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VII Congresso Nacional de Criminologia

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VII Congresso Nacional de Criminologia

Porto, 25 de Maio de 2012

Crise e Pobreza: Uma Oportunidade Criminal?

http://miguelangelovalerio.wordpress.com

miguel.a.valerio@gmail.com

Miguel Ângelo F. M. Valério

Licenciado em Trabalho Social Pós-Graduado em IS: Criminologia Mestre em Serviço Social

EXPLICAÇÕES TEÓRICAS

CRISE E POBREZA: UMA OPORTUNIDADE

CRIMINAL?

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Quételet & Guerry

No Séc XIX, Quételet e Guerry defendem a não existência de relação

entre a pobreza e a criminalidade, visto que as regiões mais pobres

(das estudadas) são exactamente aquelas em que ocorrem menos

crimes contra a propriedade.

Contudo, Guerry defende a existência de uma relação entre o

desenvolvimento comercial e industrial e o desenvolvimento da

criminalidade e Quételet que é a passagem brusca de um estado de

riqueza para um de pobreza e, principalmente, pela desigualdade que o

crime é encorajado.

Para além disso, também se sabe que a pobreza está menos ligada ao

fenómeno criminal do que a desigualdade e a abundância de bens.

Crise e Pobreza: Uma Oportunidade Criminal? [VII Congresso Nacional Criminologia - Porto, 25/05/12] 3

Tradição Durkheimiana

A delinquência tem origem no desenraizamento social dos indivíduos.

Um adolescente, por exemplo, estará mais imune à delinquência,

quanto maior forem os seus vínculos sociais, e consequentemente,

quanto maior for a força dos controlos sociais existentes e aceites pelo

mesmo.

Hirschi desenvolveu a “teoria do laço” (1969) onde explica que os seres

humanos estão naturalmente inclinados a enveredar pelo delito como

forma de satisfazerem os seus desejos, a não ser que sejam impedidos

pela pressão social, sendo que essa pressão apenas acontecerá se

estiverem vinculados ao seu grupo social.

(3)

Tradição Durkheimiana

O crescimento económico, as alterações nas vidas pessoais dos

mesmos, e a consequente alteração dos objectivos promovidos pela

sociedade, leva a outras alterações nas vidas pessoais, que originam a

necessidade de adaptação.

Essa adaptação pode ser realizada, entre outros, através da “inovação”,

aderindo em absoluto aos objectivos sociais de sucesso e decide

atingi-los a todo o custo, sendo que as normas são, se necessário, ignoradas.

Esta situação é mais habitual nas classes mais baixas, visto que os

entraves colocados para o atingir dos objectivos socialmente desejáveis

são maiores.

Crise e Pobreza: Uma Oportunidade Criminal? [VII Congresso Nacional Criminologia - Porto, 25/05/12] 5

A Associação Diferencial

Sutherland descreveu o processo pelo qual um individuo se torna

delinquente, sustentando a sua teoria (Associação Diferencial) no

facto do comportamento criminal ser aprendido através de trocas

interpessoais que permitem a aquisição das técnicas para a

execução dos delitos.

Defende que um individuo tem mais probabilidades de tornar-se

delinquente, quanto maior for a sua exposição a críticas às

normas de um determinado comportamento.

Como o comportamento criminal não pode ser explicado pela

satisfação das necessidades (visto que todos os comportamentos

o são), o autor entende o crime como um efeito mecânico de um

excesso de interpretações desfavoráveis do respeito à lei.

(4)

Sellin

Para Sellin, a cultura está na base dos comportamentos e modela

a personalidade dos indivíduos, logo a cultura de um determinado

grupo leva a actos delinquentes quando autoriza ou prescreve um

acto interdito pela lei de um país.

O crime, resulta assim, de um conflito cultural, da oposição entre

as normas globais de um Estado e as normas específicas de um

grupo particular, visto que nestes casos, a mera obediência à

norma sub-cultural resulta em desviância à norma global.

Na lógica de Sellin, Gassin (1985) refere que temos assistido à

proliferação de sistemas de valores divergentes e contraditórios,

que associado ao enfraquecimento dos controlos sociais promove

os comportamentos criminais.

Crise e Pobreza: Uma Oportunidade Criminal? [VII Congresso Nacional Criminologia - Porto, 25/05/12] 7

A Estigmatização

A estigmatização é um processo através do qual a sociedade

atribui a uma pessoa a etiqueta de desviante, promovendo a

exclusão dos mesmos, visto que, em vez de penalizar o acto,

penaliza-se o actor.

Lemert (1951) desenvolveu o termo de “desviante secundário”

referindo-se àqueles que têm de viver com a estigmatização. No

seu entender a “culpa” da desviância é da própria sociedade que a

constrói.

Ao estigmatizar uma pessoa, esta vê-se impelida (devido ao, por

exemplo, desprezo com que é tratada) a procurar a companhia de

outros desviantes, formando-se, em certos casos, grupos

sub-culturais, com os seus próprios códigos normativos onde é

valorizado o que a maioria reprova.

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Aprendizagem Social da Delinquência

Um dos aspectos incontestáveis no âmbito da criminologia, é o facto da maioria dos delinquentes conviverem com pessoas também elas delinquentes.

Existe até uma relação bastante forte, verificando-se que:

– quanto maior for o número de amigos de problemas com a justiça, maior será a

probabilidade do mesmo cometer um crime;

– quanto maior for o tempo passado na companhia de delinquentes, maior número de

crimes cometerá.

Aliás, o melhor preditor de reincidência é o convívio com delinquentes. Não existe contudo, uma justificação de causa efeito, sendo que a mesma parece processar-se nos dois sentidos.

Crise e Pobreza: Uma Oportunidade Criminal? [VII Congresso Nacional Criminologia - Porto, 25/05/12] 9

Associação Diferencial e a Aprendizagem

Social

Neste âmbito, a teoria de Sutherland (abordada anteriormente)

permanece actual, tendo sido operacionalizada por Akers, que associa

à anterior as ideias das teorias da aprendizagem social.

Este autor afirma que os comportamentos desviantes são aprendidos

na companhia de pares, por imitação, por reforço dos actos desviantes

e por uma exposição a definições favoráveis à desviância.

A sua teoria assenta em quatro pilares:

• A Associação Diferencial

– A aprendizagem do comportamento desviante faz-se, essencialmente, no seio

dos grupos de apoio primários, sendo aí que o individuo é exposto a definições, modelos e reforços, mais ou menos duradouros, frequentes e intensos;

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Associação Diferencial e a Aprendizagem

Social

[…] A sua teoria assenta em quatro pilares:

• As Definições

– São atitudes face a um comportamento desviante e o significado que lhe é

atribuído, podendo ser positivas ou neutralizantes;

– A maior parte das definições favoráveis ao crime pertencem ao segundo tipo.

Embora não valorizando positivamente as ocorrências, justificam ou desculpam os actos.

• A Imitação

– Consiste no facto de um sujeito realizar o gesto que viu ser realizado por

outrem, dependendo obviamente, do prestigio que o modelo tem para a pessoa, e das consequências desse mesmo comportamento.

Crise e Pobreza: Uma Oportunidade Criminal? [VII Congresso Nacional Criminologia - Porto, 25/05/12] 11

Associação Diferencial e a Aprendizagem

Social

[…] A sua teoria assenta em quatro pilares:

• Reforço Diferencial

– Balanço das recompensas e das punições passadas, presentes e antecipadas,

consecutivo ao comportamento desviante estudado.

– A probabilidade de um acto ser repetido aumenta se esse acto for recompensado e

diminui se o mesmo tiver sido punido.

A sequência desta aprendizagem social passa, inicialmente, pela exposição do

individuo aos modelos e às definições favoráveis, sendo que o delinquente

comete um primeiro desvio na esperança duma recompensa.

Posteriormente, repete (ou não) esse acto, sob a influência das definições, dos

reforços antecipados e das consequências do primeiro acto.

Existe contudo, alguma relutância na aplicação desta teoria aos crimes

graves…

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AS EXCLUSÕES

Crise e Pobreza: Uma Oportunidade Criminal? [VII Congresso Nacional Criminologia - Porto, 25/05/12] 13

CRISE E POBREZA: UMA OPORTUNIDADE

CRIMINAL?

As Exclusões

“Fase extrema do processo de «marginalização» entendido este como um percurso «descendente», ao longo do qual se verificam sucessivas rupturas na relação do individuo com a sociedade.” O exercício pleno da cidadania, refere-se ao acesso a um conjunto de sistemas sociais básicos (que não são independentes uns dos outros, estando muitas vezes sobrepostos):

Essa exclusão poderá ser social (conjunto de sistemas em que uma pessoa se encontra inserida), económica (mecanismos geradores de recursos; mercado de bens e serviços; sistema de poupanças), institucional (sistemas prestadores de serviço; instituições relacionadas com os direitos cívicos e políticos), territorial (localização espacial – bairros degradados, certas freguesias ou concelhos rurais, países) e/ou no

domínio das referências simbólicas (conjunto de perdas sofridas pelo individuo

(8)

EM PORTUGAL

Crise e Pobreza: Uma Oportunidade Criminal? [VII Congresso Nacional Criminologia - Porto, 25/05/12] 15

CRISE E POBREZA: UMA OPORTUNIDADE

CRIMINAL?

Em Portugal…

Ocorrências Participadas Criminalidade Violenta e Grave Criminalidade Juvenil Criminalidade Grupal Crimes contra as Pessoas Crimes contra a Vida em Sociedade Crimes contra o Património Crimes contra o Estado Outros Crimes (legis avulsa) Desempregados inscritos IEFP

Desempregados inscritos IEFP (novo emprego)

Despesas da Seg. Social Despesas Protecção Social Taxa Desemprego Global Taxa Desemprego (até 17anos) Taxa Desemprego (18-64)

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Em Portugal…

Crimes contra a Vida em Sociedade Crimes contra o Estado Crimes contra a Vida em Sociedade Crimes contra o Estado Criminalidade Grupal Crimes contra as Pessoas Crimes contra a Vida em Sociedade Crimes contra o Estado

Crise e Pobreza: Uma Oportunidade Criminal? [VII Congresso Nacional Criminologia - Porto, 25/05/12] 17

Desempregados inscritos IEFP

Desempregados inscritos IEFP (novo emprego)

Taxa Desemprego Global

r = ,689 r = ,721 r = ,735 r = ,734 r = ,929 r = ,720 r = ,822 r = ,769

Referências

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