• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE DIREITO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO JOÃO VITOR CIDACO SILVA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE DIREITO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO JOÃO VITOR CIDACO SILVA"

Copied!
20
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

JOÃO VITOR CIDACO SILVA

A BANALIZAÇÃO DO INSTITUTO DA RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO

Orientador: Prof. Índio do Brasil Cardoso

NITERÓI – RJ 2019

(2)

A BANALIZAÇÃO DO INSTITUTO DA RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO

Pré-projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na Faculdade de Direito da UFF como requisito básico para a conclusão do Curso de Direito.

Orientador: prof. Índio do Brasil Cardoso

NITERÓI – RJ 2019

(3)

Bibliotecária responsável: Josiane Braz de Assis - CRB7/5708

A BANALIZAÇÃO DO INSTITUTO DA RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO / João Vitor Cidaco Silva ; Índio do Brasil Cardoso, orientador. Niterói, 2019.

19 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito)-Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Direito, Niterói, 2019.

1. Justiça do Trabalho. 2. Rescisão do Contrato de

Trabalho. 3. Contrato de Trabalho. 4. Direito do Trabalho. 5. Produção intelectual. I. Cardoso, Índio do Brasil,

orientador. II. Universidade Federal Fluminense. Faculdade de Direito. III. Título.

(4)

-FOLHA DE APROVAÇÃO

A BANALIZAÇÃO DO INSTITUTO DA RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO

Pré-projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na Faculdade de Direito da UFF como requisito básico para a conclusão do Curso de Direito.

Aprovado em: _______/______/_______

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________________ Prof. Índio do Brasil Cardoso – Orientador

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

_________________________________________________________________ Prof. Manoel Martins Junior

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

_________________________________________________________________ Prof. Claudio Brandão

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

NITERÓI – RJ 2019

(5)

AGRADECIMENTOS

À Deus, pela minha saúde e por possibilitar a realização dos meus sonhos.

Aos meus pais, Jaline e Daniel, por todo o amor e suporte dado durante os 5 anos de curso, por sempre acreditarem em mim e me aconselharem da melhor maneira possível.

Aos meus avós, Aparecida e Herodir, por toda a preocupação, pelo amor dado, pela experiência que me foi transmitida e, principalmente, por serem pessoas que muito admiro e nas quais me espelho.

Aos meus irmãos, Caio, Débora e Daniele, por todo o companheirismo durante toda a minha vida, por estarem ao meu lado nos momentos de risada e de tristeza.

Aos meus amigos, pelos momentos de alegria, por todas as risadas e, principalmente, pelo apoio dado nas horas que precisei.

Aos colegas da faculdade, todo o agradecimento por tornarem o ambiente de estudo mais descontraído e alegre. Sem vocês, nada seria possível.

Não poderia deixar também de agradecer a todos os professores que me acompanharam durante o curso de graduação, contribuindo na minha formação e capacitação para a realização deste trabalho.

(6)

RESUMO

O objetivo da presente monografia é analisar uma das modalidades de extinção do contrato de trabalho previstas em lei. Trata-se da rescisão contratual por culpa do empregador, popularmente conhecida como “rescisão indireta”. A rescisão indireta é invocada pelo trabalhador quando seu patrão pratica uma das faltas presentes no rol do art. 483 da CLT, cabendo ao funcionário o recebimento de todas as verbas como se demitido fosse. Dessa forma, a intenção do presente trabalho é estudar as causas que levam à rescisão indireta, e fazer um estudo para analisar se tal direito vem sendo usado de maneira abusiva pelo empregado.

Palavras chave: Justiça do Trabalho. Contrato de Trabalho. Rescisão do Contrato de Trabalho. Direito do Trabalho.

(7)

ABSTRACT

This paper deals with one of the modalities of the employment contract dissolution provided in the Brazilian legal system. It is the contractual dissolution because of the employer’s fault, popularly known as the indirect rescission. The indirect rescission is used by the employee when the employer practices one of the ilicit acts described in the article 483 of the CLT, and it gives the employee the right to receive all the severance pay as he was fired without cause. Therefore, the purpose is to study the causes that leads to the indirect rescission, and also make a study to analyze if it has been misused by the employees.

Key-words: Work Justice. Employment Contract. Employment Contract Rescission. Employment Rights.

(8)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO, p. 9

2. DO CONTRATO DE TRABALHO, p. 10

3. DAS FORMAS DE RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO, p. 10 3.1 DA DEMISSÃO SEM JUSTA CAUSA, p. 10

3.2 DA DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA, p. 11 3.3 DO PEDIDO DE DEMISSÃO, p. 11

3.4 ACORDO ENTRE EMPREGADO E EMPREGADOR, p. 11 3.5 DA RESCISÃO INDIRETA, p. 11

4. DAS CAUSAS DA RESCISÃO INDIRETA p. 13 4.1 DECISÕES JUDICIAIS, p. 14

4.1.1 AUSÊNCIA DE DEPÓSITOS DE FGTS, p. 14 4.1.2 MORA SALARIAL, p. 16

5. CONCLUSÃO, p. 17

(9)

1. INTRODUÇÃO

A Rescisão Indireta é um importante instituto dentro do Direito do Trabalho. Prevista no art. 483, trata-se de uma forma de término do contrato do trabalho por iniciativa do empregado, em virtude de uma justa causa praticada pelo empregador, quando este não cumpre com suas obrigações contratuais legais, assim recebendo suas verbas e direitos rescisórios como se demitido fosse.

O art. 483, da CLT, especialmente em sua alínea “d”, é genérico e pouco objetivo quanto às infrações que, na prática, autorizam tal rescisão.

Acontece que, em muitos casos, empregados insatisfeitos com seu emprego, ingressam com ação na justiça do trabalho buscando a rescisão indireta do contrato, alegando justa causa pelo empregador, mesmo diante de pequenas infrações cometidas que poderiam ser reclamadas na justiça sem o término contratual.

Dessa forma, cabe analisar, de acordo com doutrina e jurisprudência, em quais casos são cabíveis ou não a rescisão indireta, e então, atentar-se para a possibilidade da banalização de tal instituto perante o judiciário.

(10)

2. DO CONTRATO DE TRABALHO

O contrato de trabalho é o pacto que rege as relações de emprego. É aquele pelo qual uma pessoa natural se obriga a laborar para outrem, mediante remuneração, gerando deveres e direitos para empregador e empregado, devendo tal contrato estar de acordo com as normas previstas na Consolidação das Leis Trabalhistas.

Nas palavras de Délio Maranhão, o contrato de trabalho:

“designa um gênero muito amplo, que compreende todo contrato pelo qual uma pessoa se obriga a uma prestação de trabalho em favor de outra. O contrato de trabalho subordinado. (…) e, contrato de trabalho ‘stricto sensu’ é o negócio jurídico pelo qual uma pessoa física (empregado) se obriga, mediante o pagamento de uma contraprestação (salário), a prestar trabalho não eventual em proveito de outra pessoa, física ou jurídica (empregador), a quem fica juridicamente subordinada.”1

Diante disso, para analisar o instituto da rescisão indireta, é preciso ressaltar que o contrato de trabalho é regido pelo princípio da continuidade da relação de emprego, assim é descrito por Carla Teresa Martins Romar:

“Este princípio consiste no objetivo que têm as normas trabalhistas de dar ao contrato individual de trabalho a maior duração possível e tem por fundamento o fato de ser o contrato de trabalho um contrato de trato sucessivo, que não se esgota com a execução de um único e determinado ato, mas, ao contrário, perdura no tempo, regulando obrigações que se renovam.”2

3. DAS FORMAS DE RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO

Antes de analisar a modalidade objeto desde trabalho, mister destacar todas as modalidades de rescisão do contrato de trabalho previstas na CLT:

3.1. DA DEMISSÃO SEM JUSTA CAUSA

Talvez seja a hipótese mais comum de extinção do contrato de trabalho. Trata-se de iniciativa do empregador, optando pelo fim da relação de emprego. Nesta modalidade, o

1 SÜSSEKIN, Arnaldo. MARANHÃO, Délio. VIANNA, Segadas. TEIXEIRA, Lima. Instituições de direito do trabalho. P. 228 e 237.

(11)

empregado tem direito ao aviso prévio, férias vencidas acrescidas de 1/3, férias proporcionais, décimo terceiro salário proporcional, saldo de salário, além de multa de 40% sobre o FGTS. Tem também o direito de sacar os depósitos do FGTS e habilitar-se no seguro-desemprego.

3.2 DA DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA

Trata-se da hipótese em que o funcionário comete uma das faltas graves previstas no art. 482 da CLT, tal como ato de improbidade, embriaguez em serviço, desídia no desempenho das funções, dentre outros. Neste caso, o empregador deixa de receber alguns direitos, fazendo jus apenas ao saldo de salário e férias vencidas, não recebendo o aviso prévio, férias e 13º proporcionais e perde o direito ao saque de FGTS e habilitação no seguro-desemprego.

3.3 DO PEDIDO DE DEMISSAO

É a hipótese em que parte do empregado o desejo pelo término da relação de emprego. As verbas trabalhistas devidas equiparam-se à demissão por justa causa, porém a diferença é que o empregado faz jus ao 13º proporcional, bem como deve cumprir o aviso prévio, salvo caso seja dispensado do cumprimento pelo empregador.

3.4 ACORDO ENTRE EMPREGADO E EMPREGADOR

Trata-se de modalidade recente, incluída pela Reforma Trabalhista de 2017. Havendo vontade de ambas as partes pela rescisão contratual, será feito um acordo, reduzindo pela metade o aviso prévio, caso indenizado, e a multa de 40% sobre o FGTS depositado.

3.5 RESCISÃO INDIRETA

A rescisão indireta é a única modalidade que apenas pode ocorrer por via judicial. Ocorrendo uma das hipóteses legais previstas no art. 483 da CLT, poderá o trabalhador ajuizar ação trabalhista pleiteando a rescisão indireta e as verbas devidas, o que será analisado pelo Juiz, cabendo a este o deferimento da rescisão.

(12)

“no pedido de demissão a causa é o interesse do empregado não relacionado com o comportamento do empregador, e a forma pela qual a vontade se manifesta é a verbal ou escrita com aviso prévio do empregado ao empregador. Na dispensa indireta a causa não é o interesse particular do empregado, mas a existência de justa causa em que incorreu o empregador”3

A demissão por justa causa é uma forma de defesa do empregador diante de uma infração cometida pelo funcionário, da mesma forma que a rescisão indireta é para o empregado, diante de uma infração contratual cometida pelo empregador, visto que ambas decorrem de ato cometido pela outra parte.

Dessa forma, deve ser usada apenas em casos extremos, onde o contrato de trabalho resta impossível de ser continuado.

Porém, percebe-se que a jurisprudência vem aceitando a rescisão indireta diante de casos no qual o contrato de trabalho não se encontra em situação insustentável, e poderia o empregado reclamar o descumprimento de tal obrigação perante o judiciário sem comprometer a continuidade do vínculo empregatício.

Portanto, percebe-se a importância do estudo do tema, mediante a possibilidade de banalização do instituto da rescisão indireta, deixando de ser uma medida a ser tomada em casos extemos, e passando a ser uma arma na mão do funcionário diante de qualquer deslize do empregador, quando quiser ver rescindido seu contrato de trabalho.

Ainda importante ressaltar que a banalização da rescisão indireta contribui para a maior incidência de reclamações trabalhistas, comprometendo a moral do poder judiciário e aumentando as despesas do erário público.

4. DAS CAUSAS DA RESCISÃO INDIRETA

A rescisão indireta é uma forma de garantir os direitos trabalhistas do empregador, bem como proteger sua integridade física e emocional.

Dessa forma, dentre as faltas que ensejam a rescisão indireta por culpa do empregador, previstas no art. 483 da CLT, vemos: a) quando forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao

(13)

contrato; b) quando for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo; c) quando correr perigo manifesto de mal considerável; d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato; e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama; f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários.

Imagine que um empregado vem sofrendo ofensas físicas por prepostos de uma empresa, ou que tenha seu salário, principal forma de sustento, reduzido pela metade? Ou então, quando correr sérios riscos de contrair uma doença ou problema de saúde? Tratam-se de faltas que tornam inviável a manutenção da relação de emprego. Merece o empregado ter seu contrato rescindido por justa causa, para que possa buscar outro emprego, onde tenha seus direitos respeitados.

O principal dilema está relacionado à alínea “d” do art. 483 da CLT, o qual autoriza a rescisão indireta quando o empregador “não cumprir o empregador as obrigações do contrato”. Tal alínea é extremamente genérica, abrindo brechas para a rescisão contratual diante do descumprimento de qualquer uma das obrigações contratuais, havendo dificuldades, tanto pela Doutrina, como pela Jurisprudência, de delimitar quais obrigações descumpridas ensejaria a rescisão indireta.

Porém, nem toda infração configura justa causa para a rescisão, necessitando ser analisada a gravidade do ato, bem como suas consequências para a relação contratual.

O jurista Mauricio Godinho Delgado defende que, mesmo tratando-se de conduta tipificada no art. 483 da CLT, não é possível se falar em rescisão indireta quando tal conduta não é grave, devendo ser necessário prejuízo iminente ao empregado, não sanável por outros meios, para que seja acolhida a rescisão indireta.4

Com sábias palavras, Wilson de Souza Campos Batalha defende que haverá despedida indireta quando:

“o empregador, pessoa física, ou os responsáveis pelo empregador, como prepostos, diretores, administradores, gerentes, na hipótese da pessoa

(14)

jurídica, criam para o empregado situação ilegal de constrangimento que torna inviável o prosseguimento da relação laborativa.”5

Ainda merece destaque a lição de Paulo de Souza Ameno:

“... embora a falta do empregador deva ser apreciada in abstracto, não basta a simples violação de um dever jurídico para caracterizá-la. Necessário se torna que essa violação, por sua natureza grave, torne penosa, difícil ou insuportável a continuação do contrato de trabalho.”6

Na mesma linha de pensamento, Vólia Bomfim Cassar esclarece que "falta que enseja a aplicação da justa causa tem que ser muito grave, mas tão grave a ponto de tornar insuportável a continuidade da relação de emprego e praticada pelo patrão ou um de seus prepostos ." 7

Dessa forma, conclui-se que não é qualquer falta do empregador que enseja a rescisão indireta, sendo necessário que o ato ilícito ultrapasse os limites da simples ofensa às regras celetistas, tornando a relação de emprego insustentável.

4.1. DECISÕES JUDICIAIS

Dito isto, necessário trazer à tona situações reais, para ilustrar quais atos do empregador o legislador entende como justa causa para a rescisão indireta.

4.1.1. AUSÊNCIA DE DEPÓSITOS DE FGTS

Uma das infrações mais alegadas em justiça como causa de rescisão indireta é a ausência de depósitos de FGTS, conforme as seguintes decisões:

TST – Recurso de Revista - RR nº 114300-90.2005.5.02.0301

"RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. RECOLHIMENTO IRREGULAR DOS DEPÓSITOS DO FGTS. A jurisprudência desta Corte Superior é pacifica no sentido de que o não recolhimento dos

5 BATALHA, Wilson de Souza Campos. RODRIGUES NETTO, Sílvia Marina L. Batalha de. Rescisão contratual trabalhista e a trilogia do desemprego. P. 136.

6 AMENO, Paulo de Souza. Curso de Direito do Trabalho - Estudos em Memória de Célio Goyatá. P. 484 7 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. P. 1159/1161.

(15)

depósitos do FGTS, ou seu recolhimento irregular, configura ato faltoso do empregador, cuja gravidade é suficiente a ensejar a rescisão indireta do pacto laboral. Assim, incontroverso o recolhimento irregular dos valores referentes ao FGTS, tem-se ocorrida falta grave, a dar ensejo à rescisão indireta e a condenação da reclamada aos consectários legais. Inteligência do art. 483, -d-, da CLT. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido, no aspecto" (TST, RR nº 114300-90.2005.5.02.0301, Rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann, 1ª Turma, DEJT 08/03/2013).

TRT-1 - Recurso Ordinário Trabalhista RO 01010838920185010482 RJ Data de publicação: 17/09/2019

RESCISÃO INDIRETA. FGTS. RECOLHIMENTO. IRREGULARIDADE. Os depósitos do FGTS constituem garantia conferida ao empregado face à dispensa imotivada. Logo, sua inobservância configura circunstância suficiente a caracterizar a rescisão indireta.

TRT-17 - RECURSO ORDINARIO TRABALHISTA RO 00006736720165170152 Data de publicação: 10/04/2019

RESCISÃO INDIRETA. FGTS. AUSÊNCIA DE DEPÓSITO. FALTA GRAVE. A rescisão indireta do contrato de trabalho é possível na hipótese de falta grave praticada pelo empregador capaz de inviabilizar a continuidade do contrato. Conforme a jurisprudência do C. TST, a ausência de regularidade no recolhimento dos depósitos do FGTS por parte do empregador é ato faltoso de gravidade suficiente a ensejar a rescisão indireta do contrato de trabalho, a teor do art. 483 , d, da CLT . Precedentes.

Não se pode negar que o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço é um dos direitos mais importantes do trabalhador. Consiste em uma conta bancária em nome do funcionário, que recebe depósitos mensais calculados em cima do salário pago. Além de servir como uma espécie de aposentadoria, se apresenta como fundo de emergência em situações como demissão sem justa causa, ou quando há necessidade de adquirir casa própria.

Entretanto, o depósito do FGTS não constitui condição essencial para a continuidade da prestação de serviços, podendo haver a reparação de eventual prejuízo na constância do pacto laboral, mediante a realização dos depósitos em atraso com juros e correção monetária.

O recolhimento intempestivo do FGTS, isoladamente considerado, não deveria ensejar o reconhecimento da rescisão indireta, pois não torna insustentável a relação de emprego.

(16)

O empregado não tem acesso à conta do FGTS a qualquer instante, sendo necessário, conforme anteriormente mencionado, a demissão imotivada, comprovada possibilidade de adquirir residência própria, dentre outros motivos. Dessa forma, não se encontrando o funcionário em uma destas hipóteses, pode o empregado reclamar judicialmente o descumprimento de tal obrigação sem comprometer a continuidade do vínculo empregatício e sem maiores prejuízos imediatos.

4.1.2 MORA SALARIAL

Mais uma infração comumente alegada na justiça trabalhista como causa de rescisão indireta é a mora salarial. Nesse sentido, vejamos as seguintes decisões:

TRT-23 - RECURSO ORDINARIO TRABALHISTA RO 00018239020155230107 (TRT-23)

Data de publicação: 25/01/2017

RESCISÃO INDIRETA. ATRASO SALARIAL. Para a configuração da hipótese de rescisão indireta, a qual legitima a atitude do empregado de deixar o trabalho, mister se faz que a falta cometida pela empregadora seja de porte a justificar tal medida. Na situação concreta dos autos, restou configurado atraso salarial de gravidade suficiente a ensejar a rescisão indireta do contrato de trabalho.

TST - RECURSO DE REVISTA RR 9958920135040561 (TST) Data de publicação: 31/03/2015

RESCISÃO INDIRETA. INDENIZAÇÃO POR DANOS

MORAIS. ATRASO NO PAGAMENTO DOS SALÁRIOS . O atraso reiterado no pagamento dos salários configura dano moral, porquanto gerador de estado permanente de apreensão do trabalhador, que, por óbvio, compromete toda a sua vida - pela potencialidade de descumprimento de todas as suas obrigações, sem falar no sustento próprio e da família. Precedentes da Corte. Recurso de Revista não conhecido.

O salário é, por óbvio, o principal meio se sustento do trabalhador, de modo que o não recebimento deste, coloca em risco até mesmo a subsistência do obreiro.

Contudo, até mesmo neste caso, em respeito ao princípio da continuidade do contrato de trabalho, deve ser levado em conta que o atraso salarial seja de tamanha relevância a ponto

(17)

de seus efeitos não darem outra escolha ao empregado senão deixar o emprego e buscar outra fonte de subsistência.

Corrobora este entendimento a seguinte decisão proferida pelo Desembargador Gerson Fernando de Sylveira Novais, do TRT da 17ª Região:

TRT-17 - RECURSO ORDINARIO TRABALHISTA RO 05000091920135170011 (TRT-17) Data de publicação: 03/11/2014 RESCISÃO INDIRETA. ATRASO SALARIAL. A rescisão do contrato de trabalho por justa causa do empregador (rescisão indireta) fundada em atraso no pagamento de salário só se justifica quando ocorre mora contumaz, o que não se configura quando o atraso se dá em apenas um mês. (TRT 17ª R., RO 0500009-19.2013.5.17.0011, Rel. Desembargador Gerson Fernando da Sylveira Novais, DEJT 03/11/2014).

5. CONCLUSÃO

Portanto, percebe-se que a rescisão indireta é um importante instrumento em defesa do trabalhador contra infrações cometidas pelo empregador, tornando o contrato de trabalho insustentável.

Contudo, deve ser utilizada com boa-fé, evitando demandas onde o trabalhador visa se aproveitar de uma falha do empregador para receber suas verbas resilitórias por completo.

Entretanto, percebe-se que a jurisprudência vem reconhecendo a rescisão indireta em casos onde as infrações cometidas não tornam o contrato insustentável, e que poderiam ser resolvidas facilmente pela via judicial.

A ação pleiteando rescisão indireta deve ser analisada caso a caso pelos juízes, analisando, independentemente da norma legal ou contratual infringida, se a relação de emprego se torna insustentável a partir de tal infração, ou se está havendo uma tentativa por parte do funcionário de rescindir o contrato recebendo verbas que não faz jus.

Caso contrário, o instituto se torna ameaçado de ser banalizado e enfraquecido, ferindo o princípio da continuidade do contrato de trabalho, bem como aumentando

(18)

desnecessariamente a quantidade de demandas judiciais na justiça do trabalho, o que deve ser evitado.

(19)

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMENO, Paulo de Souza.Curso de Direito do Trabalho - Estudos em Memória de Célio Goyatá. 2º v. São Paulo: LTr, 1993.

BATALHA, Wilson de Souza Campos. RODRIGUES NETTO, Sílvia Marina L. Batalha de. Rescisão contratual trabalhista e a trilogia do desemprego. 3ª edição. São Paulo: Ed. Ltr, 2000.

CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 5ª Ed, Niterói: Impetus, 2011.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 16ª Edição. São Paulo: LTr, 2017.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de direito do trabalho. 29ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2014.

ROMAR, Carla Teresa Martins. Direito do Trabalho. 5ª Edição. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

SÜSSEKIN, Arnaldo. MARANHÃO, Délio. VIANNA, Segadas. TEIXEIRA, Lima. Instituições de direito do trabalho. Vol. 1. 21ª edição. São Paulo: Editora LTr, 2003.

(20)

Referências

Documentos relacionados

Correlacionando os resultados do processo de envelhecimento acelerado com o processo de biodegradação da blenda em solo, concluiu-se que a exposição ao intemperismo

Quando avaliada a associação de controle da asma 7 com os índices de conhecimento teórico-prático de inaloterapia, não encontramos nenhum resultado significativo;

Iolanda Maria da silva, O Projeto de extensão Extramuros Escolar: uma viagem ao museu de Belém do São Francisco promoveu a construção de conhecimento sobre o patrimônio

Considerando a compreensão da formação continuada como direito do professor ao seu desenvolvimento profissional com consequente direito do discente à melhor qualidade de sua

temperatura do dossel da cultura - °C b, taxa de transpiração E – mmol H2O m-2s-1 c, índice de estresse hídrico da cultura – CWSI d; temperatura foliar - °C e; potencial de água

Tais fatores dizem respeito essencialmente à crônica super oferta de mão de obra, provocada pela migração oriunda do interior do estado, pelo crescimento

Embora os recursos financeiros doados pela empresa não fossem suficientes para atender a todos na comunidade que precisassem de algum crédito, o BCD Serra Azul inicia suas

381 O subprojeto III - Intervenção em políticas públicas, por sua vez, contempla a elaboração de campanhas e ações voltadas para a sociedade em relação a questões do