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COLONIALISMO E AMBIENTALISMO NA FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO DO TOCANTINS

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Academic year: 2021

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COLONIALISMO E AMBIENTALISMO NA FORMAÇÃO DO

TERRITÓRIO DO TOCANTINS

Raimundo Nonato Ribeiro Santana¹ Marina Hainzenreder Ertzogue²

RESUMO

Este trabalho teve como proposta central analisar a ocupação e o povoamento da planície do Araguaia na perspectiva da história ambiental, investigando na perspectiva histórica, a ocupação das margens do rio Araguaia, a decadência da mineração e a transformação da paisagem pela exploração das riquezas naturais, consequentemente a devastação ambiental com utilização do solo e as práticas agrícolas ao longo dos séculos, para a produção de pastagens e as alterações da paisagem natural na percepção dos viajantes como Saint-Hilaire que escreve sua obra “Viagem à província de Goiás” e membros das comissões científicas encarregados de estudar a navegabilidade do rio Araguaia, bem como fazer uma análise da obra “Viagem ao Rio Araguaya” de José Vieira Couto de Magalhães, obra está que tinha o objetivo o melhoramento da navegação fluvial pelo rio Araguaia poderia contribuir para o desenvolvimento econômico da província de Goiás. Destacar a importância comercial que o rio Araguaia tinha para a província de Goiás.

Palavras – chave: Colonização; rio Araguaia; devastação ambiental.

INTRODUÇÃO

A paisagem transformava-se de acordo com a exploração econômica dos recursos naturais.

_____________________

1. Aluno do curso de História; Campus de Porto Nacional; nonatojustyn@gmail.com; PIBIC/CNPq.

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Com a agricultura e pecuária vieram às queimadas, agravadas pela especificidade do clima extremamente seco da região, dificultado ainda pela ausência de chuvas em determinadas épocas do ano.

José Bonifácio em suas obras demonstrava grande preocupação com a questão ambiental, especialmente com o problema do desflorestamento. Segundo ele

A Natureza fez tudo a nosso favor nos, porém pouco ou nada temos feito em favor da Natureza. Nossas terras estão ermas, e as poucas que temos roteado são mal cultivadas, porque o são por braços indolentes e forçados. Nossas preciosas matas vão desaparecendo, vítimas do fogo e do machado destruidor da ignorância e do egoísmo. Nossos montes e encostas vão-se escalvando diariamente, e com o andar do tempo faltarão as chuvas fecundantes que favoreçam a vegetação e alimentem nossas fontes e rios, sem o que o nosso belo Brasil, em menos de dois séculos, ficará reduzido aos páramos e desertos áridos da Líbia. Virá então este dia (dia terrível e fatal), em que a ultrajada natureza se ache vingada de tantos erros e crimes cometidos (José Bonifácio de Andrada e Silva, 1973d [1825], p. 38)

A história ambiental é um campo relativamente novo do conhecimento, surgido na década de 1970, simultaneamente ao início dos movimentos ambientalistas e das conferências mundiais sobre a crise ambiental, nascendo de um objetivo moral (WORSTER, 1990). Porém, já na década de 1950, Aldo Leopold destacava a importância de uma interpretação ecológica da história, na qual a ecologia seria empregada para compreender como o passado do ambiente desenvolveu-se até os dias atuais. De forma mais sucinta, podemos destacar o principal objetivo da história ambiental: o de compreender como a natureza afetou o ser humano e, ao mesmo tempo, como a humanidade afetou o meio ambiente (WORSTER, 1990).

MATERIAL E MÉTODOS

A presente a partir de relatórios de províncias e de relatos de cronistas e viajantes que tiveram na região norte de Goiás, bem como pesquisas na coleção das revistas do IHGB – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – com o objetivo de encontrar relatos sobre a devastação ambiental na região norte do Brasil, a ocupação das margens do rio Araguaia, além de realização de pesquisas que forneceram informações

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sobre a Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo, que na época das bandeiras era chamada Ilha de Sant’ Ana e povoada por nações indígenas.

Paralelamente a essa pesquisa foi realizado também o levantamento de dados referentes à temática presentes na coleção digital da revista Informação Goiana que circulou entre 1917-1935 e era publicada no Rio de Janeiro. Nessa publicação que se reporta ao registro histórico da ocupação do norte de Goiás é possível encontrar relatos sobre a navegação entre o rio Araguaia e Belém, Devastação das florestas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em 1863 Dr. Couto de Magalhães, em sua obra “Viagem ao Araguaya”, defendia a ideia de que o melhoramento da navegação fluvial pelo rio Araguaia poderia contribuir para o desenvolvimento econômico da província de Goiás. Enquanto o litoral era o espaço das elites, da corte e da civilização, o interior da colônia se constituíram no imaginário do brasileiro como espaços vastos, desconhecidos, longínquos e pouco habitados. Esse autor trata das considerações administrativas e econômicas, bem como os meios mais propícios para desenvolver a navegação do Araguaia.

O rio Araguaia detém uma grande importância histórica e cultural, bem como relevância econômica e política para a região que o mesmo perpassa. Configura-se como um espaço natural que serviu de escoadouro econômico e integrador cultural entre regiões. Até o fim da década de 1950 o médio Araguaia era uma região praticamente isolada e sem conexão com os grandes centros urbanos do país. Seus ocupantes eram em maior parte indígenas e camponeses praticando uma economia de subsistência (OLIVEIRA e MAURO, 2010, p 01).

Até os fins dos anos 1950, a região norte e Goiás permanecia como uma área de pouco acesso e com baixa densidade populacional. Os meios de transportes e comunicação eram precários e despertavam pouco interesse de fazendeiros e industriários. Nos fins dos anos 1940 essa mesma área às margens do médio Araguaia era ocupada por povos indígenas, comunidades tradicionais e alguns posseiros de pouco recurso.

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A Ilha do Bananal é a maior ilha fluvial do mundo; foi chamada ilha de Sant’ Anna devido à celebração da primeira missa pelo missionário Frei Francisco da Victoria, no dia consagrado pela liturgia católica a Santa Ana. Esta ilha foi reconhecida em 1755 pela bandeira organizada em Trabiras, sob a direção do sertanista José Machado que seguiu por terra para o Araguaia, à procura das fantásticas minas dos “Martyrios de Araes”, que se diziam além do grande rio, para além de uns serros azuis.

Saint-Hilaire percorreu o território goiano no ano de 1819. Em sua viagem Saint-Hilaire descreve paisagens onde o fogo havia queimado matas inteiras, pois durante o período das secas, os campos queimados forneciam os sais minerais necessários para à formação de pastagens que servia para a alimentação do gado. Daí a sucessão de campos queimados e semi-carbonizados.Saint-Hilaire destaca que:

Depois de queimada uma pastagem natural começam a brotar no meio das cinzas algumas plantas raquíticas, geralmente felpudas, de folhas sésseis e mal desenvolvidas, as quais não tardam a florescer. Por muito tempo acreditei que essas plantas pertenciam a espécies diferentes, típicas das queimadas (...) entretanto, um exame mais atento convenceu-me de que se tratava simplesmente de espécimes prematuros de outras espécies muito maiores, que florescem numa estação diferente. Durante a seca – época em que se ateia fogo aos campos – o desenvolvimento da maioria das plantas fica de certa forma interrompido, e suas hastes apresentam-se com aparência ressequida. Não obstante, deve acontecer ali o mesmo que sucede em nosso clima; nesse período de repouso as raízes provavelmente se enchem de seiva para alimentar novos rebentos (p.30).

Através de relatos de cronistas e viajantes percebemos a maneira errônea como se dava a utilização da terra, não apenas em solo goiano, como os descritos por Auguste de Saint-Hilaire em sua obra Viagem à Província de Goiás, mas em toda a Coroa Portuguesa na América.

LITERATURA CITADA

A INFORMAÇÃO GOYANA. Governo do Estado de Goiás.Goiânia: AGEPEL, 2001. (Reprodução fac-similar da coleção completa da revista publicada no Rio de Janeiro por Henrique Silva e Americano do Brasil, no período de agosto de 1917 a maio de 1935). BORGES, Barsanulfo G. A rodovia Belém-Brasília e a integração do norte goiano. Revista de História (UNESP), Franca, v. 5, n. 2, p. 149-171, 1998.

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INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO. Arquivo da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro RIHGB.[S.d.] Disponível em: http://bndigital.bn.br/. Acesso em: novembro de 2012.

MAGALHÃES, Couto de. Viagem ao Araguaya. Typographia provincial. Goyaz 1863. SILVA, José Bonifácio de Andrada e. (1963a [1790]), “Memória sobre a pesca das baleias”, in Edgard Falcão (org.), Obras científicas, políticas e sociais de José Bonifácio de Andrada e Silva, Santos, Imprensa Oficial.

SOUZA, Fabíula Sevilha de. . Fragmentos da Devastação: uso e aproveitamento da terra goiana no relato do Saint-Hilaire. In: XXIV Semana de História "Pensando o Brasil no Centenário de Caio Prado Júnior", 2008, Assis. Anais da XXIV Semana de História "Pensando o Brasil no Centenário de Caio Prado Júnior", 2008. v. XXIV.

AGRADECIMENTOS

"O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq – Brasil"

Quero agradecer a professora Marina por estar sempre à disposição para debatermos as dificuldades metodológicas e as perspectivas do projeto e por ajudar na continuidade do projeto que culminara no meu trabalho de conclusão de curso (TCC).

Referências

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