USO DOS RESÍDUOS DA PRODUÇÃO ANIMAL
COMO FERTILIZANTE
FÓSFORO EM SOLO INCUBADO COM CAMA DE FRANGO
Silva, T.R.*1; Menezes, J.F.S.2; Simon, G.A.3; Santos, C.J.L.4; Gonçalves Júnior, D. 5; Santos, D.C.6
1
Mestranda da Fesurv- Universidade de Rio Verde, Faculdade de Agronomia, Caixa Postal 104, CEP 75901-970 Rio Verde, GO, trs_biologia@hotmail.com
2
Doutora, Professora adjunto III da Fesurv- Universidade de Rio Verde, Faculdade de Agronomia, Caixa Postal 104, CEP 75901-970 Rio Verde, GO, june@fesurv.br
3
Doutor, Professor adjunto I da Fesurv, Universidade de Rio Verde, Faculdade de Agronomia, Caixa Postal 104, CEP 75901-970 Rio Verde, GO, simon@fesurv.br
4
Mestranda da Fesurv, Universidade de Rio Verde, Faculdade de Agronomia, Caixa Postal 104, CEP 75901-970 Rio Verde, GO, biocatsantos@hotmail.com
5
Mestrando da Fesurv, Universidade de Rio Verde, Faculdade de Agronomia, Caixa Postal 104, CEP 75901-970 Rio Verde, GO, djalmaagriceu@hotmail.com
6
Graduando da Fesurv, Universidade de Rio Verde, Faculdade de Agronomia, Caixa Postal 104, CEP 75901-970 Rio Verde, GO, danilocs@hotmail.com
Resumo
A exploração avícola, particularmente no setor de frango de corte, trouxe a possibilidade de aproveitamento da cama de frango para outras atividades, como adubo para agricultura. O objetivo deste estudo foi o de avaliar o efeito de doses e épocas de incubação de cama de frango na disponibilidade de fósforo no solo. O experimento foi desenvolvido de novembro/2007 a janeiro/2008, em casa-de-vegetação, na Fesurv, Universidade de Rio Verde. O delineamento utilizado foi blocos casualizados completos, em esquema fatorial 5 x 4, com quatro repetições. Os tratamentos constaram de: doses de cama de frango (15,22; 30,44; 60,88; 91,32 e 121,76 g/vaso, correspondendo a 4,0; 7,0; 14,0; 21,0 e 28,0 t/ha, respectivamente) e épocas de incubação (0, 7, 15 e 30 dias), tendo como planta indicadora milho. Antes do plantio e 45 dias após o plantio foram retiradas amostras de solo de todos os tratamentos para determinação do P disponível. Os teores de P antes do plantio foram maiores na dose de 28 t/ha aos 25 dias de incubação. Os teores de P após 45 dias do plantio foram maiores na dose de 21 t/ha ao 0 dias de incubação. Conclui-se que as doses entre 21 e 28 t/ha disponibilizam maiores teores de P no solo. Em relação à época de incubação, o P foi disponibilizado para as plantas de 25 a 45 dias após a incorporação de cama de frango no solo.
PHOSPHORUS IN INCUBATED SOIL WITH CHICKEN MANURE
Abstract
The poultry exploration, particularly in the chicken meat sector, brought about the possibility of using chicken manure as a source of fertilizer in land crops. The objective of this study was the evaluation of the effect of phosphorus in soil related to rates and incubation periods of chicken manure in soil. The experiment was carried out in a greenhouse, located at Rio Verde University, from November/2007 to January/2008. The experimental design was set as completely randomized-block design in a factorial with one additional, 5 x 4, with four replications. The treatments consisted of five rates of chicken manure (15.22; 30.44; 60.88; 91.32 and 121,76 g/pot, equivalent to 4.0; 7.0; 14.0; 21.0 and 28.0 t/ha, respectively) and four incubation periods of the residue in soil (30, 15, 7 e 0 days before the seedling). The corn was used as a testing plant. Before the planting and 45 days after the planting, the soil of all plots were sampled and it was determined the content of phosphorus available. The contents of P were higher using 28 t/ha of chicken manure after 25 days of incubation. The amounts of P after 45 days were superior with 21 t/ha at 0 day of incubation. Doses between 21 and 28 t/ha of chicken manure provided more contents of P in the soil. The P was provided to the plants from 25 to 45 days after the chicken manure was incorporated to the soil.
Key-words: organic residues, poultry manure, fertilizer.
Introdução
O extraordinário desenvolvimento das explorações avícolas, particularmente no setor de frango de corte, trouxe a possibilidade de aproveitamento da cama de frango para outras atividades, como adubo para agricultura.
Os resíduos poderiam ser utilizados para melhorar as propriedades físicas e químicas do solo e, conseqüentemente, a produtividade de algumas culturas, como o milho. Isso porque a matéria orgânica ativa os processos microbianos do solo, fomentando, simultaneamente, uma melhoria na sua estrutura, aeração e capacidade de retenção de água. A cama de frango ainda pode retardar e reduzir a fixação de fósforo no solo.
Avaliar a magnitude dessa fixação, bem como o efeito da matéria orgânica na sua redução constitui conhecimento básico e pode gerar informação útil para melhor manejo da adubação fosfatada nesses solos. Portanto o objetivo deste estudo foi o de avaliar o efeito de doses e épocas de incubação de cama de frango na disponibilidade de fósforo no solo.
Material e Métodos
O experimento foi desenvolvido de novembro/2007 a janeiro/2008, em casa-de-vegetação, na Fesurv, Universidade de Rio Verde.
Os vasos utilizados continham 8,7 kg de um Latossolo Vermelho distroférrico O solo foi amostrado para análise físico-química cujos resultados foram os seguintes: pH (CaCI2) = 5,1, Ca = 0,42 cmolc/dm3, Mg = 0,20 cmolc/dm3, Al = 0,01 cmolc/dm3, P (Mel) = 0,03 mg/dm3, K = 19 mg/dm3, H + Al = 2,6 cmolc/dm3, CTC = 3,22 cmolc/dm3, M.O. = 8,95 g/kg, argila = 460 g/kg, silte = 70 g/kg, areia = 470 g/kg, V = 20,58%, m = 1,49%. Pela análise do solo realizou-se a calagem com calcário dolomítico, 5,7 g/vaso.
O delineamento utilizado foi blocos casualizados completos, em esquema fatorial 5 x 4, com quatro repetições. Os tratamentos constaram de: doses de cama de frango (15,22; 30,44; 60,88; 91,32 e 121,76 g/vaso, correspondendo a 4,0; 7,0; 14,0; 21,0 e 28,0 t/ha, respectivamente) e épocas de incubação (0, 7, 15 e 30 dias), tendo como planta indicadora milho.
A cama de frango foi analisada químicamente apresentando as seguintes características: N = 4,73 dag/kg, P = 1,30 dag/kg, K = 1,69 dag/kg, Ca = 1,76 dag/kg, Mg = 0,48 dag/kg.
Após aplicação de cama de frango, o solo ficou incubado conforme as diferentes épocas (0, 7, 15 e 30 dias), mantendo-se a umidade próxima a capacidade de campo.
Precedendo o plantio do milho, foi realizada a adubação mineral em todos os vasos com 0,29 g/vaso de uréia e 0,62 g/vaso de cloreto de potássio (Sousa & Lobato, 2002).
Foram plantadas oito sementes e após sete dias da germinação realizou-se o desbaste, deixando cinco plantas por vaso.
A adubação de cobertura foi realizada aos dez dias após a germinação, com 0,68 g/vaso de uréia e 0,22 g/vaso de cloreto de potássio (Sousa & Lobato, 2002).
Antes do plantio e 45 dias após o plantio foram retiradas amostras de solo de todos os tratamentos para determinação do P disponível (Mehlich-1), na relação solo-extrator de 1:10; 5 minutos de agitação e decantação pernoite, determinado por colorimetria.
As análises estatísticas para as características avaliadas foram realizadas com o aplicativo software SISVAR (Ferreira, 2000).
Resultados e Discussão
Nos teores de P antes do plantio, em relação às doses de cama de frango (Tabela 1) houve tendência quadrática, com ponto de máxima dosagem em 28 t/ha de cama de frango e resposta máxima em 7,18 mg/dm3, após qual, observou-se tendência de redução nos teores de P.
A elevação dos valores de P-Mehlich-1, com o aumento das doses de cama de frango pode ser atribuída ao bloqueio dos sítios de adsorção de P no solo, onde os grupos funcionais carboxílicos e fenólicos da matéria orgânica se ligam às hidroxilas dos óxidos de Fe e Al e complexam o Al em solução (Hue, 1991).
Verificam-se pelos teores de P antes do plantio, nas diferentes épocas de incubação, respostas negativas, com ponto ótimo de aos 25 dias de incubação de
Esse comportamento indica efeito da aplicação do resíduo orgânico, pois representa um reservatório importante na ciclagem de P no solo por processos de mineralização e imobilização do P orgânico, podendo se comportar como fator quantidade, tamponando as formas mais lábeis de P por meio do controle da mineralização. Essas formas são consideradas frações com disponibilidade restrita e se comportam como um reservatório (fator quantidade), representando um compartimento apreciável do nutriente no solo, sendo considerado como fonte dreno (Novais & Smyth, 1999).
Visando quantificar as concentrações de nutrientes em amostras de esterco bovino utilizado e calcular o acúmulo de nutrientes resultante dessa adubação, Galvão et al. (2008), observou que o teor de P disponível nas áreas adubadas aumentou 20 (0-20 cm), 22 (20-40 cm) e 25 vezes (40-60 cm), em relação às não adubadas. O que se assemelha com o obtido neste estudo, onde o P disponível após 45 dias do plantio com o incremento das doses de cama de frango aumentou 9,73; 28,31; 63,48; 279,38 e 223,98 vezes nas doses 4, 7, 14, 21 e 28 t/ha, respectivamente, que o teor inicial do solo (Tabela 2).
De acordo com a equação da Tabela 2, ajustou-se o modelo de regressão quadrático negativo, com ponto de inflexão aos 0 dias de incubação de cama de frango, obtendo-se o máximo teor de P após 45 dias do plantio de 5,81 mg/dm3 e menor teor de P após 45 dias do plantio aos 24 dias de incubação , obtendo-se o menor teor de 1,68 mg/dm3. Provavelmente, a matéria orgânica tenha influenciado na sorção de P temporariamente. Martinazzo et al. (2007) constataram, em Latossolo cultivado sob plantio direto, que a imobilização do P pela biomassa microbiana do solo é temporária, diminui ao longo do desenvolvimento das culturas.
Conclusões
De acordo com os resultados apresentados pode-se concluir que as doses entre 21 e 28 t/ha disponibilizam maiores teores de P no solo. Em relação à época de incubação, o P foi disponibilizado para as plantas de 25 a 45 dias após a incorporação de cama de frangos no solo.
Estudos sobre a utilização de resíduos como fertilizantes podem trazer inúmeros benefícios ao solo e conseqüentemente ao desenvolvimento das plantas. Portanto, pesquisas que busquem a sustentabilidade ecológica devem ser incentivados.
Literatura Citada
FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In...45a Reunião Anual da Região Brasileira da Sociedade Internacional de Biometria. UFSCar, São Carlos, SP, Julho de 2000. p.255-258.
GALVÃO, S.R.S.; SALCEDO, I.H.; OLIVEIRA, F.F. Acumulação de nutrientes em solos arenosos adubados com esterco bovino. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.43, n.1, p.99-105, 2008.
HUE, N.V. Effects of organic acids/anions on phosphorus sorption and phytoavailability in soils with different mineralogies. Soil Sci., v.152, p.463-471, 1991.
MARTINAZZO, R.; SANTOS, D.R.; GATIBONI, L.C.; BRUNETTO, G.; KAMINSKI, J. Fósforo microbiano do solo sob sistema plantio direto em resposta à adição de fosfato solúvel. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.31, p.563-570, 2007. NOVAIS, R.F.; SMYTH, T.J. Fósforo em solo e planta em condições tropicais. Viçosa, MG, Universidade Federal de Viçosa, 1999. 399p.
SOUSA, D.M.G.; LOBATO, E. Cerrado: Correção do solo e adubação. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2002. 416 p.
Tabela 1. Coeficientes da equação de regressão Y= y0 + ax + bx2, coeficiente de determinação (R2) e
coeficiente de variação (CV) para teores de P antes do plantio em diferentes doses de cama de frango e diferentes épocas de incubação de cama de frango.
P antes do plantio (mg/dm3) Coeficientes R2 CV (%) y0 a b Dose 0,7442 -0,0523 0,0120 0,99* 7,63 Época 3,1200 0,0543 -0,0010 0,30* (*) Significativo ao nível de 1%.
Tabela 2. Coeficientes da equação de regressão Y= y0 + ax + bx2, coeficiente de determinação (R2) e coeficiente de variação (CV) para teores de P após 45 dias do plantio em diferentes doses de cama de frango e diferentes épocas de incubação de cama de frango.
P após 45 dias do plantio
(mg/dm3) Coeficientes R2 CV (%)
y0 a b
Dose -2,3248 0,5260 -0,0062 0,80* 12,95
Época 5,8091 -0,3371 0,0075 0,93*