1
Urolitíase
Opções profiláticas e terapêuticas para dissolução
1,2
e expulsão
6,8
dos
cálculos uretrais com agentes disponíveis na farmácia de manipulação.
A associação de corticosteroides +
alfa-bloqueadores,
assim
como
a
monoterapia
com
a
tansulosina
apresentam eficácia na eliminação de
cálculos uretrais
6.
Com um programa de prevenção eficaz
é possível manter os pacientes livres de
cálculos renais/uretrais em cerca de
80%
dos
casos,
corrigindo
manifestações extrarrenais associadas à
doença
1,2.
Atualização em Farmacoterapia
M
ANEJOP
ROFILÁTICO E DISSOLUÇÃO DOSC
ÁLCULOSU
RETERAISDeve ser dada assistência médica adequada para pacientes com cólica renal, com o intuito de diminuir futuros riscos de episódios de cálculos renais:
Hidratação
Os pacientes devem ser orientados a ingerir, pelo menos, 2,5 litros de líquidos ao dia. Pacientes com diurese de 2 litros/dia, em estudo prospectivo e randomizado, após 5 anos de seguimento, apresentavam 12% de recorrência de cálculos renais quando comparada a 27% daqueles que não tiveram esta recomendação3.
A ingestão de sucos cítricos deve ser recomendada, para auxiliar no aumento dos níveis de citrato urinário, que é um potente inibidor da formação de cálculos renais. O citrato se liga ao cálcio da urina, diminuindo a supersaturação e reduzindo a formação de cristais2.
Diuréticos Tiazídicos
As tiazidas estimulam a reabsorção de cálcio no néfron distal, promovendo a excreção de sódio. Isto diminui a excreção urinária de cálcio, podendo levar a hipocalemia, que por sua vez pode causar hipocitratúria. Assim, são frequentemente adicionados suplementos de citrato de potássio (40-60mEq/dia) que adicionalmente têm o efeito de prevenir as hipocitratúrias1.
A dose inicial das tiazidas é de 50mg/dia podendo chegar aos 100mg/dia. A dose de amilorida de 5 a 10mg/dia2.
Citrato de Potássio
O citrato de potássio é utilizado para a correção da hipocitratúria primária e secundária à acidose metabólica. Ao aumentar os níveis de citrato urinário, ocorre redução da saturação de oxalato e fosfato de cálcio, prevenindo a nefrolitíase. O citrato de potássio ainda é agente alcalinizante, sendo também indicado em situações de cálculos de ácido úrico, hiperuricosúrias e de cálculos de cistina cuja formação também dependente do pH urinário2.
O citrato de potássio também tem demonstrado eficácia na dissolução de cálculos de ácido úrico, sendo preferido sobre o bicarbonato de sódio. Além disso, evita o aumento da excreção de cálcio e redução da excreção de citrato associado aos níveis séricos de cálcio1,4.
A dose recomendada é de 20mEq (aproximadamente 2g) duas a três vezes por dia2.
Bicarbonato de Sódio
O principal objetivo da terapia com bicarbonato de sódio é aumentar o pH urinário acima 5,5, de preferência 6,5-7,0. Este tratamento aumenta a dissociação do ácido úrico e inibe a formação de cálculos renais. No entanto, o tratamento pode ser complicado devido ao oxalato de cálcio (devido à carga de sódio) ou fosfato de cálcio (devido ao pH acima de 7,0), que auxiliam na formação de cálculos renais. Assim, a utilização do citrato de potássio é preferível, pois evita a carga de sódio que pode precipitar a formação de cálculos de oxalato de cálcio1,5.
A dose recomendada é de 325mg a 2g / uma a quatro vezes ao dia. Pacientes com idade inferior a 60 anos, a dose máxima é de 16g/dia e pacientes acima de 60 anos, 8g/dia6.
Alopurinol
O alopurinol é a droga de escolha para os doentes com hiperuricosúria, com ou sem hipercalcemia. Diminui a produção, a concentração sérica e a excreção de ácido úrico, através da inibição da enzima xantina-oxidase. É recomendado em situações de formação de cálculos de ácido úrico e de cálculos de cálcio em hiperuricosúricos1,2. Estudo randomizado demonstrou que o alopurinol diminui recorrência de cálculos renais
em pacientes com cálculos de oxalato de cálcio que apresentam hiperuricosúria7.
A sua dose é de 150 a 300mg/dia2.
D-Penicilamina
Utilizada na prevenção de cálculos de cistina, porém, deve ser usada após fracasso de medidas conservadoras como o reforço hídrico e administração de alcalinizantes. O objetivo do tratamento com D-penicilamina é aumentar a solubilidade da cistina na urina através da transformação de um dissulfito com maior solubilidade1,2.
A dose da penicilamina é de 250 a 500mg/duas a quatro vezes por dia2.
Estudos & Atualidades
Estudos de revisão demonstram opções profiláticas e
terapêuticas para o manejo e dissolução de cálculos
uretrais
1,2.
Na grande maioria dos casos a etiologia do cálculo uretral e a orientação para o
tratamento médico específico devem estar associadas às medidas profiláticas de caráter
geral. Com um programa de prevenção eficaz é possível manter o paciente livre de
cálculos renais/uretrais em cerca de 80% dos casos, corrigindo manifestações extrarrenais
3
Estudo prospectivo avalia a eficácia da terapia com corticosteroide associado, ou não, à
tansulosina no manejo dos sintomas de cálculos uretrais distais
8.
Estudos & Atualidades
Resultados:
A taxa de expulsão dos cálculos renais após 10 dias de
tratamento foi significativamente maior no grupo
tratado com tansulosina + deflazacort (84,8% dos
pacientes) quando comparada aos demais grupos;
Os pacientes tratados com tansulosina e deflazacort
necessitaram de menor quantidade de analgésicos
durante o tratamento (27,3mg, p<0,001)
Durante o período de tratamento ocorreram apenas
dois casos de efeitos adversos (hipotensão) relacionados
à utilização da tansulosina.
A associação de corticosteroides (deflazacort) + alfa-bloqueador (tansulosina) mostra-se
mais eficaz na expulsão de cálculos uretrais sintomáticos quando comparada às
monoterapias. Além disso, o tratamento apenas com a tansulosina também é considerado
eficaz, sendo mais uma alternativa de tratamento
8.
Neste estudo, 114 pacientes, apresentando cálculos uretrais distais, com diâmetro ≥5cm, foram randomizados em quatro grupos e submetidos aos seguintes tratamentos:
Grupo 1 (n=33)
Tansulosina 0,4mg/dia
Grupo 3 (n=33)
Tansulosina 0,4mg/dia + Deflazacort 30mg/dia
O tratamento teve duração de dez dias para prevenir efeitos adversos relacionados ao uso prolongado de corticosteróides. Os p acientes foram instruídos a tomar 2 litros de água ao dia e autorizados a utilizar diclofenaco intramuscular para dor. No início e final do tratamento os pacientes realizaram análises como contagem de leucócitos, análise da urina, raio-X e ultrassonografia ou tomografia abdominal.
Propostas Terapêuticas
Manejo profilático e dissolução de cálculos
renais
1,2TRATAMENTOS PROFILÁTICOS DOSES HIDROCLOROTIAZIDA 50mg-100mg/dia.
CITRATO DE POTÁSSIO 2g/2-3vezes ao dia.*
BICARBONATO DE SÓDIO 325mg-2g/1-4 vezes ao dia.*
ALOPURINOL 150-300mg/dia.
D-PENICILAMINA 250-500mg/2-4vezes ao dia.
*Podem ser manipulados em cápsulas ou sachês.
Eliminação dos cálculos renais
Cápsulas de Tansulosina + Deflazacort
Tansulosina...0,4mg
8Deflazacort...30mg
8Administrar uma cápsula ao dia.
Cápsulas de Tansulosina
Tansulosina...0,4mg
8,9Administrar uma cápsula ao dia.
Estudo avaliou o efeito da Tansulosina 0,4mg/dia na eliminação espontânea de cálculos
uretrais com tamanho ≤ 10mm, localizado na parte distal do ureter. Observou-se taxa de
eliminação de 82% nos pacientes submetidos ao tratamento, apresentando chances três
vezes maiores de eliminação quando comparados ao grupo placebo
9.
Grupo 2 (n=24)
Deflazacort 30mg/dia
Grupo 4
Placebo
Analgésicos, caso necessário
0 20 40 60 80 100
Tansulosina Deflazacort Tansulosina + Deflazacort Placebo 60 37,5 84,8 33,3 Pa ci en tes (% )
Taxas de expulsão dos cálculos renais após diferentes tratamentos
*
*p<0,001 (comparado aos demais grupos)
E
STUDOS AVALIAM TRATAMENTOS FARMACOLÓGICOS PARA ELIMINAÇÃO DECÁLCULOS RENAIS DE ACORDO COM O ESTUDO PUBLICADO NO PERIÓDICO
Estudos & Atualidades
Estudo prospectivo, randomizado, multicêntrico compara a
eficácia da tansulosina e nifedipina no tratamento
medicamentoso para a eliminação de cálculos renais distais
associados às cólicas renais
10.
A tansulosina é recomendada como droga de primeira-escolha no tratamento
medicamentoso para eliminação de cálculos renais associados às cólicas, sendo que a
nifedipina também demonstrou ser eficaz e segura nesta patologia. Entretanto, o
tratamento com a tansulosina apresentou resultados significativamente melhores em
aliviar as cólicas e facilitar a expulsão dos cálculos renais quando comparado ao
tratamento com a nifedipina
10.
Propostas Terapêuticas
Cápsulas de Nifedipina
Nifedipina...10mg
10Administrar três cápsulas ao dia.
Tratamento para cólicas renais
supositório de diclofenaco
Diclofenaco Sódico...50mg
10Supositório...1un
Administrar quando sentir dores ou no máximo três
supositórios ao dia.
Cápsulas de Doxazosina
Doxazosina...4mg
11Administrar uma cápsula ao dia.
Os bloqueadores alfa adrenérgicos, como a tansulosina e a doxazosina, aumentam a taxa de eliminação de cálculos uretrais distais. Estudo comparou a eficácia dos agentes pertencentes a esta classe, demonstrando que ambos aumentam a freqüência de eliminação dos cálculos renais, diminuem a frequência de cólicas e utilização de analgésicos, sendo bem tolerado pelos pacientes 11.
Neste estudo, 3189 pacientes, entre 18 e 50 anos, apresentando cólicas renais e cálculo renal distal único com tamanho de 4-7mm, foram randomizados em dois grupos e submetidos aos seguintes tratamentos:
O tratamento teve duração de quatro semanas. Todos os participantes foram instruídos a manter um consumo de água de 2-2,5 litros/dia, assim como a utilizar levofloxacina 200mg/duas vezes ao dia. Além disso, eles poderiam utilizar diclofenaco 50mg supositório, caso necessário. Foi analisada a taxa global de eliminação do cálculo renal, o tempo para sua eliminação, taxa de terapia para alívio das dores, consumo de analgésicos para alívio das cólicas renais e efeitos adversos.
Resultados:
A taxa de eliminação dos cálculos renais no
grupo tratado com a tansulosina foi
significativamente maior quando comparado
ao grupo tratado com a nifedipina;
O tempo para expulsão dos cálculos renais foi
significativamente
menor
nos
pacientes
tratados com a tansulosina;
Os pacientes que realizaram o tratamento com
a tansulosina utilizaram menos analgésicos
para o alívio das dores recorrentes das cólicas
renais quando comparados aos pacientes
tratados com a nifedipina;
Ambos os tratamentos foram bem tolerados
pelos pacientes. A incidência de efeitos
adversos foi semelhante em ambos os grupos.
Grupo 1 (n=1596)
Tansulosina 0,4mg/dia Nifedipina 10mg/três vezes ao dia Grupo 2 (n=1593)
0 20 40 60 80 100 Tansulosina Nifedipina 95,86 73,51 Pa ci en tes ( % )
Taxas de expulsão dos cálculos renais após diferentes tratamentos
*
5
Cálculos renais
2,12
O cálculo renal é uma patologia frequente, admitindo-se incidência global de 2 a 3%. É a terceira patologia
mais frequente do aparelho genitourinário, sendo apenas ultrapassada pelas infecções urinárias e por
doenças da próstata;
A maior proporção dos cálculos renais é
de constituição mista, sendo que cerca de
30% são monominerais. O mineral mais
frequentemente encontrado é o oxalato
de cálcio;
Os cálculos renais podem ser resultantes
de vários mecanismos ou condições
metabólicas, ambientais e nutricionais, e
são geralmente compostos por oxalato de
cálcio, embora possam resultar da
precipitação de sais de cálcio, ácido úrico,
estruvite ou outros componentes. A
melhoria na detecção dos cálculos renais,
o aumento da perspectiva de vida e as
mudanças
dietética
podem
estar
relacionadas ao aumento na prevalência
da doença de cálculos renais;
Atualmente existem alguns fármacos que ajudam na eliminação dos cálculos renais (ureterais) bem como
reduzem a dor, como exemplo a tansulosina, a nifedipina e o deflazacort. São medicamentos que atuam
facilitando a eliminação das pedras, sendo seguros e efetivos nos cálculos ureterais.
Literatura Consultada
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2. Gomes, PN, Cabrita M, Rodrigues M, Vega, P, Coutinho, A, Rosa G, Neves J. Profilaxia da litíase renal, Acta urológica 2005, 22;3:47-56
3. Lemos GC, Schor N, Sociedade Brasileira de Urologia. Litíase Urinária: Aspectos Metabólicos em Adultos e Crianças. Projeto Diretrizes, 22 de junho de 2006.
4. Ngo TC , Assimos DG . Uric acid nephrolithiasis: recent progress and future directions . Rev Urol 2007 ; 9 : 17 – 27
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stones: a randomized double-blind placebo-controlled study of 100 patients. Urology. 2010 Jan;75(1):4-7.
10. Ye Z, Yang H, Li H, Zhang X, Deng Y, Zeng G, Chen L, Cheng Y, Yang J, Mi Q, Zhang Y, Chen Z, Guo H, He W, Chen Z. A multicentre, prospective, randomized trial: comparative efficacy of tamsulosin and nifedipine in medical expulsive therapy for distal ureteric stones with renal colic. BJU Int. 2011 Jul;108(2):276-9.
11. Yilmaz E, Batislam E, Basar MM, Tuglu D, Ferhat M, Basar H. The comparison and efficacy of 3 different alpha1-adrenergic blockers for distal ureteral stones. J Urol. 2005 Jun;173(6):2010-2.
12. Beach MA, Mauro LS. Pharmacologic expulsive treatment of ureteral calculi. Ann Pharmacother. 2006 Jul-Aug;40(7-8):1361-8.