• Nenhum resultado encontrado

RADIOTERAPIA EM CABEÇA E PESCOÇO: COMPLICAÇÕES BUCAIS E A ATUAÇÃO DO CIRURGIÃO DENTISTA¹

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "RADIOTERAPIA EM CABEÇA E PESCOÇO: COMPLICAÇÕES BUCAIS E A ATUAÇÃO DO CIRURGIÃO DENTISTA¹"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

RADIOTERAPIA EM CABEÇA E PESCOÇO: COMPLICAÇÕES BUCAIS E A ATUAÇÃO DO CIRURGIÃO DENTISTA¹

HEAD AND NECK RADIOTHERAPY: ORAL COMPLICATIONS AND THE PERFORMANCE OF THE SURGEON DENTIST

Danielle Tupinambá EMMI², Maurício Malheiros BADARÓ³, Victor Hugo Gomes VALENTE³ e Marizeli Viana de Aragão ARAÚJO4

RESUMO

Objetivo: explicitar as alterações sofridas pelo paciente submetido a tratamento radioterápico e salientar a importância do cirurgião dentista como parte integrante de uma equipe multidisciplinar que assistirá o doente. Método: pesquisa bibliográfica nas fontes: periódicos, livros e acesso à internet. Considerações finais: o cirurgião dentista é o profissional com melhores condições de avaliar e tratar as alterações bucais, assim como, aplicar medidas preventivas de acompanhamento da saúde bucal do paciente radiado na área da cabeça e pescoço, visando minimizar os efeitos estomatológicos e funcionais causados por essa terapia.

Palavras-Chave: Radioterapia, Complicações Bucais, Tumores de cabeça e pescoço

INTRODUÇÃO

O número de pacientes com neoplasias malignas na cavidade oral é significativo. A maioria das neoplasias ao serem diagnosticadas estão em estágio avançado sendo a única alternativa a radioterapia e/ou cirurgia¹.

Os efeitos colaterais da radioterapia na região de cabeça e pescoço têm impacto determinante na qualidade de vida do paciente. Numerosos estudos demonstram que a saúde bucal deficiente é um fator que diminui a qualidade de vida desses pacientes2,3,4 e a preservação da saúde bucal somada a reabilitação, melhora a qualidade de vida do paciente5.

As alterações mais freqüentes dos pacientes submetidos a radioterapia são xerostomia, mucosite, digeusia, cárie de radiação e osteorradionecrose.

OBJETIVO

Explicitar as principais alterações sofridas pelo paciente submetido a tratamento radioterápico na cabeça e pescoço, bem como mostrar a importância da atuação do cirurgião

dentista junto a uma equipe multidisciplinar para o atendimento e acompanhamento deste paciente.

MÉTODO

Pesquisa bibliográfica em periódicos, livros e acesso à internet.

REVISÃO DE LITERATURA Tratamento radioterápico

O tratamento das neoplasias malignas difere, podendo ser cirúrgico, radioterápico e quimioterápico. A escolha depende da localização e estado clínico da lesão, expectativas e condições físicas do paciente6.

A radioterapia pode ter finalidade curativa, quando o objetivo é exterminar células neoplásicas; pode ter finalidade remissiva, quando o objetivo é reduzir parte do tumor ou completar o tratamento cirúrgico; ou finalidade sintomática, quando atua no tratamento da dor localizada7.

______________________________

¹ Trabalho realizado na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará.

² Mestre em Odontologia e Professora Assistente da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará. ³ Cirurgiões dentistas graduados pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará.

4 Doutoranda em Doenças Tropicais e Professora Assistente da Faculdade de Odontologia da Universidade

(2)

Entretanto, não somente as células neoplásicas durante o tratamento são atingidas pela radioterapia, dessa forma o tratamento preventivo frequentemente diminui os efeitos provocados pela radioterapia.

O alvo da radiação é a molécula de DNA das células. O dano pode ser classificado em letal ou subletal, quando ocorre mecanismos de reparo. Mecanismos de reparo são muito mais eficientes em células normais do que em células tumorais8. Quanto maior o conteúdo de DNA (maior atividade mitótica) em uma população celular, maior sensibilidade à radiação. Neoplasias são constituídas por células em processos contínuos de multiplicação, convivendo em meio a células normais que habitualmente mostram multiplicação mais lenta ou não multiplicam-se. Tal condição torna as populações celulares neoplásicas, a princípio mais sensíveis a radiação do que as células normais e portanto passíveis de tratamento 8. O Cirurgião Dentista (CD) é imprescindível no diagnóstico precoce, tratamento e reabilitação9. Porém, normalmente os pacientes são encaminhados ao CD que, desconhecendo o caso, realizam tratamentos ineficazes podendo agravar a situação. Por isso, as intervenções devem ser realizadas antes (Quadro 1), durante (Quadro 2) e depois do tratamento (Quadro 3), do qual o cirurgião-dentista deve participar 10.

Quadro 1 – Intervenções e cuidados a

serem realizados antes do tratamento radioterápico10

.

Antes do tratamento radioterápico

Anamnese e exame clínico inicial Exames complementares (radiográfico)

Orientação e instrução sobre higiene e saúde oral Profilaxia e flúor tópico

Adequação do meio oral

Eliminação de traumas (cáries, próteses) Extrações indicadas

Quadro 2 – Intervenções e cuidados a

serem realizados durante o tratamento radioterápico10

.

Durante o tratamento radioterápico

Manutenção da higiene e saúde oral

Administração de fluoretos Controle da dieta

Prevenção e tratamento da mucosite, xerostomia e cárie por radiação

Exodontias contra-indicadas

Quadro 3 – Intervenções e cuidados a

serem realizados após o tratamento

radioterápico10

.

Após o tratamento radioterápico

Manutenção da higiene e saúde oral

Exodontia contra-indicada por 01 ano, se necessário administrar antibiótico e oxigênio hiperbárico

Tratamento dos efeitos adversos presentes Consultas mensais para controles periódicos

COMPLICAÇÕES MAIS

FREQÜENTES DA RADIOTERAPIA Xerostomia

Durante o tratamento do câncer de cabeça e pescoço, através da radioterapia, as glândulas salivares estão usualmente dentro da zona de irradiação, provocando alterações morfofisiológicas com conseqüente diminuição do fluxo salivar11,12.

O desenvolvimento da sintomatologia indicativa de xerostomia decorrente da radioterapia geralmente é observado na primeira semana de aplicação, tendendo a se tornar mais intenso no decorrer do tratamento13. A queixa de boca seca pode perdurar de meses a anos no período pós-radioterapia14.

Na tentativa de substituir ou compensar as funções da saliva existem alguns produtos contendo a substância carboximetil celulose sódica (saliva artificial). Embora esta substância seja indicada para todos os casos de xerostomia, tal princípio ativo não atua como estimulante do fluxo salivar. O objetivo do medicamento é aliviar a sintomatologia do enfermo através da lubrificação e umedecimento dos tecidos15,16. O grande problema dos substitutos da saliva é a falta de ação estimulante do produto, tornando-o limitado, bem como dificuldade de uso. Sua ação é restrita ao período em que o indivíduo estiver acordado e sua atividade é pouco duradoura no alívio do sintoma17.

Existem drogas que aumentam a secreção salivar por estimulação do sistema

(3)

nervoso autônomo (SNA), tanto simpático quanto parassimpático. Cada droga age em um sítio específico do SNA, provocando, por conseqüência, diferentes respostas, permitindo ao profissional selecionar aquela que atenda mais às necessidades do paciente. Tais substâncias estimulam o sistema exócrino, responsável pelo estímulo de glândulas oftálmicas, sudoríparas, secreções vaginais, hidratação da pele, aumento da expectoração e sistema urinário, entre outras funções 18.

A Pilocarpina, droga sialogoga, atua em glândulas exócrinas e em músculo liso, proporcionando aumento do tônus muscular no sistema gastrintestinal, geniturinário, olhos e trato respiratório17. O uso preventivo da Pilocarpina, ou seja, antes do início da radioterapia tem se mostrado útil na prevenção dos efeitos deletérios da radiação. Entre os benefícios, destaca-se a ação citoprotetora da droga, redução na queixa de desconforto bucal e diminuição da hipofunção glandular 19.

Disfagia

Com a manifestação da xerostomia, há o comprometimento direto da formação do bolo alimentar, mais precisamente, na umidificação da comida, que somada a irritação da mucosa faz com que a mastigação seja dolorida. Irradiação causa fibrose e a atrofia muscular que também dificultam a deglutição20.

Mucosite

A mucosite é o efeito agudo de maior freqüência e o maior fator dose-limitante para a radioterapia na região de cabeça e pescoço. A sua intensidade, cronologia e duração estão relacionadas a fatores do tratamento como volume de tecido irradiado, doses diária e total, localização da lesão, tipo de radiação; interagindo sinergicamente com fatores ambientais do paciente como o uso de álcool e fumo, assim como a xerostomia e focos de infecção local presentes21,22,23. Devido à alta taxa de renovação celular e a baixa radioresistência, as células da mucosa da cavidade oral, faringe e laringe respondem precocemente aos efeitos tóxicos da radiação a que estão expostas 22,23.

O tratamento radioterápico desorganiza a estrutura celular doente, bem como as estruturas adjacentes sadias

causando em toda mucosa oral alterações que variam desde áreas eritematosas, até alterações recobertas por membranas fibrino-purulentas, que são vias potenciais para infecção24.

O tratamento da mucosite radioinduzida é essencialmente paliativo, com o intuito de aliviar os sinais e a sintomatologia dolorosa, proporcionando uma melhor qualidade de vida para o paciente oncológico e evitando a interrupção da radioterapia22.

Trismo muscular

Faz-se presente em decorrência do edema, destruição celular, atrofia e fibrose do tecido muscular acometido pela radiação20. Assim, o paciente adquire barreiras para exercer uma adequada higiene oral, receber intervenções a nível odontológico e de se alimentar.

A prevenção e tratamento do trismo consiste em sessões de fisioterapia, variando de acordo com o nível de acometimento do paciente. Geralmente, são feitas em três etapas durante o dia, com o auxílio de espátulas ou abridores de boca20.

Digeusia

A alteração de paladar é referida por grande parte dos pacientes e é explicada pela atrofia gradativa das papilas gustativas por ação da radioterapia e aumento da viscosidade da saliva4. Se a mucosa olfatória estiver no campo de irradiação ou receber irradiação secundária o paladar será ainda mais prejudicado22. Somado a isso as áreas ulceradas provocadas pela mucosite, podem afetar as papilas gustativas.

A perda do paladar vai aumentando até a ausência quase completa. Todavia, o problema pode ser reversível, com recuperação total ou parcial do paladar entre dois meses e um ano após o tratamento radioterápico. Porém, em pacientes com sintomas continuados, a administração de suplementos de sulfato de zinco acima do recomendado diariamente é benéfico8. Cárie de radiação

A cárie de radiação não é efeito direto da radiação e sim secundário a xerostomia8. Trata-se, de uma cárie rampante, que destrói a coroa expondo a raiz do dente, decorrente da diminuição do fluxo salivar, com

(4)

manutenção da oferta de carboidratos cariogênicos e deficiência de higienização bucal. Esses aspectos em comum explicam suas características clínicas semelhantes.

Nos irradiados somam-se a este quadro alterações de viscosidade e pH salivar, dentre outras. Por se tratar de um quadro grave e de difícil tratamento a literatura indica a fluorterapia diária como método profilático para a cárie severa de radiação8,20.

Alteração do ligamento periodontal O ligamento periodontal é um tecido conjuntivo não mineralizado, interposto entre os dois constituintes mineralizados do periodonto de inserção, isto é, o cemento e o osso alveolar, estabelecendo, dessa maneira, a articulação entre o dente e seu respectivo alvéolo22. Sendo assim, o paciente sob tratamento radioterápico sofre alterações morfológicas e histológicas em seu ligamento periodontal, tornando-se desestruturado e fragilizado, o que conseqüentemente provém maiores facilidades de infecções ósseas, traumas, perda prematura do elemento dental e precipitam o início do processo de osteorradionecrose20.

Osteorradionecrose

A osteorradionecrose é uma das complicações mais sérias da irradiação da cabeça e pescoço, porém devido à melhoria das condições de tratamento e prevenção, tem sido menos freqüente atualmente. Os osteócitos e o sistema microvascular são afetados permanentemente pela irradiação do osso, que torna-se hipóxico, hipovascular e hipocelular.

A osteorradionecrose resulta da não-cicatrização do osso e de sua morte, porém nem sempre ocorre infecção. Embora alguns casos tenham envolvido a maxila, a mandíbula é afetada mais freqüentemente. Radiograficamente, as áreas afetadas do osso apresentam radiolucidez mal definida, podendo desenvolver zonas de relativa radiopacidade à medida que o tecido ósseo necrosado se separa das estruturas vitais remanescentes. Dor intratável, perfuração da cortical, formação de fístula, ulceração superficial e fratura patológica podem ocorrer8,11.

A necrose óssea está diretamente ligada à dosagem da radiação, embora o volume de osso irradiado e a proximidade da dose máxima exerçam ambos o seu efeito. O risco de necrose óssea aumenta na presença de dentes, trauma ósseo, doença periodontal, e quimioterapia combinada8. A exodontia, conhecido fator de risco para osteorradionecrose, deve ser evitada após a radioterapia. Antigamente, os clínicos adiavam as extrações para seis meses após a conclusão do tratamento, na esperança de que a revascularização diminuísse as complicações. Porém, não acontece a revascularização da região e a espera não é benéfica, pois o suprimento sanguíneo diminui com o tempo. A osteorradionecrose espontânea pode ocorrer sem uma causa evidente8,11,20.

ATUAÇÃO ODONTOLÓGICA PRÉ RADIOTERAPIA

A extração de todos os dentes é uma medida radical, entretanto observa-se uma redução de complicações orais.

Pode-se optar pela extração seletiva nesse caso, sacrificam-se os dentes em pior estado. No caso em que se optar pela manutenção dos dentes, o paciente deverá ter uma rigorosa higienização oral e controle odontológico regular.

ATUAÇÃO ODONTOLÓGICA TRANS RADIOTERAPIA

Na atuação trans radioterapia o principal objetivo é auxiliar a radioterapêutica, evitando que o paciente pare o tratamento radioterápico para tratar das alterações orais.

O cirurgião dentista pode nesses casos lançar mão da prescrição de medicamentos como: antifúngico, antiinflamatórios tópicos anestésicos tópicos em gel, saliva artificial - Carboximetil e Cloridrato de Pilocarpina. ATUAÇÃO ODONTOLÓGICA PÓS RADIOTERAPIA

Após a radioterapia, o CD pode realizar tratamento endodôntico em raízes residuais, confeccionar próteses após 3 a 6 meses, recomendar o uso de saliva artificial, deve-se evitar exodontias. O acompanhamento odontológico após a radioterapia é contínuo e de fundamental importância.

(5)

DISCUSSÃO

O tratamento sistêmico

antineoplásico radioterápico é apto a destruir as células tumorais, assim como algumas células normais e os tecidos com rápida renovação, a exemplo do epitélio oral, que são especialmente suscetíveis. O risco de complicações possui proporcionalidade direta com a potencia do tratamento, o que permite juntamente com o avanço da prática médica um aumento da sobrevida do paciente, tornando assim, as complicações anticâncer mais comuns8.

Qualquer cuidado de caráter odontológico deve ser efetuado ao menos com uma semana de antecedência ao tratamento radioterápico20.

Antecedendo às futuras

intervenções, é imprescindível realizar anamnese, colhendo os sintomas que o paciente revela, a história atual da doença, antecedentes médicos e familiares, hábitos, vícios, história dental, doenças associadas e visitas aos profissionais da área25. Dessa forma, ao finalizar a anamnese, faz-se algumas manobras de semiotécnica, como: inspeção, palpação, auscutação, percussão, olfação, punção, diascopia, exploração de ductos pré-existentes e/ou raspagem (Exame Físico Geral) 25.

Dando continuidade, em seguida inicia-se o exame clínico extra-bucal (Exame Físico Regional), onde deve-se observar as estruturas sem se levar em conta, a princípio, o motivo da consulta. Todavia, se o paciente apresenta um quadro sintomático, infeccioso e/ou hemorrágico, torna-se uma exceção, devendo dessa maneira intervir imediatamente25. Já no exame intrabucal (Exame Físico Regional), identifica-se alguns fatores de risco para o desenvolvimento de complicações bucais, tais como: dentes pontiagudos, cáries, próteses mal adaptadas com potencial de irritação à mucosa, periodonto e tecido ósseo, presença de cálculo e vitalidade dental 20,25.

Ao término da colheita de dados e conhecimento do perfil saúde/doença do paciente, acrescenta-se aos achados clínicos as informações advindas dos exames complementares (Exames Subsidiários), que podem ser: hematológicos, citologia esfoliativa, biópsia e exames através de

imagens (radiográfico, cintilografia, ultra-sonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética) 25.

O estado periodontal do paciente oncológico é um importante indicador prognóstico. A doença periodontal avançada torna esses pacientes suscetíveis a osteorradionecrose, havendo maior probabilidade de infecção inicial por meio das estruturas periodontais11,20.

Intervenções odontológicas afim de eliminar possíveis focos de infecção devem ser o mais atraumática possível. As cirurgias são feitas no período de 14 a 21 dias antes da radioterapia, enquanto que a antibióticoterapia é iniciada 01 ou 02 dias antes do procedimento cirúrgico até o fim da cicatrização da ferida20.

O uso de próteses dentais totais ou removíveis são restringidas, a não ser em casos em que há função de obturador palatino22. Assim, as intervenções odontológicas feitas durante o tratamento radioterápico, visam promover essencialmente a prevenção, potencializada através de soluções fluoretadas, agentes antibacterianos e a conscientização do paciente frente a cooperação em meio aos tratamentos.

As infecções oportunistas são prevenidas e controladas através de antifúngicos, antivirais e bochechos com suspensão de nistatina com baixa porcentagem de sacarose. Já em casos de candidíase orofaríngea, o uso de sonda nasogástrica indicada nos casos de mucosite oral (moderada ou severa) e perda de peso (superior a 5%) é contra-indicada22.

Em situações em que há sintomatologia dolorosa em um quadro de mucosite, prescreve-se o uso de soluções anestésicas de uso tópico associadas com bochechos com solução salina alcalina ou clorexidina (evita-se colutórios com solução alcoólica) 20,25. Porém frente a queixas de náuseas, prescreve-se hidróxido de alumínio e magnésio, que pode ser diluído em soro fisiológico a 0,9% (1 colher de sopa para ½ copo de soro) 20,25.

Por fim, no período pós– radioterapia, o tratamento odontológico deve evitar algumas manobras – exodontias e procedimentos cirúrgicos -, uma vez que a vascularização diminui e favorece o aumento do risco de osteorradionecrose.

(6)

Quanto maior o tempo de terapia radioterápica, menor será a perfusão tecidual e a vascularização. Assim como de desenvolver fibrose e osteorradionecrose20.

Os efeitos tardios do tratamento podem manifestar-se algum tempo (meses ou anos) após a exposição, onde são reconhecidos 2 picos de elevada incidência de osteorradionecrose. O 1º ocorre durante o primeiro ano após a exposição radioterápica, enquanto que a 2ª, durante o segundo e quinto ano após o tratamento 20, 22,25.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A radioterapia é uma modalidade terapêutica que visa erradicar os tumores malignos, entretanto, provoca efeitos colaterais importantes que devem ser do conhecimento do cirurgião dentista.

A estabilização da doença bucal deve ser realizada antes do tratamento radioterápico.

As medidas preventivas devem incluir orientação quanto à higiene oral, extrações prévias, aplicação de flúor e uso de saliva artificial.

O acompanhamento dos pacientes irradiados durante o tratamento, pelo cirurgião dentista minimiza o risco de aparecimento das complicações bucais.

Para que seja realizada uma adequada prevenção ou tratamento de seqüelas terapêuticas, é necessário que a equipe responsável pelos atendimentos possua um caráter multiprofissional, possuindo um Cirurgião Dentista. Após o término da terapia oncológica deve-se realizar a proservação do paciente, já que efeitos tardios podem ocorrer.

As condições de vida e a longevidade dos pacientes (sobrevida) podem ser aumentadas com qualidade, através da Odontologia.

SUMMARY

HEAD AND NECK RADIOTHERAPY: ORAL COMPLICATIONS AND THE PERFORMANCE OF THE SURGEON DENTIST

Danielle Tupinambá EMMI, Maurício Malheiros BADARÓ, Victor Hugo Gomes VALENTE e Marizeli Viana de Aragão ARAÚJO

Objective: set out alterations and to point out the importance of the surgeon dentist as integrant of a medical team. Method: literature review in: cientific magazine, books and web access. Final considerations: the surgeon dentist is the professional with better conditions to to evaluate and to treat the sick person, as well as applying writ of prevention of accompaniment of the oral health of the patient radiated in the area of the head and neck, aiming at to minimize the estomatologic and functional effect caused by this therapy.

Key-Words: radiotherapy, oral complications, tumors of head and neck

REFERÊNCIAS

1. Soares Ha, Marcucci G. Osteorradionecrose: avaliação dos fatores de risco. Revista Odontol USP 1996; 10(1):9-14.

2. Gritz Er, Camarck Cl, Coscarelli A et al. First year after head and neck cancer: Quality of Life. J Clin Oncol, 1999; 17(1): 352-60.

3. Rogers Sn, Lowe D, Humphris G. Distinct patient groups in oral cancer: a prospective study of perceived heath following primary surgery. Oral Oncology 2000; 36: 529-38.

4. Epstein Jb, Robertson M, Emerton S et al. Quality of life and oral function in patients treated with radiation therapy for head and neck cancer. Head & Neck 2001; 23(5): 389-398.

(7)

5. Allison Pj, Locker D, Feine JS. The relationship between dental status and health-related quality of life in upper aerodigestive tract cancer patients. Oral Oncology 1999; 35: 138-43.

6. Martins Crf, Dezotti Msg, Azevedo Lr, Aquilante Ag, Xavier CRG. Atenção Odontológica aos pacientes oncológicos antes, durante e depois do tratamento antineoplásico. Rev Odontol UNICID

2002; 14(1):63-74.

7. Caielli C, Martha Pm, Dib LL. Seqüelas orais da radioterapia: atuação da odontologia na prevenção e tratamento. Rev Bras Cancerol 1995; 41(4):231-41.

8. Neville Bw, Damm Dd, Allen Cm. Patologia Oral e Maxilofacial. 2 ed. São Paulo: Ed. Guanabara Koogan, 2004.

9. Biazolla Er. Osteorradionecrose de mandíbula: incidência e avaliação clínica da sua terapêutica (dissertação). Araçatuba- SP. 1989.

10. Freitas Dq, Almeida SM. Efeitos da radioterapia na cavidade bucal. Rev Assoc Paul Cir Dent 2007; 61(3):221-3

11. Cardoso Mfa et al. Prevenção e controle das seqüelas bucais em pacientes irradiados por tumores de cabeça e pescoço. Radiol Bras 2005; 38(2):107-115.

12. Matos Is et al. Avaliação do Fluxo Salivar em Pacientes Submetidos a Radioterapia de Cabeça e Pescoço. Rev Facul Odontol UFBA 1994/1995; 14-15:6-10.

13. Mossman K, Shatzman A, Chencharick J. Longterm effects of radiotherapy on taste and salivary function in man. Int J Radiat Oncol Biol Phys 1982; 8(6): 991-997.

14. Niedermeier W et al. Radiation-induced hyposalivation and its treatment with oral pilocarpine. Oral Pathol 1998; 86(5):541-549.

15. Visch Ll et al. A double-blind crossover trial of CMC and mucin-containing saliva substitutes. Int J. Oral Maxillofac Surg 1986; 15 (4):395-400.

16. Baptista Neto C. Xerostomia (boca seca). Jornal Primeira Página, São Carlos, 9 out. 1998. Coluna Saúde Bucal, p. 6. Disponível em <http://www.odonto.com.br>. Acesso em: 13/01/2008.

17. Hamlar Dd et al. Determination of the efficacy of topical oral pilocarpine for postrradiation xerostomia in patients with head and neck carcinoma. Laryngoscope 1996; 106 (8): 972-976.

18. Vivino FB et al. Pilocarpine tablets for the treatment of dry mouth and dry eye symptoms in patients with Sjögren syndrome. Arch Intern Med 1999; 159 (2):174-181.

19. Wynn Rl, Meiller TF. Artificial saliva products and drugs to treat xerostomia. Gen Dent 2000; 48 (516): 630-636.

20. Pagotto Sr, Carvalho MB. Prevenção e tratamento dos efeitos da radioterapia na cavidade oral. Rev Assoc Paul Cir Dent 2006; 60 (6): 499-502.

21. Bailey BJ et al. Head and Neck Surgery Otolaryngology. 2 ed. Philadelphia: Lippincott Raven Publishers 1998; cap.47, p.646-647.

22. Dib Ll et al. Abordagem Multidisciplinar das Complicações Orais da Radioterapia. Rev Assoc Paul Cir Dent 2000; 54: 391-396.

23. Andrews N, Griffiths C. Dental complications of head and neck radiotherapy: Part 1. J Austr Dent 2001; 46(2): 88-94.

(8)

24. Lopes Ma et al. Reconhecendo e Controlando os Efeitos Colaterais da Radioterapia. Rev Assoc Paul Cir Dent 1998; 52(3):241-44.

25. Boraks S. Diagnóstico Bucal. São Paulo: Artes Médicas, 2001.

Danielle Tupinambá Emmi

End.: Travessa Piedade, 697 – Nazaré Cep: 66053-210 Belém-Pará

E-mail: dtemmi@yahoo.com.br Maurício Malheiros Badaró

End.: Rua José Bernardino Gomes, Qd: 328 – Lt: 07. CEP: 68447-000 Belém-Pará

E-mail: mauriciobadaro@yahoo.com.br

Referências

Documentos relacionados

Este tipo de rotundas, quando bem executadas conseguem bons resultados a nível de segurança e de capacidade, para além de serem também uma forma mais eficiente de ocupação do

Nesse caso, há o território dos municípios pólos (Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo, Medianeira), dos municípios do turismo (municípios lindeiros), e dos municípios

Durante toda a sua existência, a Instituição orientou a sua ação para a comunidade, constituindo-se como um recurso ativo para o desenvolvimento local e apoiando a vida das

No ESO I de 2013/1º, a carga horária semanal será distribuída da seguinte forma: 4 (quatro) horas de supervisão e 12 (doze) horas entre seminários/jornadas

presentes e entretenimento do meio Nerd, a Iniciativa Geek também apresenta lojas pouco conhecidas para o público, que em Campo Grande possui certa dificuldade em encontrar

Saber, São Paulo: Graal, 2003; HEKMA, Gert, “Uma história da sexologia: aspectos sociais e históricos da sexualidade” in BREMMER, Jan (org.), De Safo a Sade: momentos na história

Ramos, face externa das estípulas, folhas, raque da inflorescência, ovário, face externa das brácteas e das sépalas e ovário com tricomas estrelados e porrectos,