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Introdução aos Métodos de Prova

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Academic year: 2021

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(1)

Introdu¸c˜

ao aos M´

etodos de Prova

Renata de Freitas e Petrucio Viana IME-UFF, Niter´oi/RJ

II Col´oquio de Matem´atica da Regi˜ao Sul UEL, Londrina/PR

(2)
(3)

Necessidade das provas

Prova-se principalmente para

- aprender - verificar - se convencer - atestar, comprovar - fundamentar - divulgar

(4)

Necessidade das provas

Prova-se principalmente para

- aprender - verificar - se convencer            eu - atestar, comprovar - fundamentar - divulgar            os outros

(5)

Uma prova ´

e um jogo

Tabuleiro Pe¸cas Jogadores I eu I advers´ario

(6)

Regras do jogo

I Ganho eu se conseguir convencer o advers´ario. I Ganha o advers´ario se apresentar raz˜oes

para n˜ao estar convencido.

A provadeve ser correta e convincente para o outro, n˜ao para o autor da prova.

(7)

Exemplo 1

Proposi¸c˜ao 1 centavo = 1 real. Prova: 1 centavo = 0, 01 real = (0, 1)2 real = (10 centavos)2 = 100 centavos = 1 real.

(8)

Exemplo 2

Proposi¸c˜ao

Para todos x , y ∈ R, se x 6= 3 e x2y = 9y , ent˜ao y = 0.

Prova:

Suponha que x2y = 9y . Da´ı, temos que x2y − 9y = 0. Ou seja, (x2− 9)y = 0.

Como x 6= 3, temos que x2 6= 9. Logo, y = 0.

(9)

Exemplo 3

Proposi¸c˜ao

Para todos a, b ∈ R, temos que √ ab ≤ a + b 2 . Prova: √ ab ≤ a + b 2 ⇐⇒ 2 √ ab ≤ a + b ⇐⇒ 2√ab ≤ a + b ⇐⇒ 4ab ≤ (a + b)2 ⇐⇒ 4ab ≤ a2+ 2ab + b2 ⇐⇒ 0 ≤ a2− 2ab + b2 ⇐⇒ 0 ≤ (a − b)2.

(10)

Come¸cando pelas perguntas

I O que ´e uma prova?

I Por que se prova?

I E f´´ acil reconhecer uma prova?

I E f´´ acil fazer uma prova?

I H´a algo que n˜ao se prova? I Como fazer uma prova?

(11)

Provas justificam verdades

Provas s˜ao um meio de justificar a veracidade ou a falsidade de enunciados.

Quaisquer dois triˆangulos que tenham dois lados

correspondentes iguais e os ˆangulos compreendidos por estes lados tamb´em iguais, tˆem bases iguais.

Todos os enunciados, verdadeiros, sobre pontos e linhas no plano podem ser demonstrados a partir dos axiomas de incidˆencia, ordem, congruˆencia, das paralelas e de Arquimedes, propostos por David Hilbert (1899).

(12)

Dada a equivalˆencia:

ϕ ´e falsa ⇐⇒ a nega¸c˜ao de ϕ ´e verdadeira,

sempre que falamos em prova,

(13)

etodos para justificar a verdade

Existem muitos meios para se justificar a verdade. I Tribunal do juri: um grupo de pessoas decide que o

enunciado est´a correto.

I Argumento da autoridade: uma pessoa, que tem autoridade, garante que o enunciado est´a correto.

I Amostragem: uma an´alise de uma pequena parcela de evidˆencias mostra que o enunciado est´a correto.

I Ilumina¸c˜ao divina: um sinal divino indica que o enunciado est´a correto.

(14)

etodos para justificar a verdade

I Palavra do chefe: uma pessoa, da qual n˜ao podemos duvidar, estipula que o enunciado est´a correto.

I Convic¸c˜ao: n˜ao h´a nenhuma d´uvida de que o enunciado est´a correto.

I Uso do computador: usamos um programa que mostra que o enunciado est´a correto.

I Transferˆencia de responsabilidade: deixamos a tarefa de justificar que o enunciado est´a correto.

(15)

Princ´ıpio da Raz˜

ao Suficiente

Em nosso dia-a-dia, todos estes “m´etodos” s˜ao aceitos. Em ciˆencia, somos um pouco mais exigentes.

Princ´ıpio da Raz˜ao Suficiente:

Em ciˆencia, todo enunciado deve ser justificado de maneira adequada.

Fato cient´ıfico =

enunciado + justificativa adequada

(16)

Justificativas nas ciˆ

encias emp´ıricas

Ciˆencias = Emp´ıricas ∪ Formais

F´ısica Matem´atica

Justificativas nas ciˆencias emp´ıricas s˜ao

argumenta¸c˜oes apoiadas em observa¸c˜oes e experiˆencias.

Caso observa¸c˜oes e experiˆencias n˜ao sejam vi´aveis, as justificativas devem conter indica¸c˜oes acerca da possibilidade de comprova¸c˜ao mediante observa¸c˜oes e experiˆencias.

(17)

A terra n˜

ao ´

e plana

(18)

A terra n˜

ao ´

e plana

Justificativa (Erat´ostenes de Cirene, II a.C.):

Na cidade de Siene existe um po¸co cujas ´aguas, a cada 21 de junho, ao meio-dia, refletem o Sol, quando este se encontra no ponto mais alto do c´eu.

Em Alexandria, situada a 800km de Siene, no mesmo dia e na mesma hora, existe um obelisco que projeta uma sombra bastante pronunciada.

(19)

A terra n˜

ao ´

e plana

O Sol est´a t˜ao distante no espa¸co que seus raios, ao chegarem `a superf´ıcie da Terra, s˜ao praticamente paralelos.

Assim, se a Terra fosse plana, no mesmo instante em que as ´aguas do po¸co em Siene refletem o Sol, o

obelisco em Alexandria s˜ao poderia projetar uma sombra t˜ao pronunciada.

(20)

Justificativas baseadas em experiˆ

encias

Para ser adequada, a argumenta¸c˜ao de Erat´ostenes deve ser baseada em experiˆencias que comprovem todos os fatos utilizados como apoio.

Os raios do Sol s˜ao praticamente paralelos quando chegam `a superf´ıcie da Terra.

(21)

Nas ciˆencias emp´ıricas, para justificar ϕ, basta:

1. Apresentar bases para ϕ, justificadas por observa¸c˜oes e experiˆencias.

2. Utilizar essas bases para argumentar em favor da verdade de ϕ.

(22)

observa¸c˜oes e experiˆencias + argumenta¸c˜oes ⇓ enunciado Justificativa de enunciados nas ciˆencias emp´ıricas.

(23)

Matem´atica lida com entes abstratos:

n´umeros, conjuntos, figuras geom´etricas, etc.

Em Matem´atica, a justificativa de enunciados n˜ao pode ser apoiada em observa¸c˜oes e experiˆencias.

(24)

Enunciados evidentes e n˜

ao-evidentes

Enunciado = evidente ∪ n˜ao-evidente

matem´atico N˜ao necessita Deve ser justificativa justificado

(25)

Evidˆ

encia n˜

ao ´

e um crit´

erio

2 ´e um n´umero par.

Toda fun¸c˜ao cont´ınua ´e diferenci´avel.

Evidˆencia n˜ao ´e um bom crit´erio:

1. Imprecisa: dif´ıcil classificar como evidente ou n˜ao-evidente. 2. Relativa: evidente para uns, n˜ao-evidente para outros. 3. Enganosa: o que parece evidentemente verdadeiro (falso)

(26)

Paradoxo de Galileu

O conjunto dos n´umeros naturais e o conjunto dos quadrados dos n´umeros naturais tˆem a mesma quantidade de elementos.

Parece evidentemente falsa.

Contradiz a evidentemente verdadeira:

Dado um conjunto qualquer, ele possui mais elementos que cada uma de suas partes (pr´oprias).

(27)

Justificativa (Galileu Galilei, 1638):

(28)

Uma bije¸c˜ao entre dois conjuntos A e B associa os elementos de A e os elementos de B, de modo que cada elemento de A est´a associado a um ´unico elemento de B e, reciprocamente, cada elemento de B est´a associado a um ´unico elemento de A. Exemplo com A = {1, 2, 3, 4} e B = {1, 4, 9, 16}: 1 ↔ 1 2 ↔ 4 3 ↔ 9 4 ↔ 16

(29)

Quando existe uma bije¸c˜ao entre dois conjuntos, eles possuem a mesma quantidade de elementos.

Exemplo com A o conjunto dos n´umeros naturais e B o conjunto dos quadrados dos n´umeros naturais:

1 ↔ 1 2 ↔ 4 3 ↔ 9 4 ↔ 16 .. . n ↔ n2 .. .

Logo, o conjunto dos n´umeros naturais e o conjunto dos quadrados de n´umeros naturais tˆem a mesma

(30)

Paradoxo de Russell

Dada uma propriedade P(x ), referente a objetos x , existe o conjunto A = {x : P(x )}, formado por todos os objetos que satisfazem a P(x ).

Propriedade Conjunto

x ´e ser humano H = {x : x ´e ser humano} x ´e ser abstrato A = {x : x ´e ser abstrato}

(31)

Justificativa (Bertrand Russell, 1903):

(32)

Um conjunto ´e normal se n˜ao possui a propriedade que o define. Por exemplo, H ´e normal.

Um conjunto ´e anormal se possui a propriedade que o define. Por exemplo, A ´e anormal.

Dado um conjunto definido por uma propriedade, ou ele ´

e normal ou ele ´e anormal.

Um conjunto, definido por uma propriedade, ´e anormal se, e somente se, ele pertence a si mesmo.

(33)

Propriedade X ´e conjunto normal Conjunto N = {X : X ´e conjunto normal}

Temos que H ∈ N e A 6∈ N.

Dado um conjunto qualquer C , temos que C ∈ N ou C 6∈ N.

Para todo conjunto C , temos que C 6∈ N se, e somente se C ∈ C .

(34)

Justificativas em Matem´

atica

Em resumo:

I Enunciados aparentemente falsos podem ser verdadeiros.

I Enunciados aparentemente verdadeiros podem ser falsos.

(35)

Justificativas em Matem´

atica

Em Matem´atica, para justificar ϕ, basta argumentar em favor da verdade de ϕ. argumenta¸c˜oes ⇓ enunciado Justificativa de enunciados em Matem´atica.

(36)

Paradoxo do altru´ısta

Princ´ıpio de Descartes: aquele que pensa, existe, independente da natureza de seus pensamentos.

(37)

Paradoxo do altru´ısta

Uma pessoa ´e altru´ısta se n˜ao pensa em si mesma.

Considere um indiv´ıduo que pensa em uma pessoa se, e somente se, ela ´e altru´ısta.

(38)

Paradoxo do altru´ısta

Se o indiv´ıduo ´e altru´ısta, ent˜ao ele pensa em si mesmo. Logo, ele n˜ao ´e altru´ısta. Uma contradi¸c˜ao.

Se o indiv´ıduo n˜ao ´e altru´ısta, ent˜ao ele pensa em si mesmo. Logo, ele ´e altru´ısta. Uma contradi¸c˜ao.

Conclus˜ao: um tal indiv´ıduo, mesmo pensando, n˜ao pode existir, ou seja, Descartes est´a errado!

(39)

Axioma da escolha

Ernest Zermelo (1871–1953)

(40)

Axioma da Escolha

Axioma da Escolha: Dada uma fam´ılia de conjuntos n˜ao vazios, existe um conjunto formado por exatamente um elemento

pertencente a cada um dos conjuntos da fam´ılia.

∀ fam´ılia F = {Ai : i ∈ I }, de conjuntos n˜ao vazios, existe um

conjunto EF tal que, para cada i ∈ I :

EF ∩ Ai ´e um conjunto unit´ario.

(41)

Axioma da Escolha

Em conjunto com outros axiomas da Teoria dos Conjuntos, o Axioma da Escolha ´e equivalente a enunciados bastante simples:

Teorema (Farah, 1954)

O Axioma da Escolha ´e equivalente a distributividade da uni˜ao generalizada sobre a interse¸c˜ao generalizada.

(42)

Paradoxo de Banach-Tarski

Em conjunto com outros axiomas da Teoria dos Conjuntos, o Axioma da Escolha acarreta enunciados paradoxais:

Teorema (Banach-Tarski, 1924)

Se consideramos o Axioma da Escolha, ent˜ao dada uma esfera E de raio r e um n´umero real r0 > r , ´e poss´ıvel particionar E em um n´umero finito de peda¸cos que podem ser juntados novamente para formar uma esfera E0 de raio r0.

(43)

Paradoxo de Banach-Tarski

Outra vers˜ao do Paradoxo de Banach-Tarski.

Teorema (Banach-Tarski, 1924)

Se consideramos o Axioma da Escolha, ent˜ao dada uma esfera E de raio r , ´e poss´ıvel particionar E em um n´umero finito de peda¸cos que podem ser juntados novamente para formar duas esferas com o mesmo volume que a esfera dada.

(44)

Paradoxo de Banach-Tarski

O volume de E aumenta sem explica¸c˜ao.

O que ´e o volume de um corpo tri-dimensional?

Para todos os corpos C , C0, C1, . . . , Cn no R3:

1. If C0 ´e obtido de C pela sua transla¸c˜ao no R3, ent˜ao V (C0) = V (C );

2. Se V (C1∪ . . . ∪ Cn) ≤ V (C1) + . . . + V (Cn);

3. Se C1, . . . , Cn s˜ao disjuntos dois a dois, ent˜ao

(45)

Paradoxo de Banach-Tarski

Particione E em P1, . . . Pn.

Mova P1, . . . Pn no R3 e obtenha P10, . . . Pn0.

Junte P10, . . . Pn0 novamente e obtenha E0. Ent˜ao, temos:

V (E ) = V (P1∪ . . . ∪ Pn)

= V (P1) + . . . + V (Pn) (A3)

= V (P10) + . . . + V (Pn0) (A1) ≥ V (P10 ∪ . . . ∪ VPn0) (A2) = V (E0).

(46)

Paradoxo de Banach-Tarski

Stefan Banach (1892–1945) e Alfred Tarski (1902–1983)

(47)

Paradoxo de Banach-Tarski

Paradoxo de Bananach-Tarski H´a escolha para Escolha?

(48)

At´

e amanh˜

a!

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