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COMENTÁRIO DA PROVA DE LITERATURA

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Academic year: 2021

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COMENTÁRIO DA PROVA DE LITERATURA

Parafraseando uma canção da banda brasileira Jota Quest, vivemos esperando por provas melhores. Por provas à altura da instituição Universidade Federal do Paraná, à altura de excelentes provas num passado recente, à altura dos esforços e sacrifícios daqueles alunos que bem se preparam e daqueles professores de Ensino Médio que se esmeram em suas aulas. E o que percebemos neste ano? Uma prova de nível baixo e um pouco repetitiva, levando em consideração que: 1) eram duas obras a menos exigida como leitura; 2) a prova da UFPR é um balizador para todo o Ensino Médio.

Seria exagero de nossa parte? Vejamos então:

1. Uma prova de Literatura sem Machado de Assis. Precisa dizer mais? Sim, é preciso dizer mais.

2. Uma prova sem História da Literatura Brasileira e com quase nada de Teoria Literária Básica. A UFPR ignorou prati-camente todo o programa de História da Literatura Brasileira proposto para o Ensino Médio, apesar de o programa, estabe-lecido pela própria instituição, mencionar o seguinte:

Os textos serão abordados em função de seu momento cultural, sua situação na história da literatura brasileira e sua realização enquanto obra de arte literária;

O conhecimento dessas obras supõe capacidade de análise e interpretação de textos, bem como o reconhecimento de aspectos próprios aos diferentes gêneros e modalidades que nelas se manifestam;

Entende-se que é necessário conhecer também o contexto histórico, social, cultural e estético que cerca a composição de cada obra.

Precisa dizer mais? Sim, é preciso dizer mais.

3. Uma questão, um livro. Infelizmente, a prova de Literatura da UFPR até parece uma prova bimestral do Livro, tão recor-rente no Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Nada de relacionar uma obra com outra da lista, fazendo com que o aluno estabeleça semelhanças e diferenças. Precisa dizer mais? Talvez não, pois a nossa análise está ficando dura demais, ape-sar de absolutamente pertinente.

No ano passado, até parecia que a banca sinalizava para melhorias, com questões de Língua e Interpretação baseadas nas obras literárias, além de uma questão misturando duas leituras da lista. Entretanto, neste ano, foram dados passos – ou seriam pulos? – para trás.

O consolo? Nossos alunos foram muito bem nesta prova, pois estavam bem preparados, graças a tantas aulas que tivemos, revisando exaustivamente todos os conteúdos. Quem sabe venha uma prova melhor de Compreensão e Interpretação de Texto, envolvendo literatura? Nossa esperança.

(2)

a) INCORRETA. O poema “Canção do exílio” NÃO aparece em Últimos cantos. Ele abre a obra Primeiros cantos, publi-cada em 1846.

b) CORRETA. Trata-se do poema indianista mais representativo de Últimos cantos, que apresenta uma variação métrica bastante interessante. O ritmo criativo e original é um dos grandes virtuosismos do poeta.

c) INCORRETA. O poema “Marabá” nos traz uma índia mestiça e, por isso, discriminada pelo restante de sua tribo. d) INCORRETA. Tem-se, em “O gigante de pedra”, a natureza personificada. O gigante corresponde à silhueta dos montes

ao horizonte do Rio de Janeiro, visto do mar, assemelhando-se a um gigante deitado.

e) INCORRETA. Em “A Mãe-d’água” (e não “Mãe d’água”), temos o destaque da natureza em seu fascínio, mas também em seus perigos: a criança que morre afogada seria, no universo do poema e das lendas populares, recolhida pela Mãe-d’água.

COMENTÁRIO

Boa questão, embora um pouco repetitiva, quando comparada com a questão que foi cobrada na prova do ano passado. O conhecimento de alguns poemas de Gonçalves Dias foi fundamental. Detalhe: todos os poemas citados foram comentados em nossas aulas.

(3)

a) INCORRETA. O texto em questão fala do sincretismo religioso que se notava nos subúrbios do Rio de Janeiro: protestan-tismo, catolicismo, candomblé e espiriprotestan-tismo, praticados pelas mesmas pessoas, conforme situações específicas, sem maiores relações com Clara.

b) INCORRETA. Clara tinha um temperamento extremamente dócil e não possuía rixas com suas vizinhas. Suas “rixas” eram mais silenciosas.

c) INCORRETA. Clara dos Anjos não morre. Erro bem bobinho.

d) INCORRETA. Clara não se casou com Cassi Jones. Outro erro bem evidente.

e) CORRETA. Clara não foi preparada para os perigos e os perigosos desta vida e, assim, a barreira de superproteção fami-liar acabou sendo rompida por Cassi Jones.

COMENTÁRIO

Boa questão, exigindo um mínimo de interpretação da obra, relacionada a aspectos da personalidade de Clara.

(4)

a) INCORRETA. O samba marca ainda mais a diferença social, pois caracteriza um grupo social mais humilde: aqueles que não usam black-tie, ou seja, que são desprovidos de melhores condições financeiras e que não frequentam lugares mais nobres.

b) INCORRETA. Bem pelo contrário: demarca ainda mais a oposição entre o individual e o coletivo, além da situação de pobreza no morro.

c) CORRETA. Além do próprio autor do samba, Juvêncio, Chiquinho também cantarola o samba, com Terezinha.

d) INCORRETA. Tião não usa black-tie. E ele não representa na peça tal papel: é o oprimido que discorda dos métodos grevistas.

e) INCORRETA. Não há um final necessariamente trágico na peça. Tião vai apenas embora do morro.

COMENTÁRIO

(5)

a) CORRETA. Trata-se da interpretação mais razoável entre as outras interpretações propostas nas alternativas subse-quentes. É a que explicita a ideia central do texto.

b) INCORRETA. “No meio do caminho” NÃO consta da obra Claro enigma, e, sim, em Alguma poesia, obra de estreia do autor, publicada em 1930.

c) INCORRETA. Não há romantismo no poema “A mesa”: descreve-se um suposto banquete que só ocorre na mente do eu lírico.

d) INCORRETA. Não há uma resposta por parte da moça.

e) INCORRETA. Não há tal ritmo frenético no poema. Este poema estaria mais para “slow poetry” do que “versos futuristas”.

COMENTÁRIO

É pouco, muito pouco, a se cobrar de uma obra tão rica.

Trata-se de Carlos Drummond de Andrade. Trata-se de Claro enigma, livro que o autor procurou e atingiu a perfeição formal. A questão não obedeceu ao seguinte preceito seguido por Drummond, que procurou variar significados ao grafar “bom-dia” e “bom dia”. Tal sutileza não foi observada pela banca da UFPR. Além disso, foram suprimidos 8 versos do texto, sem haver a sinalização de tal corte.

(6)

a) INCORRETA. A narrativa é feita em 1ª pessoa, por um personagem-narrador não nomeado, que era amigo, conterrâneo e contemporâneo de Augusto dos Anjos.

b) INCORRETA. Quem fala dos subúrbios do Rio de Janeiro é Lima Barreto, em Clara dos Anjos. Além disso, o estado natal de Augusto dos Anjos é a Paraíba. O espaço da obra é o Rio de Janeiro dos cafés e livrarias do centro.

c) INCORRETA. Não há uma narrativa linear nesta obra, pois há uma mistura de fatos e lembranças.

d) CORRETA. Versos de Augusto dos Anjos aparecem no título, na epígrafe e no nome de alguns capítulos da obra, por exemplo.

e) INCORRETA. Alternativa completamente desmedida. As crônicas não fazem parte da obra.

COMENTÁRIO

A história e a biografia de Augusto dos Anjos. A questão exigia conhecimentos sobre espaço, tempo e ponto de vista presentes na obra.

(7)

a) INCORRETA. A justificativa da segunda oração nada tem a ver com a primeira oração. Santo Antônio viveu na Idade Média e, portanto, não poderia ter escrito um sermão considerado “clássico”.

b) INCORRETA. O sermão é dirigido aos peixes e, por extensão, aos colonos e religiosos do Maranhão, em 1654. Além disso, Padre Vieira não dá soluções para que tais pregadores sejam mais eficazes: ele aponta as possíveis razões por que o sal não salga e/ou a terra não se deixa salgar.

c) CORRETA. Nos vícios, ele aponta defeitos como: a cegueira, a injustiça (peixes maiores devoram os menores), presun-ção, dissimulapresun-ção, entre outros.

d) INCORRETA. Os peixes voadores são criticados, pois representam a ambição, a presunção, pois querem fazer o que não é posto ou vocacionado a eles.

e) INCORRETA. Padre Vieira se interessou, sim, por temas locais, como: a escravidão dos indígenas, o avanço da Holanda sobre terras brasileiras, a evangelização de colonos e indígenas, entre outros.

COMENTÁRIO

Foi a melhor questão da Prova de Literatura. Questão de nível médio, que exigia o conhecimento do texto integral. Aborda o estilo, um pouco da escola literária, a estrutura do sermão e as ideias defendidas pelo autor.

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