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CULTURAS DO GENERO PIEDRAIA O. da Fonseca e Arê Leão 1928

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CULTURAS DO GENERO PIEDRAIA

O. da Fonseca e Arê Leão 1928

pelo

Prof. PEREIRA FILHO

Cathedratico de Microbiolog'ia,

~Ie]nbro

da Sociedatle de M:edicina

e IIygiene Tropicaes de Paris e Socio da Real Societla(le de l\fedicina

e H)'giene Tropicaes de :Londres

_..~

o

estudo cuidado,so dos casos de piedras européa e brasileira, realisado por Olym-pio da Fonseca e Arêa Leão, no laborato· rio de mycologia do Instituto Oswaldo Cruz, permittiram a affirmação segura que os cogumelos ag'entes dessas duas tricho-mycoses pertencem a generos differentes. E de feito ninguem póde contestar actual-mente que a presença dos cystos de Horta, com a apparencia de verdadeiros ascos. nào seja sufficiente para justificar a criação do novo genero.

Segundo o testemunho de Langeron esses cogumelos são ascomycetos pyreuo-mycetos, pertencentes ao grupo biologico ASTERINEAS, incluidos na ordem das MICROTHYRIALES e da família das MI-CROTHYRIACEAS, proximos do genero PROTOTHYRIUM ARNAUD.

Indubitavelmente ha analogia entre as asterineas e os cogumelos das piedras sul-americanas. Langeron demonstrou exube-rantemente essa semelhança mycologica no

tocante aos seus caracteres mycologicos e a sua area de distribuição geographica. As pie-eIras são, na verdade, frequentes nas regiões de clima asterineano, com 1 a 2 metl'<)1S de chuva por anuo.

A frequencia dessa affecção no nosso Estado, verificada por von Bassewitz, Sar-mento Barata, Assis e por mim, confirma ainda a asserção de LangerOn, pois a pIa-nicie sul rio-grandense, de clima tempera-do, é do typo semi-humido das latitudes medias.

A especie typo do genero PIEDRAIA é

a PIEDRAIA HORTAI (Brumpt, 1923) des-cripta magistralmente pelo Prof. Paulo Par-reiras Hortas, nas Memoria,s do Instituto Oswaldo Cruz, do anno de 1911.

Essa pesquisa mereceu a consagração do Prof. Brumpt, que propoz a denominação de TRICHOSPORUM HOR,TAI Brumpt 1913, para um dos agentes da piedra bra-sileira.

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-especie de Piedra humana, a PIEDRAIA SARMENTOI, cujos caracteres diflel'en-ciaes com a espede typo são evidentes.

Attel1temos primeiramente á especie des-cripta pelo Prot. Parreiras Horta.

A primeira caracteristica desse cogu-melo é a sua extraordil1aria lentidão de desenvolvimento nas culturas.

Na gelose maltosada de Sabouraud, a co-lonia apresenta côr esverdeada, com ligei-ros tons amarellados ou levemente averme-lhados. De fórma circular, possue bordos ligeiramente franjados, graças ao cresdmen-to myceliano. Pequenas elevações contíguas e amarelladas, assim como sulcos tornam-se facilmente visiveis com o desenvolvimento cultural. De matiz mais pigmentado qlH~

as outras partes da cultura, as depressões vão do centro á peripheria, onde se vê exí-gua franja de filamentos finos.

Na zona central, notam-se pequenas sa-liencias de côr amarellada mais clara, ob-servando-se tambem nas outras partes da cultura tonalidades variaveis, com predomi-nancia do amarello verdoengo. Por fim a colonia torna-se mais escura, adquirindo então matiz castanho carregado.

Por vezes a parte central adquire as-pecto pennugento, de côr acinzentada.

Ainda mais. Com essa pigmentação, cresce a dureza da colonia, tornando-se dU-ficil isolar fragmentos da mesma.

Na batata e na cenoura, o crescimento da PIEDRAIA HORTAI é facHo Nas ve-lhas culturas em cenoura (de mais de 2 mezes), Olympio da Fonseca e Arêa Leão, verificaram a presença de espóros fusifor-mes, de matiz amarello esverdeado, em ge-ral recurvados, por vezes ondulados, com extremidades afiladas e, providos de finissi-moiS appendices filamentosos hyalinos, mais ou menos rectilineos, medindo 30 ou mais micra de comprimento. Esses sabios myco-logistas consideram taes esporos, de 30 mi-cra de comprimento por 10 de largura, co-mo identicos aos que se vêm nos nodulos peripillares da piedra brasileira.

Quando conservada em ambi~nte pouco

illumil1ado, a côr das culturas torna-se mais escura. Ha concordancia ab.soluta entre os caracteres morphologicos do mycelio dessa€ colonias escuras e o que se observa em tor~

no dos pelos parasitados. O pigmento ama-rello-sujo esverdeado, a presença da sub-stancia gelatinosa residente, o aspecto da membrana são identicos em ambos.

Chlamydosporios intercalares são pel'fei-tamente visiveis na.s ramificações distaes. Quanto á outra especie de PIEDRAIA observada no extremo sul do Brasil, o seu estudo cultural evidencia caracteres mor· phologicos manifestos e constantes.

Na gelose glyco.sada de Sabouraud, obser-va-se o desenvolvimento rapido da

PUJ-DRAIA SARlVIENFrOI em colonia branca, cremosa e chata, levemente franjada nos bordos, a qual pouco a pouco se torna ne-gra no centro ou na peripheria, justamente nos pontos em que as condições llutrictivas do cogumelo são modificadas.

Com o envelhecimento, a cultura tonIa-.se inteiramente negra, fuliginosa, molle e destacavel, não obstante attingir a profun-didade do meio cultural.

O pigmento negro é apenas superficial, conservando-se branca a parte inferior da cultura.

Na gelose maltosada de Sabouraud, no-ta-se que a cultura é mais saliente e o e11-negrecimento é mais tardio. Observam-se [mIcos radiados, pouco profundos, não sen-do visiveis pontos saliente celltraes.

Na batata, o desenvolvimento precario clt'} cogumelo é denunciado pela presença de Dontos cremosos, que muito tardiamente se tornam negros.

Na cenoura, verifica-se a presença de cul-tura cremosa, inteiramente branca, i· da de manchas negras centraes ou periphe-ricas e, finalmente a pigmentação total da cultura que fica de um negro fuliginoso, sem brilho e cheia de sulcos cerebriformes.

Na gelose glycosada, em frascos de El'-lenmeyer, a cultura a principio branca, en-negrece a partir do centro para a

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periphe-ria, ficando inteiramente preta no fim do 15 dias.

Na g'elose simples, a cultura mantem-se bra.nca durante muito tempô.

Nas culturaIS brancas, ha predominancia de ramificações mycelianas septadas, e na:'.! culturas negras são 11umerosos os chlamy-dosporos intercalares e terminaes.

Em presença do quanto fica exposto, a differenciação da especie PlEDRAlA HOR-TAl (Brumpt, 1913) com a PlEDRAIA SARMENTOl Pereira Filho 1930, dedicada ao Professor Sarmento Barata, illustre ca-thedratico de Parasitologia da li'aculdade de Medicina de Porto Alegre, é, em synthe' se, assim realisavel:

PIEDRAIA SARMENrrOI

1) Crescimento rapido nos meios de Sabouraud.

2) Cultura branca, cremo.sa, chata, de-pois inteiramente negra, fuliginosa. sem brilho.

S) Presença de sulcos radiados pouco profundos nas culturas no meio maltosado de Sabouraud.

4) Ausencia de saliencias amarellas na parte central das velhas culturas em gelose maltosada de Sabouraud.

5) Facilmente destacavel embora attin-ja a profundidade do meio nutrictivo.

6) Na batata, o crescimento é lento e precario, pigmentando-se a cultura com mui-ta demora.

PIEDRAIA HORTAI

1) Crescimento lento nos meios de Sa-bouraud.

2) Côr esverdeada, com ligeiros tons avermelhados ou amarellados, depois matiz negro pardacento.

3) No meio maltosado de Sabouraud, presença de profundos sulcos mais escuros do que as outras partes da cultura, indo do centro á peripheria.

4) Saliencias amarellas na parte cen-tral das velhas culturas em gelose malto· sadas de Sabouraud.

5) E' muito adherente, sendo difficil destacar uma pequena porção da cultura.

6) Crescimento facil da batata. Cumpre salientar, finalmente, que essas differenças assignaladas não dependem de simples variações dos meios culturaes. São constantes e evidentes em todas as culturas estudadas. Justificava-se, portanto, a sepa-ração dessas duas especies de Piedraia.

BIBLIOGRAPHIA

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PAULO PARREIRAS HORTA - 1911 SOBRE UMA NOVA FORMA DE PIEDRA - Memorias do Instituto Oswaldo Cruz, Tomo III, Fasciculo I, pg. 86.

PEREIRA FILHO 1930 - Culturas da Piedra brasileira Revista Medico-Cirurgica do Brasil, Anno XXXVIII, n:' 2 Fevereiro.

PEREJIRA FILHO - 1930 -Cultures de "Piedra" Brésilienne. Piedraia Sarmentoí, Comptes Rendus des Séances de la Societé de Biologie, Tome CIV, n.o 21, pg. 680.

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Fi 1 - PIEDRAIA SARJ.lfENTO[ - Oabellos com neàulos f)íedricos (tamanho 'iUJ,..

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Referências

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