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DIÁLOGO E ESPERANÇA NA PRÁTICA EDUCATIVA

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Academic year: 2021

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DIÁLOGO E ESPERANÇA NA PRÁTICA EDUCATIVA

Ana Lúcia Castro Brum¹ Cristina Garcia Malta² Jacqueline Salami Ritta³ Orientadora: Pricila Rocha dos Santos4

Resumo

Esta pesquisa propõe uma reflexão sobre a prática educativa de educadores (as) de uma escola pública de Porto Alegre, a partir dos encontros no projeto NEPSO (Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião), no Curso de Extensão “Escola e Pesquisa um encontro possível” oferecido pela FACOS (Pólo Litoral). A escola, para Paulo Freire, não é só um lugar para estudar, mas para se encontrar, conversar, confrontar-se com o outro, discutir, fazer política. A escola como lugar de diálogo e conhecimento. A Escola deve ser coerente entre a teoria e a prática, a práxis. E que conceitos são privilegiados na prática educativa? O diálogo como um princípio freireano, tem como um dos principais objetivos a problematização da realidade, onde o professor junto com o aluno faz a “leitura do mundo” e a “leitura da palavra”, para logo após, vivenciarem novos projetos. Foram realizadas trinta entrevistas, onde a maioria é de mulheres educadoras que trabalham juntas todo dia e que privilegiam o planejamento e o trabalho coletivo. E que princípios são mais relevantes na prática educativa? Quais são as dificuldades encontradas pelos professores em realizar novos projetos?

Palavra-chave: Prática Educativa. Diálogo. Projetos. Esperança.

A escola...

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Governador Ildo Meneghetti localiza-se na zona norte de Porto Alegre, na vila Nova Santa Rosa, bairro Rubem Berta. Está inserida na Comunidade há vinte e cinco anos, localizando-se próxima do Porto Seco.

A Escola é organizada por Ciclos de Formação e EJA, com aproximadamente um mil e novecentos alunos, na faixa etária de cinco a sessenta anos.

A Escola é um polo cultural da região, estabelece uma relação de parceria com outras instituições da comunidade, tais como: a Igreja Santa Rosa de Lima, a creche Eugênia Conte, a ACOMPAR (Associação Comunitária de Atividades Extra-Classe), a AMAS (Associação Mulheres Amigas e Solidárias), o Posto de Saúde Vila Ramos, a Igreja Santo Agostinho, a Igreja Evangélica, as Associações de Moradores da Vila da Páscoa, da Vila Vitória da Conquista e da Vila Amazônia, as escolas de educação infantil, de ensino fundamental e médio da região.

_____________ 1

Professora Municipal de Porto Alegre (vice-diretora). Aluna PEC do PPGEDU da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Linha de Pesquisa TRAMSE.

2

Professora Municipal de Porto Alegre ( vice-diretora). Graduação em Ciências na PUCRS.

³Professora Municipal de Porto Alegre (supervisora). Graduação em Pedagogia na FAPA. Pós-Graduação em Supervisão Escolar- FAPA.

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Orientadora do NEPSO- Pólo Litoral- FACOS- Faculdade Cenecista de Osório.

A Escola fez o acolhimento dos novos alunos das famílias que vieram da Vila Dique. Uma escola que se propõe a ser cidadã tem como um dos seus princípios básicos a gestão democrática com eleições diretas para a direção, com autonomia na administração das verbas recebidas da SMED (Secretaria Municipal de Educação), com a participação efetiva do Conselho Escolar, com uma equipe diretiva composta por orientadora, supervisora, secretária, profissional administrativo financeiro, bibliotecária, professora para eventos, professor para coordenar disciplina. “As escolas estão sendo equipadas com biblioteca, sala de informática laboratórios de aprendizagem, aprendizagem de línguas estrangeiras e sala de integração de recursos, geridos por um Conselho de Escola eleito, procurando oferecer as condições materiais necessários para garantir a qualidade e a eficácia do processo pedagógico”(SMED, 1996, P. 23).

Uma escola com tradição na Comunidade de ter os novos alunos, filhos de ex-alunos, que voltam e colocam seus filhos na Escola, pois confiam nela, porque a Escola é organizada e tem um bom índice de aprendizagem. A escola aprova o calendário com a comunidade, proporcionando sábados integradores com dança, música, poesia, artes e robótica.

Portanto, é nesta escola que a pesquisa de opinião irá desvendar a fala dos (as) educadores (as), possibilitando a reflexão da sua prática pedagógica, na perspectiva de elaboração de novos projetos.

2 A Prática Educativa...

Iniciamos a pesquisa, esclarecendo o objetivo de desvendar a fala dos (as) educadores (as) sobre a dificuldade em trabalhar com novos projetos.

Percebe-se a partir da fala dos pais, alunos, funcionários e líderes comunitários, que os educadores (as) têm um olhar diferenciado para os alunos com dificuldade com o auxílio do serviço de orientação educacional que atende as famílias, existindo assim, uma integração da escola com a comunidade onde a escola está aberta para a Comunidade (NEPSO-2009).

Na prática educativa, os (as) educadores (as) envolvem-se com o cotidiano da Escola com o intuito de alcançar os conteúdos do ano ciclo, mas deparam-se com educandos (as) com defasagem de conhecimento, com problemas familiares

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(alcoolismo, drogas, desemprego), com problemas de disciplina; enfim, uma realidade em que os(as) educadores(as) precisam se dedicar muito, impossibilitando-os de pensar em inovações pedagógicas.

Segundo Freire... “toda ação educativa comporta um aspecto político e atua sobre a vida” (Rossato, in Streck, 2008). Deve-se pensar em uma metodologia em que os educandos (as) vivam na prática educativa um processo de ação-reflexão-ação, tornando-os sujeitos críticos e conscientes da realidade. Uma metodologia que faz o(a) educador(a) e o(a) educando(a) interagirem na aula, no trabalho em cooperação onde aprendam em comunhão.

A Pedagogia de Projetos, segundo Josette Jolibert (1994), abrange alguns princípios, tais como cooperação. Para Jolibert

... A vida cooperativa da sala de aula e da escola, e a prioridade conferida à prática da elaboração e conduta de projetos explicitamente definidos juntos permite, de uma maneira exemplar, que a criança viva seus processos autônomos de aprendizado e se insira num grupo e num meio considerados como estrutura que estimula, que exige, que valoriza, que provoca contradições e conflitos e que cria responsabilidades. Fazer viver uma aula cooperativa é efetuar uma escolha de educador. Significa acabar com o monopólio do adulto que decide, recorta, define ele mesmo as tarefas e torna asséptico o meio. É fazer a escolha de um processo que leva a turma a se organizar, a dar-se as regras de vida e de funcionamento, gerir seus espaço seu tempo e seu orçamento. É permitir a crianças que construam o sentido de sua atividade de aluno. É aceitar que um grupos viva com suas alegrias, entusiasmos, conflitos, choques, com sua experiência própria e todos os lentos caminhos que levam às realizações complexas...

Torna-se, necessário questionar e pesquisar as dificuldades dos professores em utilizar novos projetos na sala de aula.

3 A Pesquisa...

Foram realizadas trinta entrevistas. A partir da pesquisa desvendamos algumas características dos educadores (as) da Escola:

1. A maioria é mulher;

2. A média de idade está entre quarenta e dois e quarenta e seis anos; 3. A maioria é casada;

4. Moram perto da Escola;

5. A maioria trabalha a quinze anos na Escola, com trinta horas de trabalho, ou seja, passam todo dia juntas.

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Os conceitos éticos que os (as) educadores (as) consideram mais importantes são:  Planejamento  Diálogo  Cooperação  Trabalho coletivo

Para complementar a prática:  Amizade

 Participação  Disciplina  Esperança

Quanto aos projetos a maioria não está realizando e/ou participando de novos projetos e a dificuldade maior dos (as) educadores (as) é a falta de tempo para planejar as aulas, falta de interesse e acomodação dos mesmos. Quanto à possibilidade de participar de algum projeto na Escola os (as) educadores (as) deram ideias de novos projetos:

1. Passeios aos teatros, cinemas, museus, parques e reservas ecológicas; 2. Campeonatos de futebol;

3. Robótica;

4. Temas sobre amizade/respeito;

5. Ecologia/ Sustentabilidade/ Mudança Ambiental no entorno da Escola; 6. Raciocínio Matemático;

7. Aprendizagem e Interesse dos Alunos; 8. Incentivo à Leitura.

A pesquisa mostrou que os educadores(as) gostam de estar na Escola, conhecem a realidade da comunidade, estão abertos para o diálogo e para o trabalho coletivo, estão conscientes do trabalho que deve ser feito, mas apresentam pouca esperança na Educação.

4 O Diálogo e a Esperança...

Percebe-se com a pesquisa uma prática educativa onde os (as) educadores (as) possuem conceitos éticos de Educação, tendo o planejamento e trabalho

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coletivo como alicerce. O diálogo entre os educadores (as) é fundamental. Segundo, Balduino Andreola “ não é possível educação nem é possível ensino sem o diálogo, assim como não é possível a vida sem o diálogo...” (2006, p.32)

Mas ao mesmo tempo os educadores(as) encontram-se sem esperança na Educação ou seria na sociedade injusta e desigual? Pois, quando acreditam no diálogo estão abertos aos novos projetos. “A pedagogia do diálogo (crítica e esperançosa diante do ser humano), que articula as propostas epistemológica, política, antropológica e ética do pedagogo, caracteriza-se pela busca de um sentido para a vida humana em sociedade nos tempos de hoje...” (Zitkoski, p.68, 2006).

Portanto, os (as) educadores (as) que têm o diálogo como conceito ético, que acreditam no trabalho coletivo e que possuem idéias para partilhar, necessitam de mais momentos de partilha e renovar a esperança na Educação.

REFERÊNCIAS

ANDREOLA, Balduino A. Educação e diálogo na perspectiva de Freire. Revista Espaço Pedagógico. UPF. 2006

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo. SP: Paz e Terra, 1996

JOLIBERT, Joselle e colaboradores. Formando crianças leitoras. V.1. Artes Médicas. Porto Alegre, 1994

NEPSO_IX SEMINÁRIO ESCOLA e PESQUISA: um encontro possível. UCS; Caxias do Sul, RS, agosto de 2009

ROSSATO, Ricardo. In STRECK, Danilo; REDIN, Euclides; ZITKOSK, Jaime. Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, 2008

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE PORTO ALEGRE. Cadernos Pedagógicos n° 9. Porto Alegre, RS: dezembro, 1996

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE PORTO ALEGRE. Cadernos Pedagógicos n° 11. Encontro de Verão 1996, Construindo referencias para o currículo da Escola Cidadã

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