Disciplina - Geografia
3
aSérie – Ensino Médio
O processo de modernização subordinou a
agropecuária às necessidades do capital urbano-industrial. Os velhos complexos rurais que
caracterizavam o modelo agroexportador foram substituídos pelos complexos agroindustriais, fortemente integrados com o setor industrial e financeiro.
Da relação ou integração entre os setores
agropecuários e industrial surgiram os seguintes tipos de indústrias: indústria da agricultura ou
agroindústrias e indústrias para a agricultura.
Complexo agroindustrial é a articulação ou junção
da agropecuária com as chamadas indústrias para a agricultura e com as agroindústrias.
O setor agropecuário representa 10% do PIB
brasileiro. Entretanto, o conjunto das cadeias
produtivas dinamizadas pelos complexos industriais, que começam nas fábricas de insumos e terminam nas grandes redes de distribuição e nos portos
exportadores, movimentam cerca de 33% do PIB brasileiro e oferecem 37% do total de empregos.
Os produtores rurais que participam dessas cadeias
produtivas podem ser enquadrados em duas grandes categorias:
grandes empresários rurais – grandes
proprietários da terra e dos meios de produção. agricultores familiares – pequenos e médios
proprietários que contam fundamentalmente com a mão de obra de suas famílias.
Nove estados são responsáveis por cerca de 85% do
valor da produção das lavouras agrícolas.
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
ESTADOS PARTICIPAÇÃO NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA
São Paulo 19,9%
Paraná 13,1%
Rio Grande do Sul 12,5%
Minas Gerais 10,2%
Mato Grosso 8,6%
Bahia 8,1%
Goiás 6,6%
Santa Catarina 3,7%
Mato Grosso do Sul 3,0%
As práticas tradicionais predominam, porém
existem áreas de intensa modernização.
Oeste baiano
: soja, avicultura e suinocultura.
Vale do Rio São Francisco
: polos de
fruticultura irrigada, comandados por
Petrolina (PE) e Juazeiro (BA)
.
Cerrados do sul Maranhão e do Piauí
: a soja
começa tomar lugar da pecuária extensiva e
tradicional.
Zona da Mata
: Cana-de-açúcar.
São Paulo
Pecuária leiteira: Vale do Paraíba.
Pecuária de corte: Araçatuba, Andradina, Barretos e Fernandópolis
Cana-de-açúcar: Ribeirão Preto, Jaú e Piracicaba. Laranja: Araraquara, Matão, Bebedouro,
Taquaritinga e São José do Rio Preto.
Minas Gerais – exibe agropecuária diversificada e
inúmeras especializações regionais. No conjunto do estado, a agricultura empresarial convive com a
produção familiar tradicional.
Café: domina o sul de minas e avança sobre as áreas do cerrado.
Pecuária de corte: Triângulo Mineiro. Pecuária leiteira: sul de Minas.
A integração do pequeno agricultor aos
complexos agroindustriais realiza-se
especialmente na esfera da produção de
carne suína e de frango. A Região Sul tem o
maior rebanho suíno do país. Também cria a
maior quantidade de frangos e galinhas.
Paraná:
café, algodão, soja, milho e trigo.
Santa Catarina:
soja, milho, trigo e fumo.
Rio Grande do Sul:
soja, milho, uva, trigo,
No Centro-Oeste encontram-se os
maiores rebanhos bovinos do país. O
Mato Grosso do Sul lidera, com mais de
23 milhões de cabeças, seguido de perto
pelo Mato Grosso, com mais de 22
milhões. Mas, especialmente no Mato
Grosso, a soja avança sobre terras
tradicionalmente ocupadas pela
pecuária.
A região é considerada uma fronteira agrícola
do Brasil; nela são produzidos desde
produtos
tradicionais, como mandioca, milho e arroz, até
de exportação, como a soja, que tem sido uma
cultura bastante difundida na região e ao
mesmo tempo provoca desmatamento da
floresta Amazônica.
A atividade pecuária também tem crescido na
região Norte, modificando a paisagem de
forma significativa, pois a vegetação da floresta
Amazônica é substituída pela pastagem. As
principais
criações
são de bovinos e bubalinos
(é a região que possui o maior rebanho
A modernização agrícola acarretou e está
acarretando vários danos ao meio ambiente:
O envenenamento do solo, das águas, das
plantas e dos animais.
A erosão e a compactação do solo, provocadas
pela pecuária e pela modernização (importação de técnicas de países temperados).
Falta uma política de um modelo de
desenvolvimento sustentável.
Outro tipo de agressão é a substituição de
culturas nativas pelo reflorestamento (pinus e eucalipto).
Os defensores dos organismos geneticamente
modificados (OGMs) argumentam que o Brasil seria capaz de alavancar a produtividade e tornar mais competitiva a agricultura do país nos mercados mundiais. O outro argumento é ecológico: os
transgênicos necessitariam de aplicação menos intensa de agrotóxicos.
Os que são contra assinalam que não há conclusões
definitivas sobre as repercussões ambientais do cultivo de transgênicos ou sobre seu consumo para a saúde das pessoas. A maior parte do movimento ambientalista
sustenta que os OGMs vão acelerar ainda mais o
processo de “erosão genética” (é o processo de redução da diversidade de plantas cultivadas), e que o Brasil se transformará em refém de companhias transnacionais.
O IBGE considera, para fins de comparação, três
grandes categorias de uso da terra:
lavouras, que podem ser permanentes ou
temporárias;
pastagens, naturais ou plantadas;
matas e florestas naturais, aquelas destinadas à
preservação ou usadas para lavoura e pastoreio.
Entre 1996 e 2006, a área de lavoura do país
aumentou 83,5%, enquanto a área de pastagem diminuiu 3%. O Censo agropecuário 2006 apontou que, nesse período, houve a substituição de áreas de pastagens por lavouras, principalmente em razão da progressiva inserção do Brasil no mercado mundial de produção de grãos, com destaque para a soja.
Quanto ao aumento da área de lavoura, os
resultados mais expressivos vieram da
Região Norte, que apresentou um
crescimento de 275%. Em contrapartida, os
menores incrementos ocorreram nas
regiões de ocupação mais consolidada:
Sudeste, com 50%, e Sul, com 48,8%.
A diminuição das áreas de pastagens entre
1996 e 2006 revela o uso mais intensivo da
terra, pois, paralelamente a essa redução,
constatou-se o crescimento dos principais
rebanhos no mesmo período: 11% do
A intensificação da pecuária ocorreu onde já
havia desenvolvimento da atividade, como em
áreas dos estados de Minas Gerais, São Paulo,
Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás
e Mato Grosso do Sul.
O censo também verificou a interiorização da
pecuária bovina, com a ocupação de novas
áreas no leste do Pará, em Rondônia e no
noroeste do Maranhão. Outra área de aumento
da ocupação por bovinos é a faixa ao longo do
Rio Amazonas e de alguns afluentes
importantes, desde o norte do Pará, seguindo
em direção ao norte do Acre.
Mesmo o Brasil tendo à disposição uma das
mais extensas áreas agricultáveis de todo o
mundo, existem no país milhões de famintos
e, portanto, possíveis demandantes de terra.
A concentração fundiária tem sua origem no
sistema das sesmarias, do século XVI. Na
época colonial, surgiram os dois
personagens básicos da economia rural do
país: de um lado, o latifundiário (sesmeiro) e
do outro, o posseiro.
No século XIX, a introdução do trabalho livre na
economia cafeeira assinalou um momento
decisivo no ordenamento econômico e jurídico da agropecuária brasileira. A extinção do
sistema de sesmarias, em 1822, gerou uma expansão descontrolada do apossamento de terras. Em 1850, a Lei de Terras veio frear esse processo, determinando que a única via para o acesso à terra seria a compra. A Lei de Terras
representou o seguro dos latifundiários diante da extinção do tráfico negreiro.
Criação das Ligas Camponesas (1955).
Confrontos entre posseiros e grileiros em
vários pontos do Brasil.
Um setor da Igreja Católica, denominado
“progressista”, ligado à
Teologia da
Libertação
, posicionou-se ao lado dos
trabalhadores rurais e urbanos,
aumentando a politização e as lutas, no
campo e na cidade, por uma sociedade
justa.
O governo, após o golpe de 1964, tinha
como objetivo resolver as tensões sociais no
campo.
É um conjunto de leis criado em
30/11/1964.
Para atingir os seus objetivos foi criada uma
unidade de medida de imóveis rurais.,
tendo por base um
“módulo rural”
fixado
para cada região.
MÓDULO RURAL
– a propriedade deve
proporcionar condições dignas de vida a
uma família de quatro pessoas adultas.
Minifúndio – imóvel rural com área explorável
inferior ao módulo fixado para a respectiva região.
Empresa rural – imóvel rural com área de até 600
vezes o módulo rural da respectiva região, explorada economicamente e racionalmente.
Latifúndio por exploração – todo imóvel rural cuja
dimensão não exceda aquela admitida como máxima para empresa rural (600 vezes o módulo rural). Trata-se dos imóveis rurais improdutivos, voltados à
especulação imobiliária, chamado de latifúndio improdutivo.
Latifúndio por dimensão – todo imóvel rural com
área superior a 600 vezes o módulo rural fixado para a respectiva região.
A questão agrária assumiu novos contornos políticos
com o encerramento do regime militar. Em 1984, era fundado o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e em 1985 foi fundada a União
Democrática Ruralista (UDR).
Em 1985, o governo Sarney, sob forte pressão social
e política, lançou o Plano Nacional de Reforma Agrária, que incluía, como beneficiários, os
posseiros, parceiros, arrendatários, assalariados
rurais e minifundiários. A meta consistia em assentar 1,5 milhão de famílias em 130 milhões de hectares de terras improdutivas ou subutilizadas.
Em prosseguimento às discussões em torno da
reforma agrária, em 25/02/1993, foi sancionada a lei no 8629 pelo presidente Itamar Franco.
A terra tem de cumprir a função social; caso isso não
ocorra, fica passível de desapropriação.
Estabeleceu novos conceitos relativos às dimensões
e classificações dos imóveis rurais. Tendo por base o conceito de módulo rural, utilizou o conceito
derivado deste, de módulo fiscal (corresponde ao módulo rural médio do município).
A variação do módulo fiscal no território brasileiro é
de 5 a 110 hectares. Próximo às capitais dos estados é de 5 hectares, enquanto no Pantanal
Classificação dos imóveis rurais segundo a
dimensão.
Minifúndio
– todo imóvel rural cuja
dimensão é inferior ao módulo fiscal fixado
para o município.
Pequena propriedade
- o imóvel rural cuja
dimensão esteja compreendida entre um e
quatro módulos fiscais.
Média propriedade
– o imóvel rural cuja
dimensão esteja compreendida entre mais
de quatro e quinze módulos fiscais.
Grande propriedade
– o imóvel rural cuja
dimensão é superior a quinze módulos
fiscais.
Existem dois modos fundamentais de exploração
agrícola:
A exploração direta: proprietário
A exploração indireta: parceria, arrendamento e
ocupação.
A principal modificação foi o crescente emprego do
trabalho assalariado em lugar dos sistemas tradicionais: colonos, parceiros e outros.
Crescente substituição do regime de trabalho
permanente (fixo) pelo regime do trabalho
temporário (boias frias) favoreceu o aparecimento de um novo tipo de relação de trabalho, a