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PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 6ª Turma GDCCAS/cgs

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6ª Turma GDCCAS/cgs

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO.

NULIDADE DA ARREMATAÇÃO.

IRREGULARIDADE NA INTIMAÇÃO DO ESPÓLIO. INTIMAÇÃO DE INVENTARIANTE QUE FORA REMOVIDA PELO JUÍZO DO INVENTÁRIO.

AUSÊNCIA DE INVENTARIANTE

COMPROMISSADO. O Tribunal Regional,

utilizando o disposto no art. 1.797, I, do CC, procedeu a intimação dos atos executórios na pessoa de inventariante que fora removida da função pelo Juízo do inventário. Demonstrada possível violação ao art. art. 5º, LV, da CF, deve ser provido o agravo de instrumento. Agravo de instrumento de que se conhece e a que se dá provimento.

RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. NULIDADE DA ARREMATAÇÃO. IRREGULARIDADE NA INTIMAÇÃO DO ESPÓLIO. INTIMAÇÃO DE INVENTARIANTE QUE FORA REMOVIDA PELO JUÍZO DO INVENTÁRIO. AUSÊNCIA DE INVENTARIANTE COMPROMISSADO Trata-se

de execução contra empresa, cuja

personalidade jurídica foi

desconsiderada, passando a constar no polo passivo da demanda os sócios Walkyria Lacerda e Leone Pedro Arlan (cônjuges). Com o falecimento do sócio

Leone Pedro Arlan, a cônjuge

sobrevivente (Walkyria Lacerda) foi

nomeada inventariante, tendo

representado o espólio até a sua remoção pelo juízo do inventário em 23/10/2010. No ato de remoção da inventariante

Walkyria Lacerda, foi nomeado

inventariante outro herdeiro, o Sr. Pedro Lacerda Arlant, o qual, até

13/9/2013 não havia prestado

compromisso. A determinação judicial para a alienação do imóvel ocorreu em 19/9/2011, mesmo ano em que ocorreu a arrematação em hasta pública e a intimação para os atos executórios

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foram feitos na pessoa de Walkyria Lacerda que não detinha a condição de inventariante. O art. 1.797 do CC prevê a administração da herança pelas pessoas ali nomeadas, sendo o cônjuge sobrevivente o primeiro da lista. Embora o referido dispositivo possa ser utilizado analogicamente, tal como fez o Tribunal Regional, o caso apresenta uma peculiaridade, qual seja, a

primeira da lista, cônjuge

sobrevivente, fora removida da condição

de inventariante pelo Juízo do

inventário. Uma vez removida pelo Magistrado competente ela deixou de representar o espólio, não podendo ser

intimada dos atos de alienação

praticados no Juízo trabalhista. Com efeito, a ordem do art. 1.797 do CC não pode ser aplicada sem considerar o fato de que a cônjuge sobrevivente fora removida da condição de inventariante pelo juízo competente para isso. A

preferência concedida pelo

dispositivo, primeiramente, ao cônjuge não pode ser aplicada aqui porque ela já fora expressamente destituída da função

de inventariante pelo Juiz do

inventário. O motivo da destituição não apresenta relevância, porque o espólio é representado pelo inventariante e, por expressa determinação do Juízo de inventário, Walkyria Lacerda não detinha a representação do espólio. Havendo processo de inventário em curso, ou se aguarda o compromisso do novo inventariante ou se intima todos os herdeiros, para evitar o cerceamento do direito de defesa dos herdeiros. A continuação do processo na Justiça do Trabalho dependia, então, da intimação do representante do espólio e, na ausência deste, da intimação dos herdeiros. Permitir que o inventariante destituído no Juízo de inventário continue representando o espólio na

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Justiça do Trabalho evidencia a irregularidade da representação e torna nulo todo o processado, por violação do contraditório e da ampla defesa. Dessa forma, não é possível validar a

intimação dos atos executórios

realizada na pessoa da Srª. Walkyria Lacerda. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n° TST-RR-159400-10.2004.5.09.0010, em que é Recorrente

LEONARDO LACERDA ARLANT e Recorridos JORGE KITANI, VALDEMIR BITTENCOURT, WALKYRIA LACERDA ARLANT, PEDRO ARLANT NETO e SERRALHERIA MARINGÁ LTDA..

Trata-se de Agravo de Instrumento interposto com o fim de reformar o despacho que denegou seguimento ao Recurso de Revista apresentado contra decisão regional publicada em 23/03/2017, anteriormente à vigência da Lei 13.467/2017.

Contraminuta apresentada.

Desnecessária a remessa dos autos ao d. Ministério Público do Trabalho.

É o relatório.

V O T O

PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO ARGUIDA EM

CONTRAMINUTA

O arrematante assevera que o recurso de revista não tinha condições de processamento, sob a alegação de que, estando o processo em fase final de execução, nenhum dispositivo constitucional foi elencado como desatendido, a teor do que preconiza o §2º do art. 896 da CLT, bem como porque não houve indicação de trecho específico da decisão recorrida, em descumprimento do inciso I do § 1º-A do artigo 896 da CLT. Sustenta que a decisão recorrida não apreciou dispositivo

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constitucional, mas se pautou em legislação infraconstitucional. O reclamante suscita, ainda, o não conhecimento do agravo de instrumento por desfundamentado, nos termos da Súmula 422 desta Corte. Alega que a matéria não oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza jurídica, política, social ou econômica, conforme nova redação do art. 896-A da CLT.

Ao contrário do alegado pelo reclamante, verifica-se nas razões recursais a indicação das violações aos artigos 5º, LIV e LV e art. 93, IX, da Constituição Federal, com demonstração analítica das alegadas ofensas.

O agravante, nas razões do recurso de revista, cumpre a exigência do art. 896, § 1º-A, inciso I, da CLT, pois transcreve o trecho da decisão recorrida, com os destaques da questão objeto da controvérsia, com o fim de demonstrar o prequestionamento da matéria.

Não há se falar em aplicação da Súmula 422, I, desta Corte, eis que demonstrada a existência de impugnação ao despacho pelo agravante, ao se insurgir contra o entendimento de que não haveria ofensa direta a Constituição Federal, asseverando a privação de um bem sem a observância dos princípios do contraditório, ampla defesa e devido processo legal, nos termos do art. 5º, LIV e LV, da CF.

Por fim, no que se refere à transcendência da causa, tem-se que a Lei 13.467/2017 não retroage para atingir os eventos ocorridos antes de sua vigência, nem os processos cujas decisões foram publicadas antes de 11/11/2017. No caso, o v. acórdão regional foi publicado em 23/03/2017, anterior à vigência da referida lei.

Rejeito a preliminar e conheço do agravo de instrumento, porque regular e tempestivo.

MÉRITO

Eis o teor do despacho denegatório:

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO /

Liquidação/Cumprimento/Execução. Alegação(ões):

- violação do(s) artigo 5º, inciso LIV; artigo 5º, inciso LV; artigo 93, inciso IX da Constituição Federal.

O recorrente requer a anulação da decisão recorrida por falta de fundamentação legal ou, sucessivamente, que seja decretada a nulidade absoluta de todos os atos processuais promovidos nestes autos posteriores à destituição/remoção da Inventariante. Fundamentos do acórdão recorrido: "Com efeito, verifica-se dos documentos juntados aos autos que a Sra. Walkyria Lacerda Arlant foi destituida do cargo de inventariante no processo de Inventário e Partilha que tramita na justiça estadual por decisão publicada em 23/12/2010 (fls. 1036/1038), anteriormente, portanto, à determinação judicial para a alienação do imóvel na presente execução, prolatada em 19/09/2011 (fl. 267). Constata-se, ainda, que, nomeado novo inventariamente (Pedro Arlant Neto) pelo mesmo ato judicial de 23/12/2010, este não prestou compromisso até, pelo menos, 13/09/2013, conforme noticia nova decisão do juízo estadual de fl. 1041.Ocorre que, mesmo diante de tal constatação, não se vislumbra a nulidade arguida pelo agravante. Isso porque dispõe o art. 1.797 do Código Civil que, até o compromisso do inventariante, a gestão dos bens da herança cabe não aos sucessores conjuntamente, mas sim ao administrador provisório. Tal administração provisória, por evidente, engloba também a representação processual do espólio . Neste sentido:"HERANÇA - PRINCÍPIO DA SAISINE -

REPRESENTAÇÃO PELO ADMINISTRADOR PROVISÓRIO -

POSSIBILIDADE - "Processo civil. Morte de uma das partes. Substituição processual. Espólio. Representação pelo administrador provisório. Possibilidade. Inexistência de inventariante. Suspensão do feito. Desnecessidade. Nulidade processual. Inocorrência. Recurso parcialmente provido. 1. Não há a configuração de negativa de prestação jurisdicional nos embargos de declaração, se o Tribunal de origem enfrenta a matéria posta em debate na medida necessária para o deslinde da controvérsia, ainda que sucintamente. A motivação contrária ao interesse da parte não se traduz em maltrato ao art. 535 do CPC. 2. De acordo com os arts. 985 e 986 do CPC, enquanto não nomeado inventariante e prestado compromisso, a

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representação ativa e passiva do espólio caberá ao administrador provisório, o qual, comumente, é o cônjuge sobrevivente, visto que detém a posse direta e a administração dos bens hereditários (art. 1.579 do CC/1916, derrogado pelo art. 990, I a IV, do CPC; art. 1.797 do CC/2002). 3. Apesar de a herança ser transmitida ao tempo da morte do de cujus (princípio da saisine), os herdeiros ficarão apenas com a posse indireta dos bens, pois a administração da massa hereditária restará, inicialmente, a cargo do administrador provisório, que representará o espólio judicial e extrajudicialmente, até ser aberto o inventário, com a nomeação do inventariante, a quem incumbirá representar definitivamente o espólio (art. 12, V, do CPC). 4. Não há falar em nulidade processual ou em suspensão do feito por morte de uma das partes se a substituição processual do falecido se fez devidamente pelo respectivo espólio (art. 43 do CPC), o qual foi representado pela viúva meeira na condição de administradora provisória, sendo ela intimada pessoalmente das praças do imóvel. 5. Recurso especial parcialmente provido." (STJ - REsp 777566/RS - (2005/0143321-1) - 3ª T. - Rel. Min. Vasco Della Giustina - DJ 13.05.2010)"Portanto, não se pode confundir os direitos materiais que o herdeiro detém em relação aos bens deixados pelo de cujus com a legitimidade processual do espólio, a qual, nos termos do CC/2002 e do CPC/73 (este ainda vigente à época dos fatos), recai sobre o inventariante, ou, subsidiariamente e em caráter precário, sobre o administrador provisório. Frise-se que é por tal razão que o art. 12, §1°, do CPC/73 (mencionado pelo agravante em suas razões), limita a representação do espólio pelos herdeiros e sucessores somente à hipótese em que houver inventariante DATIVO ("Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte."), o que não é o caso dos autos, sendo, portanto, inaplicável ao presente caso. Não há que se falar, portanto, em nulidade processual nos termos pleiteados pelo agravante, porquanto a expropriação do imóvel não exige prévia intimação dos herdeiros do executado caso não haja inventariante dativo, sendo suficiente a comunicação do inventariante ou, na sua falta, do administrador provisório, seguindo a ordem estabelecida na legislação civil. Além disso, aprofundando-se ainda mais nesta questão, cabe destacar que o próprio art. 1.797 estabelece a ordem de preferência de quem se sujeita ao encargo de administrador provisório: "Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante,

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a administração da herança caberá, sucessivamente: I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão; II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho; III - ao testamenteiro; IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz." Como se observa, a administração da herança na ausência do inventariante recai preferencialmente sobre o cônjuge sobrevivente, que, in casu, é justamente Walkyria Lacerda Arlant, também executada neste feito, e que foi intimada através de seu advogado dos atos desta execução (fl. 275), tendo sido, inclusive, a depositária do imóvel levado à hasta pública (fl. 264). Além do mais, foi devidamente oportunizada à representante do Espólio a impugnação à arrematação, na qual pode discutir todas as questões de nulidade e de mérito que entendeu pertinentes (421 /423), restando, portanto, hígidos todos os atos de expropriação do imóvel. Nada a reparar, portanto." Não se verifica possível afronta direta e literal aos incisos LIV e LV do artigo 5º da Constituição Federal, tampouco ao artigo 93,IX, da CF, invocados como fundamento para o conhecimento do recurso de revista. Se afronta houvesse seria ela apenas reflexa ou indireta, insuscetível de autorizar o trânsito regular deste recurso de natureza extraordinária.

Denego.

Nas razões de agravo de instrumento, o agravante sustenta a ausência de fundamentação da decisão que autorizou a administração temporária do espólio pela inventariante destituída judicialmente do cargo, Sra. Walkyria Lacerda Arlant. Sustenta que o artigo 1.797 do CC, utilizado nas razões de decidir, trata apenas da representação provisória anterior a definição do inventariante, hipótese diversa dos autos. Afirma que o juízo trabalhista não poderia criar novo instituo, sem previsão no Código de Processo Civil, e sem apresentar fundamento jurídico, doutrinário ou jurisprudencial para tanto. Argumenta que se o CPC não prevê a hipótese dos autos, a simples intimação pessoal dos herdeiros sanaria qualquer nulidade. Salienta que não há como se validar a representação provisória do espólio por aquela que fora

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destituída judicialmente do cargo. Alega violação dos arts. 5º, LIV e LV, e 93, IX, da Constituição Federal, 489, § 1º, do CPC. Transcreve arestos ao cotejo de teses.

Ressalte-se que de forma diversa do que afirma o arrematante em contrarrazões, a arguição de matéria constitucional foi suscitada pela parte desde o agravo de petição interposto, em que requer a nulidade absoluta da arrematação, sustentando a violação ao art. 5º, LV, da CF.

Eis o trecho transcrito nas razões do Recurso de Revista:

“(...) Com efeito, verifica-se dos documentos juntados aos autos que a Sra. Walkyria Lacerda Arlant foi destituida do cargo de inventariante no processo de Inventário e Partilha que tramita na justiça estadual por decisão publicada em 23/12/2010 (fls. 1036/1038), anteriormente, portanto, à determinação judicial para a alienação do imóvel na presente execução, prolatada em 19/09/2011 (fl. 267).

Constata-se, ainda, que, nomeado novo inventariante (Pedro Arlant Neto) pelo mesmo ato judicial de 23/12/2010, este não prestou compromisso até, pelo menos, 13/09/2013, conforme noticia nova decisão do juízo estadual de fl. 1041.

Ocorre que, mesmo diante de tal constatação, não se vislumbra a nulidade arguida pelo agravante. Isso porque dispõe o art.1.797 do Código Civil, que, até o compromisso do inventariante, a gestão dos bens da herança cabe não aos sucessores conjuntamente, mas sim ao administrador provisório. Tal administração provisória, por evidente, engloba também a representação processual do espólio.

Neste sentido: "HERANÇA - PRINCÍPIO DA SAISINE -

REPRESENTAÇÃO PELO ADMINISTRADOR PROVISÓRIO -

POSSIBILIDADE - "Processo civil.

Morte de uma das partes. Substituição processual. Espólio. Representação pelo administrador provisório. Possibilidade. Inexistência de inventariante.

Suspensão do feito. Desnecessidade. Nulidade processual. Inocorrência. Recurso parcialmente provido.

1. Não há a configuração de negativa de prestação jurisdicional se o Tribunal de origem enfrenta a matéria posta em debate na medida necessária para o deslinde da controvérsia, ainda que sucintamente. A motivação contrária ao interesse da parte não se traduz em maltrato ao art. 535 do CPC. 2. De acordo com os arts. 985 e 986 do CPC, enquanto não nomeado inventariante e prestado compromisso, a representação ativa e passiva do espólio caberá ao administrador provisório, o qual, comumente, é o cônjuge

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sobrevivente, visto que detém a posse direta e a administração dos bens hereditários (art. 1.579 do CC/1916, derrogado pelo art. 990, I a IV, do CPC; art. 1.797 do CC/2002). 3. Apesar de a herança ser transmitida ao tempo da morte do de cujus (princípio da saisine), os herdeiros ficarão apenas com a posse indireta dos bens, pois a administração da massa hereditária restará, inicialmente, a cargo do administrador provisório, que representará o espólio judicial e extrajudicialmente, até ser aberto o inventário, com a nomeação do inventariante, a quem incumbirá representar definitivamente o espólio (art. 12, V, do CPC). 4. Não há falar em nulidade processual ou em suspensão do feito por morte de uma das partes se a substituição processual do falecido se fez devidamente pelo respectivo espólio (art. 43 do CPC), o qual foi representado pela viúva meeira na condição de administradora provisória, sendo ela intimada pessoalmente das praças do imóvel. 5. Recurso especial parcialmente provido." (STJ - REsp 777566/RS - (2005/0143321-1) - 3ª T. - Rel. Min. Vasco Della Giustina - DJ 13.05.2010)"

Portanto, não se pode confundir os direitos materiais que o herdeiro detém em relação aos bens deixados pelo de cujus com a legitimidade processual do espólio, a qual, nos termos do CC/2002 e do CPC/73 (este ainda vigente à época dos fatos), recai sobre o inventariante, ou, subsidiariamente e em caráter precário, sobre o administrador provisório. Frise-se que é por tal razão que o art. 12, §1°, do CPC/73 (mencionado pelo agravante em suas razões), limita a representação do espólio pelos herdeiros e sucessores somente à hipótese em que houver inventariante DATIVO Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte."), o que não é o caso dos autos, sendo, portanto, inaplicável ao presente caso. Não há que se falar, portanto, em nulidade processual nos termos pleiteados pelo agravante, porquanto a expropriação do imóvel não exige prévia intimação dos herdeiros do executado caso não haja inventariante dativo, sendo suficiente a comunicação do inventariante ou, na sua falta, do administrador provisório, seguindo a ordem estabelecida na legislação civil. Além disso, aprofundando-se ainda mais nesta questão, cabe destacar que o próprio art. 1.797 estabelece a ordem de preferência de quem se sujeita ao encargo de administrador provisório: "Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá, sucessivamente: I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão; II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho; III - ao testamenteiro; IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz." Como se observa, a administração da herança na

ausência do inventariante recai preferencialmente sobre o cônjuge sobrevivente, que, in casu, é justamente Walkyria Lacerda Arlant,

também executada neste feito, e que foi intimada através de seu advogado dos atos desta execução (fl. 275), tendo sido, inclusive, a depositária do imóvel levado à hasta pública (fl. 264). Além do mais, foi devidamente

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oportunizada à representante do Espólio a impugnação à arrematação, na qual pode discutir todas as questões de nulidade e de mérito que entendeu pertinentes (421 /423), restando, portanto, hígidos todos os atos de expropriação do imóvel.

Nada a reparar, portanto. MANTENHO. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO AO AGRAVO.(...)”

Foram transcritos também os seguintes trechos da decisão do Tribunal Regional relativamente aos embargos de declaração opostos:

“(...) Em segundo lugar, inexiste contradição ao ser reconhecida a condição de representante da herança para Walkyria Lacerda Arlant, mesmo após a decisão do juízo cível destituindo-a do cargo de inventariante.

Isso porque não se afirmou que Walkyria continuou a exercer o munus de inventariante, tendo se consignado como razões de decidir, como relata o próprio embargante, que Walkyria atuou na condição de administradora provisória, figura essa prevista no art. 1.797 do Código

Civil. De se notar que a decisão que destituiu a Sra Walkyria do encargo

de inventariante consigna como razão para sua destituição o fato de que "...devidamente intimada para dar o regular prosseguimento ao feito (fls. 294, não se manifestou..." (fls. 1036), negligência esta que também se aplica ao inventariante então nomeado, Sr. Pedro Arlant, haja vista

que a decisão que o nomeou foi publicada em 23/12/2010 (fls. 1038) e por mais de 3 anos não se interessou em prestar o compromisso e/ou receber os bens do espólio.

Dito isso, é certo que a Lei prevê abstratamente que o administrador provisório tem sua atuação limitada à abertura do inventário, mais precisamente até a assinatura do termo de compromisso do inventariante na respectiva conforme previsto no mesmo art. 1.797 mencionado. É dizer, não teria razão de se manter a figura do administrador provisório se o próprio ordenamento jurídico estabelece que o encargo passará a ser incumbência do inventariante, além de o Código Processual regular a eventual substituição da pessoa investida nesta função.

O presente caso, no entanto, comporta situação peculiar O imóvel foi levado à hasta pública e arrematado no ano de 2011 (fls. 367 e 387/388),

justamente no lapso de tempo entre a destituição de Walkyria e a assinatura do termo de compromisso pelo novo inventariante, hipótese essa para a qual a lei processual não apresenta regulamentação expressa.

Havendo este lapso na representação por inventariante, houve o retorno a uma situação análoga e anterior ao início da ação de inventário, no sentido de que a administração da herança não se encontrava sob responsabilidade do inventariante.

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Firmado por assinatura digital em 22/05/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP Certo é que não poderia o juízo trabalhista apenas declarar que o CPC não prevê representação processual do espólio para tal período, até

por conta do que dispõe o art. 4° da LINDB ("Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito."). Tampouco, poder-se-ia exigir a intimação de todos os herdeiros, já que o CPC/73 expressamente restringia a representação conjunta ao caso de o inventariante ser dativo (art. 12, parágrafo único), o que não é o caso.

Nesta circunstância, como já consignado no v. Acórdão, a hipótese encontra aplicação regulada pelo art. 1797 do Código Civil, eis que é justamente o dispositivo legal que trata do lapso temporal em que a herança não se encontra representada pelo inventariante, o qual dispõe: "Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, an administração da herança caberá, sucessivamente: I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão; II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho; III - ao testamenteiro; IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz." Em sendo

Walkyria Lacerda Arlant a cônjuge sobrevivente, incidindo na hipótese do inciso I, possui preferência legal para administrar os bens da herança sobre os demais herdeiros até que seja investido novo inventariante. Importante destacar que é irrelevante para tal hipótese o

fato de o juízo cível ter entendido necessário destituir Walkyria do cargo de inventariante. A um porque sua destituição decorreu do fato de "não

dar prosseguimento ao feito" e a dois por tratar-se de representação ex lege, tendo o ordenamento jurídico dado preferência da administração provisória dos bens a determinadas pessoas ligadas ao de cujus (in casu, a cônjuge) até que a figura do inventariante venha a substituí-la.

O entendimento esposado, neste esteira, não está em conflito com a decisão do juízo cível, que tão somente nomeou novo inventariante, ato esse que, por si só, é insuficiente para constitui-lo como inventariante representante do espólio, para o que se exige o termo de compromisso. Assim, na ausência do inventariante constituído, caso a decisão do presente feito determinasse a intimação do espólio em nome de qualquer outra pessoa que não o administrador provisório, estar-se-ia indo contra legem, tendo o Código Civil expressamente elencado a quem compete tal encargo "até o compromisso do inventariante".

Portanto, em que pese o embargante ter declinado interpretação legal diversa quanto à representação da herança antes da assinatura do termo de compromisso pelo novo inventariante, a tese não tem o condão de alterar o resultado do julgado e tampouco de caracterizar vício no julgado passível de ser sanado ou suprido por meio dos embargos de declaração.

O posicionamento adotado foi de que, a representação do espólio quando destituído um inventariante e até que seja prestado o compromisso por outro, tal encargo caberá ao administrador

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Firmado por assinatura digital em 22/05/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP provisório, em inteligência às normas do Código Civil. No mais, os art. 997 e 998 do CPC/73 (vigente à época dos fatos) estabelecem que, com a destituição do inventariante, o juízo deverá proceder à nomeação de outro, e aquele removido deverá entregar de imediato ao substituto os bens do espólio: "Art. 997. Decorrido o prazo com a defesa do inventariante

ou sem ela, o juiz decidirá. Se remover o inventariante, nomeará outro, observada a ordem estabelecida no art. 990.

Art. 998. O inventariante removido entregará imediatamente ao substituto os bens do espólio; deixando de fazê-lo, será compelido mediante mandado de busca e apreensão, ou de imissão na posse, conforme se tratar de bem móvel ou imóvel." Tais artigos não são aplicáveis ao caso na forma como pretende o embargante, porquanto, conforme exposto, não houve "substituto" de Walkyria na condição de inventariante, já que Pedro Arlant Neto não assinou o termo do compromisso. Além disso é de se ressaltar que o inventariante nomeado sequer se interessou em receber os bens do espólio, posto que por mais de 3 anos deixou de atender a determinação judicial de prestar compromisso e assumir o encargo de inventariante ( Dormientibus Non Sucurrit Ius).

Walkyria, de fato, foi destituída da função de inventariante com a decisão judicial de 23/12/2010, cabendo-lhe, no entanto a representação provisória do espólio unicamente em razão da ordem de preferência elencada no art. 1.797, I, do Código Civil, ante a inexistência de inventariante formalmente instituído no período. ACOLHO PARCIALMENTE, unicamente para fins de esclarecimento e prequestionamento.

Pelo que, ACORDAM os Desembargadores da Seção Especializada do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, por unanimidade de votos, CONHECER DOS EMBARGOS DECLARATÓRIO S DAS PARTES, assim como das respectivas contrarrazões. No mérito, por igual votação, DAR PROVIMENTO PARCIAL AOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS DE PEDRO ARLANT NETO, apenas para esclarecimento, nos termos da fundamentação; sem divergência de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL AOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS DE LEONARDO LACERDA ARLANT, apenas para esclarecimento, nos termos da fundamentação”

“(...)Primeiramente, rejeita-se de plano o pleito do embargante acerca da reapreciação do mérito. O que o embargante alega tratar-se de "contradição interna" e de "incompatibilidade lógico-jurídica", refere-se à interpretação jurídica do caso expressada por este Colegiado acerca da representação do espólio após a destituição de Walkyria como inventariante, posicionamento este que não se coaduna com a pretensão do recorrente. Não obstante, o mero inconformismo da parte com o resultado da demanda não autoriza a oposição de embargos de declaração.

Saliente-se que a pretensa contradição no posicionamento desta C. Seção já restou arguida por ocasião dos embargos declaratórios anteriores, tendo a argumentação da parte sido afastada no v. Acórdão de fls.

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1408/1423, verbis: "Em segundo lugar, inexiste contradição ao ser

reconhecida a condição de representante da herança para Walkyria Lacerda Arlant, mesmo após a decisão do juízo cível destituindo-a do cargo de inventariante. Isso porque não se afirmou que Walkyria continuou a exercer o de inventariante, tendo munus se consignado como razões de decidir, como relata o próprio embargante, que Walkyria atuou na condição de administradora provisória, figura essa prevista no art. 1.797 do Código Civil.

O imóvel foi levado à hasta pública e arrematado no ano de 2011 (fls. 367 e 387/388), justamente no lapso de tempo entre a destituição de Walkyria e a assinatura do termo de compromisso pelo novo inventariante, hipótese essa para a qual a lei processual não apresenta regulamentação expressa.

Havendo este lapso na representação por inventariante, houve o retorno a uma situação análoga e anterior ao início da ação de inventário, no sentido de que a administração da herança não se encontrava sob responsabilidade do inventariante. Certo é que não poderia o juízo trabalhista apenas declarar que o CPC não prevê representação processual do espólio para tal período, até por conta do que dispõe o art. 4° da LINDB ("Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito."). Tampouco, poder-se-ia exigir a intimação de todos os herdeiros, já que o CPC/73 expressamente restringia a representação conjunta ao caso de o inventariante ser dativo (art. 12, parágrafo único), o que não é o caso.

Nesta circunstância, como já consignado no v.Acórdão, a hipótese encontra aplicação regulada pelo art. 1.797 do Código Civil, eis que é justamente o dispostivo legal que trata do lapso temporal em que a herança não se encontra representada pelo inventariante, o qual dispõe: (...) Em sendo Walkyria Lacerda Arlant a cônjuge sobrevivente, incidindo na hipótese do inciso I, possui preferência legal para administrar os bens da herança sobre os demais herdeiros até que seja investido novo inventariante.

Importante destacar que é irrelevante para tal hipótese o fato de o juízo cível ter entendido necessário destituir Walkyria do cargo de inventariante.

A um porque sua destituição decorreu do fato de "não dar prosseguimento ao feito" e a dois por tratar-se de representação ex lege, tendo o ordenamento jurídico dado preferência da administração provisória dos bens a determinadas pessoas ligadas ao de cujus (in casu, a cônjuge) até que a figura do inventariante venha a substituí-la.

O entendimento ora esposado, neste esteira, não está em conflito com a decisão do juízo cível, que tão-somente nomeou novo inventariante, ato esse que, por si só, é insuficiente para constitui-lo como inventariante representante do espólio, para o que se exige o termo de compromisso. Assim, na ausência do inventariante constituído, caso a decisão do presente feito determinasse a intimação do espólio em nome de qualquer outra pessoa que não o administrador

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Firmado por assinatura digital em 22/05/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP provisório, estar-se-ia indo contra legem, tendo o Código Civil expressamente elencado a quem compete tal encargo "até o compromisso do inventariante".

Portanto, em que pese o embargante ter declinado interpretação legal diversa quanto à representação da herança antes da assinatura do termo de compromisso pelo novo inventariante, a tese não tem o condão de alterar o resultado do julgado e tampouco de caracterizar vício no julgado passível de ser sanado ou suprido por meio dos embargos de declaração." Rejeita-se,

portanto, a alegação de contradição, notadamente por tratar-se de matéria já apreciada por este Colegiado, já constando do decisum de forma exauriente a fundamentação jurídico-legal requerida pelo embargante. Por outro lado, assiste razão o embargante ao apontar erro

material no dispositivo do v. Acórdão, que possui o seguinte teor: "Pelo que, ACORDAM os Desembargadores da Seção Especializada do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, por unanimidade de votos, CONHECER DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS DAS PARTES, assim como das respectivas contrarrazões. No mérito, por igual votação, DAR PROVIMENTO PARCIAL AOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS DE PEDRO ARLANT NETO, apenas para esclarecimento, nos termos da fundamentação; sem divergência de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL AOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS DE LEONARDO LACERDA ARLANT, apenas para esclarecimento, nos termos da fundamentação." Com

efeito, o entendimento do Exmo.

Desembargador Benedito Xavier da Silva não acompanhou a maioria do Colegiado, tendo consignado em anotação pública que estaria inclinado "a dar efeito modificativo aos embargos de declaração do agravante Leonardo Lacerda Arlant. Consequentemente, daria provimento ao agravo de petição para anular os atos processuais a partir da intimação do Espólio na pessoa da inventariante destituída." (fl. 1437) Assim, o dispositivo do v. Acórdão deve passar a constar com a

seguinte redação: "Pelo que, ACORDAM os Desembargadores da Seção Especializada do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, por

unanimidade de votos, CONHECER DOS EMBARGOS

DECLARATÓRIOS DAS PARTES, assim como das respectivas contrarrazões. No mérito, por igual votação, SE DAR PROVIMENTO PARCIAL AOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS DE PEDRO ARLANT NETO, apenas para esclarecimento, nos termos da fundamentação.

Por maioria de votos, vencido o Desembargador Benedito Xavier da

Silva, DAR PROVIMENTO PARCIAL AOS EMBARGOS

DECLARATÓRIOS DE LEONARDO LACERDA ARLANT, apenas para esclarecimento, nos termos da fundamentação." Rejeito o pleito de transcrição do teor do Voto divergente, porquanto os fundamentos do Voto vencido não precisam ser inclusos na tese vencedora, salvo quando o próprio Desembargador vencido opte por consigná-los, situação essa que deverá constar expressamente da certidão de julgamento. No caso, o Exmo Desembargador Benedito Xavier da Silva não optou por consignar seus

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fundamentos conforme se observa na certidão de julgamento de fls. 1406/1407.

Ante o exposto, ACOLHO PARCIALMENTE os embargos de declaração, para sanar erro material.

CONCLUSÃO

Pelo que, ACORDAM os Desembargadores da Seção Especializada do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, por unanimidade de CONHECER DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS DA PARTE, assim como das respectivas contrarrazões. No mérito, por igual votação, DAR PROVIMENTO PARCIAL AOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS DE LEON ARDO LACERDA ARLANT, para, nos termos da fundamentação, sanar erro material, devendo o dispositivo do v. Acórdão passar a constar com a seguinte redação: "Pelo que, ACORDAM os Desembargadores da Seção Especializada do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, por

unanimidade de votos, CONHECER DOS EMBARGOS

DECLARATÓRIOS DAS PARTES, assim como das respectivas contrarrazões. No mérito, por igual votação, DAR PROVIMENTO PARCIAL AOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS DE PEDRO ARLANT NETO, apenas para esclarecimento, nos termos da fundamentação.

Por maioria de votos, vencido o Desembargador Benedito Xavier da Silva, DAR PROVIMENTO PARCIAL AOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS DE LEONARDO LACERDA ARLANT, apenas para esclarecimento, nos termos da fundamentação."

Da referida transcrição extrai-se que com o falecimento do sócio Leone Pedro Arlan, a Sra. Walkyria (cônjuge sobrevivente) foi nomeada inventariante e representante do espólio, posição ocupada até a sua remoção do cargo pelo Juízo do Espólio em 23/12/2010. O Sr. Pedro Lacerda Arlant foi nomeado como novo inventariante pelo mesmo ato judicial, porém, pelo menos até 13/9/2013, não havia prestado compromisso.

A determinação judicial para a alienação do imóvel da execução ocorreu em 19/9/2011, mesmo ano em que o bem foi levado à hasta pública e arrematado, ou seja, após a destituição da Sra. Walkyria, e em período no qual permanecia a ausência de assinatura do termo de compromisso pelo novo inventariante.

Desta feita, não prospera a alegação das contrarrazões de que restou ausente o prequestionamento específico da matéria objeto do recurso, tendo em vista que, dos trechos transcritos e destacados pela

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parte, extrai-se o prequestionamento do tema que o agravante pretende debater.

Há emissão de tese acerca da “aplicação regulada pelo

art. 1.797 do Código Civil” e quanto ao fato de ser “irrelevante para tal hipótese o fato de o juízo cível ter entendido necessário destituir Walkyria do cargo de inventariante”, sendo esses os elementos trazidos

nas razões recursais para requerer a anulação dos atos processuais a partir da intimação do Espólio na pessoa da inventariante destituída.

Assim, o agravante logra êxito em demonstrar aparente violação ao art. 5º, LV, da CF, ao trazer a tese acerca da ausência de previsão legal para a situação dos autos, em que a primeira inventariante foi destituída do cargo, e o segundo inventariante nomeado não cumpriu a formalidade do compromisso, ainda assim, a decisão regional considerou a primeira inventariante como administradora provisória, aplicando analogicamente o art. 1.797 do CC.

Portanto, diante de possível violação do art. art. 5º, LV, da CF, dou provimento ao agravo de instrumento, a fim de determinar o processamento do Recurso de Revista.

RECURSO DE REVISTA CONHECIMENTO

Pelas razões expostas no agravo de instrumento, conheço do recurso de revista por violação do art. art. 5º, LV, da CF. No caso, não há se falar em violação meramente reflexa da Constituição Federal, como sustenta o arrematante em contrarrazões, pois a tese suscitada pelo agravante é a privação de um bem, sem a observância do contraditório e da ampla defesa, tendo em vista a validação da arrematação, desconsiderando a especificidade do caso em questão, em que a mesma pessoa destituída da figura de inventariante pelo juízo cível, foi tida por representante do espólio pela Justiça do Trabalho.

MÉRITO

Entendeu a Corte Regional que o caso dos autos poderia ser equiparada a uma situação análoga, anterior ao início da ação de inventário, quando a herança ainda não está sob a responsabilidade do

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inventariante, conforme os termos do art. 1.797do CC, concluindo que até o compromisso do inventariante, há preferência da administração provisória da herança para o cônjuge sobrevivente (Sra. Walkyria).

O Tribunal Regional concluiu inexistir nulidade, uma vez que a Srª Walkyria Lacerda foi intimada dos atos da execução, tendo sido, inclusive, a depositária do imóvel levado à hasta pública, não havendo se falar em nulidade processual, razão pela qual negou provimento ao agravo de petição.

Nos termos dos arts. 985 e 986 do CPC/73 (vigente à época dos fatos), entre a abertura da sucessão e a nomeação do inventariante, a herança deverá ser representada por um administrador provisório. Tem-se da análise desses dispositivos c/c artigo 1.797 do CC/2002 que a representação ativa e passiva do espólio caberá ao administrador provisório, o qual, comumente, é o cônjuge sobrevivente, visto que detém a posse direta e a administração dos bens hereditários. Art. 985. Até que o inventariante preste o compromisso (art. 990, parágrafo único), continuará o espólio na posse do administrador provisório.

Art. 986. O administrador provisório representa ativa e passivamente o espólio, é obrigado a trazer ao acervo os frutos que desde a abertura da sucessão percebeu, tem direito ao reembolso das despesas necessárias e úteis que fez e responde pelo dano a que, por dolo ou culpa, der causa.

Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá, sucessivamente:

I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão;

II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho;

III - ao testamenteiro;

IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz.

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Trata-se de execução contra empresa, cuja

personalidade jurídica foi desconsiderada, passando a constar no polo passivo da demanda os sócios Walkyria Lacerda e Leone Pedro Arlan (cônjuges).

Com o falecimento do sócio Leone Pedro Arlan, a cônjuge sobrevivente (Walkyria Lacerda) foi nomeada inventariante, tendo representado o espólio até a sua remoção pelo juízo do inventário em 23/10/2010.

No ato de remoção da inventariante Walkyria Lacerda, foi nomeado inventariante outro herdeiro, o Sr. Pedro Lacerda Arlant, o qual, até 13/9/2013 não havia prestado compromisso.

A determinação judicial para a alienação do imóvel ocorreu em 19/9/2011, mesmo ano em que ocorreu a arrematação em hasta pública e a intimação para os atos executórios foram feitos na pessoa de Walkyria Lacerda que não detinha a condição de inventariante.

O art. 1.797 do CC prevê a administração da herança pelas pessoas ali nomeadas, sendo o cônjuge sobrevivente o primeiro da lista. Embora o referido dispositivo possa ser utilizado analogicamente, tal como fez o Tribunal Regional, o caso apresenta uma peculiaridade, qual seja, a primeira da lista, cônjuge sobrevivente, fora removida da condição de inventariante pelo Juízo do inventário.

Uma vez removida pelo Magistrado competente a srª Walkyria Lacerda deixou de representar o espólio, não podendo ser intimada dos atos de alienação praticados no Juízo trabalhista.

Com efeito, a ordem do art. 1.797 do CC não pode ser aplicado sem considerar o fato de que a cônjuge sobrevivente fora removida da condição de inventariante pelo juízo competente para isso. A preferência concedida pelo dispositivo, primeiramente, ao cônjuge não pode ser aplicada aqui porque ela já fora expressamente destituída da função de inventariante pelo Juiz do inventário.

O motivo da destituição não apresenta relevância, porque o espólio é representado pelo inventariante e, por expressa determinação do Juízo de inventário, Walkyria Lacerda não detinha a representação do espólio.

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Havendo processo de inventário em curso, ou se aguarda o compromisso do novo inventariante ou se intima todos os herdeiros, para evitar o cerceamento do direito de defesa dos herdeiros.

A continuação do processo na Justiça do Trabalho dependia, então, da intimação do representante do espólio e, na ausência deste, da intimação dos herdeiros.

Permitir que o inventariante destituído no Juízo de inventário continue representando o espólio na Justiça do Trabalho evidencia a irregularidade da representação e torna nulo todo o processado, por violação do contraditório e da ampla defesa, tal como sustentado pelo Agravante.

Em atenção à alegação das contrarrazões, não há contrariedade à Súmula 126 do TST. Isso porque, não houve reexame da prova, mas reenquadramento dos fatos que estão devidamente registrados na decisão recorrida.

Ademais, destaque-se que não há delimitação na decisão regional acerca de fraude contra credores e quanto ao pedido de desistência de nomeação como inventariante do Sr. Leonardo Arlant, antes de assinar o termo de compromisso, não havendo prequestionamento que possibilite a análise de tais alegações dispostas em contrarrazões.

Diante do exposto, dou provimento ao recurso de revista, para declarar a nulidade dos atos processuais posteriores à destituição de Walkyria Lacerda Arlant, em 23/10/2010, e determinar o retorno dos autos ao juízo da execução, a fim de que prossiga na execução como entender de direito.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sexta Turma do Tribunal

Superior do Trabalho, por maioria, vencida a Exma. Ministra Kátia Magalhães Arruda, relatora, a) conhecer do agravo de instrumento e, no mérito, dar-lhe provimento para processar o recurso de revista; b)

conhecer do recurso de revista, por violação ao art. 5º, LV, da CF, e,

no mérito, dar-lhe provimento, para declarar a nulidade dos atos processuais posteriores à destituição de Walkyria Lacerda Arlant, em

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23/10/2010 e determinar o retorno dos autos ao juízo da execução, a fim de que prossiga na execução como entender de direito.

Brasília, 22 de maio de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001) CILENE FERREIRA AMARO SANTOS

Redatora Designada

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