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Academic year: 2021

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PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <http://www.pubvet.com.br/texto.php?id=481>.

Calagem, cobalto e molibdênio no desenvolvimento de soja perene (Neonotonia wightii, Lakey) cv. Tinaroo

Valdinei Tadeu Paulino1, Newton de Lucena Costa2, Márcia Atauri Cardelli de Lucena3

1Pesquisador científico do CPDNAP do Instituto de Zootecnia, APTA/SAA.

2Pesquisador da Embrapa Amapá, Centro de Pesquisa Agroflorestal do Amapá. 3

Pesquisadora científica do CPNAP – Instituto de Zootecnia, APTA/SAA.

Resumo

Foram estudados os efeitos da aplicação de níveis de calagem (ausência, calagem para elevação da saturação por bases a 35% e 70%) combinados com a aplicação dos nutrientes cobalto (0 ou 0,10 ppm) e molibdênio (0 ou 0,20 ppm) em arranjo fatorial com quatro repetições, sobre a nodulação, fixação de nitrogênio, produção de matéria seca e teores de cobalto e molibdênio em soja perene (Neonotonia wighti, Lakey) var. Tinaroo cultivada em solo Latossolo Vermelho-escuro álico. A calagem aumentou significativamente a produção de matéria seca, acumulação de nitrogênio e a nodulação. Embora a nodulação fora aumentada pela calagem, de uma maneira geral o peso seco e número de nódulos foram bastante baixos, indicando que as estirpes de Rhizobium presente ou inoculada no solo deixaram a desejar com relação infecção

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radicular. Fato esse que resultou reduções na acumulação de nitrogênio total na parte aérea no segundo corte. O emprego de molibdênio favoreceu as acumulações de nitrogênio no primeiro corte. Os conteúdos de Mo oscilaram entre 0,03 e 4,68 ppm, sendo incrementados com a calagem. A aplicação de Co incrementou os conteúdos desse micronutriente na parte aérea da soja perene, porém, à medida que os valores de pH do solo incrementaram com a calagem, houve reduções na disponibilidade de cobalto.

Palavras–chave: leguminosa forrageira; micronutrientes; nitrogênio total

Lime, cobalt and molybdenum on legume forage development Neonotonia wigthii (Lakey)

Abstract

The effects of lime and micronutrients (molybdenum and cobalt) application on growth, nodulation, nitrogen accumulation in soybean perennial (Neonotonia wightii (Lakey) var. Tinaroo, cultivated in alic Red Dark Latosol soil were studied. Three levels of lime were applied for the legume (equivalent to zero, lime to raise the base saturation index to 35% or to 70%). Twelve treatments were arranged in randomized complete block design with four replications in pot trials. The dry matter production of shoots, total nitrogen and nodulation were significantly increased by the application of lime levels. The use of molybdenum resulted in favorable effects upon nitrogen accumulated. The molybdenum contents placed into 0.03 to 4.68 mg per kg. The utilization of both cobalt and molybdenum increased significantly the contents of these micronutrients. Lime favored the absorption of Mo, but decreased Co absorption.

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Introdução

As leguminosas forrageiras são plantas fixadoras de nitrogênio biológico, além de servir como alimento de melhor qualidade, introduzem o nitrogênio no sistema de maneira mais econômica, com redução da necessidade de uso de nitrogênio mineral por fertilizantes. Essas plantas podem ser cultivadas em pastos consorciados, bancos de proteína, ou usadas como forragem conservada para alimentação animal. Alguns estudos mostram que as leguminosas apresentam uma capacidade variável em tolerar estresses nutricionais no solo. A maior parte dos solos cultivados com forrageiras são ácidos com problemas de toxidez de Al e de Mn e de baixa fertilidade, exigindo a calagem para neutralização da toxidez desses elementos e uma adequada nutrição mineral. A soja perene ocupa posição de destaque, por sua persistência e bom valor nutritivo. Paulino (1990) demonstrou que a soja perene responde à calagem em solos ácidos. Por outro lado, um dos fatores limitantes de fertilidade do solo ao sucesso da fixação biológica do N2

leguminosas é a deficiência de micronutrientes, com destaque ao molibdênio e ao cobalto.

O objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos de níveis de calagem sobre a produção de matéria seca, acumulação de nitrogênio, nodulação e da presença ou ausência de molibdênio e cobalto sobre os conteúdos desses micronutrientes em soja perene (Neonotonia wightii, Lakey) cv. Tinaroo cultivada em um solo Latossolo Vermelho-Escuro álico.

Material e Métodos

O presente trabalho foi conduzido em condições de casa-de-vegetação, num solo Latossolo Vermelho-escuro álico, sendo cultivada a soja perene (Neonotonia wightii, Lakey) cv. Tinaroo, no Instituto de Zootecnia em Nova Odessa/SP. Essa leguminosa foi cultivada em vasos de cerâmica contendo 4kg de solo. A calagem, proposta para elevar o índice de saturação por bases do

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solo (RAIJ, 1981), foi realizada com calcário calcinado com PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total) de 130%, contendo 44% de CaO e 20% de MgO. Foram estudados os seguintes níveis de calagem (Cal zero – sem calcário, Cal 1 – calagem para elevação da saturação com bases a 35% e Cal 2 – para elevação da saturação por bases a 70%). O corretivo foi misturado com o solo, acrescentando água destilada e deionizada, elevando a umidade até próximo à capacidade de campo. Após um período de incubação de 45 dias foram semeadas 30 sementes de soja perene, após desbastes periódicos, foram deixadas 5 plantas por vaso. Nessa ocasião, as plântulas foram inoculadas com 1,0 ml por planta de uma suspensão de células de Rhizobium, com aproximadamente 108 bactérias por ml.

Os nutrientes P (superfosfato simples), K (cloreto de potássio), S (superfosfato simples) e os micronutrientes (B – ácido bórico, Co – cloreto de cobalto, Cu – sulfato de cobre, Fe – sulfato ferroso, Mo – molibdato de sódio e Zn – sulfato de zinco) foram aplicados na semeadura na forma de solução nutritiva. Em quantidades (mg/kg) equivalentes a: P = 125, S = 170, B = 0,75, Cu = 0,75, Zn = 1,50, Fe = 5,00, Co = 0,10 e Mo = 0,20.

O experimento foi conduzido usando um delineamento experimental de blocos ao acaso, em arranjo fatorial, com quatro repetições. Os fatores que compuseram os fatores foram cobalto (presença e ausência), molibdênio (presença e ausência) e calagem (Sem calagem, Cal 1 e Cal 2).

Foram realizados dois cortes de avaliação (o primeiro aos 47 dias após o plantio, e o segundo 37 dias após o primeiro). A parte aérea foi coletada e o material foi seco em estufa a 65° por 48 horas. As raízes foram separadas do solo, através de jatos de água corrente. A seguir, procedeu-se a remoção, purificação dos nódulos e sua contagem. As raízes foram lavadas com água destilada e deionizada.

As análises dos micronutrientes cobalto e molibdênio foram realizadas no Centro de Energia Nuclear na Agricultura em Piracicaba, SP, conforme metodologias propostas por BATAGLIA et al., 1983. As análises de variâncias,

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comparações de médias, através do Teste de Tukey, e as análises de regressão foram realizadas, através dos Programas SAS.

Resultados e Discussão

A aplicação de calcário incrementou linearmente, os rendimentos de matéria seca (da parte aérea, das raízes e da planta inteira), acumulações de nitrogênio e a nodulação, até a dose equivalente a 2,89 t de calcário/ha, proposta para elevar o índice de saturação por bases a 70 %, para esse nível de calagem os rendimentos da soja perene em termos de matéria seca da planta inteira, foram incrementados em 157 % em relação à ausência de calagem (Tabela 1).

Tabela 1. Produção de matéria seca, nitrogênio acumulado e nodulação da soja perene em função dos níveis de calagem (calagem 1 e calagem 2, propostas para elevação da saturação por bases à 35 e 70%, respectivamente).

Tratamentos Matéria seca – g/vaso N total acumulado mg/vaso Nodulação 1o corte 2o corte Raízes Planta Inteir a 1o corte 2o corte Peso Seco Número Sem calagem 5,59 1,69 1,32 3,01 171,0 41,0 17 9 Calagem 1 6,69 3,23 1,63 4,86 203,0 93,0 113 53 Calagem 2 7,92 6,04 1,69 7,73 235,0 178,0 209 105 Reg. Linear ** ** ** ** ** ** * * Reg. Quadrática ns ns ns ns ns ns ns ns Equações de regressão

Matéria seca (1º corte) Calagem sem Molibdênio Y= 5,07 + 0,045x Calagem com Molibdênio Y= 6,11 + 0,018x Nitrogênio total (1º corte)

Calagem sem Molibdênio Y= 172,4 – 0,21x + 0,020x2

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Esses resultados concordam com a maioria dos estudos realizados com essa espécie, que apontam à sensibilidade da soja perene às condições de acidez do solo (Munns & Fox, 1977 e Paulino, 1990). Além da eliminação de Al e Mn tóxicos, a calagem melhorou o suprimento de Ca (de 9 para 28 mmolc/dm3) e de Mg (1 para 12 mmolc/dm3) no solo, favorecendo o

crescimento e a nodulação. A nodulação foi bastante baixa indicando que a estirpe de Rhizobium presente no solo ou inoculada deixaram a desejar em relação à infecção radicular. Isto refletiu na eficiência da fixação biológica de N, com reduções nas acumulações de N no segundo corte comparado ao primeiro corte. Para o peso de matéria seca da parte aérea no primeiro corte, a interação calagem x molibdênio foi significativa, e o desdobramento dessa interação mostrou efeito positivo e linear da calagem tanto em presença como na ausência de aplicação de molibdênio. A prática da calagem ressaltou os efeitos do uso de Mo, possivelmente por aumentar a disponibilidade do Mo presente no solo ou o adicionado. A falta de resposta à adição de Mo, na ausência de calagem resultou em menores acumulações de N, o que permite supor que esse micronutriente foi adsorvido pelos colóides do solo, como descrito por Kamprath (1972). Por outro lado, Reisenauer et al. (1962) propõem que a alta disponibilidade de Mn no solo pode influenciar a não resposta ao molibdênio.

A calagem incrementou, como era esperado, os conteúdos de Mo que oscilaram entre 0,03 (sem Mo e sem calagem) a 4,68 ppm (com Mo e com calagem) (Tabela 2). Na ausência de calagem e sem aplicação de Mo, os conteúdos desse micronutriente situram-se abaixo de 0,1 ppm, concentração descrita em plantas deficientes (Kabata-Pendias & Pendias, 1984). Os aumentos nos conteúdos de Mo, mediante a calagem, ajustaram-se as seguintes equações: a) Sem uso do Mo: Y= 0,03 – 0,012x + 0,00061 x2 e b) Com uso de Mo: Y= 2,31 + 0,33x.

Enquanto a disponibilidade do Mo aumenta com a correção da acidez, a do cobalto diminui. Os conteúdos de Co variaram significativamente com a calagem (P<0,05), a interação calagem x cobalto foi significativa em ambos

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cortes. Os conteúdos de Co obtidos na parte aérea da soja perene acima de 0,07 ppm considerado limite mínimo de deficiência de cobalto na matéria seca de forrageiras (Kabata-Pendias & Pendias, 1984). O desdobramento da interação revelou que adição de Co elevou seus conteúdos na parte aérea da soja perene, na ausência ou no nível de calagem para elevar a saturação por bases a 35%. Entretanto quando a calagem foi proposta para elevar a saturação por bases a 70%, os teores de Co foram semelhantes, com ou sem o emprego desse micronutriente. Verificaram-se reduções lineares nos teores de Co, tanto em presença (Y= 0,34 – 0,0035x) como na ausência da aplicação de Co (Y= 0,15 – 0,0015x), decorrentes da calagem. Esse fato é esperado porque a disponibilidade do Co é maior em condições de acidez.

Tabela 2. Teores de molibdênio e de cobalto (ppm) na matéria seca da parte aérea para os níveis de calagem (calagem 1 e calagem 2, propostas para elevação da saturação por bases à 35 e 70%, respectivamente) mediante à aplicação ou não dos micronutrientes.

Níveis de calagem Molibdênio (ppm) Sem Mo Com Mo Cobalto (ppm) Sem Co Com Co Sem calagem 0,03 b 2,37 a 0,14 b 0,26 a Calagem 1 0,44 b 3,33 a 0,11 b 0,21 a Calagem 2 2,47 b 4,68 a 0,07 a 0,12 a

Médias seguidas pelas mesmas letras, dentro de cada nível de calagem não diferem entre si, pelo teste de Tukey à 5%.

Conclusões

A aplicação de calcário beneficiou o desenvolvimento e acumulações de nitrogênio e nodulação da soja perene cv Tinaroo.

O emprego do micronutriente molibdênio beneficiou a fixação biológica de N, resultando em maiores acumulações de matéria seca e de N.

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A aplicação dos micronutrientes (cobalto e molibdênio) elevou os conteúdos desses nutrientes à níveis não limitantes para o desenvolvimento de soja perene.

Literatura citada

BATAGLIA, O.C. et al. Métodos de análise química de plantas. Bol. Tec., IAC, Campinas, 78: 48p., 1983.

KABATA-PENDIAS,A.; PENDIAS, H. Trace elements in soils and plants. Boca Raton, Florida, CRC Press Inc. 259 p. 1984.

MUNNS, D.N.; FOX, A.L. Comparative lime requirement of tropical and temperate legumes. Pl. Soil, Hague, 46: 533-548, 1977.

PAULINO, V. T. Efeito da fertilização fosfatada, da calagem e micronutrientes no desenvolvimento de plantas forrageiras Piracicaba: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz 1990. 290p. Tese. (Doutorado em Agronomia), 1990.

REISENAUER, H.M.; TABIKH; A.A.; STOUT, P.R. Molybdenum reactions with soils and hydrous oxides of iron, aluminum and titanium. Proc. Soil Sci. Soc. Amer., Madison, 26:23-7, 1962.

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