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Efeito da biolixiviação sobre a cinética de dissolução de um concentrado sulfetado de zinco em soluções ácidas de sulfato férrico.

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XXI FNTMME -N~tai-RN, novcmbm 2005.

Efeito da biolixiviação sobre a cinética de dissolução de um

concentrado sulfetado de zinco em soluções ácidas de sulfato férrico.

P. S. Pina

1,

V. A. Leão

1,

C. A. Silva

1,

A. D. Souza

2,

J.

Frcnay

3

(I)- Nuclco de Valorização de Materiais Minerais- NVMM ·Departamento de Metalurgia e de Materiais Universidade Federal de Ouro Preto-Praça Tiradentes 20, Ouro Preto. MG, CEP 35400-000, Brasil.

pablopinabrCdyahoo.com .br: versianc(tt)dem..:l.cm.uli>r. h r (2)- Votorantim Metais Rodovia BR 040, Km 2X4, Três Marias, MG.

adelson(ll'lm.cmm.com.br

(3)-Université de Ligc Metallurgic ct Traitement des Minerais-Chcmain des Chcvrcuils, I Bât. 52- Ligc-4000 Belgiquc

j.lrcnay(ll;ulg.ac.bc

RESUMO

A biolixiviaçào é uma tecnologia já consolidada na indústria minero-metalúrgica c aplicada com sucesso no tratamento de minérios rcfratários de ouro c na recuperação de cobre contido cm minérios marginais e rejeitos. Estuda-se a possibilidade de ampliação da utilização desta tecnologia para recuperação de outros metais {Zn, Ni. C:o. etc). Entretanto, os processos biotecnológicos possuem uma cinética mais lenta, quando comparados a processos químicos tradicionalmente empregados no processamento de sull'ctos metálicos (lixiviação dircta c lixiviaçào sob pressão). Os processos químicos utilizam oxigénio c íon férrico como agentes oxidantes dos sul fetos, o que acarreta em um elevado custo de produção do metal. A biolixiviaçào pode ser associada aos processos de lixiviaçào direta (LO) e lixiviaçào sob pressão (LSP) reduzindo o consumo de oxigénio c aumento a capacidade de produção dos reatorcs. Neste trabalho foi avaliado o efeito da biolixiviaçào sobre a cinética de lixiviaçào de um concentrado sulfetado de zinco. Os ensaios de biolixiviação toram conduzidos cm presença de microrganismos mesólilos, capazes de oxidar enxofre elementar c íon ferroso (Acidithiohllcillu.l· sp.). Nos ensaios de lixiviaçào química foram estudados os efeitos do percentual de biolixiviaçào do concentrado (0-50%,), da temperatura (40-XO"C), da concentração de íon férrico (0,25-2,0 moi/L) c da velocidade de agitação {240-600min _,) sobre a cinética de dissolução do zinco. O método das velocidades iniciais foi empregado para calcular a energia de ativação c a ordem da reaçào cm relação à concentração de íon lcrrico.

(2)

Pina, 1'. S., Leão, V. A., Silva, C. A., Souza, A. D. e Frcnay, .1.

I.

INTRODUÇÃO

A biolixiviação é uma tecnologia alternativa aos processos tradicionalmente empregados para o tratamento de minerais sulfctos (processos químicos). Esta é uma tecnologia já consolidada na indústria minero-metalúrgica e aplicada com sucesso no tratamento de minérios rclratúrios de ouro e na recuperação de cobre contido cm minérios marginais e rcjeitos (Ncmati e/ a/., 199X). Estuda-se a possibilidade de ampliação da utilização desta tecnologia para recuperação de outros metais (Zn, Ni, Co, etc) (Brierley c Brierley, 200 I). A biolixiviaçào possui como principais atrativos o fato de ser menos agressiva ao meio ambiente, possibilidade de recuperação de metais contidos cm minérios marginais c rcjcitos, a capacidade de ser acoplada a outros processos, tais como, lixiviaçào direta (LD) e lixiviação sob pressão (LSP), custo reduzido das instalações c simplicidade operacional (Bricrley e Brierley, 2001 ). Entretanto, os processos biotccnológicos possuem uma cinética mais lenta que os processos químicos, o que implica em um elevado tempo de retenção da polpa nos sistemas de biolixiviaçào. Exigindo-se, desta lorma, tanques com grande volume para atender uma demanda de produção em nivcl industrial.

Os processos de lixivia<;ão direta c lixiviaçüo sob pressão utiliiam oxigênio c ferro férrico como agentes oxidantes do sul feto, o que eleva o custo de produção do metal. A biolixiviaçào pode ser associada a estes processos visando uma redução no consumo de oxigênio c, conseqüentemente, no custo de produção. Neste caso, o concentrado sulfetado é previamente biolixiviado c, posteriormente, o material biolixiviado segue para uma etapa de lixiviação química (LD ou LSP). Isto acarreta cm uma redução no consumo de oxigênio c aumento da capacidade de produção dos reatores empregados na etapa de lixiviação qui mica. Está tilosofia já é aplicada industrialmente, com sucesso, no tratamento de minérios rclratúrios de ouro na São Bento.

Entretanto, apesar da biolixiviaçào ser uma tecnologia atrativa para o tratamento de minerais sulfetados, podendo ser associada a outros processos. A literatura cicntilica não apresenta nenhum estudo de lixiviação química (LD ou LSP) de concentrados sulfctados previamente biolixiviados. Contudo, deve-se presumir que uma etapa prévia de biolixiviaçào possa alterar as características superliciais do sul feto, provocando, desta tonna, alterações na cinética do processo posterior de lixiviaçào química. Estas possíveis mudanças na cinética de dissolução do sul feto poderiam ser devidas a alteração no tamanho das partículas, mudanças na microporosidadc do sólido, oclusão da partícula de

sulleto devido a produtos sólidos formados durante a etapa de biolixiviaçào, entre outros.

Esta contribuição visa estudar o efeito da biolixiviação sobre a cinética de lixiviação de um concentrado sulfetado de zinco. Foram avaliados os efeitos da concentração de íon férrico, da temperatura, da velocidade de agitação e do grau de oxidação biológica do concentrado sobre a cinética de lixiviação. A energia de ativação e a ordem da rcação com respeito à concentração de íon férrico também foram d.:terminadas, empregando-se o método da velocidade inicial. Amilises de MEV e EDS do material biolixiviado também foram realizadas, visando-se avaliar o eleito da biolixiviação sobre a morfologia do concentrado sultetado c também detenninar os produtos de gerados durante a biolixiviação do sulfcto de zinco. Observou-se que o processo de biolixiviação provoca uma sensível alteração na supcrficie do sólido, o que reflete diretamcnte na cinética de dissolução do mesmo.

2. MA TE RIAIS E MÉTODOS

Os ensaios de biolixiviação toram conduzidos cm crlenmcycrs de 250m L, contendo I OOmL de suspensão, com uma densidade de polpa de I 0% (p/v). O pH da solução foi ajustado para I ,80, quando necessário, pela adição de solução de I moi/L H1S04 e 6 moi/L NaOH. O ajuste do pH tem a função de evitar a tormação de precipitados ljarosita). O

meio de cultura empregado foi o meio Norris (Pina et a/. 2005). Os ensaios foram realizados em um agitador orbital a uma velocidade de 200 min.'1

e a temperatura de 33"C. Os microrganismos empregados são do gênero Acidithiohacillus e foram isolados cm uma mina de sul fetos brasileira (Daman et ai., 2002).

Os ensaios de lixiviação química foram conduzidos cm um rcator encamisado com volume total de 150ml. A temperatura foi controlada pela circulação de água quente e a suspensão foi agitada com auxílio de um agitador magnético. O volume total de suspensão era de 120ml, o percentual de sólido igual a 0,5% (p/v) e a concentração de ácido sulfúrico era de I mo I/L. Soluções ácidas de sulfato férrico foram utilizadas como agente lixiviantc, a concentração de íon férrico foi estudada cm um intervalo compreendido entre 0,25 e 2,00 mol/L. Também toram estudados os efeitos da temperatura, da velocidade de agitação e do grau de oxidação biológica do concentrado, sobre a cinética de lixiviação do zinco. A temperatura foi estudada em uma faixa compreendida entre 40"C e 80"C, o percentual de biolixiviação do concentrado entre O c 50% e a velocidade de agitação entre 240 c 600 min~1• Durante

(3)

,

XXI ENTMME Natal-RN, novembro 2005.

os cn~aios foram colctadas periodicamente aHquotas de lmL para determinação da concentração de zinco em

solução.

A área superficial c microporosidadc do concentrado e do material biolixiviado foram determinadas, empregando-se

a técnica de adsorção de nitrogênio (BET) em um equipamento High Speed Ga~ Sorptions Analyzcr, modelo Nova

1000, marca Quantachromo. Curvas de distribuição granulométrica do concentrado c do concentrado biolixiviado foram feitas, visando-se determinar o dl<l c o diâmetro médio (dr.t) do material (Equipamento SediGraph 5000ET da Mieromeritics). A concentração de zinco em todos os ensaios foi determinada a partir da utilização do método de espectrofotometria de absonção atómica em um equipamento Perkim Elmer modelo AAnalist 100.

3. RESULTADOS

E

DISCUSSÃO

3.1.

Ensaios

de biolixiviação

A tabela l apresenta a análise química elementar do concentrado de esfalerita e do concentrado biolixiviado.

Observa-se uma redução na concentração de zinco e de ferro com o aumento do grau de oxidação biológica do sul feto. A concentração cm enxofre permanece aproximadamente constante.

Tabela I Análise química do concentrado e do concentrado biolixiviado.

% Oxidação biológica %ln %S %Fe

o

5142 34.00 8,95

25 47,24 34,10 440

50 42 50 33 70 491

A figura I apresenta as micrografias do concentrado e do rcslduo da biolixiviaçllo. A figura La mostra a superfície do concentrado antes dos ensaios de biolixiviação e as figuras l.b, l.c e l.d mostram a superfície do concentrado após a oxidação biológica. :-lota-se um aumento progressivo da degradação do sulfeto com aumento do grau de oxidação biológica do concentrado.

Figura I - Evolução da degradação da superficie do concentrado em função do grau de oxidação biológica. (I.a) concentrado, (l.b) grau de oxidação 25%, (l.c) grau de oxidação 50% e (l.d) grau de oxidação 75%.

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Pina, P. S., Leão, V. A., Silva, C. A., Souza, A. D. c Frcnay, J.

Observa-se também oa Jigura I que a superfície do concentrado não está recoberta com enxofre elementar ou qualquer outro produto ou precipitado sólido. Isto indica que o microrganismo foi capaz de oxidar todo o enxoiTe elementar produzido durante a oxidação do sul feto de zinco pelo íon férrico e que os ensaios foram realizados cm

um valor de pH (1,80) que não propiciou a formação de jarosita (pH 1,80). Estas observações foram confirmadas

por análises da superflcie do sólido com EDS. A cepa de microrganismos empregada neste trabalho oxidou totalmente o enxofre elementar formado durante a oxidação da csfalerita, como observado previamente por Fowlcr e

Crundwell ( 1999). Entretanto, nos estudos realizados por Shi e Fang (2004) e Shí et ai. (2005) os autores

verillcaram a formação de uma camada de enxofre elementar sobre a superfície do sulfeto após os ensaios de biolixiviação, o que indica que as cepas de microrganismos utilizadas nestes ensaios não foram capazes de oxidar totalmente todo o enxofre elementar gerado a partir da oxidação do sulfeto de zinco. Resultados similares aos

obtidos por Shi e Fang (2004) e Shi et a/. (2005) foram encontrados por Garcia et af. (1995), em estudos conduzidos em presença de Acidithiobaci/lus jerrooxidans. A diferença nos resultados observados no presente trabalho e aqueles obtidos Shi e Fang (2004), Shi et al. (2005) e Garcia et a/. {1995) pode ser atribuida a cepa de microrganismos empregada nos diferentes estudos, urna vez que, é absolutamente possível cepas diferentes de bactéria apresentarem comportamentos também diferentes, com relação a sua capacidade em oxidar enxofre elementar.

A tabela 2 apresenta a evolução da área superficial do concentrado de esfalerita e do concentrado biolixiviado. Observa-se que com o aumento do grau de oxidação biológica do concentrado ocorre uma elevação no valor da área

superficial do sólido, o que a princípio é excelente para o processo de lixiviação, uma vez que, a velocidade de

dissolução é proporcional a superticie do sólido a ser solubilizado. Entretanto, também ocorre um aumento no valor do d50 e do diâmetro médio das partículas (dM), o que está, a principio, cm oposição a observação da elevação da área superficial do sólido. Esta elevação nos valores do dso e dM está associada ao fato de que as partículas com menor tamanho, ou seja, menor diâmetro, são lixiviadas primeiro em relação às panículas maiores, uma vez que, possuem uma maior superfície especifica. Este fenômeno pode ser visualizado na figura l.b, que mostra a micrografia do concentrado após 25% de oxidação biológica. Comparando-se a figura 2 com a figura l.b, nota-se que a partícula com tamanho aproximado de 2 ~tm (figura 2) está com a sua superficie quase totalmente degrada, enquanto, a partícula com tamanho aproximado de 15 11m (figura l.b) apresenta um processo de degradação superficial em fase inicial, com surgimento das primeiras trincas e dos primeiros poros. Entretanto, como a

superfície da partícula começa a ficar mais porosa e com o surgimento de trincas, ocorre uma elevação no volume de poros do material e também na área dos núcroporos (tabela 2) o que acarreta no aumento da área superficial do

sólido. Sadowsk.i et a/. (2003) estudaram a biolixiviação de um concentrado sulfetado de cobre e verificaram que

ocorria, inicialmente, uma elevação na área superficial do concentrado com o aumento do tempo de contato entre o sólido e o microrganismo.

Tabela 2-Área superficial e distribuição granulométrica do concentrado e do resíduo da biolixiviaçào.

%Oxidação Arca superficial Volume total dos Area dos microporos dso (llm)

(~)

biológica (m/g) poros (cm~/g) (m2/g)

o

1,18 0,00441 1,56 6,15 10,33 25 0,99

o

00349 1,18 8,67 11,79 50 1,30 0,00570 1,58 18,13 24,28 75 1,89 0,00856 2,25 16,93 21,42 .,

a

M -Dmmetro médiO das partJCulas

(5)

XXI ENTMME-Natal-RN, novembro 2005.

3.2. E

n

sa

i

os

d

e

li

x

i

viação

quí

mica

O gráfico

apresentado na figura

3

mostra o efeito da velocidade de agitação sobre a concentração de zinco

solubilizado. Um aumento na velocidade de agitação não altera a quantidade de metal lixiviado, o que indica que a difusão de reagentes e/ou produtos através da camada limite de solução não é a etapa limitante do processo de lixiviação do sulfeto, nas condições do presente trabalho. Com base nesta observação, os demais ensaios de lixiviação aqui apresentados foram conduzidos com uma velocidade de agitação de 480min:1•

1400

1200j

*

..

i

·:1

t

·

~~:

..:.. eoo

• 360 m~n'J

&

480mll'1. oi()O I • eoo ...

~

L

100 120 60 BO o 20 40 Tempo. (minuto) 20

Figum 3 - Evolução da concentração de zinco em solução com o tempo, cm função da velocidade de agitação. Condições experimentais: 0,5% sólidos, tempemtura

so•c,

I mol/L H2

S0

4 e 0,50 moVL Fe(III).

A figum 4 mostra o efeito da temperatura sobre a concentração de zinco cm solução. O aumento da temperatura de trabalho provocou urna senslvel elevação na quantidade de metal solubili7ado, indicando que a velocidade de dissolução do sulfeto é fortemente innuenciada pela temperatura, na faixa de temperatura avaliada neste trabalho. Esta observação está de acordo com os resultados obtidos por Jin et a/. (1984), Dutrizac e MacDonald (1978), Rath

et ai. (1980 e 1988) c Babu el ai. (2002). Comportamento semelhante foi observado para o sólido previamente biolixiviado, com grau de oxidação biológica de 25% e 50% (dados não apresentados nesta contribuição).

2000 1100 11100

:

1400

..

i

1200

1000

..

..

..

..

..

.

i§:

100

..

eoo

400

:.

200

:

.

o o 20 ~ 10 10 100 120 Tempo-(monutos)

Figura 4-Evolução da concentração de zinco com o tempo, cm função da temperatura. Condições experimentais: 0,5% sólidos, 480

min:',

I mol/L F-hSO. c 0,50 mol/L Fe(Jll).

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Pina, P. S., Leão, V. A., Silva, C. A., Souza, A. D. e Frenay, J.

A figura 5 mostra o efeito da concentração inicial de íon férrico sobre a concentração de zinco solubilizado. O aumento da concentração do agente oxidante proporcionou uma elevação na concentração de metal em solução, para

toda a faixa de concentração estudada (0,25 até 2,00 moVL Fe(III)). Neste trabalho não foi observada a existência de

uma concentração crítica de ion férrico, acima da qual a dissolução do metal torna-se independente da concentração do oxidante, como observada por Jin et af. (1984) e Bobeck e Su (1985). Os resultados obtidos no presente trabalho estão de acordo com as observações de Dutrizac e MacDonald ( 1978) c Rath et ai. ( 1980 e 1988), que também não

observaram a existência de wna concentração critica do agente oxidante. Comportamento similar também foi observado para o sólido previamente biolixiviado, com gr'dU de oxidação biológica de 25% e 50% (dados não apresentados neste trabalho).

1600 1400

'

1200

..

~

1000

..

..

.§. 800

..

'2 600

,.

o.2SmoiiL ~

'

0.50moiiL

t

..

0,75moVL 400

..

1,00moltL

!

1,50molfl 200 I

2,00moiiL o o 20 40 60 60 100 120 Tempo- (minuto)

Figura 5 - Evolução da concentração de zinco em solução com o tempo, em função da concentração inicial de íon férrico. Condições experimentais: 0,5% sólidos, 480 min.'1

, 1 moVL H2S04 e

so•c.

A figura 6 mostra a aplicação do modelo do núcleo não reagido, com controle por difusão no produto sólido, aos dados experimentais obtidos neste trabalho (valores de r2 superiores a 0,95). A demonstração deste c de outros modelos, que descrevem o processo de lixiviação, foge ao escopo desta contribuição e pode ser encontrada na

literatura apropriada, que trata de cinética de reações beterogêneas (Levenspiel, 1972). Verifica-se que possivelmente a etapa limitante, ou seja, a etapa lenta, do processo de dissolução do sul feto de zinco é a difusão do agente oxidante através da camada de enxofre elementar formada sobre a superficie do sólido com o decorrer do processo de dissolução. Este comportamento foi observado tanto nos ensaios realizados com o concentrado (figura 6) quanto nos ensaios conduzido com o material previamente biolixiviado (dados não apresentados neste trabalho).

Babu et a/. (2002) e Rath et a/. (1980) obtiveram resultados semelhantes aos obtidos nesta contribuição, em ensaios conduzidos com esfalerita sintética (Rath et af., 1980) c com um concentrado de esfalerita (Babu et af., 2002).

o 07 0.06

0.05

~ ~ 0.04

..

~ ~ 0.03

(')

..

<:i 0.02

..

0.01

..

0.00 o 10 20 30 40 50 60 Tempo· (minuto)

Figura 6 - Etapa controladora da cinética de dissolução do concentrado em presença de íon férrico. Condições experimentais: 0,5% sólidos, 480 min.'1, 1 moVL H2S04 c 0,50 moVL Fe(lll).

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XXI ENTMME -· Natai-RN, novembro 2005.

A literatura apresenta consenso sobre a formação do enxofre elementar durante o processo de dissolução da

esfalerita. em meio contendo íon férrico. Dutrizac e MacDonald ( 197X). Jin <'I ai. ( 19X4 ), Fowler c Crundwcll ( 1999) c Babu e/ ai. (2002) observaram a fórmaçào de uma camada de enxofre elementar sobre as partículas de esfalerita e

verificaram que o processo de dissolução deste sulfeto poderia ser representado pelo modelo topoquímico.

Entretanto, existe divergência sobre qual a função desempenhada por esta camada de enxofre elementar. Dutrizac e

MacDonald ( 1978) e Jin e/ ai. ( 19X4) verificaram que a etapa controladora do processo de lixiviação era a reação na

superfície do sólido, em detrimento da difusão do agente oxidante através da camada de enxofre elementar com

sugerido por Babu e/ ai. (2002) c Rath c/ ai. ( I9XO). Os resultados do presente trahalho confirmam o controle por difusão.

A tabela 3 apresenta os resultados de energia de ativaçào e ordem da rcaçào com respeito à concentração de íon

férrico determinadas para o concentrado c o material previamente biolixiviado. A energia de ativaçiio c a ordem da

reação foram detenninadas utilizando-se o método das velocidades iniciais. A energia de ativaçào obtida para o

concentrado sulfetado c o material com grau de oxidação biológica de 25'Y., são semelhantes c estão de acordo com o

valor encontrado por Dutrizac e MacDonald ( 197X) · I O Kcal/mol c Jin 1!1 ai. ( 1984)- 13.97 Kcal/mol e Babu c/ ai.

(2002) -9,81 Kcal/mol. A ordem da reaçiio com respeito à concentração de íon férrico obtida para estes materiais

também é semelhante e está próxima de 0,5. Valores de ordem de rcaçào similares foram obtidos por Dutrizac e

MacDonald ( 1978)- 0,36, Rath e/ ai. ( 19XX)- 0,62 c Jin I! I ai. ( 1984) 0.5 (concentrações de íon férrico inferiores a 0,60 moi/L). Entretanto, nos ensaios conduzidos com o material com grau de oxidação biológica de 50%,

verificou-se uma redução no valor da energia de ativaçào e lambem na ordem da reaçào. Esta redução indica que a

reação de oxidação deste material é menos sensível a temperatura c tamb..!m a concentração do agente oxidante,

quando comparada ao concentrado c o material com grau de oxidação biológica de 25%. Este comportamento

sugere por mudanças na superfície do sólido, geradas durante o processo de biolixiviaçào. Uma vez que, análises de

MEV e EDS da superflcie do material biolixiviado não indicam a formação de nenhum produto sobre a mesma, como por exemplo enxofre elementar.

Tabela 3 -Energia de ativação e ordem da rcaçào com respeito à concentração de íon !úrico.

%Oxidação biológica Energia de ativaçào Ordem da rcação Kcal/mol

o

7,25 +O, 12 0,47 + 0,038

25 9,88 ± 0,41 0,44 ± 0,048

50 4,57 ± 0,35 0,21 ± 0,055

5. CONCLUSÕES

Os microrganismos empregados neste estudo foram capazes de lixiviar o sulfeto de zinco e também o enxofre

elementar que é produzido durante o processo de dissolução da csfalcrita. O processo de biolixiviação provoca uma

elevação da supcrfkic especifica do sólido. bem como do volume total de poros e da área dos microporos. Ocorre uma elevação do d;o c do d" até um grau de oxidação biológica do sul feto de 50"1.,. Acima deste valor o d50 c do d"

sofrem uma redução.

Uma elevação da temperatura e da concentração de agente oxidante provoca uma clevaçào na concentração de zinco

solubilizada, independentemente do grau de oxidação biológica do sul feto.

O processo de lixiviação do sulfeto é provavelmente controlado pela ditilsão do agente oxidante através da camada

de enxofre elementar formada sobre a superfície das partículas de sul feto. A etapa controladora também indepcnde

do grau de oxidação biológica do sul feto.

A energia de ativaçào e a ordem de reaçào com respeito à concentração de íon férrico se mostrou timção do grau de

oxidação biológica do sulfeto. Ocorreu uma redução no valor da energia de ativaçào c da ordem da reaçào no

ensaios realizado com o grau de oxidação de 50%, quando comparado aos valores obtidos com o concentrado c com

o material com grau de oxidação biológica de 25%. Este comportamento sugere uma mudança na superficic do

(8)

Pina. P. S .. Lc~o. V. A .. Silva. C. A .. Souza./\. D. c Frenay. J.

6. AGRADECIMENTO

Os autores gostariam tk agradecer ao apoio fínancciro da Finep. CNPq, Fapemig c Votorantim Metais. Gostaríamos também de agradecer a Universidade de Lige. o DEMET/UFOP c o DEMET/UFMG.

7.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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Referências

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