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1 PANORAMA EPIDEMIOLÓGICO DA SÍFILIS ADQUIRIDA EM MULHERES

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Academic year: 2021

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PANORAMA EPIDEMIOLÓGICO DA SÍFILIS ADQUIRIDA EM MULHERES A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pelo Treponema pallidum, com manifestações, diagnóstico e tratamento conhecidos mundialmente, sua evolução clínica se dá de forma arrastada, e a apresentação é semelhante, por exemplo, em gestantes e não gestantes. O homem é o único hospedeiro e a transmissão dada por via sexual e vertical, a sífilis continua se apresentando como um desafio para a saúde pública.1,2

As medidas preventivas como o uso de preservativos e tratamento eficaz e barato, são conhecidos pelo meio científico, como a única forma de controle. O não tratamento pode levar ao indivíduo às complicações em sua forma mais grave - forma terciária - com desfecho para morbidade e óbito.1,2

O seu controle perpassa pelas características de cada país, do comportamento sexual de seus habitantes e os protocolos que visam em seus programas de saúde o controle das IST. Atinge todas as faixas etárias, sexo, gênero, raças, situação econômica e social, sem nenhum tipo de distinção.

Trata-se de uma pandemia, permanecendo endêmica em países de baixa e média renda, e com considerável aumento em populações específicas (Homens que fazem Sexo com Homens, mulheres trans e profissionais do sexo) em países de alta renda.3 Embora atinja homens e mulheres, o foco da vigilância mundial da sífilis é a sua forma congênita, sendo realizado o rastreamento oportunístico na gestante, e uma vez diagnosticada, o tratamento é realizado, sendo inclusive indicado o tratamento de suas parcerias, a fim de que se preserve o feto das complicações, morbidade e mortalidade neonatal. Além dos casos de sífilis congênita, é preciso destacar os casos de sífilis adquirida4, que é entendida como aquele caso cujo o indivíduo apresenta 13 anos de idade ou mais, estando assintomático, com teste treponêmico reagente com qualquer titulação e sem registro de tratamento prévio ou estando sintomático, com pelo menos um teste reagente – treponêmico ou não, com qualquer titulação.

Em outras etapas do ciclo de vida da mulher fora do período gravídico, como no climatério e na velhice, este rastreamento oportunístico da sífilis adquirida não está protocolado nos manuais vigentes1,2 como rotina nas consultas de ginecologia e de geriatria no Brasil.

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Por esta razão, o objetivo deste paper é trazer uma reflexão sobre a mulher no contexto epidemiológico da sífilis adquirida, no Brasil e no mundo com base nos dados nacionais e internacionais em órgãos de controle e prevenção de doenças.

Os Bancos de Dados utilizados foram World Health Organization – WHO5, Centre for Disease Prevention and Control- CDC Atlanta6, European Centre for Disease Prevention and Control – CEDC Estocolmo7, e Ministério da Saúde – MS Brasil.8 O levantamento foi realizado durante o mês de setembro de 2018. Não existe uma uniformidade no que diz respeito à apresentação dos dados estatísticos, e que nem todos os países apresentaram dados referentes ao assunto em suas Bases de Dados.

O CDC de Atlanta6 é o norteador de ações sobre sífilis no mundo e foi o que apresentou dados de melhor qualidade e seu último boletim que foi lançado em 2016. Seus dados pormenorizados, relacionados aos Estados Unidos da América trazem números bastante específicos. Relevante destacar que há um predomínio expressivo de casos em homens. Os casos de sífilis primária e secundária em mulheres podem ser considerados baixos se comparados com o dos homens. Dados em especial chamaram atenção: durante o período de 2012-2016 em relação à taxa de sífilis primária e secundária entre mulheres que mais que duplicaram, com um aumento de 111, 1%. Em um ano (2015-2016) a taxa de sífilis primária e secundária aumentou 35,7%. Este aumento foi significativo de acordo com a etapa de vida reprodutiva destas mulheres, porém, apenas mulheres com idade igual ou superior aos 65 anos vem mantendo seus índices zerados.

As adolescentes sexualmente ativas e mulheres jovens são as que mais se expõem aos riscos de contaminação por uma combinação de motivos, tais como, aspectos comportamentais, biológicos e culturais. Nos Estados Unidos, na faixa etária de 15-19 anos, no período de 2009-2013 registrou-se um decréscimo de 3,3 para 1,9 casos/100mil habitantes e a partir de 2013 houve um aumento progressivo e anual. No período de 2015-2016, estes valores passaram de 2,7 para 3,3 (22,2%) em 100mil hab. Na faixa etária de 20-24 anos, foram registrados 6,7 casos por 100mil hab. O aumento progressivo iniciou-se a partir de 2011, com um aumento de 28,8% no período de 2015-2016.

Para as demais faixas etárias do ciclo de vida das mulheres, também houve crescimento progressivo. No período de 2012-2016, mulheres na faixa etária de 30-39 anos

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passaram de 2,9 para 4,9 casos em 100mil hab. No período do climatério, que engloba mulheres de 40 a 65 anos incompletos, tem-se no mesmo período (2012-2016) um salto de 1,4 casos para 3,5 casos /100mil hab. de tempo.

Os dados epidemiológicos apresentados pelo CDC não envolvem discussões sobre os fatores diretos que podem estar envolvidos neste aumento. Porém há que se considerar que existem barreiras sociais e individuais que envolvem as parcerias de relacionamento sexual/ relacionamento conjugal que influenciam fortemente a saúde sexual das mulheres.

O boletim epidemiológico emitido em 2016 pelo Centro de Prevenção e Controle de Doenças da Europa7 (CEDC), apresenta-se pouco detalhado. Registrou-se um decréscimo significativo do número de casos a partir dos 35 anos em mulheres, porém as informações limitam-se ao intervalo de 45 anos ou mais, não sendo possível uma avaliação concreta. Destaca-se que há uma tendência de ligeiro aumento em mulheres heterossexuais, relacionando-os ao uso de Profilaxia Pré-Exposição de risco à infecção pelo HIV (PrPEP) em detrimento do uso de preservativos, bem como a utilização de aplicativos de redes sociais como facilitadores de encontros sexuais.

Organização Mundial de Saúde5 (WHO) centraliza informações sobre os principais territórios, separadamente, assim demarcados por: África, Américas, Sudoeste Asiático, Europa, Mediterrâneo Oriental e Pacífico Ocidental. Seus dados mais atualizados datam de 2015. Apesar de todos os territórios apresentarem casos de sífilis em mulheres, em linhas gerais, nem todos apresentaram registro epidemiológico para sífilis; e os que apresentavam, não especificavam dados sobre mulheres fora do período gestacional.

No Brasil8, a sífilis adquirida é pauta desde 2010, quando se tornou item de notificação compulsória, sendo responsabilidade do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, do Ministério da Saúde.

O aumento do número de casos notificados pode ser atribuído, em parte, pela ampliação do uso de testes rápidos, redução do uso de preservativo, resistência dos profissionais de saúde à administração da penicilina na Atenção Básica, desabastecimento mundial de penicilina, além do aprimoramento do sistema de vigilância.8 No caso das mulheres, o percentual de mulheres vem se mantendo em torno de 39% no período de

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2012-2016, com aumento progressivo no número de casos a partir de 2014. Não foram disponibilizados dados referentes por sexo e idade.

Os dados apresentados pelos principais centros de controle de saúde internacionais e nacional apresentaram índices que traduzem muito suas políticas, seus sistemas de saúde, assim como suas culturas.

As mulheres, tendo ou não como objetivo a procriação, por conta de uma idade uma pouco mais avançada ou por seu estilo de vida, continuam mantendo atividade sexual, e ficando expostas às IST e, portanto, deveriam ser monitoradas quanto à sífilis adquirida em todas as etapas do ciclo da vida.

Notadamente, apesar dos índices serem menores em relação aos homens, as mulheres fora da gestação não são uma prioridade, parecem ser ignoradas, e por isto, entendemos o motivo pelo qual não há empenho em oferecer o rastreamento oportunístico. Para que haja de fato um controle maior da sífilis adquirida, é de suma importância que todos os países estejam engajados e que haja uma padronização em relação ao seu rastreamento e às suas notificações. As mulheres têm sido pouco acompanhadas em relação à faixa etária, principalmente no que se refere às mulheres fora do ciclo reprodutivo. Os efeitos do não tratamento precoce são desastrosos. Este pouco interesse provavelmente será refletido nos casos de sífilis terciária, em idosas, muitas vezes necessitando de internação para tratamento de neurossífilis9 ou outros acometimentos ainda mais graves de caráter irreversível, que inclusive podem levar ao óbito.

Referências:

1.Ministério da Saúde (BR). Sífilis: Estratégias para Diagnóstico no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde; 2010.

2. Ministério da Saúde (BR). Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde; 2015.

3.Kojima N, Klausner JD. An Update on the Global Epidemiology of Syphilis. Curr Epidemial Rep. 2018; 5(1): 24-38.

4. Ministério da Saúde (BR). Nota Informativa n°2- SEI/2017-DIAH/SVS/MS – Altera os critérios de definição de casos para notificação de Sífilis Adquirida, Sífilis em gestantes e sífilis congênita. Brasília: Ministério da Saúde; 2017.

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5. World Health Organization. Global Health Observatory data repository [internet]; 2016. 6.Centre for disease control and prevention - CDC. Sexuallly Transmitted Diseases Surveillance 2016 – Syphilis. Atlanta, 2016

7. European Centre for disease prevention. Annual Epidemiological Report for 2016. Estocolmo, 2016.

8.Ministério da Saúde (BR). Boletim Epidemiológico de Sífilis-2017. Brasília: Ministério da Saúde; 2017.

9. Caixeta l, Soares VLD, Reis GD, Costa JNL, Vilela ACMV. Neurossífilis: uma breve revisão. Journal of tropical Pathology. 2014; 43 (2): 121-129.

Autores Regina Claudia Veras Professora da Fundação de Apoio à Escola Técnica – FAETEC e da Universidade Estácio

de Sá. Doutoranda do PPGENFBIO-UNIRIO e-mail: regininhaveras@hotmail.com.br Renata Martins da Silva Pereira Professora do Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA. Doutoranda do

PPGENFBIO-UNIRIO e-mail: renataenfprofessora@gmail.com.br Leila Rangel da Silva. Professora Associada do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil da Escola de

Enfermagem Alfredo Pinto da Universidade Federal do Rio de Janeiro. e-mail: leila.cuidadocultural@gmail.com.br

Como citar este post (Vancouver adaptado): VERAS RV, PEREIRA RMS, SILVA LR. Panorama Epidemiológico da Sífilis Adquirida em mulheres. [internet]. Rio de Janeiro (br); 2018 [Acesso em: dia mês (abreviado) ano]. Disponível em: h t t p : / / w w w . j o u r n a l d e d a d o

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