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Laura Butti do Valle. Universidade Estadual de Campinas- UNICAMP.

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Academic year: 2021

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Laura Butti do Valle

Universidade Estadual de Campinas- UNICAMP

laura.vbutti@gmail.com

A confecção de maquetes como recurso didático para o ensino de geografia urbana: aplicação no 7° ano da Escola Estadual Luiz Gonzaga Horta Lisboa, Campinas- SP

INTRODUÇÃO

Dentre as atividades que os bolsistas do PIBID- UNICAMP, subprojeto Geografia, devem realizar está a elaboração de um projeto de pesquisa para ser

desenvolvido durante o ano. Uma das escolas parceiras do projeto é a Escola Estadual Luiz Gonzaga Horta Lisboa, localizada no município de Campinas, onde parte dos bolsistas realizam acompanhamentos semanais nas aulas de geografia ministradas pelo professor supervisor.

Dentro deste contexto de observação da realidade escolar é que se inicia a busca por um tema para o projeto de pesquisa que seja pertinente a realidade dos alunos e da escola e assim, segundo FERRAÇO (2007, p.78):

Com isso, assumimos que qualquer tentativa de análise, discussão, pesquisa ou estudo com o cotidiano só se legitima, só se sustenta como possibilidade de algo pertinente, algo que tem sentido para a vida cotidiana, se acontecer com as pessoas que praticam esse cotidiano e, sobretudo, a partir de questões e/ou temas que se colocam como pertinente às redes cotidianas.

Com o andamento do ano letivo, um assunto foi sendo recorrentemente colocado pelos alunos em comentários informais e durante as aulas: as diferenças entre o bairro onde se localiza a escola comparativamente ao condomínio de alto padrão a poucos quilômetros dali.

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E a maneira como esses apontamentos eram realizados e diante deste caso tão claro de desigualdade social é que surgiu a ideia de utilizar esta situação, presente no cotidiano dos alunos, para discutir, em sala de aula, assuntos ligados ao processo de urbanização e direito a cidade:

Ao lidar com os temas da cidade e do urbano como conteúdos educativos, o professor propicia aos alunos possibilidades de confronto entre as diferentes imagens de cidade, as cotidianas e as científicas, tal como se manifestam nas experiências e nos conhecimentos que trazem... É importante trabalhar com o objetivo de garantir o direito à cidade. (CAVALCANTI, 2012, p.56)

A Escola Estadual Luiz Gonzaga Horta Lisboa localiza-se no bairro Jardim Míriam, região leste do município de Campinas, em um local com pouca infraestrutura, ruas sem asfaltamento e esburacadas, mato alto e moradias precárias.

Porém, a poucos metros se localiza o Loteamento Alphaville Campinas e a poucos quilômetros está à entrada do condomínio de casas de alto-padrão, Alphaville. Esta região de Campinas possui, segundo o Atlas do desenvolvimento humano do Brasil, o maior IDMH (0,954) do município e se comparássemos este número com o IDH de países desenvolvidos, o Alphaville superaria o maior índice mundial, da Noruega.

Situações como essa, de extrema desigualdade em locais tão próximos são extremante comuns em grandes cidades e compreender essa dinâmica de segregação espacial é essencial para os alunos.

As características aqui destacadas para analisar as grandes cidades abrem caminho para entendê-las como expressão de uma dinâmica social cada vez mais fortemente atrelada a padrões globais. Nesse processo, verifica- se uma estruturação espacial que torna essas cidades capazes de atender às diferentes funções solicitadas pela dinâmica do capital internacional, mas também um quadro de exclusão social, junto com um quadro de urbanização intensa, o que faz delas um espaço onde existem muitos problemas, que dizem

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respeito à mobilidade, transporte, habitação, segurança, educação, saneamento, abastecimento de água, emprego, violência e onde há grande número de excluídos, desempregados, desabrigados. (CAVALCANTI, 2008 p.149)

Com isso, será proposto aos alunos que desenvolvam uma atividade prática, em forma de maquetes, representando o bairro Jardim Miriam e o Alphaville.

No final, este será o material base para a discussão sobre constituição do espaço e formação do território, auxiliando o professor e alunos na contemplação das habilidades propostas no 4° Bimestre, segundo o currículo do Estado de São Paulo.

OBJETIVOS

O objetivo é desenvolver com os alunos do 7° ano uma maquete problematizando as dificuldades e diferenças entre o bairro onde se localiza a escola e o condomínio de alto padrão próximo. Acreditamos que com a utilização deste recurso didático será possível identificar os conhecimentos prévios dos alunos e a maneira como eles enxergam estas duas realidades: Jardim Miriam e do Alphaville.

Além disso, a maquete servirá como base para as discussões sobre problemas urbanos facilitando a identificação das consequências deste processo no espaço.

METODOLOGIA

A maquete, como forma didática de ensino, auxilia na fixação de conteúdos, pois os trabalha de maneira lúdica despertando o interesse dos alunos. Além disso, segundo PONTUSCHKA., PAGANELLI; CACETE (2009) proporciona aos alunos a experiência de apropriarem- se de atributos e funções de objetos e adapta-los a uma nova realidade. “Nessa reprodução, adapta a realidade aos seus anseios, desejos e medos” (PONTUSCHKA. , PAGANELLI; CACETE p.329, 2009).

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No caso desta maquete a questão da escala não é fundamental, os alunos devem representar os locais levando em conta aquilo que consideram mais importantes e essenciais, sem a preocupação da representação gráfica exata. O objetivo principal é observar os conhecimentos prévios dos alunos, levando em conta suas vivências no bairro e arredores e observar como cada grupo irá proceder.

Em primeiro lugar, ao expressar o conhecimento cotidiano do aluno, ou seja, o que ele já conhece e que é compartilhado socialmente, as representações sociais ajudam a superar o relativismo e o subjetivismo no ensino. Em segundo lugar, são conhecimentos ainda em construção, cuja referência inicial é a imagem mental. (CAVALCANTI, 2012, p.48)

Além disso, outros pontos merecem atenção e devem ser estimulados durante a confecção da maquete “A construção de maquete na sala de aula merece alguns cuidados por parte do professor, no sentido de enfatizar e incentivar a criatividade na busca de materiais, no exercício do trabalho coletivo e nas representações dos objetos.” (PONTUSCHKA. , PAGANELLI; CACETE, p.330, 2009)

- Etapas Procedimentais

1) O primeiro passo será levar aos alunos uma imagem do Alphaville e outra do entorno da escola, sem revelar para eles quais são as localidades retratadas.

2) A partir do momento que houver a identificação dos locais, discutir com os alunos quais são as principais características dos dois lugares, levando em conta a infraestrutura, ruas, mobilidade urbana, diferenças na infraestrutura das casas, serviços oferecidos, escolas, comércio, entre outros. Além disso, problematizar o quanto eles frequentam e conhecem sobre o Alphaville.

3) Dividir a sala em grupos de cinco pessoas que terão que produzir duas maquetes: uma representando a escoa e seu entorno e outra o Alphaville

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4) Cada grupo deve estabelecer o que será representado e a maneira que cada componente será retratado levando em conta o que foi discutido em sala e os materiais disponíveis

5) Confecção da maquete

6) Com as maquetes já confeccionadas cada grupo deve expor para a sala o que foi representado e os materiais utilizados. Com isso será possível observar quais as problemáticas escolhidas por cada grupo e discutir o porquê da presença e ausência de alguns elementos.

7) Utilizar os dados, levantados previamente, de cada bairro e ferramentas como o Google Earth para mostrar detalhes dos dois locais e comparar com aquilo que foi representado na maquete.

8) Sistematizar tudo o que foi discutido e questionado durante a realização da atividade relacionando com o que foi visto no conteúdo das aulas expositivas, como por exemplo: desigualdade social, problemas de saneamento básico, falta de serviços básicos e outros temas trabalhados pelo professor durante as aulas anteriores.

Com a finalidade de facilitar a execução e obter os resultados almejados o projeto foi dividido em etapas que serão cumpridas ao longo dos 12 meses de duração.

De início o objetivo será realizar um levantamento bibliográfico de textos e livros relevantes ao assunto estudado, considerando também a necessidade de realizar um estudo detalhado das características do bairro Jardim Miriam e do Alphaville, levando em conta a formação, infraestrutura, serviços públicos, mobilidade urbana, presença de escolas e comércio nos dois locais e outros pontos importantes que surgirem durante a pesquisa. Tais dados serão sistematizados e comparados entre si para utilização na discussão futura com os alunos.

Após a realização destas etapas, se inicia a preparação dos materiais que serão necessários para a realização da atividade prática, buscando e selecionando as imagens que funcionarão como ponto de partida para a discussão, além de realizar o

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levantamento e a coleta de materiais que poderão ser utilizados pelos alunos na confecção das maquetes.

RESULTADOS PRELIMINARES

Como a pesquisa se encontra em estágio inicial, não é possível levantar os resultados preliminares, porém a atividade prática deve ser aplicada no mês de Outubro, a data e as aulas que serão utilizadas devem ser marcadas após um planejamento

realizado com o professor supervisor, para que não atrapalhe o seu cronograma com a turma.

Após a finalização da atividade e discussões com auxílio das maquetes os dados obtidos e resultados serão sistematizados e analisados no relatório do projeto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do projeto foi inicialmente pensado para a turma do 9° ano da E.E Luiz Gonzaga Horta Lisboa, porém após um novo período de observação e conversas com o professor supervisor a ideia foi alterada e redirecionada para a sala do 7° ano, pois é uma sala participativa, interessada em trabalhos manuais e com número reduzido de alunos.

A última característica citada foi crucial para a alteração do projeto já que a possibilidade de trabalhar em uma sala que possui apenas 12 alunos facilitará a aplicação e aumentará as chances de sucesso do trabalho.

Com a maquete espera-se identificar os conhecimentos prévios e ajudar os alunos na fixação dos temas estudados oferecendo uma maneira diferente de observação destes problemas que estão inseridos na realidade da escola E.E Luiz Horta Lisboa, além de ser uma ferramenta de discussão lúdica, construída e pensada pelos próprios alunos.

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BIBLIOGRAFIA

São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Currículo do Estado de São Paulo: Ciências Humanas e suas tecnologias / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; coordenação de área, Paulo Miceli. – 1. Ed. atual. – São Paulo: SE, 2012. 152 p.

PONTUSCHKA, N. N.; PAGANELLI, T. I. ; CACETE, N. H.. Para ensinar e aprender GEOGRAFIA - 3ª ed. 3ª. ed. São Paulo: Cortez, 2009. v. 1000. 383p

FERRAÇO, Carlos Eduardo. Pesquisa com o cotidiano. Educ. Soc., Campinas, vol28, n.98, p.73-95, jan/abr. 2007

CAVALCANTI, L. S.; O Ensino de Geografia na Escola. 1. ed. São Paulo: Papirus Editora, 2012. 208p

CAVALCANTI, L. S. ; A Geografia Escolar e a Cidade: ensaios sobre o ensino de Geografia para a vida urbana cotidiana. Campinas-SP: Papirus, 2008. 190p .

Sites:

<http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/>

<http://correio.rac.com.br/_conteudo/2015/07/capa/campinas_e_rmc/292698-atlas-revela-abismo-social-entre-bairros-de-campinas.html>

Referências

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