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VINDIMA grande qualidade em ano de menor quantidade -

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Academic year: 2021

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Data: outubro de 2016

Assunto: Relatório de Vindima 2016

Preparado por: Sogrape Vinhos Wine Education

VINDIMA

2016

grande qualidade em ano de menor quantidade

-2016 foi um ano de contrates, árduo e desafiante a nível vitícola, mas gratificante a nível enológico, que deu origem a vinhos de grande qualidade, mas a uma produção de menor quantidade, nas principais regiões vitivinícolas portuguesas onde a Sogrape Vinhos tem as suas vinhas e quintas.

O ano vitícola 2015-2016

Em Portugal continental o ano vitícola foi marcado por um inverno muito quente e com valores totais de precipitação normais para a época, mas variando bastante por região. O valor das temperaturas médias esteve acima do normal, sobretudo nos meses de dezembro e janeiro, ultrapassando mesmo os valores máximos em algumas estações meteorológicas do país. Quanto à precipitação, registaram-se índices muito elevados nalgumas localidades, com chuvas e ventos muito fortes, e também granizo, trovoada e queda de neve, sobretudo durante o mês de fevereiro. A primavera chegou fria e extremamente chuvosa, o que afetou o despertar da videira e a fase crucial da floração e vingamento do fruto, prenunciando desde logo um ano de menor produção, um pouco por todo o país. Estas condições climatéricas obrigaram também a cuidados redobrados e continuados a nível da prevenção e tratamento de doenças e pragas. As chuvas que caíram intensamente, sobretudo em maio, contribuíram para repor água no solo em zonas que antes registavam seca moderada, a sul do país. O verão, mais seco do que o normal e extremamente quente, obrigou a videira a proteger-se e originou um desenvolvimento mais lento, porém favorável, do fruto. Este foi o segundo verão mais quente desde 19311 e aquele em que o valor médio de temperatura máxima foi o mais alto até hoje (30.57°C, 2.94°C acima da média), sendo que o valor médio das temperaturas mínimas também subiu e se manteve alto. Focos localizados de chuva intensa e granizo, que ocorreram em julho, devastaram várias vinhas, sobretudo a norte, o que a somar à menor nascença e às doenças, contribuiu para deixar alguns viticultores com poucas ou nenhumas uvas. Em agosto, o Instituto da Vinha e do Vinho de Portugal previa uma quebra de produção de cerca de -20% relativamente ao ano anterior, com variações significativas por região. Globalmente, a vindima decorreu com um tempo excelente e praticamente sem chuva, com as uvas a chegarem em boas condições sanitárias e a darem origem a vinhos de alta qualidade nas várias adegas da Sogrape em Portugal.

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HERDADE DO PESO, Alentejo

Luís Cabral de Almeida, enólogo responsável pelos vinhos da Sogrape no Alentejo, é um homem satisfeito

no final duma vindima laboriosa, que classifica como de grande detalhe mas «gratificante».

O ano no Alentejo iniciou-se bastante quente e seco à semelhança do resto do país. Na Herdade do Peso, junto à Vidigueira, as boas temperaturas permitiram um são despertar da videira, com o abrolhamento a decorrer em março mas antecipando-se 1 a 2 semanas relativamente a 2015 nas castas tintas Alicante Bouschet, Aragonez e Shiraz2. A primavera fria e chuvosa que se seguiu, com temperaturas abaixo do normal, abrandou este bom início de ciclo. O crescimento vegetativo na vinha foi mais lento e as fases de floração e vingamento aconteceram mais tarde, já na segunda quinzena de maio, mas com boa nascença do fruto. Durante este período, a irregularidade do tempo obrigou a cuidado constante na vinha para prevenir o aparecimento de doenças. O verão foi extremamente quente, de dia e de noite, e as videiras tiveram que lutar contra o calor intenso, abrandando o seu ritmo e adaptando-se, neste ano em que as condições tradicionais da Vidigueira, com as típicas noites frescas a partir do meio de agosto, não aconteceram. A vindima iniciou-se a 18 de agosto, mas foi longa e minuciosa, ao longo de quase 2 meses. Luís Cabral de Almeida sabe que todas as vindimas são trabalhosas, mas as condições particulares deste ano obrigaram-no a um trabalho meticuloso e de grande pormenor no acompanhamento da evolução de maturações e na seleção das uvas. Segundo ele, foi preciso trabalhar não só talhão a talhão, mas também «individuo a individuo, videira a videira», e destaca a mais-valia que é poder contar com a riqueza proporcionada pela diversidade de solos e exposições da Herdade do Peso, sobretudo em anos desafiantes como este. Relembra ainda que num mesmo talhão fez várias vindimas, sobretudo de uvas tintas de parcelas selecionadas destinadas aos vinhos de topo de gama. Esta riqueza e diversidade, bem trabalhada na adega, deixa-o desde já bastante satisfeito com os «prometedores» vinhos do ano. Apesar de ter sido um ano muitíssimo quente, Luís destaca também a surpreendente e exuberante fruta dos vinhos brancos de Arinto e Antão Vaz, realçando o seu sabor, boa acidez e grande equilíbrio.

«Há que esperar» diz-nos, mas acrescenta que «o vinho branco promete sem sombra de dúvida». Confiante, Luís conclui comentando que «quando dedicamos o tempo que a natureza nos pede, quando

conseguimos interpretar os seus sinais e respeitá-la, ela depois agradece-nos».

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DOURO – Quinta da LEDA (Douro Superior) e Quintas do SEIXO, PORTO, CAEDO, VAU, SAIRRÃO (Cima Corgo) Luís Sottomayor, enólogo que lidera a equipa responsável pelos vinhos do Douro e do Porto da Sogrape,

está visivelmente contente com a qualidade desta vindima, que classifica de «excelente».

2016 foi um ano complicado que exigiu muita atenção e acompanhamento na vinha e na adega. O ciclo iniciou com temperaturas mais altas do que o normal e precipitação irregular (muito seco em dezembro e com muita precipitação em janeiro), mas acabou por classificar como um inverno quente e chuvoso. A primavera foi anormalmente fria e muito chuvosa, sobretudo em abril e maio, afetando o abrolhamento da videira (março), e depois a floração e a fecundação do fruto (finais de maio e junho), levando a perdas e a algum desavinho, e reduzindo desde logo a produção do ano. O mau tempo favoreceu também o desenvolvimento de doenças, sobretudo do míldio, que afetou fortemente toda a região do Douro a partir de abril, especialmente nas zonas baixas, onde a evolução da videira se dá mais cedo. Luís Sottomayor, reconhece o grande esforço da equipa de viticultura neste ano, um trabalho «de perseverança e difícil» que acabou por compensar, pois as vinhas conseguiram resistir bem e com perdas de produção bastante menores do que média da região, estimada em cerca de 30%. Entrando no pintor, que inicia a fase de maturação, cerca de duas semanas mais tarde do que em 2015, e com suficiente água no solo, as videiras enfrentaram melhor o verão extremamente quente e seco, produzindo uvas de muito boa qualidade. A chuva moderada que caiu a 13 de setembro ajudou a obter melhores maturações e levou a uma interrupção da vindima, que começou a 29 de agosto e concluiu a 19 de outubro, em boas condições. Este foi um ano difícil, em que a ampla e variada área de vinha da Sogrape no Douro fez toda a diferença na obtenção de fruta de qualidade, confirmando a admirável adaptação das castas a cada local, exposição e altitude. Na Quinta da Leda no Douro Superior, a este, nascem vinhos Douro DOC de topo de gama da Casa Ferreirinha, mas segundo Luís Sottomayor foram obtidos vinhos de grande qualidade, sobretudo tintos, em todas as outras quintas e adegas da Sogrape. O «saber escolher» na vinha e na adega é normal para esta equipa já muito experiente, e o resultado está à vista. Luís refere que todas as variedades se portaram muito bem, em vinificação conjunta ou separada, tendo tido até a boa surpresa da Tinta Roriz, que também ela produziu grandes vinhos. A qualidade do ano estende-se igualmente ao vinho do Porto, oriundo sobretudo da sub-região do Cima Corgo, ao centro, onde se localizam as Quintas do Seixo, Porto, Caêdo, Vau e Sairrão, e ondem nascem os vinhos de topo das marcas Ferreira, Sandeman e Offley. Estes vinhos mostravam grande riqueza de cor, boa fruta, taninos firmes e muito equilíbrio.

Entusiasmado, Luís declara-se muito contente com esta vindima e, apesar ser ainda cedo, afirma que este «é um ano que se aproxima muito em termos qualitativos do que tivemos em 2011» e diz ter «a certeza

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QUINTA DOS CARVALHAIS, Dão

Para Beatriz Cabral de Almeida, enóloga responsável pelos vinhos da Quinta dos Carvalhais e do Dão da Sogrape Vinhos, a vindima de 2016 foi «ótima» e correu muito bem.

As estações meteorológicas da Quinta dos Carvalhais, junto a Mangualde, registaram um inicio de ciclo anormalmente quente, com precipitação abaixo do normal para a época e sobretudo bastante irregular. A partir de março, coincidindo com a fase de abrolhamento da videira e saída das folhas, as temperaturas baixaram e houve precipitação intensa ao longo da primavera, tornando mais lenta a evolução da planta. Apesar de ter chovido bastante foi possível prevenir doenças pois, como diz Beatriz Cabral de Almeida, «não é nada a que não estejamos habituadas» e a equipa de viticultura da quinta esteve bastante atenta e atuou atempadamente para prevenir estas situações. Progressivamente, registou-se um atraso de cerca de 2 semanas relativamente a 2015 nas diferentes castas, que entraram em floração na primeira quinzena de junho, situação também comum na região. A fecundação foi bem sucedida e o bom tempo a partir de junho ajudou a evolução da videira até ao fecho de cachos. As chuvas da primavera permitiram à videira ter boas reservas de água no solo entre a fase do pintor e o final da maturação. O verão foi seco e com temperaturas muito altas em julho e agosto (máximas de 35°-40°C) mas a planta beneficiou de noites mais frescas, sobretudo a partir de setembro. A pouca chuva que caiu antes da vindima, veio também ela ajudar ao desenvolvimento e amadurecimento final da uva.

A vindima iniciou-se a 21 de setembro com a casta branca Verdelho e terminou em 18 de outubro, com as ultimas uvas tintas de Touriga Nacional. As chuvas que em muitos anos afetam as vindimas no Dão não aconteceram este ano e a vindima decorreu com muito bom tempo, permitindo que as uvas chegassem à adega em excelente estado sanitário. Em consequência do verão quente, as castas tintas Jaen e Alfrocheiro amadureceram mais cedo, antecipando-se às uvas brancas de Encruzado que foram vindimadas depois. Estes vinhos, que estavam ainda em fermentação de barrica no final de outubro, mostravam muito boa fruta, grande frescura e equilíbrio. As uvas de Tinta Roriz foram este ano «muito fáceis de trabalhar» e as várias Touriga Nacional tinham também grande qualidade, originando vinhos de grande potencial, com muita cor e sobretudo muita frescura. Comparativamente com o ano anterior, Beatriz destaca precisamente a frescura do ano e está muito contente com o resultado desta vindima que considera «melhor do que a do ano 2015» que já de si foi muito boa.

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QUINTA DE AZEVEDO, Vinhos Verdes

Para Miguel Pessanha, enólogo responsável para os vinhos desta região, «este é talvez o melhor ano de

Vinhos Verdes» de que se lembra.

O ano vitícola iniciou-se com um inverno mais quente e seco do que o normal para a região, com fraca precipitação e temperaturas acima da média (acima dos 20°C em vários dias de dezembro e janeiro). Apesar de ameno, fevereiro teve alguns dias mais frios e com chuva intensa, antecipando uma primavera que foi mais fria e pluviosa do que o normal. Na Quinta de Azevedo, junto a Barcelos, o abrolhamento da videira aconteceu como normalmente em março, a 24 para a casta Loureiro. A primavera fria que se seguiu retardou a evolução da videira, prorrogando a fase de floração para o inicio de junho, mas com bom vingamento do fruto. Antes disso, as chuvas intensas que caíram em maio trouxeram preocupações a nível sanitário, mas repuseram os níveis de água, sendo bem aproveitados pelos vários tipos de solos da quinta. O ano climático exigiu atenção constante na vinha e o trabalho incansável da equipa de viticultura foi crucial para prevenir doenças, como o míldio e oídio. As várias intervenções em verde ajudaram também a videira a desenvolver-se de modo equilibrado, com cachos e frutos bem formados, e resistindo bem ao verão quente e seco. A 13 de setembro, antes da vindima, a chuva que caiu foi bem-vinda e contribuiu mesmo para desbloquear e finalizar algumas maturações, com grande qualidade.

A vindima na Quinta de Azevedo iniciou-se a 14 de setembro, com as uvas da casta Loureiro, e decorreu em ótimas condições ao longo de duas semanas intensas. A este respeito, Miguel Pessanha, o enólogo responsável pelos Vinhos Verdes da Sogrape, destaca que em 30 vindimas que já fez não recorda uma que tivesse decorrido com tão bom tempo e praticamente sem chuva. Colhidas no seu ponto ideal de maturação, as uvas das várias castas e parcelas da quinta chegaram à adega em perfeito estado sanitário dando origem a vinhos distintos entre si, mas «muito aromáticos, com uma acidez muito equilibrada e excelente volume de boca». É bem visível a satisfação com que Miguel fala da qualidade desta vindima, classificando-a como «excecional na Quinta de Azevedo».

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De norte a sul de Portugal, nas várias regiões onde a Sogrape tem vinhas e adegas, os comentários entusiasmados dos enólogos mostram que 2016 foi uma vindima de alta qualidade, criando muito boas expectativas quanto à evolução dos vinhos deste ano.

Lígia Marques

Referências

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