente por dor cefálica de

Como imagem privilegiada na escrita de O lustre, a água demarca o ritmo e o movimento da escrita, além de favorecer o embate entre as forças incontroláveis de Eros

Cláudio Celestino de Oliveira, na área da tese; Considerando a deliberação do Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Química reunida em 04/08/06.. O COLEGIADO DO PROGRAMA

e das armadilhas do consumo, bem como a relação da sociedade com o dinheiro, incluindo o abuso e a violência financeira promovidos por algumas instituições em relação a pessoas que

do próximo PO Regional e o alargamento e a territorialização dos instrumentos de política críticos para uma bem-sucedida estratégia regional de especialização inteligente. As

Observação 1: Para contratações no sistema de registro de preços, o valor global estimado de que trata o item “a” deverá contemplar o montante das demandas dos