Realização: IES parceiras:
CATEGORIA: EM ANDAMENTO
ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: Enfermagem
INSTITUIÇÃO: Faculdade de Educação em Ciências da Saúde - FECS
AUTOR(ES): ADRIANA SOARES AZEVEDO, ANDREZA CESAR MOLINA, CAROLINA DE ASSIS COELHO,
MARIA ISABEL MANZANO CAZARI, AMANDA ROCHA VENANCIO VESPERO BRITTO GARCIA, MYLLENA GABRIELLA MACIEL GALVANI, LUIZA VIEIRA CAMPOS
RESUMO
A fitoterapia compreende a prática da utilização de plantas com fins medicinais para a prevenção, tratamento e cura das mais diversas doenças. A descoberta das propriedades úteis ou nocivas dos vegetais tem suas raízes no conhecimento empírico e podem ser responsáveis por diversas ações, como efeitos antagônicos e/ou sinérgicos com outros medicamentos. O aumento da utilização de plantas medicinais pela população e por profissionais da saúde, impulsionam áreas como a farmacognosia na investigação e no desenvolvimento de produtos com finalidades curativas e preventivas. Os objetivos deste trabalho é promover o conhecimento acerca dos fitoterápicos, sua utilização, importância e suas interações medicamentosas com os fármacos. Para tal utilizamos a metodologia de uma referência bibliográfica tendo como referência as bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), onde foram selecionados 7 artigos dos últimos 15 anos. Como resultado, os aspectos negativos que mais se destacam foram: potencial hepatotóxico, reações alérgicas ou irritantes, efeito fotossensibilizante, interferência na coagulação sanguínea e maior risco de hemorragia, efeito uterotônico e maior risco de aborto, alterações na habilidade e atenção, interferência na regulação hormonal e interações medicamentosas com diversas classes de fármacos. Apesar dos riscos, a adoção desta prática amplia opções referente à prevenção e tratamento de agravos e doenças que afetam a população. É importante enfatizar que, a realidade de grande parte da população brasileira, é marcada pela precariedade e desigualdade no que diz respeito ao acesso aos medicamentos e tratamentos médicos necessários. Esse fato, culmina na busca crescente por terapias alternativas a fim de alcançar a melhoria da qualidade da saúde, dentre as quais, se destaca a utilização da fitoterapia, muitas vezes empregada sem informações sobre os efeitos, as contraindicações, afetando a saúde e comprometendo a vida desses indivíduos, que muitas vezes fazem uso de outros medicamentos.
INTRODUÇÃO
No Brasil, a história da utilização de plantas foi influenciada pelas culturas africana, indígena e europeia (7). Desde 1978, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
incentiva os investimentos públicos em plantas medicinais, devido aos altos preços dos produtos sintéticos, e estima o consumo em cerca de 80% da população mundial
(3).
Em 2006, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), oferecendo aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), a Fitoterapia. Em 2014, o número de municípios que ofertavam a fitoterapia na APS era três vezes maior que antes da criação da PNPIC (5).
Vale destacar a importância do profissional de saúde para orientar sobre o uso adequado desses medicamentos e elaborar a documentação das possíveis interações entre fitoterápicos e fármacos (3). O reduzido percentual de notificações das reações
adversas, pode refletir a negligência dos profissionais e usuários, que muitas vezes desconhecem ou não se atentam aos riscos que estes produtos podem oferecer (1).
OBJETIVOS
Promover o conhecimento acerca dos fitoterápicos, sua utilização, importância e suas interações medicamentosas com os fármacos.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, do tipo revisão literária realizada com busca nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) sobre fitoterápicos. Foram selecionados 7 artigos dos últimos 15 anos, onde 3 artigos continham informações sobre as propriedades dos fitoterápicos e 4 relataram sobre as interações medicamentosas entre fármacos e fitoterápicos.
DESENVOLVIMENTO
Assim como todos os medicamentos, os fitoterápicos são validados através de levantamentos etnofarmacológicos, de utilização, documentações científicas, publicações indexadas, estudos pré-clínicos e clínicos, farmacológicos e toxicológicos. A fim de destacar os riscos que os medicamentos fitoterápicos podem oferecer ao paciente, neste trabalho, foi realizada uma análise dos seus potenciais adversos, segundo os dados da literatura (2). Os medicamentos foram agrupados em:
Fonte: Autores
Além dos casos acima, estudos realizados sobre a influência dos fitoterápicos na pressão arterial, consideraram 20 espécies vegetais que causam alterações, sendo as mais citadas: Cymbopogon citratus (DC), Stapf (Poaceae), Cynara scolymus L. (Asteraceae), Rosamarinus officinallis L. (Lamiaceae), Allium sativum L. (Liliaceae), Coleus barbatus Benth (Lamiaceae). A maioria das plantas, são hipotensivas, porém, após análises, apenas o fitoterápico Panax gingeng C.A. Mey (Araliaceae), apresentou ação hipertensiva. Podemos ressaltar a interação das plantas medicinais e os fitoterápicos, com os medicamentos anti-hipertensivos, potencializando os efeitos
Medicamento Fitoterápico Indiação: Aspectos Negativos
Uva-ursi Infecções do trato urinário Potencial hepatotóxico. Hortelã-pimenta Distúrbios intestinais, Síndrome do cólon irritável Reações alérgicas ou irritantes.
Ginkgo Distúrbios circulatórios e do sistema nervoso central
Interferência na coagulação sanguínea, risco de sangramentos e interferência no efeito terapêutico de diversas classes de medicamentos.
Tanaceto Enxaqueca
Reações alérgicas ou irritantes, interferência na coagulação sanguínea, risco de sangramentos e potencial uterotônico
Kava-kava Distúrbios mentais, ansiedade e insônia
Potencial hepatotóxico, alterações na habilidade e atenção e interferência no efeito terapêutico de diversas classes de medicamentos.
Saw palmetto Hiperplasia benigna da próstata Interferência na regulação hormonal Cimicífuga Sintomas do climatério
Potencial hepatotóxico, reações alérgicas ou irritantes, interferência na regulação hormonal e potencial uterotônico.
Equinácea Infecções do trato urinário e respiratório Reações alérgicas ou irritantes.
Hipérico Depressão
Efeito fotossensibilizante, alterações na habilidade e atenção e interferência no efeito terapêutico de diversas classes de medicamentos .
Platago Síndrome do cólon irritável Reações alérgicas ou irritantes. Valeriana Ansiedade Alterações na habilidade e atenção.
Alho HIV Diminui os niveis plasmáticos da droga
Camomila Anticoagulante Intensifica ou aumenta a ação depressora do SNC, reduzindo a absorção de ferro ingerido.
do fármaco, como o Panax gingeng C.A., alterando a efetividade dos medicamentos cardíacos, incluindo bloqueadores de canais de cálcio (4).
Produtos contendo ginkgo biloba podem acelerar a ação do ácido acetilsalicílico e do clopidogrel, anticoagulantes, que podem aumentar o risco de sangramento. Pode também, afetar a diminuição da ação de anticonvulsivantes e antidepressivos (2).
Um outro estudo apontou que a alcachofra, possui efeito diurético, em contato com medicamentos com a mesma finalidade, pode diminuir drasticamente o volume sanguíneo e a pressão arterial. O uso do alho, em pacientes que utilizam anticoagulante, podem apresentar aumento no tempo de sangramento. A utilização de anticoagulantes não deve ser associada aos fitoterápicos que utilizam o boldo, pois a reação pode desencadear efeitos antiplaquetários (6).
Quanto à restrição de uso por faixa etária, nenhum dos medicamentos é indicado para crianças na primeira infância, prevalecendo o uso adulto ou pediátrico acima de 12 anos. Somente plantago e hortelã-pimenta podem ser utilizados em crianças menores de 12 anos. Muitas espécies podem ser tóxicas e oferecer maiores riscos durante a gravidez, principalmente aquelas com propriedades emenagogas, laxantes, antieméticas e estimulantes do sistema nervoso central (1).
RESULTADOS PRELIMINARES
Analisamos que, mesmo sendo uma terapia “in natural” e muito eficaz, assim como qualquer outro medicamento, os fitoterápicos podem causar vários efeitos indesejados. Apesar de que nem todos os aspectos negativos aqui expostos sejam frequentes ou comuns, foi possível verificar a existência de relatos de reações raras e eventos graves, reafirmando a importância do uso criterioso desses medicamentos. REFERÊNCIAS
1- LOMBARDO, Márcia. Potencial adverso de medicamentos fitoterápicos: um estudo com foco em medicamentos de registro simplificado. Revista Ciência e Saúde On-line, v. 3, p. 1-11, 2018.
2- GOUVEIA, Emmanuel Victor de Araújo; GREGÓRIO, Cicero Teoginis Borges; SILVA, Ulysses Fernandes; PRADO, Regilane Matos da Silva; PESSOA, Cinara Vidal. Ginkco biloba e os riscos de interações medicamentosas. Anais da Mostra Científica da Farmácia. v.2. n.1, 2015.
3- BRUNINGI, Maria Cecilia Ribeiro; MOSEGUIII, Gabriela Bittencourt Gonzalez; VIANNA, Cid Manso de Melo. A utilização da fitoterapia e de plantas medicinais em unidades básicas de saúde nos municípios de Cascavel e Foz do Iguaçu – Paraná: a visão dos profissionais de saúde. Ciênc. saúde coletiva [online]. v.17, n.10, 2012.
4- BRITO, Noelma; OLIVEIRA, Vania; FERREIRA, Paula; FARIAIS, Daise. Uso de plantas medicinais e fitoterápicos como forma complementar no controle da hipertensão arterial. ISSN 1983-4209, V.12, n. 03, 2016
5- MATTOS, Gerson et al. Plantas medicinais e fitoterápicos na Atenção Primária em Saúde: percepção dos profissionais. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 23, n. 11, p. 3735-3744, 2018.
6- TEIXEIRA, João Batista Picinini; DOS SANTOS, José Vinícius; UFJF, TNC. Fitoterápicos e interações medicamentosas. Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora. P.1-5, 2018.
7- TOMAZZONI, Marisa Ines; BONATO NEGRELLE, Raquel Rejane; CENTA, Maria de Lourdes. Fitoterapia popular: a busca instrumental enquanto prática terapêutica. Texto & Contexto Enfermagem, v. 15, n. 1, 2006.