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Atos- E a Igreja Se Fez Missões- Myer Pearlman - CPAD

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E a Igreja se Fez Missões

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Todos os direitos reservados. C opyright © 1995 para a língua portuguesa da C asa Publicadora das A ssem bléias de Deus.

Capa: Hudson Silva Tradução: G ordon Chow n

226.6 - PEAa

Atos dos apóstolos Pearlm an. M yer

Atos: e a Igreja se Fez M issões.../M yer Pearlm an 1. cd. - Rio de Janeiro: C asa Publicadora das Assem bléias de Deus, 1995.

p. 256. cm. 14x21 ISBN 85-263-0039-3

1. C om entário B íblico 2. Atos dos A póstolos CD D

226.6 - Atos dos A póstolos

C asa Publicadora das A ssem bléias de Deus

C aixa Postal 33 I

20001 970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil Ia E d iç ã o /1995

(4)

índice

1.

Ascensão de C risto ... 7

2.

A Vinda do Espírito Santo... 17

3.

Sermão de Pedro no Pentecoste... 27

4.

A Cura de um C o x o ... 39

5.

Perseguição, Oração e Poder... 49

6.

O Pecado da H ipocrisia... 59

7.

Os Discípulos Sofrem por

Amor a C risto ... 69

8.

Estêvão, o Primeiro Mártir... 79

9.

O Julgamento Simulado de um Crente.. 87

10.

Filipe, o Obreiro A provado... 95

11. A Conversão de S a u lo ... 107

12.

O Derramamento em C esaréia... 119

13.

Prisão e Libertação de P ed ro ... 131

14.

Uma Chamada para a Obra

M issionária... 143

(5)

16. Uma Controvérsia na Igreja

Primitiva... 165

17. Paulo e Silas na Prisão... 175

18. Paulo, o Pregador... 185

19. Paulo em É feso... 197

20. Paulo Despede-se dos Efésios... 207

21. Paulo Vai a Jerusalém... 217

22. Paulo Diante do Sinédrio... 227

23. Paulo Testifica Diante dos

Poderosos... 237

(6)

Ascensão de Cristo

Texto: Atos 1.1-11

Introdução

O

Evangelho segundo Lucas foi dedicado a Teófilo

(“quem ama a Deus”), que representa todos os cris-

tãos. No início de Atos, Lucas escreve: “Fiz o primei-

ro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus come-

çou, não só a fazer, mas a ensinar, até...” Ressaltamos

a palavra até porque, no livro de Atos, estudamos o

que Jesus continuou a fazer por intermédio dos seus

discípulos. Neste livro, lemos como Jesus cumpriu sua

promessa:

e eis que eu estou convosco todos os

dias, até à consumação dos séculos”. (Mt 28.20) E como

continuou sua obra através do Espírito Santo. Enquan-

to nos Evangelhos lemos: “E Jesus disse”, no livro de

Atos lemos: “E o Espírito disse”. O Espírito é revela-

do como representante de Cristo, guiando o progresso

e a administração da sua Igreja. O livro pode ser cha-

mado: Atos de Cristo mediante seus servos ou Atos do

Espírito Santo.

(7)

8

Atos: e a Igreja se Fez M issões

I ־ O Senhor Faz os Preparativos para a Sua

Ascensão

(A t 1.1-5)

1. D ando instruções. Jesus subiu “depois de haver dado

mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apósto-

los que escolhera״ . Estas instruções são registradas em várias

passagens, com o em Lucas 24.44-49; Mateus 28.19,20;

Marcos 16.15-18; João 21; e nos versículos 3-8 deste capí-

tulo'(A t 1). Em que sentido as instruções foram dadas

mediante o Espírito Santo? A unção que Jesus recebeu no

rio Jordão era ilimitada e permanente. Mediante o Espírito,

recebeu poder para seu ministério; forças para enfrentar a

cruz (Hb 9.14); foi ressuscitado dentre os mortos (Rm 8.1 1);

e, no Pentecoste, batizou a outros no Espírito. A unção ainda

estava sobre ele após a ressurreição.

2. M ed ia n te m a n ifesta çõ es da vida ressurreta. “Aos

quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo,

com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por

espaço de quarenta dias, e falando do que respeita ao reino

de Deus” (cf. 1 Co 15.5-8).

Se víssem os um farol que parecesse ficar em pé sobre

as ondas, saberíamos que haveria, por baixo da construção,

um fundamento de rocha. Durante 19 séculos a Igreja per-

manece em pé como luz para as nações. Qual o seu alicer-

ce? A única resposta satisfatória é; a ressurreição de Cris-

to. A fé e a religião viva não podem surgir de um cadáver.

Durante 40 dias Jesus revelou-se aos seus discípulos,

aparecendo e desaparecendo. Era com o se quisesse levá-

los gradualmente a perceber que Ele pode estar presente,

no Espírito, embora ausente no corpo. Chegou um momen-

to em que os discípulos sabiam que haviam cessado tais

aparecimentos. A partir de então teriam de pregar o Evan-

gelho com plena confiança da presença espiritual de Cristo

com eles, conforme Ele m esm o prometera: “E eis que eu

estou convosco todos os dias, até a consumação dos sécu­

(8)

Ascensão de Cristo

9

los”. Foi a ascensão que convenceu os discípulos da vera-

cidade desta mudança.

3.

D ando um a ordem específica. “E, estando com eles,

determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas

que esperassem a promessa do Pai, [Jo 14.16; J1 2 .2 8 1 que

(disse ele) de mim ouvistes״ . O batismo do Senhor Jesus,

no Jordão, foi o sinal para Ele iniciar seu ministério. As-

sim, também, a Igreja precisava de um batismo que a pre-

parasse a cumprir um ministério de alcance mundial. Não

seria o ministério de criar uma nova ordem e, sim, de pro-

clamar aquilo que Cristo já havia realizado. Mesmo assim,

só no poder do Espírito Santo poderia tamanha obra ser

levada a efeito.

Cristo dirigiu suas palavras a homens que possuíam ín-

timo relacionamento espiritual com Ele. Já tinham sido en-

viados a pregar, armados com poderes espirituais específi-

cos (Mt 10.1). A eles fora dito: “Alegrai-vos antes por

estarem os vossos nomes escritos nos céus” (Lc 10.20);

sua condição moral já tinha sido definida com as palavras:

“Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado”

(Jo 15.3). Seu relacionamento com Cristo foi ilustrado

mediante a figura da videira e dos ramos (Jo 15.5). Eles já

conheciam a presença do Espírito nas suas vidas (Jo 14.17);

já tinham sentido o sopro do Cristo ressurreto quando ele

lhes disse: “Recebei o Espírito Santo”.

Mesmo assim deviam esperar a promessa do Pai! Isto

nos mostra a importância deste revestimento.

II ־ Instruções do Senhor com Respeito ao Futuro

(At 1.6-8)

“A queles pois que se haviam reunido perguntaram-

lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tem po o reino

a Israel?” Os apóstolos, com o seus compatriotas, tinham

associado o ministério do M essias com o imediato e

(9)

10

Atos: e a Igreja se Fez. Missões

visível aparecimento do Reino de Deus, com um estron-

do de força material em fulgor externo (Lc 19.11; 24.21).

Conceitos do Reino, mais terrestres do que celestiais,

afetavam suas condutas e os levaram a disputas ambici-

osas. Cada qual visando a preeminência. Boa parte dos

ensinos de Cristo visava limpar a mente deles de falsos

conceitos acerca do Reino. No entanto, só o tremendo

choque do Calvário conseguiu tirar-lhes as ilusões com

respeito a um reino material. Agora, sendo instruídos pelo

Cristo ressurreto, entendiam melhor o seu Reino. Contu-

do, seus corações judeus ainda os impulsionam a per-

guntar: “Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a

Israel?” Ainda pensavam em termos de uma só nação. O

Senhor, em resposta, fez com que erguessem seus olhos

para ver todas as nações. Esta resposta contém quatro

/. A estreita limitação do conhecimento humano acerca

do futuro. “Não vos pertence saber os tempos ou as esta-

ções...” Existem muitas coisas que nossas mentes querem

perscrutar, mas pertencem exclusivamente aos planos de

Deus (cf. Dt 29.29; Mc 13.33; 1 Co 13.9; 1 Jo 3.2).

2. As mãos seguras que dirigem o futuro. Os tempos e

épocas estão nas mãos de Deus: “O Pai estabeleceu pelo

seu próprio poder” (cf. Mc 13.32). Embora não saibamos

o futuro com respeito aos eventos mundiais e às nossas

vidas, não precisamos ficar ansiosos. O desconhecido fica

muito bem nas mãos do Mestre.

3. Forças suficientes para enfrentar o fu tu ro . “Mas

recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre

vós...” Poder para enfrentar o futuro - isto vale muito mais

do que detalhados conhecimentos sobre o porvir.

4. O dever prático com respeito ao futuro. “E ser-me-

eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia

e Samaria, e até aos confins da terra”. Estas palavras defi-

nem o ministério primário de cada crente: ser testemunha

(10)

Ascensão de Cristo

1

1

da pessoa de Jesus, daquilo que Ele fez para os homens e

para a própria testemunha. “Testemunhar” é um dos con-

ceitos fundamentais do livro dos Atos (ver 1.22; 10.39,41-

44; 13.31; 4.33; 22.15; 26.16).

III - Ascensão do Senhor (At 1.9-11)

7. O ato da partida. “E quando dizia isto, vendo-o eles,

foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu,

ocultando-o a seus ocultando-olhocultando-os”. A partida de Jesus nãocultando-o causocultando-ou tristeza aocultando-os

discípulos. Eles sabiam que o Espírito Santo viria em se-

guida, e lhes seria, de forma invisível, o que seu Mestre

havia sido de forma visível: “Vos convém que eu vá; por-

que, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu

for, enviar-vo-lo-ei” (Jo 16.7). Enquanto os discípulos olha-

vam seu Mestre subindo, talvez pensassem: Quão grande

e rico dom deve ser o Consolador! Se sua presença custa

a ida do M estre! O Espírito Santo não iria comunicar à

Igreja o Cristo terrestre, e sim o celestial, que voltou a ser

investido da glória que tinha com o Pai antes que houvesse

mundo. Equipado com os infinitos tesouros da graça que

Ele comprara mediante sua morte na cruz.

2.

A prom essa da sua vinda. “E estando com os olhos

fitos no céu, enquanto Ele subia, eis que junto deles se

puseram dois varões vestidos de branco, os quais lhes dis-

seram: Varões galileus, por que estais olhando para o céu?”

A lembrança da origem dos discípulos, a Galiléia, fê-los

ter em mente a sua chamada, recebida na Galiléia, e do seu

conseqüente dever de seguir e obedecer.

“Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no

céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir”. Estas

palavras claras desfazem qualquer teoria modernista que

alega ser a propagação da civilização cristã o cumprimento

total da promessa sobrfe a segunda vinda. Aqui temos a

profecia da vinda pessoal e visível do Senhor.

(11)

12 Atos: e a Igreja se Fez M issões

Este trecho (At 1.1-11) tem grande alcance, abrangen- do: a vida de Cristo (v. 1), sua morte (v. 3), ressurreição (v. 3), Reino (vv. 4,5,8), ascensão (vv. 9-11) e segunda vinda (v. 11).

IV - Ensinamentos Práticos

1. A religião em atos e palavras. O Evangelho segundo

Lucas narra o que Jesus “fez e ensinou” . Sua vida se divi- dia entre ações e doutrinas, m ilagres e verdades, maravi- lhosos sinais e revelações. Cum pria sua vida religiosa e a ensinava; ensinava a vida religiosa e a vivia. E nisto Ele é nosso exemplo.

A vida cristã equilibrada é uma com binação de vida e luz, obra e palavra. Se agirmos sem ensinar, nossa vida será um m istério, inexplicável para os que gostariam de saber o m otivo de nossas ações. Se ensinarm os sem viver à altura, tornam o-nos em pedra de tropeço (Mt 23.1-3).

A dem onstração é o m elhor m étodo de ensino. Se pra- ticarm os as virtudes que ensinam os, seremos verdadeiros líderes. A verdadeira liderança não consiste em m ostrar o cam inho, porém em andar e convidar outros a nos seguir ao longo dele.

D evem os nos deixar inspirar por Esdras, que “tinha preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor e para a cum prir e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus direitos” (Ed 7.10).

2. Os m ales de fix a r datas. “N ão vos perten ce saber

os tem pos ou as e sta ç õ e s...” M uitos m ales têm sido fei- tos ao estudo das pro fecias e à causa de D eus por pes- soas bem in ten cio n ad as, que fixaram datas para a vinda do Senhor. P ro fessan d o -se sábias com resp eito aos tem - pos e às épocas, to rn aram -se insensatas, e deram m oti- vo para os descren tes zom barem e os crentes ficarem perplexos.

(12)

A scensão de Cristo 13

Quando olham os as estrelas no céu lim po não sabemos calcular sua distância; a prom essa da segunda vinda é como um a estrela para nos guiar, sem, porém , haver um cálculo exato quanto à sua distância. Devem os ser adm iradores das estrelas sem quererm os nos avultar com o calculadores de sua exata distância. Devemos estar vigiando quando da volta do Senhor, mas sem nos perderm os em previsões.

3. O Senhor sabe o que é m elhor para nós. Os discípu-

los receberam com o resposta uma prom essa e um a comis- são. Não a satisfação da sua curiosidade. O que pediam não era assunto para eles, por isso não lhes foi concedido. Foi-lhes concedido, porém , o que realm ente necessitavam . Deus age conosco do m odo como tratam os nossos filhos.

Tiago e João pediram os lugares de m aior destaque no Reino; Jesus, em resposta, ensinou-lhes as qualificações para se atingir tais posições. Paulo suplicou a rem oção do espi- nho na carne; o Senhor respondeu com garantias de que sua graça lhe bastaria. M oisés pediu a m orte para aliviar seu fardo; o Senhor, porém , lhe concedeu setenta ajudan- tes. Elias orou para que sua vida fosse tirada. O Senhor lhe deu descanso, comida... e mais trabalho.

M uitas vezes não sabemos como orar, nem o que pedir. O Senhor, porém , sabe quais são nossas verdadeiras neces- sidades. Se ele nos recusa algum a coisa é a fim de nos dar algo melhor.

4. A arte de esperar. Os discípulos tinham de esperar a

promessa em Jerusalém. Há várias maneiras de esperar. O servo infiel o faz com a esperança de que o senhor vai demo- rar. Existe um tipo de espera que significa acomodar-se, sem fazer esforços físicos ou mentais. A verdadeira espera inclui:

4.1. Expectativa. A guardar com tanta boa vontade que

a mente fique sempre mais cheia de esperanças. É com o o servo aguardando o mestre, a esposa ao marido, a mãe aguardando a volta do filho. Esperar com o o com erciante aguardando a vinda do seu navio carregado de m ercadori­

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14 Atos: e a Igreja se Fez M issões

as, o m arinheiro procurando ver a terra, o rei desejando notícias da batalha. São casos em que a m ente se firm a num só objetivo e dificilm ente pode prestar atenção a outra coisa.

4.2. Oração. A espera exige quietude e paciência. Muitos

de nós, porém , nos deixam os levar pelo espírito inquieto dos nossos dias. Q uando D aniel orava, G abriel veio rapi- dam ente (Dn 9.21). Hoje em dia teria de se apressar m uito para ainda nos pegar de joelhos!

4.3. Consagração. D evem os descobrir em qual direção

Deus está guiando as coisas. E rem over do cam inho tudo quanto há em nós que possa im pedir sua obra.

5. A arte de testem unhar. “E ser-m e-eis testem unhas...” Ruskin disse certa vez: “A coisa mais grandiosa que a alm a hum ana pode fazer neste m undo é ver algo, e contar aos outros o que viu, de form a singela e clara” . De acordo com este pensam ento, certam ente a coisa mais grandiosa da vida é perceber a beleza de Jesus e falar aos outros sobre Ele. Um estudo do livro de Atos m ostra que o testem unhar é a form a mais antiga de pregação. Os apóstolos contavam tudo quanto sabiam acerca de Jesus, e os convertidos contavam o que Jesus fizera por eles.

A testem unha no foro é subm etida ao interrogatório. E nós, com o testem unhas do Senhor, somos subm etidos a sem elhantes interrogatórios por parte do mundo. As pesso- as, depois de ouvirem nosso testem unho, prestam atenção em nossa conduta para então, m entalm ente, calcular o re- lacionam ento entre o que falam os e vivemos.

6. Com eçando em ·Jerusalém . Sentim os um a vocação

para ir a um campo m issionário estrangeiro? O m elhor teste da nossa vocação é nosso zelo espiritual pelo próximo, aqui, onde moramos. Se não estam os sendo um a bênção para as pessoas cuja língua e costum es conhecem os, dificilm ente um a viagem m arítim a operará essa transform ação m ilagro­

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sa. O am or que transform ará o m undo tem que com eçar em casa. em bora não term ine ali.

7. A fé que ressuscita. A vida cristã que agora vivemos

é de tal qualidade que nossa ressurreição seria a conclusão lógica e natural dela? Já estam os assentados com Cristo nos lugares celestiais? (Gn 5.24; Hb 11.5). N ossas afeições se fixam nas coisas que estão no alto?

8. Fitando sem proveito. Os discípulos não deviam ficar

com os olhos fitos no céu. Jesus voltaria mais tarde. Nesse ínterim , haveria o serviço de Cristo para fazer. A contem- plação que não nos leva a enfrentar os deveres cristãos com zelo e ardor não têm proveito. O Novo Testam ento tem muitos m istérios transcendentes, tais com o a Trindade, a encarnação da divindade, a expiação e outros. Existe o perigo de nos ocuparm os com os mistérios da Trindade e nos esquecerm os do próprio Senhor. De nos dedicarm os ao estudo da expiação que venham os a nos esquecer daqueles pelos quais Jesus morreu.

A com unhão com o Senhor e a adoração em conjunto com o povo de D eus m uitas vezes trazem experiências arrebatadoras. Segundo o plano de Deus, as em oções assim despertadas visam o propósito de nos inspirar às ações. Sentim entos que evaporam sem produzir frutos, levam cer- tam ente ao fracasso quanto ao exercício da energia espiri- tual.

Depois da transfiguração. Jesus levou seus discípulos ao vale, onde lhes aguardava trabalho espiritual. Sempre há um cam inho que leva do monte da visão ao vale do serviço.

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2

A Vinda do

Espírito Santo

Texto: A tos 1.12-2.13

Introdução

O rei D avi p lanejou a edificação do T em plo e reuniu os m ateriais n ecessários. M as foi S alom ão, seu suces- sor, quem o erig iu (1 C r 29.1,2). Jesus igualm ente pia- nejou a Igreja durante seu m in istério terren o (M t 16.18;

18.17). P reparou os m ateriais hum anos, porém deixou ao seu sucessor e rep resen tan te, o E spírito Santo, o tra- balho de erigi-la. Foi no dia de P entecoste que esse tem - pio espiritual foi co nstruído e cheio da gló ria do Senhor (cf. Êx 4 0 .34.35; 1 Rs 8.10.11; E f 2.20,2). O dia de P entecoste era o an iv ersário da Igreja, e o cenáculo, o local do seu nascim ento.

I ־ O Dia

“E, cum prindo-se o dia de Pentecostes..." O nome “Pen- tecoste” (derivado da palavra grega “cinqüenta” ) era dado a um a festa religiosa do Antigo Testam ento. A festa era assim denom inada por ser realizada 50 dias após a Páscoa

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18At o s : e a Igreja se Fez Missões

(ver Lv 23.15-21). Observe sua posição no calendário das festas. Em prim eiro lugar festejava-se a Páscoa. N ela se com em orava a libertação de Israel no Egito. Celebravam a noite em que o anjo da m orte alcançou os prim ogênitos egípcios, enquanto o povo de Deus com ia o cordeiro em casas m arcadas com sangue. Esta festa tipifica a morte de Cristo, o Cordeiro de Deus, cujo sangue nos protege do ju ízo divino.

No sábado, após a noite de Páscoa, os sacerdotes colhi- am o molho de cevada, previam ente selecionado. Eram as prim ícias da colheita, que deviam ser oferecidas ao Senhor. Cum prido isto, o restante da colheita podia ser ceifado. A festa tipifica Cristo, “as prim ícias dos que dorm em " (1 Co 15.20). O Senhor foi o prim eiro ceifado dos cam pos da m orte para subir ao Pai e nunca mais m orrer. Sendo as prim ícias, é a garantia de que todos quantos nele crêem segui-lo-ão pela ressurreição, entrando na vida eterna.

Q uarenta e nove dias eram contados após o oferecim en- to do molho m ovido diante do Senhor. E no qüinquagési- mo dia - o Pentecoste - eram m ovidos diante de Deus dois pães. Os prim eiros feitos da ceifa de trigo. Não se podia preparar e com er nenhum pão antes de oferecer os dois prim eiros a Deus. Isto m ostrava que se aceitava sua sobe- rania sobre o mundo. D epois, outros pães podiam ser assa- dos e com idos. O significado típico é que os 120 discípu- los no cenáculo eram as prim ícias da igreja cristã, ofereci- das diante do Senhor por meio do Espírito Santo, 50 dias após a ressurreição de Cristo. Era a prim eira das inúm eras igrejas estabelecidas durante os últim os 19 séculos.

O Pentecoste foi a evidência da glorificação de Cristo. A descida do Espírito era com o um “telegram a” sobrena- tural, informando a chegada de Cristo à mão direita de Deus. Tam bém testem unhava que o sacrifício de Cristo fora acei- to no Céu. H avia chegado a hora de proclam ar sua obra consumada.

(17)

A Vinda do Espírito Santo 19

O Pentecoste era a habitação do Espírito no meio da Igreja. Após a organização de Israel, no Sinai, o Senhor veio m orar no seu meio, sendo sua presença localizada no Tabernáculo. No dia de Pentecoste, o Espírito Santo veio habitar na Igreja, a fim de adm inistrar, dali, os assuntos de Cristo.

II - O Local (At 1.12-14)

“Estavam todos reunidos no m esm o lugar” . O horário era antes das nove da m anhã (a hora do culto matutino). O lugar era o cenáculo (At 1.14) dum a casa particular, local regular para a observância de festas religiosas, tais com o a Páscoa. Em bora esses crentes provavelm ente freqüentas- sem as reuniões de culto três vezes por dia no Templo, tam bém gastavam m uito tem po no cenáculo, onde “perse- veravam unânim es em oração” .

C ada grupo presente nos sugere um a verdade. Os após- tolos, que seguiram a Jesus desde o início, eram as verda- deiras colunas da Igreja (E f 2.20). Judas estava ausente. E possível seguir a Jesus durante anos e ainda perder a bên- ção suprema. As m ulheres no meio do grupo eram heroí- nas anônim as da fé (ver Lc 8.2,3). M aria, a m ãe de Jesus, foi revestida pelo Espírito Santo para que desse à luz a Cristo. Agora, ela esperava outro derram am ento que traria a lume o Cristo espiritual. Os irm ãos de Jesus, em bora não cressem nEle antes (Jo 7.5), agora hum ildem ente se sub- m etem ao Irmão e o reconhecem com o Senhor.

III - O Som

“E de repente veio do céu um som, com o de um vento veem ente e im petuoso, e encheu toda a casa em que esta- vam assentados". Foi com o se um a tem pestade tivesse entrado na casa sem continuar o seu caminho. O vento é um conhecido sím bolo do Espírito Santo (Ez 37.1-14; Jo

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20 Atos: e a Igreja se Fez Missões

3.8). O vento, representante do sopro divino, encheu pri- m eiro o cenáculo, a casa de Deus, e em seguida os indiví- duos que adoravam . Passou, então, a se espalhar pela terra em poder vivificante. Com o na criação, quando o Espírito do Senhor pairava sobre as águas (Gn 1.2). Podem os ima- ginar o Cristo glorificado, em pé, à mão direita de Deus, soprando sobre os 120 e dizendo: “Recebei o Espírito San- to ״ (Jo 20.22; cf. 1 Co 15.45).

IV ־ A Visão

“E foram vistas p o r eles línguas rep artid as, com o que de fogo. as quais p ousaram sobre cada um d e le s״ . E sta m an ifestação deve ter feito os d iscíp u lo s lem brarem -se das p alavras de João B atista: “B atizará com o E spírito Santo, e com fo g o ” . D iante dos seus olhos estav a a evi- dência física do cum prim ento d esta p rofecia. E q u alq u er ju d e u en ten d eria m uito bem que o fogo p ro clam av a a p resen ça de D eus, trazendo à m em ória in cid en tes, com o a sarça ardente (Êx 3.1,2), o fogo no m onte C arm elo (1 Rs 18.36-38), o pilar de fogo no deserto e a vocação de E zequiel (Ez 1.4). As línguas de fogo se assentando em cada um deles indicava que surgia um a nova dispensação. O E sp írito de D eus já hão seria co n cedido à com unidade com o um todo, e sim a cada m em bro in d iv idualm ente. A fo rm a do fogo, em línguas, ind icav a que o dom de línguas so brenaturais tin h a sido o u torgado a esta com - p an h ia de pessoas.

O Espírito, com o o fogo, dá luz, purifica, dá calor e propaga-se.

V ־ O Falar em Línguas

Apareceu em seguida a realidade da qual o vento e o fogo eram símbolos: Έ todos foram cheios do Espírito Santo, e com eçaram a falar noutras línguas, conform e o

(19)

Α \Ίικία do Espirito Santo 21

Espírito Santo lhes concedia que falassem ” . Notem os al- guns fatos im portantes sobre o falar em línguas. O que produz esta m anifestação? O im pacto do Espírito de Deus sobre a alm a humana. É tão direto e com tanto poder, que a pessoa fica extasiada, falando de m odo sobrenatural. Isto pelo fato de a m ente ficar totalm ente controlada pelo Espí- rito. Para os discípulos, era evidência de estarem com ple- tam ente controlados pelo poder do Espírito prom etido por Cristo. Quando a pessoa fala um a língua que nunca apren- deu, pode ter a certeza de que algum poder sobrenatural assum iu o controle sobre ela. Alguns argum entam que a m anifestação do falar em línguas lim itou-se à época dos apóstolos. A conteceu para ajudá-los a estabelecer o Cristi- anismo. um a novidade naquela época. Não existe, no en- tanto, limites à continuidade dessa m anifestação no Novo Testam ento. M esm o no quarto século depois de Cristo, A gostinho, o notável teólogo do Cristianism o, escreveu: “Ainda fazem os com o fizeram os apóstolos, quando impu- seram as mãos sobre os sam aritanos, invocando sobre eles o Espírito m ediante a im posição das mãos. Espera-se por parte dos convertidos que falem em novas línguas.” Ireneu (1 15-202 d.C.), notável líder da Igreja, era discípulo de Policarpo. que por sua vez foi discípulo do apóstolo João. Ireneu escreveu: “Temos em nossas igrejas muitos irmãos que possuem dons espirituais e que. por m eio do Espírito, falam toda sorte de línguas” . A Enciclopédia Britânica declara que a glossolalia (o falar em línguas) “ocorreu em reavivam entos cristãos durante todas as eras; por exem plo, entre os frades m en d ican tes do século X III, en tre os jansenistas e os prim eiros quaquers, entre os convertidos de W esley e W hitefield, entre os protestantes perseguidos de Cevennes. e entre os irvingitas” . Podem os m ultiplicar as referências, dem onstrando que o falar em línguas, por m eios sobrenaturais, tem ocorrido em toda a história da Igreja. (Nota: O falar em línguas nem sempre é em língua

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Têm havido casos recentes de pessoas falarem, por meio de um poder sobrenatural, línguas que nunca aprenderam , e de haver na congregação quem as entendesse. O livro de S.H. Frodsham , Com Sinais que se Seguiam, contém mui- tos exem plos de tais ocorrências.

Alguns ficaram perplexos diante deste fenôm eno novo e estranho, e perguntaram : “Que quer isto dizer?” Outros zom bavam , dando a entender que os discípulos estavam bêbados.

VI - Ensinamentos Práticos

1. O dom e o sinal. Enquanto Elias aguardava a revela-

ção do Senhor, no monte Horebe, ouviu um vento, um terrem oto, um incêndio e, finalm ente, um a voz tranqüila e suave. Deus estava na voz tranqüila e suave. Não na vio- lenta com oção dos elem entos. Deus em prega m eios mais barulhentos para atrair a atenção dos hom ens. Sua verda- deira m ensagem , porém , é falada diretam ente ao coração.

Sem elhantem ente, Deus m andou o vento, o fogo e as línguas no dia de Pentecoste - verdadeiras m anifestações do Espírito. No âm ago destas m anifestações espetaculares havia o propósito de Deus de converter os corações huma- nos ao Evangelho.

É um erro procurar as línguas por si só. Busquem os a pessoa do Espírito, e o sinal será acrescentado.

2. Reavivam ento precedido p o r oração. “Estavam todos reunidos no m esm o lugar” . Há muitos anos, certo m inistro da Turquia, não m uito fam iliarizado com os costum es da Europa, foi levado a um concerto. Escutava os m úsicos afinando seus instrum entos e não se sentia bem. Logo irri- tou-se e saiu do auditório. Confundiu a afinação com a m úsica propriam ente dita. D everia ter esperado até que o regente tom asse seu lugar. Então ouviria as m ais belas harm onias.

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A Vinda do Espírito Santo 23

Por dez dias os discípulos afinaram -se. Agora, o Regen- te celestial estava pronto para dirigir o grande A ntem a de Pentecoste. E um ditado popular entre os crentes que o evangelista não traz um reavivam ento na sua mala. Mas quando todos oram de com um acordo é porque está próxi- mo o reavivam ento.

3. Eco celestial. “Veio do céu um som ...” Nossas ora-

ções fazem eco às prom essas de Deus. E as respostas de Deus formam o eco das nossas orações. Dois instrum entos de cordas podem ser afinados com o m esm o diapasão. Se são tocadas as cordas de um deles, as cordas do outro vi- bram em simpatia. Se nossos corações se afinam com a vontade de Deus. Se nossos espíritos vibram em oração.

Então, podem os esperar que haja sem elhante vibração no Céu. respondendo à nossa oração. Nosso clam or profe- rido na terra será respondido por um som celestial.

4. A língua de fogo. Certo jovem ministro, pregando na

presença do fam oso Dr. Talm adge, queria im pressioná-lo com sua sabedoria. M as a análise do Dr. Talm adge era: "Jovem , ou coloque m ais fogo nos seus serm ões, ou jogue mais dos seus sermões no fogo!”

A verdadeira eloqüência não é um a questão de se dis- por as palavras com perícia; é um a seqüência de palavras que transbordam de um coração aceso com fogo celestial. O pregador verdadeiram ente eloqüente é aquele cujo cora- ção foi inflam ado com fogo dos altares do Céu.

5. Fogo pentecostal. W. A rthur escreveu em seu livro

A Língua de Fogo” : “Im aginem os que visitássem os um exército sitiando uma fortaleza, e os soldados dissessem que haveriam de abatê-la. Perguntaríam os: *Como?’ e eles m ostrariam a bala do canhão. Bem, esta não possui poder, porque, se todos os hom ens do exército a lançassem contra a fortaleza, não fariam nela im pressão alguma. Depois di- zem: ־Olhem o canhão‘. O canhão, porém, não possui poder algum: um a criança pode m ontar nele, um pássaro pode

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24 Atos: e a Igreja se Fez Missões

fazer seu ninho nele; é um a m áquina e nada mais. ‘Mas. olhem a p ólvora’. Bem, esta tam bém não possui poder, porque um a criança pode derrubá-la e os pássaros podem ciscar nela. Q uando, porém , se coloca a bala que não pos- sui poder, no canhão, juntam ente com a pólvora, uma cen-

telha de fo g o transform a a pólvora em relâm pago e a bala

em golpe violento. A ssim acontece com a organização eclesiástica; tem os o equipam ento, mas precisam os do ba- tism o do fogo!”

6. Ventos celestiais. Disse Jesus: “O vento assopra onde

quer...” Com o podem os ficar no cam inho certo onde sopra o vento celestial, a fim de sermos “inspirados pelo Espírito Santo” ? (2 Pe 1.21). Prim eiro, precisam os de “velas” espi- rituais, ou seja, o desejo e a receptividade para receber a bênção. D epois, devem os freqüentar os lugares onde so- pram os ventos de D eus - reuniões de oração, estudos bí- blicos, cultos de reavivam ento.

7. Ficando prontos para o p o d er espiritual. Podem os desejar o poder espiritual, mas estamos prontos para recebê- lo? Deus o pode confiar às nossas m ãos? Estam os dispos- tos a deixar Deus operar segundo a m aneira dEle? Nós querem os tom ar posse do poder e fazer uso dele. Deus quer que o poder tom e posse de nós e faça uso de nós. Se nos entregam os ao poder, deixando-o dom inar em nós, o poder nos será entregue para dom inar através de nós. Algum as pessoas suspiram de vontade para terem m ais do Espírito Santo, porém , a verdade é que o Espírito Santo quer ter m ais de nós!

8. Ficando cheios do Espírito. “Todos ficaram cheios

do Espírito Santo” . Podem os distinguir três fases desta plenitude. A original, quando o crente recebe o Espírito Santo pela prim eira vez, sendo nEle batizado (At 1.5; 2.4; 9.17). Depois, existe aquela condição que se descreve com as palavras: “Cheio do Espírito Santo” (At 6.3; 7.55; 11.24), que explicita o com portam ento diário do hom em espiritual.

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A Vinda do Espírito Santo 25

Quais as evidências de que alguém está cheio do Espírito? (G1 5.22.23). Finalm ente, há revestim entos do Espírito para ocasiões especiais. Paulo recebeu a plenitude do Espírito Santo após a sua conversão, mas Deus lhe concedeu um revestim ento especial para repreender o poder do diabo. Pedro ficou cheio do Espírito no dia de Pentecoste, mas D eus lhe concedeu um a unção especial quando ficou na presença do concilio dos judeus (At 4.8). Os discípulos todos tinham recebido o batism o no Espírito Santo no dia de Pentecoste, mas, em resposta às suas orações, Deus lhes concedeu um revestim ento especial para fazerem frente à perseguição por parte dos líderes dos judeus (At 4.31). Um a pessoa pode ter a plenitude do Espírito Santo na sua vida, e ainda pedir um derram am ento especial para subir ao púlpito, equipando-o com unção especial para falar.

Ser cheio do Espírito é mais do que um privilégio; é um dever. "Enchei-vos do Espírito” (E f 5.18).

O que significa viver um a vida cheia do E spírito? Em prim eiro lugar, co n sid erem o s a falta de tal experiência: m undanism o. falta de p reo cu p ação pelos p erdidos, falta de testem unho, retenção do d in heiro devido às ofertas a D eus. falta de oração e de le itu ra b íb lica, atitu d e de in dulgência para com o pecado. C onsiderem os tam bém as indicações p o sitiv as de um a vida cheia do E spírito Santo: G álatas 5.22,23.

9. A inteligibilidade do Evangelho. "Com o pois os ou-

vimos, cada um. na nossa própria língua em que somos nascidos?” Os discípulos literalm ente falavam outras lín- guas. de form a milagrosa. A lição espiritual sugerida é que o Evangelho deve ser apresentado de form a inteligível a todas as nações e classes. O pregador deve saber pregar aos cultos e analfabetos, adultos e crianças, respeitados e excluídos pela sociedade. Alguém disse de seu pastor muito letrado: "D urante seis dias da semana, ele é invisível; e no sétimo dia. é incom preensível” . Se tal pastor convivesse

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26 Atos: e a Igreja se Fez Missões

mais com seu povo, conheceria suas necessidades e saberia falar sua linguagem .

10. Vinho do Espírito. “Estão cheios de m osto" (literal-

mente, cheios de “vinho novo”). Estas palavras de zomba- ria eram verdadeiras, espiritualm ente falando. Ser salvo e cheio do Espírito é um a santa em briaguez. Afinal, o Se- nhor entra na vida do ser hum ano, despertando-o dos seus pecados e m udando todos os seus valores e pontos de vis- ta. “A ssim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é...” Não é de surpreender que o m undo considere o Evan- gelho loucura, e os crentes como loucos. Segundo o Evan- gelho, devem os m orrer para viver, estar perdidos para ser- mos achados, condenados para sermos redim idos. Deve- mos possuir nada a fim de possuir tudo, e nos hum ilhar para sermos exaltados.

Os efeitos dessa “em briaguez” são: exercer influência espiritual, inspirar confiança, entusiasm o, alegria, paz, co- ragem . N ão é de estranhar que Paulo dissesse: Έ não vos em briagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei- vos do Espírito” .

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Sermão de Pedro

no Pentecoste

Texto: A tos 2.14-47

Introdução

No dia de Pentecoste. o Espírito Santo veio sobre 120 discípulos. Fazia deles a prim eira igreja do Cristo glorifi- cado. ungindo-os para uma m issão de alcance mundial. As m anifestações que seguiram o derram am ento do Espírito im pressionaram grandem ente os que as testem unharam , alguns ficando adm irados, enquanto outros zom bavam , dizendo: “Estão cheios de m osto” . Pedro iniciou assim sua m ensagem , esclarecendo qualquer m al-entendido que hou- vesse ao responder à pergunta: “Que quer isto dizer?”

”Pedro. porém , pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz..." Será este o mesmo Pedro que se acovardou diante das perguntas de uma em pregadinha? Sim, a pessoa é a mesma, mas o Pedro incerto e im pulsivo foi transfor- mado pelo Espírito Santo. Há uma trem enda diferença entre o Pedro de antes e o de depois do Pentecoste.

Aos zombadores, Pedro explicou que os apóstolos e seus com panheiros não estavam em briagados. N enhum judeu

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28 Atos: e a Igreja se Fez Missões

tocaria em vinho antes da hora do culto matutino. Aos que queriam saber a verdade, explicou que estavam vendo o cum prim ento da profecia de Joel m ediante a qual, nos úl- tim os dias, o Senhor derram aria o seu Espírito. Não so- m ente sobre alguns profetas, mas sobre pessoas de todas as classes.

O assunto central do serm ão de Pedro é d eclarad o no v ersícu lo 36: “Saiba pois com certeza to d a a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós cru cificastes, D eus 0 fez S enhor e C risto ” . Ou seja, Jesus é o M essias (ou C risto) com provado p ela sua ressu rreição . P ara os ou- vintes (com o para os ju d eu s de hoje), não havia conexão entre o nom e Jesus e o títu lo de M essias. Pedro assum iu a tarefa de d em o n strar m ediante provas inegáveis que Jesus é o M essias.

1 - Declarado o Fato da Ressurreição

(A t 2 .2 2 -2 4 )

1. O apelo pessoal. “V arões judeus, e todos os que

habitais em Jerusalém , seja-vos isto notório, e escutai as m inhas palavras” . M uitos serm ões são com o cartas sem endereço. N ão visam a ninguém especificam ente e nunca alcançam nada. Pedro não lia um ensaio para o benefício geral de todos. N ão estava dando vazão às suas especula- ções filosóficas. V isava diretam ente as consciências das pessoas à sua frente.

2. Começo cuidadoso. Pedro falava a judeus cheios de

preconceitos. Eles tapariam seus ouvidos logo que fosse m encionada a divindade do crucificado. Com eçou, portan- to, com assuntos de acordo mútuo. D escreveu Jesus como “varão aprovado por D eus” . Sua intenção era chegar ao ponto de m ostrar a verdade: o H om em Jesus a quem tanto ele com o os judeus conheciam , era o Senhor e M essias. Ao se apresentar o Evangelho a um descrente, é bom partir das coisas com as quais ele poderá concordar, até chegar ao assunto principal.

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Sermão de Pedro no Pentecoste 29

Outro fato aceito pelos ouvintes de Pedro foi o minis- tério eficaz de Cristo. Aprovado por Deus “com milagres, prodígios e sinais” . O povo judeu, sofrendo de falsos con- ceitos quanto à natureza do M essias, não reconheceu Jesus com o tal. Havia, porém , m ilhares de judeus que o honra- vam com o profeta enviado da parte de Deus. Observe a tríplice divisão das obras de Jesus: 1) “m ilagres” (ou “po- deres”) refere-se à origem sobrenatural das obras; 2) “pro- dígios” descreve seu efeito em fazer as pessoas m aravilha- rem-se ao ponto de crerem; 3) “sinais” caracteriza seu valor com o prova da m issão divina de Cristo.

Notem os o aspecto aberto e público do m inistério de Cristo sugerido pelas palavras: “... com o vós m esm os bem sabeis” . O início de m uitas religiões é obscurecido por lendas vagas e m itos tenebrosos. O C ristianism o, no entan- to, é um a religião histórica cujas origens foram dem onstra- ções públicas, vistas por muitas testem unhas (ver At 26.26; Jo 18.20).

3. A to pecam inoso. U m observador superficial pensaria

que Jesus fora vítim a das circunstâncias. Pedro, porém , esclarece sem dissim ulação que sua morte não foi nenhum acidente. Era, pelo contrário, parte do plano divino: “Este que vos foi entregue pelo determ inado conselho e presci- ência de D eus...” Jesus fora traído de acordo com o delibe- rado propósito de Deus. José tam bém parecia ser vítim a indefesa da m aldade de seus irmãos. No entanto, os sofri- mentos que lhe causaram faziam parte do plano divino para a preservação de Israel (Gn 45.5,7,8; 50.20; Zc 12.10; Rm

11.11). Para os judeus, a morte de Jesus seria o fim das declarações que Ele fizera acerca de si mesmo. Pedro ex- plicou ser a morte de Cristo, longe de incoerente com sua posição de M essias, um a parte da m issão definida pelo próprio Deus.

A morte de Jesus estava prevista por Deus e fazia paite do seu plano. Mas, de modo algum, este fato serve com o

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30 Atos: e a Igreja se Fez M issões

desculpa para a m aldade dos que condenaram Cristo à morte. Praticaram este ato m ediante sua própria vontade, sem nenhum a pressão da parte de Deus, que não força ninguém a pecar (Tg 1.13,14). D isse Pedro: “Tom ando-o vós, o crucificaste e m atastes pelas m ãos de injustos”.

4. Vindicação de Deus. “Ao qual Deus ressuscitou, soltas

as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela” (por causa da sua divindade e da prom essa de Deus). A resposta que Israel deu às declarações do M essias foi a cruz e a sepultura. Deus respondeu com a coroa de glória e a portentosa ressurreição. Pela crucificação, Israel disse: “Rejeitam os a este com o M essias, e acabam os com ele” . M ediante a ressurreição, Deus respondeu: “Eu aprovo as suas reivindicações; e o assunto dele com vocês ainda não se acabou” . C ada reavivam ento tem um a m ensagem dom inante que se aplica com perfeição à geração em que surge. O assunto central da prim eira pregação do Cristia- nism o foi a ressurreição de Jesus. M ensagem necessária para os que im aginavam estar ele m orto, com seu m inisté- rio acabado.

II - Predita a Ressurreição

(A t 2 .2 5 -2 8 )

D eclara-se que o judeu em geral precisa de dupla con- versão. A prim eira com a cabeça, e a segunda com o co- ração. A prim eira m ediante o estudo das Escrituras que se referem ao M essias, e a segunda m ediante a operação do Espírito Santo. Pedro, portanto, passa a dem onstrar que a ressurreição foi profetizada nas Escrituras do Antigo Tes- tamento. Visando este propósito, cita Salmos 16.8-10: “Por- que dele disse D avi...” Pedro citou um a profecia do grande antepassado de Jesus. Com o Davi sabia falar acerca da ressurreição do seu descendente divino? “Sendo pois ele profeta... nesta previsão, disse da ressurreição de C risto...” (At 2.30,31, cf. 2 Sm 23.1,2).

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Sermão de Pedro no Pentecoste 31

Lendo este salmo messiânico, podem os entender, à pri- m eira vista, que Davi está descrevendo sua própria experi- ência. E talvez seja assim no início do salmo. Chegam os então às palavras: “Pois não deixarás a m inha alm a no inferno, nem perm itirás que o teu Santo veja corrupção” . Percebem os aí que estas palavras não se aplicam a Davi. Ele m orreu, e seu corpo viu corrupção. O corpo de Cristo, no entanto, ressuscitou da m orte (At 2.29-31).

III ־ Comprovada a Ressurreição (At

2.3 2,3 3,36) 1. Testem unho dos homens. “D eus ressuscitou a este

Jesus, do que todos nós somos testem unhas” . Em outro sermão. Pedro disse: “A este ressuscitou D eus ao terceiro dia, e fez que se m anifestasse, não a todo o povo, mas às testem unhas que Deus antes ordenara; a nós, que com em os e bebem os juntam ente com ele, depois que ressuscitou dos m ortos” . Era esta a tarefa inicial dos pregadores prim itivos - testem unhar que Jesus estava vivo, e que seu m inistério continuaria m ediante os seus seguidores. Por que o Cristo ressurreto não se m ostrou aos descrentes? V er Lucas 16.31 e João 11.43.53.

2. Testem unho do Espírito. “De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a prom essa do Espírito Santo, derram ou isto que vós agora vedes e ouvis” . O derram am ento do Espírito com as m anifestações sobre- naturais que o acom panharam era, por assim dizer, um “telegram a” . A visava os discípulos de que Jesus já estava reinando em poder no centro do Universo!

Pedro chega à irrefutável conclusão: “Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes. Deus o fez Senhor e C risto” . Todo o restante do serm ão era preparativo para este desfecho. O apóstolo chega ao ponto alto da sua grande comissão: convoca toda a casa de Israel - sacerdotes, anciãos e o povo com um - ao arrependim ento e à confissão de Cristo com o M estre.

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32 Atos: e a Igreja se Fez M issões

IV - A plicação da M ensagem (At 2.37-39)

1. C onvicção. “E, ouvindo eles isto, co m pungiram -se

em seu coração, e p erg u n taram a P edro e aos dem ais apóstolos: Q ue farem os, varões irm ão s?” As p alavras de Pedro foram com o flechas. A trav essaram a casca dura do p reco n ceito ju d a ic o , a ponto de os o uvintes serem feridos de rem orsos p ela id éia de terem assassinado seu M essias. O in cid en te aponta p ara o d ia em que a nação in teira lam en tará por causa d aq u E le a quem traspassa- ram (Zc 12.10). Serm ões agudos e o b jetivos produzem co n sciên cias feridas, co m p ro v an d o o p o d er de D eus. A perg u n ta dos o uvintes faz lem b rar a dos seus antepassa- dos: “Com que me ap resen tarei ao Senhor, e me inclina- rei ante o D eus A ltíssim o ?” (M q 6.6). É sem elhante à p erg u n ta do ca rc e re iro em F ilip o s: “ S en h o res, que é n ecessário que eu faça para me sa lv a r? ” Q ueriam saber com o seriam p erdoados por tão grande pecado. Com o seriam aceitos no R eino do M essias. Tal p ergunta é o p rim eiro passo para a conversão.

2. Exortação. “A rrependei-vos” . A rrependim ento pode ser explicado nos seguintes term os: “V ocês m ataram o M essias, no entanto, D eus derrotou os seus propósitos ao ressuscitá-lo. O que vocês fizeram realm ente ajudou a cum- prir o plano dEle. Vocês, porém , fizeram isso por ódio: seu pecado é patente e perm anece. A rrependam -se enquanto a misericórdia divina lhes é oferecida. Logo, Cristo virá como Juiz. Tornem -se seus am igos a fim de que sua vinda lhes seja motivo de alegria, não de condenação” . Arrependimento é um a santa tristeza pelo pecado, seguida pelo abandono deste. E um a total reviravolta feita pela pessoa que desco- briu estar andando pelo cam inho errado. É um ato da von- tade m ediante o qual a pessoa, sob convicção, altera total- m ente sua atitude para com Deus e com o pecado. Cum pre assim a ordem do profeta: “Criai em vós um coração novo e um espírito novo...” (Ez 18.31).

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Sermão de Pedro no Pentecoste

3. Instrução. "E cada um de vós seja batizado em nom e

de Jesus Cristo, para perdão dos pecados...” Duas expres- sões precisam de explicação:

3.1. “Em nom e de Jesus C risto ”. Não há conflito com

a fórm ula trinitariana: “Em nom e do Pai e do Filho e do Espírito Santo” . Não se declara aqui que Atos 2.38 é um a fórm ula de batismo. É apenas uma declaração da fonte de autoridade para o batism o do crente. Quem é batizado em nome de Jesus segue sua liderança. Por seu intermédio passa da antiga para um a nova vida de retidão, em obediência ao m andam ento do Pai e por m eio do Espírito Santo.

3.2. “Batizado... para perdão dos p e c a d o s”. A prim eira

vista, estas palavras ensinam que o batism o na água é, de certa forma, essencial ao perdão dos pecados. No entanto, a rem issão dos pecados está sendo m encionada em cone- xão com o arrependim ento e não apenas com o batism o na água. A m aneira oriental de falar m uitas vezes coloca o sím bolo antes da experiência ou outra coisa sim bolizada. Desta form a o ouvinte ocidental tem a im pressão de que é o símbolo ou a coisa sim bolizada que produz a experiência (cf. At 22.16). O que Pedro queria dizer era: “Arrependei- vos, e recebereis a rem issão dos vossos pecados, e, com o testem unho público disto, deveis ser batizados na água” . Que o perdão dos pecados, dado por Deus, ocorre separa- dam ente do batism o na água se com prova em Atos 10.44- 48. E que nenhum poder existe inerente na água é dem ons- trado em Atos 8.13.21,22. N aturalm ente, isto não diminui a im portância do batism o na água. Com o um rito estabele- cido por ordem divina exige assim a nossa obediência.

Por que a fé não é m encionada com o condição prévia do batism o? A fé é entendida nas palavras: “em nom e de Jesus Cristo". O batism o na água é um a expressão exterior da fé nele.

4. Promessa. A purificação do pecado é seguida pelo

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34 Atos: e a Igreja se Fez M issões

rito Santo...” O livro de Atos indica que estas são experi- ências distintas, em bora possam ser recebidas sim ultanea- m ente (cf. At 19.4-7; 10.44).

N a época do Antigo Testam ento, o Espírito era conce- dido a indivíduos especialm ente escolhidos: profetas, reis e sacerdotes. A gora o dom é para “toda a carne” . Pedro en- sina que a prom essa é universal. E para qualquer pessoa presente - “Porque a prom essa vos diz respeito a vós...” E para todas as gerações: “ ... a vossos filhos” . E para os que vivem em qualquer lugar: “ ... e a todos os que estão longe” - na condição de aceitarem a cham ada divina à salvação - “ ... a tantos quantos Deus nosso Senhor cham ar” . Se Pedro tivesse explicado a salvação do ponto de vista humano, teria dito: “Para quantos aceitarem a cham ada divina à salva- ção” (cf. At 2.47).

5. A resposta. “E com m uitas outras palav ras isto

testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta gera- ção p erv ersa” (cf. 1 Jo 2.15,16). “D e sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram -se quase três mil alm as” . N um só dia foram acrescentados 3000 aos 120 m em bros originais da prim eira igreja - um acréscim o de 2500 por cento ־ a divina adição e m ultiplicação.

V ־ Ensinamentos Práticos

1. O hom em que derrotou a morte. “Ao qual Deus res-

suscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela” . Pedro não disse apenas que a m orte não prendera a Jesus. Ele afirm ou que não era p o s -

sível tal acontecim ento. Tinha visto o Cristo ressurreto, e

com Ele falara. Parece, no entanto, que sua fé tem funda- mentos m ais firm es do que a vista e a conversação. Reco- nhecendo, sem som bra de dúvidas, a divindade de Cristo, sabia que o surpreendente teria sido a «ão-ressurreição do Senhor.

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Sermão de Pedro no Pentecoste 35

Estátuas de líderes de denom inações são erguidas em várias partes do mundo. O M estre de todos eles, porém, não p rec isa de m o n u m en to algum . Jesu s está vivo e conosco! E é este um fato que distingue o Evangelho de qualquer outra religião.

Ao que se une a Cristo, m ediante a fé, aplica-se a mes- m a verdade: não é possível que seja retido pela morte. O túm ulo vazio de Cristo é sinal e garantia de que os de seus seguidores, um dia, tam bém ficarão vazios para sempre. E seus corpos serão glorificados (Jo 11.25.26).

2. Isto é aquilo! “M as isto é o que foi dito pelo profeta Joel” . Há m uitos séculos, o profeta previu e vaticinou o dia em que o fogo da inspiração inflam aria o coração dos sim- pies. O dia em que o dom do Espírito seria um privilégio de todos. Pedro, com um a mão apontando para os adoradores no cenáculo e a outra para o texto sagrado, declarou: “Mas isto é o que foi dito...” A profecia se tornara história. Quan- do oram os e somos respondidos, apontam os um dedo para a oração e outro para a resposta, e dizem os: “Isto é aquilo!” O m esm o princípio se aplica à conduta. H á o caso do médi- co que. apontando os sinais de doença no corpo do viciado e indicando os seus excessos, declara solenemente: “Isto é aquilo!” Depois de um a guerra, olhando para as perdas de vidas e bens, falam os com grande tristeza: “Isto é aquilo!” O “aquilo” do pecado mais cedo ou mais tarde é seguido pelo "isto” das conseqüências.

No dia do juízo, m uitos ficarão surpreendidos. Saberão que m inistraram ao Senhor em pessoa. Jesus lem brará os atos de bondade feitos aos m ais hum ildes, com o que dizen- do: “Isto é aquilo!" "Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes m eus pequeninos irmãos, a m im o fizestes” (Mt 25.31-46).

3. A pregação pentecostal. A pregação de Pedro era: 3.1. A plicada a pessoas. Falava a pessoas específicas,

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cia-36 Atos: e a Igreja se Fez Missões

ro que nem todos iriam gostar. Certa vez, um poderoso político saiu furioso dum culto. D izia ele que sempre tinha dado apoio aos clérigos, mas o serm ão daquela vez foi in- tolerável. Disse que o pregador chegou ao ponto de insis- tirem que a religião deve ser aplicada à vida particular de cada ser hum ano. E, por acaso, não é isto justam ente o que ensina a Bíblia?

3.2. Penetrante. D eve ferir o alvo com o ponto agudo.

Certo m arinheiro ouviu um sermão, e com entou que este pareceu-lhe com o um navio saindo para a pesca de baleias. Tudo em perfeita ordem de funcionam ento: âncora, velas, suprim entos em boas condições. Porém, não tinha arpões a bordo. A pregação de Pedro tinha arpão para fisgar as consciências.

W esley considerava perda de tem po pregar as consola- ções do Evangelho antes de fazer os ouvintes sentirem os terrores da lei e do juízo.

3.3. Poderosa. Pedro falou com poder devido a unção

que o Espírito Santo dava às suas palavras. O Espírito opera com a Palavra com o o m artelo trabalha com os pregos - faz com que penetre profundam ente no lugar desejado. Procu- rar com over pessoas sem este poder é com o operar uma m áquina elétrica quando não há energia.

3.4. Prática. Quando os judeus, sob convicção de peca-

do, perguntaram : “Que farem os?” , Pedro já estava pronto com a sua resposta. D epois de levar as pessoas à convicção quanto ao pecado, o obreiro cristão deve saber levá-las para a graça, com o o hábil guia deve saber m ostrar o cam inho ensolarado do perdão e paz dados por Deus.

“Com pungiram -se em seu coração” . A palavra ferira os ouvintes de Pedro. Agora, ele aplica um pouco mais da Palavra para sarar as feridas. U m pouco de religião é coisa que perturba; mais religião, porém , rem ove a inquietação. A Palavra de Deus é m artelo para quebrar as rochas. Tam ­

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Sermão de Pedro no Pentecoste 37

bém é bálsam o para aliviar o coração quebrado. Seu pri- meiro efeito é convencer o pecador de que está perdido. O segundo, é fazer o perdido regozijar-se no Salvador.

4. O nome sobre todos os nomes. “Saiba pois com cer-

teza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e C risto” . Esta declaração contém os grandes nom es do M estre - Jesus, Senhor e Cristo.

"Jesus” era o nome hum ano do Senhor. Faz-nos lem- brar que Ele veio a ser nosso Irm ão a fim de ajudar-nos. Q uando lem os sobre os sofrim entos de Jesus, devem os lem brar que nada aconteceu fria, oficial e insensivelm ente. Na verdade Jesus teve de enfrentar reais agonias. Assum iu a nossa natureza para que pudesse ajudar-nos. O am or hum ano, sem Cristo, nada pode fazer para nos ajudar.

“Cristo" descreve o ofício do M estre com o nosso Re- dentor e M essias. No A ntigo T estam ento, o C risto, ou M essias, é o que sofre para redim ir seu povo, trazendo-o ao Reino de Deus. Há pessoas que adm iram Jesus como homem. Porém, ninguém pode ser cristão se não confessar que Ele é o Cristo. Pode crer que Jesus morreu como mártir, mas é só a morte de Jesus como Cristo que dá valor expiador a esta morte. Alguém pode crer que Jesus foi ao Céu com o galardão pelas suas próprias virtudes, no entanto, só como o Cristo de Deus é que Ele pode nos levar consigo.

“ Senhor" descreve sua soberania real. Está entronizado à mão direita de Deus, regendo sobre tudo. M ediante a sua morte obteve o direito de ser Senhor dos hom ens. Por ser o nosso Salvador, tam bém é nosso Senhor. Se o aceitam os como nosso Salvador, devem os obedecê-lo tam bém como nosso Senhor.

5. A colheita. Na prim eira proclam ação da Lei, 3000 pessoas foram destruídas (Êx 32.28). N a prim eira procla- m ação do Evangelho 3000 foram salvas. D istingue-se as- sim, significativam ente, a natureza das duas dispensações:

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38 Atos: e a Igreja se Fez Missões

Έ naquele dia agregaram -se quase três mil alm as” . Nota- se que não foram acrescentadas a fim de serem salvas, mas porque já eram salvas. A crescentar pessoas à igreja na esperança de que, depois, cheguem a ser salvas não é o m étodo do Novo Testam ento. Foi o Senhor quem acres- centou estas 3000 pessoas (v. 47). As que forem acrescen- tadas por qualquer outro m étodo devem ser deduzidas da contagem . Som ente um a igreja pura tem condições de ser poderosa e perm anente.

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4

ACura

de um Coxo

Texto: A tos 3

Introdução

O livro de Atos descreve o início da Igreja. No capítulo anterior, estudam os o prim eiro sermão, m inistrado no dia da organização da Igreja. Vimos ainda a resposta ao pri- m eiro apelo. Neste capítulo, passarem os a considerar o prim eiro m ilagre apostólico.

I - As Circunstâncias

1. A ocasião. “E Pedro e João subiam juntos ao tem plo

à hora da oração, a nona” . Os prim eiros cristãos eram de nacionalidade judaica. Eles se reuniam para o culto num dos pórticos do Tem plo, privilégio concedido aos vários grupos religiosos entre os judeus. Eles se reuniam para o estudo das Escrituras.

No princípio, ninguém os m olestava. Consideravam os cristãos mais um a seita dentro do judaísm o, por mais faná- tica que lhes parecesse. M ais tarde, os líderes tiveram de abandonar esta idéia.

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É provável que os prim eiros cristãos tivessem três reu- niões diárias. Isto devido ao costum e judaico das três horas do culto divino no Tem plo (SI 55.17; Dn 6.10): à terceira hora, do sacrifício da m anhã, equivalente às nove horas atuais; ao m eio-dia, provavelm ente um culto de ações de graças; e, finalm ente, a reunião de oração que coincidia com o sacrifício da tarde, à hora nona, ou as atuais 15 horas. Foi neste últim o horário que Pedro e João entraram no Tem plo para um período de culto cristão.

2. O lugar. Foi na porta Form osa que os apóstolos vi- ram o coxo. O Tem plo era cercado por três átrios de már- more. C ada um num nível mais alto, subindo por lanços de degraus, a partir da entrada exterior no nível da cidade. O átrio mais baixo era o único ao qual os gentios tinham acesso. Subindo os degraus, chegava-se ao segundo átrio, o central, além do qual nenhum a m ulher tinha o direito de subir. Então, m ediante outro lanço de degraus, subia-se ao átrio superior onde estavam o altar e o santuário. Em cim a do lanço de degraus, no nível do Tem plo e dando acesso a ele, estava a porta Formosa. Era feita de latão de Corinto e ricam ente ornada e coberta de ouro e prata que, com a luz do sol, brilhavam com glória reluzente.

3. O sofredor. “E era trazido um varão que desde o ventre

de sua m ãe era coxo, o qual todos os dias punham à porta do Tem plo, cham ada Formosa, para pedir esm ola aos que entravam ” . Que contraste! U m a porta forte, bela, desper- tando a adm iração de todos, e um pobre m endigo, vestido em trapos, procurando continuar sua existência à base de esmolas. Tais contrastes existem pelo mundo afora. E as- sim continuam , até que alguém , dotado do poder de Deus, pronuncie a palavra que faz os fracos e débeis ficarem moral, física e espiritualm ente tão belos quanto o Universo.

D ia após dia, o hom em era levado para o Templo. Es- perava que os adoradores estivessem m ais inclinados à 40 Atos: e a Igreja se Fe:. Missões

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