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O Ensino da Química Orgânica Contextualizado ao Tema: Alimentos Fonte de Vitamina A

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Academic year: 2021

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O Ensino da Química Orgânica Contextualizado ao Tema: Alimentos Fonte de Vitamina A

Nkarthe Guerra Araújo1, Pascally Maria Aparecida Guerra de Araújo2, Antônio Vieira Cabral3, Vanúsia Cavalcante França Pires4

1Química Industrial Graduanda em Licenciatura em Química pela UEPB 2Mestranda em Engenharia de Materiais pela UFCG

3

Graduado em Licenciatura em Química pela UEPB

4Prof. Dra. B / NUPEA / DQ / UEPB nkarthe@gmail.com

RESUMO

Devido à falta de orientação alimentar, o valor nutritivo dos alimentos fonte de vitamina A ainda é amplamente desconhecido. A ingestão insuficiente de alimentos fontes desta vitamina provoca a hipovitaminose A, doença muito freqüente em países subdesenvolvidos. No Brasil, a região Nordeste é uma das mais atingidas e embora as crianças seja o alvo preferencial desta doença, esta pode se prolongar até a fase adulta. A abóbora destaca-se como um vegetal de baixo custo e elevado valor nutritivo. É amplamente cultivada no Nordeste e apresenta uma grande variedade sendo a espécie

Cucurbita moschata a que possui maior teor em β-caroteno, substância precursora da

vitamina A. Em sua forma in natura, a abóbora não é muito apreciada, principalmente pelas crianças, ao contrário, produtos como pães, bolos e biscoitos, são bastante aceitos. Assim sendo, este trabalho foi realizado em uma turma de 3º ano do ensino médio de uma escola Estadual com o intuito de mostrar a importância da alimentação equilibrada através de alimentos fonte de vitamina A e as consequências da ingestão insuficiente destes alimentos, contextualizando a química orgânica através da química dos alimentos. Para tanto, elaborou-se um bolo de abóbora visando inserir seu consumo como alternativa no combate e/ou prevenção da hipovitaminose A. Os alunos mostraram-se bastante envolvidos pela aula ministrada, e em relação ao produto elaborado, o bolo de abóbora apresentou características sensoriais bastante satisfatórias como boa textura, coloração atrativa e sabor suave.

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1-Introdução

Os alimentos são formados por cadeias carbônicas, para estudá-los, é preciso conhecer a química de suas substâncias. A área da química que estuda o carbono é a química orgânica. Nesse contexto, Santos (2009) descreve que o professor deve mostrar a importância dos conteúdos de química orgânica contextualizando nos temas de alimentação, visando à manutenção e bem estar da saúde das pessoas.

Os alimentos desempenham um importante papel na manutenção da vida do ser humano fornecendo os elementos nutricionais e calóricos necessários para o funcionamento do organismo, como os carboidratos, lipídios, proteínas, minerais e vitaminas. Dessa forma, uma alimentação equilibrada na manutenção da saúde, vem despertando interesse na comunidade científica que tem produzido inúmeras pesquisas com o intuito de comprovar a atuação de certos alimentos na prevenção de doenças (SANTAGELO, 2006).

As vitaminas são substâncias orgânicas específicas que o organismo necessita em pequenas quantidades e cuja carência pode causar inúmeras doenças. Em particular, a ingestão insuficiente de alimentos fontes de vitamina A provoca a hipovitaminose A. Segundo Geraldo et al. (2003) A hipovitaminose A é uma doença decorrente da ingestão insuficiente de vitamina A no organismo, muito freqüente em países subdesenvolvidos. No Brasil, a deficiência desta vitamina constitui um problema de saúde pública em várias regiões e embora as crianças seja o alvo preferencial, esta pode se prolongar até a fase adulta. De acordo com Souza et al. (2002) o valor nutritivo dos alimentos fontes de vitamina A ainda é amplamente desconhecido por falta de orientação alimentar. Por exemplo, em vários vilarejos e comunidades rurais no Brasil verifica-se que frutas e vegetais são considerados comida para animais. Para mudar noções como esta, é preciso conscientizar a população quanto ao consumo de alimentos ricos em vitamina A.

Do ponto de vista nutricional, a abóbora é rica em vitaminas do complexo B, vitamina C e outros nutrientes, como proteínas, hidratos de carbono, gorduras, fibras alimentares e minerais (EÇA et al., 2007). Dentre as espécies a abóbora (Cucurbita

moschata) é a que mais se destaca como fonte de carotenóides, especialmente o β –

caroteno, precursor da vitamina A (BOBBIO; BOBBIO, 1992b).

Os carotenóides são divididos em carotenos, compostos constituídos apenas por carbono e hidrogênio, e seus derivados oxigenados, as xantofilas. A nomenclatura sistemática é baseada no núcleo central e as especificações para as extremidades são designadas pelas letras gregas como, por exemplo, o β – caroteno (BOBBIO; BOBBIO, 1992b). A vitamina A contém na sua estrutura química o anel da β - ionona. A molécula de β-caroteno contém dois desses anéis, de forma que pelo menos um deles é convertido em vitamina A (β-ionona). A Figura 1 apresenta a conversão que ocorre no organismo.

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Figura 1. Estrutura química do β-caroteno convertido em β -ionona Fonte: UENOJO (2007)

Para Santos (2009) a importância do conhecimento sobre a vitamina A evidencia a necessidade de repasse de informações para o estudante de química do ensino médio no interesse na composição química dos alimentos e nas fontes alimentícias de ocorrência da vitamina A e/ou de seus precursores. Nesse contexto, a prática de uma educação nutricional junto aos alunos do ensino médio, mostrando a importância da ingestão dos nutrientes necessários para o bom funcionamento e manutenção da saúde, contextualizando o ensino da química orgânica com a química presente nos alimentos favorecerá a disseminação desse conhecimento para a família como um todo.

A natureza brasileira é rica em alimentos fontes de vitamina A destacando-se o buriti, dendê, pequi, caruru, abóbora, cenoura, repolho, brócolis, dentre outros, de fácil aquisição e preços acessíveis que raramente e/ou quando integrados na alimentação de crianças na sua forma in natura, não despertam o apetite, sendo facilmente rejeitados por elas. Sugere-se, portanto que os alimentos fontes desta vitamina sejam introduzidos na alimentação das crianças de forma a evitar as graves consequências decorrentes da carência alimentar da vitamina A (CRUZ et al., 2001). Uma alternativa bastante promissora é inserir estes alimentos como enriquecedor de produtos que já existem e são facilmente aceitos, como pães, bolos e biscoitos.

Para realizar este trabalho, escolheu-se a elaboração do bolo de abóbora por ser mais prático de preparar do que pães e biscoitos e também pela vantagem de se utilizar a polpa da abóbora em pasta, obtida após cozimento ao contrário destes outros produtos cuja elaboração seria mais viável com a farinha da abóbora que deveria ser obtida após secagem em estufa com circulação de ar.

2-Metodologia

Este trabalho foi realizado em duas etapas, sendo realizado na escola Estadual, localizada no município de Caturité-PB, envolvendo uma turma de 30 alunos do 3º ano do ensino médio.

Na 1ª etapa foi elaborado um bolo de abóbora caseiro. Na 2ª etapa o bolo de abóbora foi apresentado aos alunos como fonte precursora de vitamina A, ao término de uma sequência de aulas de química orgânica contextualizada a química dos alimentos. Nesta etapa, ministrou-se em sala de aula a relação entre os alimentos e a química orgânica. Foram abordadas as graves conseqüências provenientes da deficiência na ingestão de vitamina A que atinge especialmente a região Nordeste do Brasil. Foi enfatizado, sobretudo, os alimentos fontes desta vitamina que muitas vezes são

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desperdiçados devido à falta de conhecimento por parte da população. Durante esta etapa, os alunos utilizaram a estrutura química do β – caroteno para classificação dos átomos de carbono da cadeia (primário, secundário, terciário e quaternário), identificaram os tipos de ligações (saturada, insaturada) bem como a classificação da cadeia (normal, ramificada), e sua natureza (homogênea ou heterogênea ).Os alunos também analisaram a estrutura da β-ionona para identificar a presença ou não de grupos aromáticos na cadeia bem como, a presença de grupos funcionas que caracterizam a função orgânica a qual o composto pertence.

2.1 Elaboração do bolo de abóbora

A matéria-prima utilizada foi a abóbora (Cucurbita moschata) obtida em estabelecimento comercial na cidade de Boqueirão-PB. Após lavagem, e sanitização em solução de hipoclorito de sódio (50 ppm) a abóbora sofreu quarteamento com faca de aço inoxidável para remoção da casca e das sementes. Em seguida a polpa foi submetida ao cozimento e posterior trituração em liquidificador doméstico para obtenção de uma pasta. Os ingredientes utilizados na elaboração do bolo foram: Farinha de trigo, açúcar, sal, fermento biológico, gordura hidrogenada, ovos, leite e a pasta da abóbora. Os ingredientes foram misturados até obtenção de uma massa homogênea que foi colocada em forma própria para bolo e assado em forno doméstico a 180ºC por 40 min.

3- Resultados e Discussão

Durante as aulas ministradas, verificou-se inicialmente a falta de conhecimento dos alunos em relação às doenças ocasionadas pela ingestão insuficiente de alimentos fontes de vitamina A. Ao mesmo tempo, a contextualização dos conteúdos didáticos de química com o tema alimentos fonte de vitamina A despertou nos educandos um maior interesse pela disciplina através de uma maior participação destes nas aulas de química, o que mostra a importância de aulas que relacionem temas transversais contextualizados aos temas didáticos, visto que um melhor entendimento da química e em outras ciências aplicada ao cotidiano está relacionada ao concreto. Ou seja, aquilo que antes era visto por muitos alunos como fórmulas, nomes difíceis e sem importância passou a ter outra magnitude. Desse modo, os alunos puderam ver a química presente no seu cotidiano e até mesmo nos alimentos ingeridos no dia- a -dia, passando a valorizar mais a química enquanto ciência.

Foi observado também que o bolo de abóbora elaborado se mostrou bastante atrativo para o paladar dos alunos ao contrário do que ocorre com os alimentos fonte desta vitamina, em sua forma in natura.

4- Conclusão

O bolo de abóbora apresentou características sensoriais bastante satisfatórias como boa textura, coloração atrativa e sabor suave sendo bastante aceito pelos alunos, despertando-lhes a curiosidade em saber como o mesmo foi produzido. Os alunos também se mostraram bastante envolvidos pelo tema abordado em sala de aula contextualizado a química orgânica.

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Referências

BOBBIO, P. A.; BOBBIO, F. O. Química e processamento de alimentos. São Paulo: Varela, 1992b, 2 ed., 151p.

EÇA, K. S.; ROCHA, S. D.; SILVEIRA, E. O. Desidratação, Avaliação da Composição Química e Atividade de Água de Abóbora (Cucurbita moschata). II Jornada Nacional da Agroindústria. Bananeiras, 2007.

CRUZ.G. F da.; SANTOS, R da S.; CARVALHO, C.M.R.G de.; MOITA, G.C.Avaliação Dietética em Creches Municipais de Teresina Piauí Brasil. Revista de Nutrição, Campinas, v. 14, n. 1, p. 21-32, 2001.

GERALDO, R. R. C.; PAIVA, S. A. R.; PITAS, A. M .C da S.; GODOY, I.; CAMPANA. A.O. Distribuição da hipovitaminose A no Brasil nas últimas quatro décadas: ingestão alimentar, sinais clínicos e dados bioquímicos. Revista de Nutrição. Campinas, 2003.

SANTAGELO, S. B. Utilização da farinha da semente de abóbora (Cucurbita máxima, L.) em panetone. Dissertação. Seropédica, RJ, 2006.

SANTOS, J.D dos. Educação Nutricional: Contextualizando a Química Orgânica com Hábitos Alimentares. Dissertação. Campina Grande, 2009.

SOUZA, W. A de.; BOAS, O. M. G da C. V. A deficiência de vitamina A no Brasil: Um panorama. Revista Panam Salud Publica/ Pan Am J Public Health, v. 12, n. 3, 2002. UENOJO, M.; MARÓSTICA JUNIOR, M.R.; PASTORE, G.M. Carotenóides: Propriedades, aplicações e biotransformação para formação de compostos de aroma.Química Nova vol 30 n° 3 São Paulo, 2007.

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