Este material é de propriedade do Mattos Filho, Veiga Filho,
Marrey Jr. e Quiroga Advogados (“Mattos Filho”). Ele foi preparado
de acordo com a legislação vigente na ocasião de sua elaboração
e não possui o objetivo de fornecer aconselhamento jurídico a
qualquer pessoa ou sobre qualquer assunto específico, tendo
caráter meramente informativo. Surgindo dúvidas sobre o
material, o Mattos Filho estará à disposição para prestar
esclarecimentos. É vedada a reprodução, divulgação, utilização ou
distribuição, parcial ou total, deste material sem o prévio
Assista novamente acessando nosso portal de notícias
Aspectos Trabalhistas - Covid-19 e as recentes alterações e impactos
na legislação trabalhista
Aponte a câmera do
seu celular e acesse
Único
Coronavírus | Impactos jurídicos
Fique por dentro de nossas análises jurídicas
sobre os reflexos da pandemia
Aponte a câmera do
seu celular e acesse
COVID-19 e Medidas
Provisórias 927, 928
e 936
Trabalhista, sindical e remuneração de executivos 6 de abril de 2020
Medidas que podem
ser adotadas durante
o período de crise
O empregador poderá determinar que o empregado, aprendiz ou estagiário trabalhe em regime de teletrabalho (home office) com notificação (por escrito ou eletrônico) de, no mínimo, 48 horas de antecedência
As partes terão prazo de 30 dias, contados do momento em que iniciar o teletrabalho, para celebrar acordo por escrito, prevendo obrigatoriamente o seguinte:
responsabilidade pela aquisição, manutenção e fornecimento dos equipamentos tecnológicos, e infraestrutura necessária à prestação do teletrabalho
reembolso de despesas relativas ao teletrabalho
O empregador poderá emprestar equipamentos tecnológicos e pagar pela infraestrutura necessária para a prestação dos serviços em teletrabalho, sem que os respectivos valores sejam incorporados ao salário
O uso de aplicativos e programas de comunicação fora da jornada de trabalho não constitui tempo à disposição, regime de prontidão ou sobreaviso, a menos que previsto no acordo por escrito; pela lei, o empregado em teletrabalho não está sujeito ao controle da jornada de trabalho
Teletrabalho (Home Office)
1 2
O empregador poderá determinar que o empregado antecipe suas férias, por meio de notificação (por escrito ou eletrônico) com no mínimo 48 horas de antecedência, ainda que o período aquisitivo não tenha sido completado
O empregador também poderá suspender as férias ou licenças não remuneradas dos profissionais da área de saúde (se possível, por meio de notificação, por escrito ou eletrônico, com no mínimo 48 horas de antecedência)
Empregador e empregado poderão negociar a antecipação de períodos futuros de férias, por meio de acordo por escrito O empregador deve priorizar os trabalhadores que pertençam ao grupos de riscos, conforme definido pela Organização Mundial da Saúde (por exemplo, pessoas acima de 60 anos de idade; portadores de doenças crônicas como cardíacos, pessoas com problemas respiratórios, diabetes, câncer, pressão alta e imunodepressivos)
O pagamento das férias poderá ser efetuado até o 5º dia útil do mês subsequente ao início das férias, enquanto que o adicional de 1/3 poderá ser pago junto com o 13º salário, ou seja, até 20 de dezembro de 2020
O empregador poderá recusar o abono de férias solicitado pelo empregado; porém, se aceito, também poderá ser pago junto com o 13º salário, ou seja, até 20 de dezembro de 2020
As férias não poderão ser gozadas em período inferior a 5 dias corridos
Férias Individuais
O empregador poderá notificar seus empregados sobre a concessão de férias coletivas, com no mínimo 48 horas de antecedência
Por causa do estado de emergência e força maior, foram dispensadas as seguintes obrigações previstas na legislação trabalhista:
Período máximo de férias (ou seja, é possível fracionar as férias em mais de 2 períodos) Período mínimo de férias (ou seja, é possível que o período de férias seja inferior a 10 dias)
Também não haverá necessidade de comunicação prévia ao Ministério da Economia nem ao sindicato da categoria profissional
Férias Coletivas
1
As horas trabalhadas podem ser compensadas por meio de banco de horas no prazo de 18 meses, contados da data em que se encerrar o estado de calamidade pública, de modo que o período de compensação deve ser estabelecido por meio de acordo individual ou coletivo
Para a compensação do saldo no banco de horas, o empregador não poderá exceder a jornada além de 2 horas extras por dia e a jornada diária não poderá ultrapassar 10 horas
A compensação do saldo de horas será determinada pelo empregador (independente de acordo ou negociação coletiva)
Regime de compensação (banco de horas)
Os empregadores podem antecipar o descanso dos feriados não religiosos, federais, estaduais e municipais; o empregador deverá notificar os empregados (por escrito ou eletrônico), com no mínimo 48 horas de antecedência, e informar quais os feriados que serão antecipados
No caso dos feriados religiosos, a antecipação do descanso somente poderá ocorrer por meio de acordo por escrito As horas trabalhadas em feriados podem ser descontadas em banco de horas (regime de compensação)
Exames médicos: exames médicos admissionais e periódicos somente precisarão ser realizados em 60 dias após o encerramento do estado de calamidade pública
Exames médicos demissionais ainda são obrigatórios, a menos que o exame periódico tenha sido realizado a menos de 180 dias
O médico ocupacional do programa de controle médico e saúde ocupacional poderá requerer a realização de outros exames (relacionados ou não ao COVID-19), se entender necessário
Treinamentos obrigatórios: os treinamentos obrigatórios estão suspensos e serão realizados no prazo de 90 dias, contados da data de encerramento do estado de calamidade pública
O empregador poderá determinar a realização de treinamentos na modalidade de ensino à distância (EAD)
CIPA: o processo de eleição de novos membros poderá ser suspenso e a CIPA atual poderá ser mantida até que seja encerrado o estado de calamidade pública
Doença ocupacional ou acidente de trabalho: o COVID-19 não será considerado doença ocupacional
Segurança e saúde do trabalho
Profissionais da saúde: o empregador poderá prorrogar a jornada de trabalho (mesmo para empregados com jornada 12x36 ou que trabalham com atividades insalubres), por meio de acordo escrito
O empregador deverá fornecer o descanso semanal remunerado
A compensação deverá ocorrer dentro do período de 18 meses contados do momento em que for declarado o fim do estado de emergência
Trabalhador temporário, terceirizados, trabalhador rural e empregados domésticos: as regras estabelecidas pelas Medidas Provisórias 927 e 928 são aplicáveis a estes trabalhadores naquilo que for compatível
FGTS: os recolhimentos do FGTS referentes aos meses de março, abril e maio de 2020 estão suspensos e poderão ser pagas em até 6 parcelas mensais a partir de julho de 2020, sem incidência de atualização, multas ou encargos decorrentes do atraso no pagamento
Em caso de rescisão contratual, o empregador deverá pagar os respectivos recolhimentos do FGTS, parcelas vencidas, e multas rescisórias dentro do período legal, assim como os demais encargos
Acordos e convenções coletivas: Os acordos coletivos ou as convenções coletivas vencidos ou vincendos no prazo de 180 dias (contados de 22 de março de 2020) podem ser prorrogados pelo período de 90 dias, à critério do empregador
Processos administrativos: todos os prazos estão suspensos pelo prazo de 180 dias
No período de 180 dias contados de 22 de março de 2020, os auditores fiscais do trabalho atuarão de maneira orientadora, havendo aplicação de multa apenas para os casos graves (por exemplo, falta de registro de empregado, riscos iminentes, acidente fatal de trabalho, trabalho degradante ou trabalho infantil)
Benefício
Emergencial de
Preservação do
Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda
Prazo para pagamento: se o empregador informar o Ministro da Economia em 10 dias a contar da celebração do acordo de redução ou suspensão, será pago em até 30 dias da data de celebração do acordo; caso não observe tal prazo, o empregador arcará com a remuneração do empregado até que a informação seja prestada
Duração: somente durante o período de redução ou suspensão
Empregados excluídos: não fazem jus ao benefício empregados (i) ocupando cargo ou emprego público, cargo em comissão de livre nomeação e exoneração ou titular de mandato eletivo; (ii) em gozo de benefício de prestação continuada do Regime Geral de Previdência Social ou dos Regimes Próprios de Previdência Social (exceto pensão por morte ou auxílio-acidente); (iii) em gozo de seguro-desemprego; e (iv) em gozo de bolsa qualificação profissional custeada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador
Forma de concessão e pagamento: depende de ato do Ministério da Economia
O Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda é custeado pela União e será pago nas hipóteses de
(i) redução proporcional de jornada de trabalho e salário e (ii) suspensão temporária do contrato de trabalho
15
Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda
Valor do Benefício: calculado com base no seguro-desemprego e independe de cumprimento de período aquisitivo, tempo de vínculo de emprego ou número de salários recebidos
(i) Redução proporcional de jornada de trabalho e salário: calculado proporcionalmente ao percentual de redução do salário. Na hipótese de redução por norma coletiva, o Benefício é calculado da seguinte forma: (a) ausência de benefício para redução inferior a 25%; (b) 25% do seguro-desemprego para redução igual ou superior a 25% e inferior a 50%; (c) 50% do seguro-desemprego para redução igual ou superior a 50% e inferior a 70%; (d) 70% do seguro-desemprego para redução superior a 70% (há limbo na MP para redução igual a 70%)
(ii) Suspensão temporária do contrato de trabalho: (a) 100% do seguro-desemprego que o empregado teria
direito ou (b) 70% do seguro-desemprego que o empregado teria direito, caso a empresa tenha auferido receita bruta superior a R$ 4,8 milhões no ano-calendário de 2019
Cumulação de Benefícios: empregado com mais de um vínculo de emprego poderá cumular o benefício para cada vínculo com redução da jornada ou suspensão do contrato
Exceção: se os diferentes vínculos forem na modalidade de contrato intermitente, o empregado receberá um único auxílio emergencial de R$ 600,00, sem possibilidade de cumulação
Redução
proporcional de
jornada de trabalho
e de salários
Redução proporcional de jornada de trabalho e de salários
Requisito: preservação do valor do salário-hora de trabalho
Percentuais de redução: exclusivamente 25%, 50% ou 70% para acordos individuais; podem ser pactuados percentuais diversos por meio de norma coletiva
Autorização: a necessidade de acordo individual ou coletivo varia de acordo com a faixa salarial
A negociação individual pressupõe pré-aviso mínimo de 2 dias corridos
Salário Negociação
- Igual ou inferior a R$3.135,00; e
- Igual ou superior a R$12.202,12 e diploma de nível superior Individual ou coletiva - Superior a R$3.135,00 e inferior a R$12.202,12; e
- Superior a R$12.202,12 e sem diploma de nível superior
Coletiva
Exceção: redução de jornada e salário de 25%, caso em que é
Redução proporcional de jornada de trabalho e de salários
Prazo: até 90 dias, durante o estado de calamidade pública
Restabelecimento da jornada de trabalho e do salário: pré-aviso mínimo de 2 dias corridos, contados (i) da cessação do estado de calamidade pública; (ii) da data de encerramento estabelecida no acordo individual ou norma coletiva; ou (iii) da data da comunicação ao empregado sobre decisão de antecipar o fim do período da redução
Custos: além do salário reduzido, o empregador possui a faculdade de pagar ajuda compensatória, sem natureza salarial; assim, não integrará para a base de cálculo do INSS, FGTS, do IRPF e poderá ser excluído do lucro líquido para fins de IRPJ e CSLL das pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real
Garantia de emprego: vedada a dispensa sem justa causa durante o período de redução e, após o restabelecimento, durante o período equivalente ao período de redução; se houver dispensa sem justa causa durante o período de garantia de emprego, o empregado fará jus às verbas rescisórias e indenização variável e proporcional à redução:
(i) Redução entre igual 25% e 50% do salário e jornada:50% do salário que teria direito no período de garantia
(ii) Redução entre igual 50% e 70% do salário e jornada:75% do salário que teria direito no período de garantia
Suspensão
temporária do
Suspensão temporária do contrato de trabalho
Requisito: o empregado não pode trabalhar durante o período de suspensão, ainda que parcialmente ou em regime de trabalho remoto, sob pena de descaracterizar a suspensão; a descaracterização implica no pagamento da remuneração de todo o período de suspensão
Autorização: a necessidade de acordo individual ou coletivo varia de acordo com a faixa salarial.
A negociação individual pressupõe pré-aviso mínimo de 2 dias corridos
Salário Negociação
- Igual ou inferior a R$3.135,00; e
- Igual ou superior a R$12.202,12 e diploma de nível superior
Individual ou coletiva - Superior a R$3.135,00 e inferior a R$12.202,12; e
- Superior a R$12.202,12 e sem diploma de nível superior
Suspensão temporária do contrato de trabalho
Prazo: até 60 dias, fracionáveis em 2 períodos de 30 dias, durante o estado de calamidade pública
Restabelecimento da jornada de trabalho e do salário: pré-aviso mínimo de 2 dias corridos, contados (i) da cessação do estado de calamidade pública; (ii) da data de encerramento estabelecida no acordo individual ou norma coletiva; ou (iii) da data da comunicação ao empregado sobre decisão de antecipar o fim do período da suspensão
Custos: (i) devem ser mantidos todos os benefícios concedidos pelo empregador (ex.: vale-refeição, plano de saúde); (ii) a empresa com receita bruta superior a R$4,8 milhões no ano-calendário 2019, deverá pagar ajuda compensatória mensal equivalente a 30% do salário do empregado durante o período de suspensão; a ajuda compensatória não possui natureza salarial e, portanto, não integrará para a base de cálculo do INSS, FGTS, IRPF e poderá ser excluída do lucro líquido para fins de IRPJ e CSLL das pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real
Garantia de emprego: em caso de dispensa sem justa causa, durante o período de suspensão e, após o reestabelecimento, por período equivalente ao da suspensão; tal rescisão garante ao empregado que receber o benefício, além do pagamento de verbas rescisórias, uma indenização equivalente a 100% do salário que teria direito no período de garantia
Outras disposições
Serviços públicos e atividades essenciais: deve ser resguardado o regular funcionamento e exercício dos serviços públicos a atividades essenciais de que tratam a Lei nº 7.783/1989 e a Lei nº 13.979/2020
Aplicabilidade: as medidas aplicam-se a contratos de aprendizagem e a tempo parcial
Cumulação de medidas: é permitida a adoção sucessiva da redução da jornada e da suspensão do contrato, desde que o período total não exceda 90 dias e que o período de suspensão não exceda 60 dias
Outras disposições
Qualificação à distância: o curso de qualificação profissional previsto no artigo 476-A da CLT (“layoff”) deverá ser oferecido exclusivamente em modalidade não presencial e terá duração mínima de 1 mês e máxima de 3 meses
Renegociação: normas coletivas poderão ser renegociadas no prazo de 10 dias da publicação da medida provisória
Meios eletrônicos: permitida a utilização de meios eletrônicos para atender às formalidades de convocação, deliberação, decisão, formalização e publicidade de normas coletivas
Redução de prazos: os prazos relacionados à negociação coletiva (ex.: prazo para depósito de uma cópia da norma coletiva junto ao Ministério da Economia, prazo de entrada em vigor de uma norma coletiva, prazo para o sindicato profissional assumir a condução das negociações) foram reduzidos pela metade
Questões já judicializadas
ADI nº 6342 – Ajuizada pelo PDT para questionar a preponderância de acordos individuais escritos sobre os demais acordos legais e negociais; a possibilidade de interrupção das atividades pelo empregador; e a constituição de regime especial de compensação de jornada, por meio de banco de horas, no prazo de até 18 meses.
ADI nº 6346 – Ajuizada pela CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) para questionar a possibilidade de acordos individuais de trabalho se sobreporem a acordos coletivos e à legislação federal, bem como para questionar o fato de a contaminação por coronavírus não ser considerado doença ocupacional.
ADI nº 6348
–
Ajuizada pelo PSB para atacar pontos relacionados à celebração de acordo individual entre empregado e empregador que se sobrepõem à Lei e pontos que tratam da possibilidade de antecipação de férias, da compensação de jornada, da realização de exames médicos demissionais e da escala de horas.ADI nº 6349
–
Ajuizada pelo PCdoB, o PSOL e o PT sob os mesmos fundamentos da ADI nº 6348.ADI nº 6352
–
Ajuizada pelo Solidariedade sob o fundamento de que a criação de critérios de acordo individual, a serem elaborados em desrespeito aos direitos sociais e trabalhistas, viola os princípios da vedação do retrocesso social e da dignidade humana e o conceito de cidadania.Questões já judicializadas
ADI nº 6363 – Ajuizada pelo Rede Sustentabilidade para questionar os dispositivos que autorizam a redução salarial e a suspensão de contratos de trabalho mediante acordo individual, sob o fundamento de que
a redução da remuneração
só é possível mediante negociação coletiva e para garantir a manutenção dos postos de trabalho.
OBSERVAÇÃO: foi ajuizada no último dia 03 de Abril, pelo PT, PCdoB e pelo PSOL outra ADI questionando a integralidade da MP 936/20 (ação ainda não autuada).
Questões já judicializadas
Ações movidas por Sindicatos para anular dispensas coletivas realizadas no período da COVID-19. Há decisão liminar anulando dispensas coletivas, sob a justificativa de que a empresa teria outras medidas asseguradas por Medida Provisória para evitar as dispensas.
Ações movidas por Sindicatos para suspender as atividades das empresas até o final da quarentena (com pedidos sucessivos de afastamento de empregados do grupo de risco e adoção de medidas mais rígidas de higiene e saúde no trabalho). Em geral, as decisões liminares não deferem a suspensão das atividades da empresa, sob a justificativa de que a medida agravaria a situação econômica, mas deferem os pedidos sucessivos de afastamento de empregados do grupo de risco e adoção de medidas mais rígidas de higiene e saúde no trabalho).
Ajuizamento de interditos proibitórios pelas empresas para assegurar que empregados possam adentrar às empresas nas situações de greve deflagradas em razão da COVID-19. As ações ajuizadas não tiveram decisões em razão do encerramento da greve (perda do objeto).
www.mattosfilho.com.br
/mattos_filho
/company/mattosfilho
/mattosfilho