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Comparação da velocidade de corrida de amputados com a utilização de prótese versus muletas canadenses.

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Belo Horizonte, MG, v. 01, n.02, dezembro de 2011 51

Comparação da velocidade de corrida de amputados com a

utilização de prótese versus muletas canadenses.

Comparison of the speed of a racing amputees with prosthesis

use canadian crutches versus canadian crutches

PINTO, A. Fabíola; PEIXE, P.P. João.; CUNHA, G. Rodrigo RESUMO

Introdução: A amputação dos membros inferiores continua a ser uma situação clínica que provoca muitos danos nos pacientes. A participação dos amputados em atividades físicas amadoras ou profissionais visa, principalmente, a melhora do condicionamento físico e a inclusão social destes. Futebol de amputados é uma variação do futebol, em que jogam somente indivíduos com amputação unilateral de membro inferior e superior, sendo o último caso o goleiro. Para tal competição é exigido que o atleta tenha velocidade, condicionamento, força muscular e coordenação para alcançar a bola e realizar jogadas, visando fazer gol. Objetivo: O objetivo do nosso trabalho é analisar a velocidade de corrida de amputados transfemorais em 30 metros, comparando a utilização de prótese versus muletas canadense. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional descritivo analítico transversal. A amostra foi composta por 5 voluntários do sexo masculino, amputados unilaterais de membro inferior. Foram realizados três tiros de 30 m (trinta metros). Os dados foram analisados através do teste Wilcoxon, software SPSS versão 10.07. Resultados: De acordo com este estudo os indivíduos consumiram mais tempo para percorrer os 30 metros com a prótese do que com as muletas. Os atletas foram mais rápidos com as muletas do que com a prótese (p = 0.04). Conclusão: Pode-se concluir, portanto, que estes indivíduos gastaram mais tempo para percorrer os 30 metros com a prótese do que com as muletas, e que a velocidade foi maior com as muletas quando comparada com a prótese, para esta população.

Palavras chaves: amputados, velocidade, prótese.

Graduada em Fisioterapia pelo Centro Universitário Izabela Hendrix – Belo Horizonte -MG. E-mail:

fabiolapintofisio@gmail.com

 Graduado em Fisioterapia pelo Centro Universitário Izabela Hendrix – Belo Horizonte -MG

 Doutorando em Neurociências, UFMG, Doutorando em Ciências do Desporto, Universidade de

Trás-os-Montes e Alto Douro , UTAD, Portugal, Mestre em Engenharia Biomédica pela Universidade do Vale do Paraíba Docente de Biomedicina e Fisioterapia do Instituto Metodista Isabela Hendrix, Belo Horizonte MG.

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Introduction: Lower limb amputation remains as a clinical condition that causes too many damages in patients. The amputee participation in amateur or professional physical activities, aims mainly to improve the physical conditioning and social inclusion of these. Amputee soccer is a variation of soccer that only subjects with unilateral amputation of lower and upper limbs, being the last case, the goalkeeper. For this competition is required that the athlete has speed, conditioning, muscle strength and coordination to reach the ball and make moves in order to score. Objective: The aim of our study is to analyze the running speed of transfemoral amputees in 30 meters, comparing the use of prosthesis versus Canadian crutches. Methodology: This is a descriptive cross sectional observational study. The sample consisted of five male volunteers, unilateral lower limb amputees. Will be made three shots from 30 m (thirty meters). The data will be analyzed using the Wilcoxon test, SPSS software version 10.07. Results: According to this study, subjects consumed more time to walk the 30 meters with the prosthesis that with crutches. The athletes were faster with the crutches that with the prosthesis (p = 0.04). Conclusion: It can be concluded therefore that these individuals spent more time with the prosthesis, to travel the 30 meters that with crutches, and the speed was higher with the crutches when compared with the prosthesis in this population.

Key words: amputees, speed, prosthetic.

INTRODUÇÃO

Considerado um castigo dos deuses, a deficiência era reprimida tanto na Idade Antiga como na Era Cristã, onde a economia agrária dependia da vitalidade das pessoas. Passando pela Idade Média, observa-se a mudança na conduta das pessoas para com os portadores de deficiência, que passam a ser tratadas como “filhos de Deus”, merecedores de “cuidados especiais”, mas, mesmo assim, reclusas em instituições religiosas. Com o advento do iluminismo, a concepção de deficiência passa a ser entendida como um fato natural, o que possibilitou, na Idade Moderna, descobertas de tratamentos através de pesquisas científicas. Mesmo a Modernidade trazendo avanços com relação às pessoas com deficiência, foi a pós-modernidade que trouxe os princípios da diversidade, com uma sociedade inclusiva, afetando as práticas sociais no sentido de produzirem a inclusão social (PATROCÍNIO e De CARVALHO, 2008).

Para suprir a falta de um membro forami desenvolvidas as próteses, que tentam se assemelhar com o membro preservado. As primeiras próteses eram confeccionadas inteiramente por artesões em materiais como couro, madeira e ferro. No período pós- guerra surgiu empresas específicas e especializadas na construção e composição de próteses. (CARVALHO, 2003)

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Existem dois tipos de próteses, as exoesqueléticas e as endoesqueléticas. As próteses exoesqueléticas, também conhecidas como convencionais, são confeccionadas através de madeira e plástico, com um componente maciço em madeira ou espuma rígida, pode ser utilizada em todos os níveis de amputação, tem boa durabilidade, resistência e pouca manutenção. As endoesqueléticas, também conhecidas como modulares, são confeccionadas de aço, titânio e alumínio podem ou não receber um revestimento com espuma e meia cosmética. Estas próteses podem ser utilizadas por amputações acima do tornozelo. A confecção deste tipo de prótese – endoesquelética- é realizada através da fixação de componentes modulares ao encaixe do pé por meio de parafuso. (CARVALHO, 2003)

Nas próteses endoesqueléticas existem vários tipos de joelhos modulares partindo dos monocêntricos com trava permitindo a prótese realizar flexão e extensão até os plicêntricos com unidade hidráulica e pneumática permitindo que o joelho protético se mova o mais próximo do fisiológico. (CARVALHO, 2003)

Os pés mecânicos corresponde a mais um componente da prótese, estes são divididos em pés não-articulados que permitem uma melhor harmonia entre o choque de calcanhar e a fase de apoio, pés articulados permitindo o movimento em um eixo, pés multiaxiais que permite o movimento em vários eixos e pés de resposta dinâmica que absorvem energia e a transfere para o impulso. (CARVALHO, 2003).

Apesar de todos os avanços ao nível da medicina e de outras áreas da saúde, a amputação, e mais concretamente, a amputação dos membros inferiores continua a ser uma situação clínica que provoca muitos danos aos pacientes, tanto a nível físico quanto a nível psicológico levando a diminuição ou a não realização de atividade física (KOZAKOVA et al, 2009).

A introdução dos amputados em atividades físicas amadoras ou profissionais visa, principalmente, a melhora do condicionamento físico e a inclusão social (WATERS et al, 1976). Porém, verifica-se que apenas uma minoria desta população tem acesso à prática efetiva de atividades físicas nas condições adequadas, não sendo realizadas as devidas avaliações como a mensuração da velocidade (COSTA e SOUSA, 2004, WATERS et al, 1976).

Na física, velocidade é o quão rápido um corpo altera sua posição no espaço em uma direção. A velocidade média, que é uma das medidas da velocidade, é a razão entre um deslocamento e o intervalo de tempo levado para efetuar esse deslocamento (CRUZ, 2006). A velocidade é um dos componentes mais importantes em vários esportes, entre eles o futebol (WILSON et al, 1993). As diferenças de velocidade existentes entre os atletas são de tal forma importantes, que podem significar uma vitória ou um fracasso para o atleta ou para o grupo que o mesmo representa (WILSON et al, 1993).

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No futebol verifica-se que a velocidade máxima é utilizada durante um curto período de tempo e uma curta distância, porém várias vezes durante uma partida. Segundo vários autores essa distância percorrida na máxima velocidade varia entre o 5 e os 40 metros (REBELO & OLIVEIRA, 2006, LITTLE & WILLIAMS, 2005).

Stevens em 2010 verificou que existem vários testes para mensurar o tempo e a velocidade durante a marcha e a corrida da população de amputado unilateral de membro inferior, porém não existe consenso sobre o teste mais adequado para ser utilizado nesta população para mensurar estas variáveis (STEVENS, 2010, DEATHE & MILLER, 2005).

O intuito deste estudo foi analisar a diferença da velocidade de corrida em 30 metros com prótese versus muletas canadenses, sendo que a prótese é utilizada na vida diária destes indivíduos e as muletas são para uso durante a partida de futebol. A possibilidade de investigar esta variável nesta população pode auxiliar em pesquisas futuras com esta população.

O objetivo do nosso trabalho é analisar a velocidade de corrida de amputados transfemorais em 30 metros, comparando a utilização de prótese versus muletas canadense.

MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo observacional descritivo corte transversal. Os dados foram analisados através do teste Wilcoxon não paramétrico (software SPSS versão 10.07). O nível de significância estabelecido foi de α igual a 5%. Número do protocolo de aprovação do CEP: 0015.0.421.000-10.

A amostra foi composta por 5 voluntários do sexo masculino, com idade entre 18 e 45 anos, amputados unilaterais de membro inferior (transfemoral), integrantes da Associação Mineira de Desporto ao Amputado. Essa amostragem é de conveniência, ou seja, não é representativa da população. Sendo uma pesquisa com um N amostral pequeno, os resultados só se aplicaram a esta amostragem. Todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

Para os indivíduos participarem da pesquisa deveriam ser associados da Associação Mineira de Desporto ao Amputado, ter idade entre 18 e 45 anos, ter amputação transfemoral unilateral e pertencer ao time de futebol da associação.

Foi excluído da pesquisa indivíduos com idade inferior a 18 anos e superior a 45 anos, não ter amputação transfemoral unilateral, ter má formações de membros, não ser associado da Associação Mineira de Desporto ao Amputado, não pertencer ao time da associação, os que não se compreendesse como seria realizado o teste e ter alguma comorbidades que o impeça de realizar o teste.

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O teste foi realizado em um campo soçaite com a dimensão de 55 metros de comprimento, 35 metros de largura e 1 metro de zona livre ladeando todo o campo. A coleta foi realizada em um sábado a tarde com duração de 2 (duas) horas. Os indivíduos estavam de trajes esportivos e utilizando a prótese de uso diário e as muletas de uso esportivo. O campo foi marcado com uma distância de 30 m (trinta metros) que foi percorrida 3 (três) vezes com a prótese e 3 (três) vezes com a muleta, sem intervalo entre cada tentativa, totalizando 6 (seis) vezes. Foi calculada uma média das marcas alcançadas conforme a metodologia do teste. Este teste é utilizado para verificar somente a velocidade. Essa velocidade é mensurada a partir do marco 0 (zero) metros e finalizada no marco 30 (trinta) metros (WILSON et al, 1993, YOUNG et al, 2001). A metragem do teste foi delimitada por cones de plástico com altura aproximada de 1 metro de altura e 50 centímetros de circunferência. Esses cones ficaram dispostos da seguinte forma: 1 no início ou aos 0 metros, e outro no final ou aos 30 metros.

O tempo dispendido pelos indivíduos para completar os 30 metros foi verificado com a utilização de um cronómetro.

RESULTADOS

Participaram deste estudo 5 indivíduos com idade média de 32  8,46 anos (mínimo de 18 e máximo de 43), estatura média de 1,71  0,06 metros (mínimo de 1,64 e máximo de 1,80), média de massa corporal de 80,2  9,28 quilogramas (mínimo de 68 e máximo de 95) e média de índice de massa corpórea de 27,18  1,19 (mínimo de 25,6 e máximo de 29,3) (TABELA 1).

Em sua maioria o tipo de prótese utilizada foi a B512 Prótese Transfemural, sendo 4 indivíduos e apenas 1 utilizava a articulação joelho 3 R 80 (hidráulico monocêntrico). Tabela 1

Características demográficas e antropométricas da amostra (n = 5)

Variável Média  Desvio padrão Mínimo Máximo

Idade (anos) 32  8.46 18 43

Estatura (cm) 1.71  0.06 1.64 1.80

Massa corporal (kg) 80.2  9.28 68 95

IMC (kg/m2) 27.18  1.19 25.6 29.3

Em média o tempo gasto para percorrer os 30 metros com as muletas foi menor do que com a prótese (12,34  1,39 e 17,14  0,73; p = 0,043) (TABELA 2 e 3).

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Tabela 2

Teste de corrida com muleta

Variável Média t (s)  Desvio padrão Média da velocidade (m/s)

R 10.63  0.32 2.82

T 12.5  0.74 2.4

E 11.23  0.61 2.7

W 13.9  0.74 2.15

B 13.43  1.20 2.23

A análise estatística dos valores referentes a velocidade demonstrou diferença entre o uso dos dispositivos auxiliares, muletas e prótese (2,46  0,26 e 1,75  0,06; p = 0,04) (TABELA 2 e 3).

Tabela 3

Teste de corrida com prótese

Variável Média t (s)  Desvio padrão Média da velocidade (m/s)

R 16.53  0.32 1.81 T 18.33  0.41 1.63 E 16.93  0.44 1.77 W 16.6  0.37 1.81 B 17.3  0.29 1.73 t = tempo DISCUSSÃO

Existem inúmeros esportes praticados por indivíduos portadores de deficiência, e a maioria deles e classificado como esportes individuais ou coletivos. Entre os diversos esportes coletivos, o futebol de amputados aparece como um componente de muitos programas de educação física adaptada e formação desportiva. (YAZICIOGLU et al, 2007).

Futebol de amputados é uma variação do futebol, que jogam somente indivíduos com amputação unilateral de membro inferior e superior sendo o último como goleiro. Os jogos são disputados entre as equipes com sete jogadores para cada lado usando muletas bilaterais e não é permitido o uso de prótese. (YAZICIOGLU et al, 2007).

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Para tal competição é exigido que o atleta tenha velocidade, condicionamento, força muscular e coordenação para alcançar a bola e realizar jogadas com intuito de gol (YAZICIOGLU et al, 2007).

Najarian et al em 2009 observaram que durante a marcha ocorre a ativação de alguns grupos musculares, sendo que os mesmos variam de indivíduos sem nenhum acometimento para indivíduos amputados unilaterais de membros inferiores. Em amputados, o principal grupo muscular ativado é o grupo dos flexores de quadril durante a marcha (NAJARIAN et al, 2009).

Indivíduos com amputação em membro inferior apresentam um gesto desportivo diferente dos indivíduos que apresenta os dois membros inferiores íntegros. Assim, a velocidade que ele terá que alcançar para chegar até a bola, também será diferente. Além disso, teremos de ter em consideração que o indivíduo, em situações em que necessita de executar sprints rápidos durante o jogo, realiza uma fase da marcha chamada de suspensão, que consiste na retirada de todos os apoios do solo e ficar suspenso no ar por algum tempo. Esta fase de suspensão, durante a corrida dos amputados com as muletas, demonstra ser maior do que a fase de apoio (STOFFELS et

al, 2007).

Com a utilização da prótese, durante a execução o teste, constatou-se que os mesmos possuíam uma fase de apoio completa, uma vez que a mesma foi criada com o objetivo de se desenvolver uma marcha normal. Porém, na fase de balanço da mesma, verifica-se que a fase de pré-balanço é menor, em virtude de uma restrição do movimento de dorsiflexão característico da prótese. Esta restrição de dorsiflexão leva a que o movimento e a força de flexão plantar sejam menores, diminuindo desta forma a fase de pré-balanço (MARTEL et al, 1989; HARRIS et al, 1992; MERLETTE, 1997).

Na utilização das muletas sem prótese, verifica-se que estes indivíduos além da ativação da musculatura do membro inferior íntegro, possuem a ativação dos extensores dos cotovelos e da cadeia posterior do tronco, o que potencializa a fase balanceio – chamada de suspensão – no momento da impulsão.

Os resultados encontrados pelo nosso estudo mostram que dispositivos auxiliares da marcha mais rígidos – as muletas – atingem maiores velocidades, do que próteses mais maleáveis para utilização diária dos indivíduos. Estes resultados vêm de encontro ao que outros autores já tinham verificado.

A menor ou maior rigidez da prótese faz com que esta seja, respectivamente, mais ou menos dinâmica, influenciando desta forma a característica da marcha dos amputados. Uma prótese mais rígida faz com que a marcha do paciente seja mais rápida e a fase de apoio seja menor. Assim como, uma prótese menos rígida, faz com que a fase de apoio seja maior e a marcha mais lenta (SOARES et al, 2009, GARD, 2006). Esse tipo prótese pode influenciar na velocidade da marcha ou corrida.

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Grabowski et al. em 2010 verificaram em seu estudo que próteses mais rígidas geram um gasto energético maior do que próteses mais maleáveis que se assemelham ao membro biológico, porém este tipo de prótese não melhora a simetria da marcha (GRABOWSKI et al, 2010, MACFARLANE et al., 1997), assim influenciando na velocidade alcançada durante a marcha e a corrida.

Alguns autores afirmam que o nível da amputação pode influenciar o quanto de gasto energético será consumido principalmente se estiver relacionado com a idade. Então, quanto menor o nível de amputação menor é o gasto energético (WATERS et al, 1976, GARD, 2006, GASPAR et al, 2003, HINTON e CULLER, 1982, KAUFMAN et al, 2008).

A utilização de próteses sem muletas ou com muletas também influencia no consumo de energia (WATERS et al, 1976, GRABOWSKI et al, 2010, GASPAR et al, 2003, HINTON & CULLER, 1982, ANNESLEY et al, 1990). A velocidade também é influenciada pelo nível de amputação, quanto mais alto o nível de amputação menor será sua velocidade (WATERS et al, 1976, GASPAR et al, 2003, HINTON & CULLER, 1982, ANNESLEY et al, 1990).

Segura appud Sankarankutty et al, compararam o gasto de energia de indivíduos utilizando vários tipos de muletas, e verificaram que o consumo energético foi menor em indivíduos que utilizaram muletas canadenses (SEGURA, 2004). Não foi possível através do nosso estudo confirmar ou refutar estas constatações, uma vez que não fazia parte dos nossos objetivos.

Com os avanços tecnológicos as próteses foram projetadas para diminuir as assimetrias biomecânicas associadas a amputação e maximizar a eficiência da marcha (ORENDURFF, 2006). As próteses utilizadas pelos atletas não são as indicadas para realização de corridas, são indicadas para uso diário, que proporcionam uma marcha mais segura, eficiente e simétrica, “assemelhando” a marcha fisiológica (CARVALHO, 2003).

Como estas próteses não são confeccionadas para corrida, o aumento da velocidade pode gerar um desconforto e então aumentando o tempo gasto para percorrer a distância determinada, fazendo com que a velocidade diminua (ORENDURFF, 2006 appud SCHMALZ et al, BOONSTRA et al, 1996).

No caso das próteses desenvolvidas para corrida, as mesmas não possuem um calcanhar, sendo que o segmento que compõe o pé é rígido e em forma de mola. Logo, não realizam a fase de contato inicial e têm uma fase de pré-balanço aumentada, com aumento dos movimentos de flexão plantar (MERLETTE, 1997).

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Já a prótese utilizada pelos indivíduos tem como principal objetivo a funcionalidade na realização das atividades da vida diária, logo, a mesma não se mostrou eficiente no desempenho da corrida.

Para a prática desportiva, partida de futebol, os atletas utilizam muletas canadenses adaptadas. As muletas proporcionam uma grande impulsão durante a corrida fazendo com que o atleta realize uma fase de suspensão após a fase de impulsão realizada pelo membro não acometido e as duas muletas. A fase de suspensão proporciona a redução da distância percorrida pelo atleta, corroborando com os nossos resultados.

Este estudo é relevante pois trata de um assunto restrito por conter pouca evidência no assunto. O “n” amostral é relativamente pequeno, porém os autores demonstram interesse em dar continuidade ao trabalho aumentando o número do “n” amostral e pesquisar outras variáveis pertinentes a esta população.

CONCLUSÃO

Pode-se concluir, portanto, que estes indivíduos gastaram mais tempo, com a prótese, para percorrer os 30 metros do que com as muletas, e que a velocidade foi maior com as muletas quando comparada com a prótese para esta população.

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