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PROPOSTA DE UM SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE E DE ACEITAÇÃO DAS SONDAGENS DE SIMPLES RECONHECIMENTO PARA AS OBRAS DO METRÔ DE SÃO PAULO

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Academic year: 2021

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PROPOSTA DE UM SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE E DE

ACEITAÇÃO DAS SONDAGENS DE SIMPLES RECONHECIMENTO

PARA AS OBRAS DO METRÔ DE SÃO PAULO

Fabrícia Massoni*

fmassoni@metrosp.com.br

Marco Aurélio A. Peixoto da Silva*

mapsilva@metrosp.com.br

Hugo Cássio Rocha*

hcrocha@metrosp.com.br

*Companhia do Metropolitano de São Paulo

RESUMO

A qualidade na execução de sondagens de simples reconhecimento é extremamente importante para que os dados geológico-geotécnicos possam subsidiar a elaboração de um projeto de obras subterrâneas. A experiência recente do Metrô de São Paulo tem mostrado que, freqüentemente, ocorre o descumprimento de procedimentos estabelecidos nas especificações internas e na norma brasileira (NBR 6484). Os motivos são diversos, tais como o despreparo de alguns executores, uso de equipamento não padronizado, displicência dos sondadores, condições conjunturais desfavoráveis e até mesmo inconformidades durante o processo executivo. Em vista disso, é necessária a criação de um sistema de avaliação da qualidade das sondagens para que se tenha garantia dos resultados.

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A qualidade exigida de uma amostragem realizada através de sondagens tem por objetivo representar da melhor maneira possível o maciço natural investigado, obtendo-se assim informações qualificadas, essenciais para a elaboração de um projeto de engenharia de uma linha de metrô, em especial nas obras subterrâneas.

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A experiência do Metrô de São Paulo na realização de campanhas de sondagens tem mostrado que muitas vezes ocorre o não cumprimento de alguns procedimentos estabelecidos nas especificações internas e na norma brasileira (NBR 6484, 2001) por motivos diversos, tais como, o despreparo dos executores sondadoras, falta de equipamentos e de treinamento dos funcionários, uso de equipamento não padronizado e até mesmo negligência durante o processo executivo.

Dada a importância de uma campanha de sondagens no fornecimento de informações para a elaboração de projetos e da qualidade e confiabilidade dos dados fornecidos, tona-se necessária a criação de um sistema de avaliação dos serviços executados pelas empresas sondadoras contratadas para que se tenha garantia dos resultados.

A proposta preliminar de um sistema de avaliação elaborada ora apresentada baseia-se no acompanhamento dos serviços nas etapas de campo, de análise, de laboratório e de apresentação dos resultados. Em cada uma destas etapas, a avaliação é feita com o auxílio de “Check Lists”, aos quais se associa um sistema de notas para cada item avaliado.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A geologia e a geotecnia ao longo do alinhamento de um túnel desempenha um papel preponderante em muitas das principais decisões que são tomadas durante o planejamento, projeto e construção de um túnel. A geologia influencia sobremaneira aspectos relacionados a viabilidade, o comportamento e o custo de um túnel, sendo tão importante o conhecimento das características geotécnicas de um maciço e suas variações, quanto do concreto ou do aço utilizado na construção da estrutura do túnel (Parker, 2004).

Em vista disso, é temerário planejar e tomar decisões de projeto baseadas em dados geológicos e geotécnicos não confiáveis, sendo necessária a realização de campanhas de investigação que sigam as normas e procedimentos estabelecidos, obtendo-se assim um resultado que represente o mais fielmente as características do subsolo estudado.

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Em recente pesquisa desenvolvida por Cavalcante et al. (2006) sobre desvios da norma do SPT (NBR 6484 - 2001) praticados por empresas de sondagem brasileiras, foi mostrado que os principais erros referem-se aos equipamentos utilizados e aos procedimentos adotados, que têm influência direta na resistência à penetração medida. Destaca-se o controle adequado da altura de queda do martelo, o não uso do coxim de madeira, cabeça de bater fora do padrão, hastes com comprimentos, diâmetros e composição variados, além de defeitos na sapata (bico) do amostrador. Outro aspecto observado neste estudo foi que em nenhum momento da pesquisa foi registrada a presença de um engenheiro/geólogo supervisionando os serviços.

Pesquisou-se na literatura a existência de métodos de avaliação da qualidade das sondagens de simples reconhecimento e foi encontrado o trabalho de Teixeira (1993), que analisou mais de 4.000 ensaios penetrométricos realizados sob rígido controle de qualidade de execução. Segundo o autor, uma sondagem bem executada tem as seguintes correlações estatísticas com o número de golpes para cravar os 45cm do amostrador, que praticamente independem do tipo de solo, seja argila, silte ou areia, e podem ser utilizadas para se fazer o controle da qualidade das sondagens:

N1= 0,22 Nt

N2= 0,33 Nt

N3= 0,45 Nt, onde:

Onde:

− N1 = nº de golpes para os primeiros 15cm;

− N2 = nº de golpes para os segundos 15cm;

− N3 = nº de golpes para os últimos 15cm;

− Nt = nº total de golpes para fazer a penetração dos 45cm do amostrador. Ou, por definição: SPT = N = N2 + N3 = 0,33 Nt + 0,45 Nt = 0,78 Nt

Este método foi aplicado para analisar a qualidade de sondagens executadas por diferentes empresas que participaram de campanhas de investigações recentes para as obras do Metrô de São Paulo, em diferentes períodos, algumas delas de qualidade reconhecida (empresas A, B e C) e uma que apresentou problemas de qualidade (empresa D). Entretanto, os resultados da avaliação não foram compatíveis com o esperado para cada empresa, onde até sondagens que tiveram um acompanhamento rigoroso e que foram bem executadas, foram classificadas como mal executadas pelo método de Teixeira (1993). Os resultados são mostrados no gráfico abaixo.

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LEVANTAMENTO DOS PROBLEMAS ENFRENTADOS

Em algumas das recentes campanhas de sondagens realizadas para os projetos das linhas do Metrô de São Paulo foram detectados os seguintes problemas relacionados à execução, à classificação em laboratório e à apresentação dos resultados no Perfil Individual de Sondagem:

Problemas durante a execução das sondagens:

− hastes com comprimentos diferentes de 1 e 2 metros (Ex: 2,05 metros); − hastes tortas;

− uso de bico do amostrador danificado (com ranhuras ou amassado), que pode alterar o número de golpes no ensaio SPT, pois a presença de deformações nesta peça oferece maior resistência à cravação do amostrador;

− martelo sem coxim de madeira ou com coxim ineficiente (ocorrência de repique);

− tubos de revestimento (camisa) em quantidade insuficiente para a execução da sondagem; − preenchimento incorreto do furo ao término da sondagem;

− não cumprimento da especificação técnica do Metrô com relação à recuperação do nível d'água (mínimo de 120 minutos ou 3 medidas idênticas);

− não observação de mais de um nível d'água, quando solicitado para verificação de cargas piezométricas de lençóis empoleirados;

− velocidades excessivas de execução das sondagens, comprometendo a qualidade dos

A B C D 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Empresas Avaliadas S o n d a g e n s M a l E xe c u ta d a s ( % )

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resultados. Com base na experiência acumulada pelo Metrô, foi estabelecida uma produtividade média de 7m/dia para a execução de sondagens de simples reconhecimento com boa qualidade para sondagens de comprimentos médios de 35 m;

− Graves problemas de logística. Ex.: ineficiência no fornecimento de água; − Falta de calibração de equipamentos;

− bombas com capacidades incompatíveis com a profundidade das sondagens (lavagem ineficiente); conduzindo a formação de “bucha”. Em alguns casos, a quantidade de “bucha” observada foi tão grande que o amostrador estava completamente preenchido (Foto 1); − “estimativa” do número de golpes (valor do SPT), realizando-se a perfuração contínua por

lavagem e o ensaio SPT somente feito quanto havia mudança litológica, buscando maior velocidade de execução;

− falseamento na coleta de amostras, onde de apenas uma manobra foram retiradas várias amostras do corpo do amostrador bipartido, que foram identificadas como sendo de diversas profundidades (Foto 2);

− falta de controle da altura de queda do peso na realização do ensaio SPT; − falta de controle da cota exata de realização do ensaio;

− uso de medidor de nível d'água manual (“piu”) e não o elétrico, como prevê a especificação técnica do Metrô. O medidor manual é impreciso, pois depende da sensibilidade auditiva e manual do sondador que está operando-o;

− preenchimento deficiente do boletim de campo, deixando de informar ocorrências importantes durante a execução da sondagem.

Foto 1: Amostrador completamente preenchido por “bucha”.

Foto 2: amostras referentes às profundidades de 22m e 23m se encaixando prefeitamente.

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Problemas de laboratório (classificação táctil-visual): − Falta de análise de todas as amostras para classificação;

− nem todas as amostras são devidamente classificadas (por ex.: diferenciação granulométrica); − falta de acurácia na inspeção visual das amostras (por ex.: detecção de detalhes geológicos); − descrição geológico-geotécnica deficiente;

Problemas de apresentação dos resultados (Perfis individuais): − boletins fora de padrão (Metrô);

− preenchimento incompleto e incorreto;

− preenchimento com convenções gráficas distintas das especificadas pelo Metrô; − reincidência de comentários na correção dos boletins definitivos;

− Necessidade de constantes comentário e revisões dos perfis individuais.

SISTEMA PRELIMINAR DE AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DOS SERVIÇOS

Elaborou-se um sistema de avaliação que se baseia no acompanhamento dos serviços nas etapas de campo, de análise e classificação em laboratório e de apresentação dos resultados. Em cada uma destas etapas, a avaliação é feita com o auxílio de Check Lists, aos quais se associa um sistema de notas para cada item avaliado.

Em campo o procedimento de análise consiste da fiscalização do cumprimento dos procedimentos e do uso de equipamentos previstos na norma brasileira e na especificação técnica do Metrô. No laboratório é avaliado o cumprimento da norma com relação à descrição e classificação das amostras e à acurácia na análise destas. Para a apresentação dos resultados avalia-se a veracidade e a forma de apresentação dos dados do Perfil Individual de Sondagem.

O sistema tem por objetivo uniformizar o critério de avaliação e de quantificação da qualidade das sondagens, com vistas à aceitação final destas.

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SELEÇÃO DOS PARÂMETROS A SEREM AVALIADOS

Os critérios adotados para as avaliações das sondagens do Metrô de São Paulo foram estabelecidos com base na norma brasileira para execução de sondagem de simples reconhecimento NBR-6484/ 2001 e também na especificação técnica do Metrô, ET-2.00.00.00/ 3W9-001 – Sondagens e Ensaios Geotécnicos.

Foram selecionados parâmetros a serem analisados na fase de execução da sondagem, na fase de análise e classificação das amostras em laboratório e na fase de apresentação dos resultados no Perfil Individual Sondagem, cujos critérios de análise de alguns destes parâmetros são descritos a seguir:

Fase de Execução:

 Acondicionamento de amostras

As amostras devem ser acondicionadas em recipientes herméticos e de dimensões apropriadas e que contenham fácil identificação das mesmas.

 Leituras de Níveis d’água

Em obras subterrâneas, muitas vezes torna-se essencial o conhecimento da existência de mais de um nível d’água como também a carga piezométrica de cada nível. Além disso, a experiência do Metrô tem mostrado que o tempo estabelecido pela NBR 6484 – 2001 é muitas vezes insuficiente para a estabilização do nível d’água em um furo de sondagem assim que este é detectado. Desta forma, a especificação técnica do Metrô estabelece procedimentos de leituras de níveis d’água distintos da NBR 6484 – 2001, os quais são apresentados a seguir:

· Quando uma sondagem atingir um nível d'água, deverá ser aguardada a sua estabilização durante 120 minutos, no mínimo, realizando-se 3 leituras a cada 10 minutos, 2 leituras a cada 15 minutos e 2 leituras a cada 30 minutos. A estabilização será caracterizada por 3 leituras consecutivas iguais com intervalo de 30 minutos entre elas;

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· Para todas as leituras de nível d'água deverão sempre ser registrados a data, a hora, a profundidade do furo, a posição do revestimento e eventuais dados complementares. Todos os dados deverão ser anotados na tabela-padrão;

· Antes do encerramento da jornada diária de trabalho, o furo deverá ser esgotado, anotando-se o nível d'água atingido e as respectivas profundidades da sondagem e do revestimento. Se o furo estiver em material muito permeável, em que o esgotamento for difícil ou impossível, este será feito, pelo menos, até dois metros abaixo do 1º nível d'água registrado. No dia seguinte, antes do início dos trabalhos deverá ser realizada nova leitura do nível d'água;

· Quando for necessário determinar os níveis d'água de todos os aqüíferos encontrados (confinados, artesianos, empoleirados), deverão ser isolados dos níveis superiores pela cravação do revestimento na camada impermeável. Estes níveis d'água devem, também, ser estabilizados conforme critério acima;

· Para confirmar o nível d'água ao término da sondagem, deverá ser efetuado novo esgotamento do furo aguardando-se a estabilização do mesmo, conforme procedimento acima, após o qual o revestimento poderá ser retirado;

· Não são aceitas sondagens sem medidas de nível d'água ou incompletas.

São denominadas sondagens simples aquelas que somente o primeiro nível d’água for lido nestas condições, e completas aquelas que os demais níveis d’água ao longo do furo de sondagem forem lidos de acordo com este procedimento.

 Velocidade de Execução

A experiência do Metrô com sondagens de simples reconhecimento com SPT para os solos do Terciário da Bacia Sedimentar de São Paulo revela que as sondagens bem executadas realizadas nestes solos apresentam uma produtividade média de 7 metros por dia. Esta média foi obtida analisando-se um grande número de sondagens que foram bem executadas em várias campanhas de sondagens para o Metrô.

Desta forma, as sondagens que apresentam produtividade muito acima da média podem ser penalizadas, eventualmente descartadas. Obviamente, é possível executar sondagens rasas em maiores velocidades, mas nas profundas, velocidades altas, de maneira geral são sinônimo de baixa qualidade executiva, exceto quando se utiliza equipamentos mecanizados.

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 Preenchimento de Folha de Campo

Os boletins de campo devem ser encaminhados ao cliente sem que sofram qualquer alteração ou correção ao término da sondagem, seja por parte do sondador, ou por parte do laboratorista, garantindo assim a permanência da informação primária. Também não são aceitos os boletins passados a limpo. Nos boletins devem constar todas as informações colhidas durante a execução da sondagem ou procedimentos especiais empregados. A avaliação é realizada observando se os campos do boletim foram devidamente preenchidos pelo sondador ou equipe de fiscalização do Metrô.

Fase de Análise e Classificação das Amostras:

 Amostras a serem Analisadas

As amostras do bico do amostrador padrão devem ser, primordialmente, os objetos de análises. Nos casos em que haja mudança de camada junto à cota de execução do SPT ou quando a quantidade de solo proveniente do bico do amostrador padrão for insuficiente para a sua classificação, recomenda-se também o armazenamento de amostras colhidas do corpo do amostrador padrão. Nestas condições, todas as características distintas das características da amostra coletada junto ao bico do amostrador padrão devem fazer parte do Perfil Individual de Sondagem.

 Classificação Táctil Visual

Neste item é avaliada a classificação táctil/ visual da amostra. Uma classificação granulométrica ao longo da sondagem deve ser realizada, identificando as frações de finos (argilas e siltes) e solos grosseiros (areias e pedregulhos). A consistência e a compacidade dos solos devem ser avaliadas em função do SPT conforme a NBR 6484 – 2001. Também deve ser mencionada, de forma sucinta, a plasticidade dos solos finos em plásticos, muito plásticos ou pouco plásticos.

 Cor

Conforme a NBR 6484 – 2001, itens 6.6.7 e 6.6.8, devem ser designadas até duas cores para as amostras analisadas, empregando o termo “variegado (a)” sempre que for constatado a presença de mais cores. Neste caso, emprega-se o termo em substituição às cores das amostras. Devem ser

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designadas as cores branco, cinza, preto, marrom, amarelo, vermelho, roxo, azul e verde, admitindo-se as designações claro e escuro.

 Classificação Geológica

A classificação geológica tem por objetivo identificar a origem geológica do solo. Assim sendo, deve ser identificado se um material é um aterro, um solo residual, um aluvião orgânico ou colúvio ou se é terciário da Formação Resende ou São Paulo.

 Acurácia nos Trabalhos de Análise das Amostras

Entende-se por acurácia nos trabalhos de análise das amostras a precisão do laboratorista em identificar as presenças de mica, pedregulhos, limonita além de outras concreções em uma amostra de sondagem, devendo as mesmas fazerem parte do Perfil Individual de Sondagem. Também é avaliada a precisão do laboratorista em determinar os horizontes geológicos ao longo da sondagem executada. Para tanto, é fundamental que as amostras analisadas sejam seccionas longitudinalmente, permitindo melhor avaliar a ocorrência desses materiais.

Fase de Apresentação dos Resultados (Perfil Individual de Sondagem):

 Representação Gráfica

Os boletins definitivos de sondagem devem conter as convenções gráficas estabelecidas na NBR 13441 e na especificação técnica do Metrô.

 Gráfico de SPT

Além da coerência do valor do SPT com a escala gráfica, também é avaliado o posicionamento do “log” em função da profundidade de sondagem. Desta forma, o “log” para os primeiros 30 cm de cravação deve se encontrar a 30 cm da referida cota inteira, como também o “log” para a segunda e terceira etapas de penetração de 15 cm deve estar posicionado a 45 cm da mesma cota.

 Consistência com Sondagens Vizinhas

Sondagens próximas devem apresentar relativa consistência, quando não houver grande variabiliade dos maciços.

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 Preenchimento do Perfil Individual de Sondagem

O padrão do Perfil Individual de Sondagem a ser utilizado deve ser o estabelecido na especificação técnica do Metrô. O preenchimento deve ser completo, contendo todas as informações contidas no boletim de campo e as interpretações de laboratório, além de ensaios adicionais.

DEFINIÇÃO DO MÉTODO DE AVALIAÇÃO (SISTEMA DE NOTAS)

Com base nos critérios estabelecidos no item anterior, é possível estabelecer um sistema de pontuação para os serviços de execução de sondagens e estabelecer um sistema de “ranking” da qualidade para estas prestadoras de serviço.

O objetivo desta classificação é permitir um melhor controle dos serviços para futuras sondagens e garantir que o produto final tenha boa confiabilidade permitindo subsidiar o projeto com informações precisas e seguras.

Anteriormente à esta proposta foi elaborado um sistema semelhante de avaliação, que consistiu em se analisar alguns parâmetros referentes às etapas de classificação em laboratório e apresentação no Perfil Individual da Sondagem, além de algumas características da execução das sondagens passíveis de análise a partir da verificação do boletim de campo e do Perfil Individual, tais como a velocidade de execução e leituras de nível d'água.

Neste sistema cada parâmetro poderia receber nota de 0 a 1 ponto, num total de 10 parâmetros analisados, ou seja, a nota máxima poderia ser de 10 pontos. Entretanto, se algum erro de procedimento grave fosse constatado, a nota da sondagem seria zerada. A Tabela 1 a seguir mostra esta metodologia de avaliação, onde ao final a nota seria multiplicada por 1 ou por zero.

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Esse método foi utilizado para avaliar a qualidade das sondagens de uma empresa (empresa I) que não havia apresentado bom desempenho na execução dos serviços e a média obtida foi de 2,35 pontos. Para validar o método, este foi aplicado em sondagens consideradas de boa qualidade, executadas por outras empresas (empresas II, III, IV e V) e o resultado foi que as notas destas variaram de 7,5 a 10 pontos, como mostra a Tabela 2 a seguir.

Classificação granulométrica 0,4 ptos.

Descrição da Plasticidade 0,3 ptos.

Descrição da Compacidade/ Consistência dos materiais 0,3 ptos.

Descrição precisa conforme. 1,0 pto.

Descrição não muito precisa 0,5 ptos.

Descrição distinta 0,0 ptos.

Descrição conforme. 1,0 pto.

Descrição distinta. 0,0 ptos.

Descrição conforme. 1,0 pto.

Descrição distinta 0,0 ptos.

Procedimento conforme Especificação Técnica 1,0 pto.

0,2 ptos. 0,0 ptos. 0,5 ptos.

Precisão na determinação dos horizontes geológicos 0,5 ptos.

Não identificação ou ausência de precisão nos trabalhos 0,0 ptos.

Gráfico do SPT conforme 1,0 pto.

Gráfico do SPT distinto 0,0 ptos.

Produtividade < 5m/ dia 0,5 ptos.

1,0 ptos. 0,5 ptos. 0,2 ptos. -2,0 ptos.

Preenchimento conforme 1,0 pto.

Não preenchimento ou preenchimento incompleto 0,0 ptos.

1,0 pto.

Sondagens próximas sem consistência uma com a outra 0,0 ptos.

Somatória Pontos

Aceite Final Somatória x1 ou x0 Total Somatória x Aceite

Tabela 1: Metodologia de Avaliação dos Serviços de Sondagens de Simples Reconhecimento

Classificação Táctil/ Visual (A) Cor (B) Classificação Geológica (C) Classificação Gráfica (D)

Leituras de Níveis d’água (E)

Procedimento conforme NBR 6484 – 2001

Procedimento distinto da Especificação Técnica ou NBR 6484 – 2001

Acurácia nos Trabalhos de Análise das Amostras

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Identificação de mica, pedregulhos, limonitas e outras concreções Gráfico SPT (G) Velocidade de Execução (H) 5M < Produtividade < 10m/ dia 10M < Produtividade < 15m/ dia 15M < Produtividade < 20m/ dia 20M < Produtividade Folha de Campo (I)

Consistência com Sondagens Vizinhas (J)

Sondagens próximas mantendo relativa consistência uma com a outra

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Com estes resultados considerou-se que o método se mostrou sensível para avaliar a qualidade de sondagens executadas por empresas diferentes. Após esta análise, as sondagens da empresa I que obtiveram as notas mais baixas foram canceladas.

Nesta nova proposta, com o intuito de aprimorar este método, foram elaboradas três planilhas de Check List que possibilitam maior detalhe na avaliação de cada fase da sondagem (execução, classificação e apresentação dos resultados), sendo que cada uma das planilhas, assim como na metodologia anterior, pontua os parâmetros analisados com nota de 0 a 1 ponto, num total de 10 pontos cada. A média das 3 planilhas é a nota final da sondagem. Ao final da avaliação de todas as sondagens, deve ser observada a média geral para ponderar o desempenho da empresa executora.

As notas atribuidas dependem do atendimento aos requisitos estabelecidos no item anterior (SELEÇÃO DOS PARÂMETROS A SEREM AVALIADOS). Alguns destes parâmetros têm pesos maiores ou menores que outros, devido ao grau de importância e/ou influência no processo. Outros parâmetros podem ser até impeditivos para se iniciar uma sondagem ou suficientes para provocar o seu cancelamento, como, por exemplo, a utilização do bico do amostrador danificado (amassado), que pode alterar o N-SPT, pois um perfil irregular alterar a resistência à penetração do amostrador. As três planilhas de Check List do sistema de avaliação são mostradas a seguir.

Tabela 2: Resultados Encontrados

Empresa Critérios Total

A B C D E F G H I J I -1,01 0,43 0,44 0 0,3 0 0,36 0 0,84 0,98 2,35 II 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10 III 0,5 1 1 1 1 0,5 1 0,5 1 1 8,5 IV 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10 V 0,5 1 0 1 1 0,5 1 0,5 1 1 7,5

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LINHA/TRECHO: SONDAGEM: DATA INÍCIO/TÉRMINO: SONDADORA: EMPREITEIRA: AVALIADOR (nome e data):

1ª CHECAGEM – PARA INÍCIO DA SONDAGEM (Data: / / ) EQUIPAMENT OS E MATERIAIS*

Preenchimento do boletim de campo ( ) conforme – 0,5

( ) não conforme ou incompleto – 0,0

Tubos de revestimento Possui quantidade necessária ( ) sim - 0,25 Tamanho (múltiplo de metro) ( ) sim – 0,25 ( ) não - 0,0 ( ) não – 0,0 Composição de perfuração (hastes) Hastes retilíneas ( ) sim – 0,5 Tamanho (múltiplo de metro) ( ) sim – 0,5 ( ) não - 0,0 ( ) não – 0,0 Medidor do nível d'água Elétrico ( ) - 0,5

Comentários: Recipientes para amostras ( ) sim - 0,25 Caixa de amostras ( ) - 0,125

( ) não - 0,0 Sacos plásticos ( ) - 0,125 ( ) sim - 0,5

( ) não - 0,0 Ferramentas gerais Possui ( ) sim - 0,5 ( ) não - 0,0

INFRA-EST RUTURA/LOGÍST ICA

Fornecimento de água Eficiente ( ) sim - 0,2 ( ) não - 0,0 Possui ( ) sim - 0,2 ( ) não - 0,0 Comunicação com base de apoio Possui ( ) sim - 0,1 ( ) não - 0,0 PONTUAÇÃO PARCIAL (nota máx. 4,5 pontos):

2ª CHECAGEM – DESENVOLVIMENTO DA SONDAGEM (Data: / / ) MANUTENÇÃO DA CONDIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS Comentários:

( ) sim - 0,5 ( ) parcialmente – 0,2 ( ) não - 0,0

OBSERVAÇÃO DO CUMPRIMENT O DOS PROCEDIMENTOS (NBR 6484 E ET- Metrô)

( ) sim - 0,25 Comentários: ( ) não - 0,0

( ) sim - 1,0 ( ) não - 0,0 Observação do nível d'água

( ) Procedimento Metrô - 0,5 ( ) NBR 6484 – 0,2 ( ) outro – 0,0 ( ) sim – 0,25 ( ) não - 0,0 ( ) sim - 1,0 ( ) não - 0,0 Velocidade de execução ( ) 0,5 – Produtividade <5m/dia ( ) 1,0 – 5m/dia ≤ produticidade< 10m/dia ( ) 0,5 – 10m/dia ≤ produticidade< 15m/dia ( ) 0,2 – 15m/dia ≤ produticidade< 20m/dia ( ) -2,0 – 20m/dia ≤ produtividade PONTUAÇÃO PARCIAL (nota máx. 4,5 pontos):

3ª CHECAGEM – FINALIZAÇÃO DA SONDAGEM (Data: / / ) OBSERVAÇÃO DO CUMPRIMENT O DOS PROCEDIMENTOS (NBR 6484 E ET- Metrô) Comentários:

( ) sim - 0,25 ( ) não - 0,0 Remoção adequada do revestimento ( ) sim – 0,125

( ) não - 0,0 ( ) sim - 0,5 ( ) não - 0,0 ( ) sim - 0,125 ( ) não - 0,0

PONTUAÇÃO PARCIAL (nota máx. 4,5 pontos): NOTA PARCIAL – máx. 10 pontos (1)

CHECK LIST 1 - SONDAGEM A PERCUSSÃO – ETAPA DE CAMPO

Manual (“Piu”) ( ) - 0,0 Boas condições (fechamento, identificação)

Bomba d'água (centrífuga motorizada) Adequada (lavagem e preenchimento)

* Não autorizar o início da sondagem se o bico do amostrador estiver danificado, se o peso de bater não possuir coxim de madeira ou se não houver referência da altura de queda na haste.

Reserva de equipamentos (bico do amostrador, peso/coxim, corda, etc)

Manteve a qualidade dos equipamentos**

** A sondagem que estiver sendo executada com o bico do amostrador danificado, com peso de bater sem coxim de madeira ou sem referência da altura de queda na haste deverá ser cancelada e refeita.

Sondagem (procedimentos de perfuração, preenchimento do boletim de campo, uso de bentonita, etc)

Ensaio SPT de acordo com NBR 6484 (altura de queda, contagem do nº de golpes)

Verificação da cota exata do ensaio (erro máximo permitido de 10mm, segundo a NBR 6484) Limpeza do furo (presença de “bucha” no interior do amostrador)

Acompanhamento da recuperação do nível d'água

Preenchimento adequado do furo (do fundo p/ a boca com bomba e calda de cimento/bentonita)

Recebimento dos boletins de campo no período correto

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LINHA/TRECHO: SONDAGEM: DATA INÍCIO/TÉRMINO: SONDADORA:

EMPREITEIRA:

AVALIADOR (nome e data):

PARÂMETROS ANALISADOS PONTUAÇÃO

Classificação Táctil/ Visual segundo NBR 6484

Classificação granulométrica 1

Descrição da Plasticidade 0,75

0,75

Cor segundo NBR 6484

Descrição precisa 2,5

Descrição não muito precisa 1

Descrição distinta 0

Descrição conforme 2,5

Descrição distinta 0

Acurácia nos Trabalhos de Análise das Amostras

1,25

1,25

0

NOTA PARCIAL – máx. 10 pontos (2)

PARÂMETROS ANALISADOS PONTUAÇÃO

Descrição conforme 2,5

Descrição distinta 0

Gráfico SPT Gráfico do SPT conforme 2,5

Gráfico do SPT distinto 0

Preenchimento do boletim definitivo Conforme 2,5

Inconforme 0

Consistência com Sondagens Vizinhas

2,5

0 NOTA PARCIAL – máx. 10 pontos (3)

NOTA FINAL = (NOTA PARCIAL 1 + 2 + 3) / 3

CHECK LIST 2 - SONDAGEM A PERCUSSÃO – ANÁLISE E CLASSIFICAÇÃO LABORATORIAL

Descrição da Compacidade/ Consistência dos materiais

Classificação Geológica (aterro, aluvião ou colúvio quaternário, sedimentos terciários ou solo residual)

Identificação de mica, pedregulhos, limonitas e outras concreções

Precisão na determinação dos horizontes geológicos

Não identificação ou ausência de precisão nos trabalhos

CHECK LIST 3 – SONDAGEM A PERCUSSÃO – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Classificação Gráfica conforme NBR 13441 e ET do Metrô

Sondagens próximas mantendo relativa consistência uma com a outra

Sondagens próximas sem consistência uma com a outra

O método foi idealizado para uma avaliação por amostragem, onde as visitas da fiscalização ao local onde está sendo executada a sondagem ocorrem ao seu início, durante o seu desenvolvimento e no encerramento (Check List 1). A segunda etapa de fiscalização ocorre com a visita ao laboratório para verificação das amostras (Check List 2) e a terceira etapa se dá com a análise dos dados contidos no Perfil Indivudual de Sondagem (Check List 3). Este sistema é preliminar e está em fase de implantação para validação.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta de um sistema de avaliação da qualidade das sondagens de simples reconhecimento elaborada baseia-se no acompanhamento dos serviços nas etapas de campo, de análise e classificação em laboratório e de apresentação dos resultados. Em cada uma destas etapas, a avaliação é feita com o auxílio de Check Lists, aos quais se associa um sistema de notas para cada item avaliado.

O primeiro método apresentado mostrou-se sensível para avaliar a qualidade de sondagens executadas por diversas empresas. Esta nova proposta está sendo implantada em caráter preliminar nas campanhas de sondagens da Companhia do Metropolitano de São Paulo com o objetivo de validar o método.

Entende-se que, se este sistema de avaliação for sensível e realmente representar as inconformidades ocorridas durante a execução de sondagens de simples reconhecimento, o método poderá ser utilizado por clientes e até mesmo pelas executoras como medida de controle de qualidade interno.

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

Cavalcante, E. H., Danzinger, F. A. B. & Danzinger, B. R. (2006). O SPT e alguns desvios da norma praticados no Brasil. Cobramseg, Curitiba, PR, Brasil. Anais eletrônicos.

Parker, H. W. (2004). Planning and site investigation in tunnelling, 1º Congresso Brasileiro de Túneis e Estruturas Subterrâneas e Seminário International South American Tunnelling. São Paulo, SP, Brasil. Anais eletrônicos.

Teixeira, A. H. (1993). Um aperfeiçoamento das sondagens de simples reconhecimento à percussão. In: Solos do Interior de São Paulo, Mesa Redonda, ABMS, Núcleo Regional de São Paulo, São Carlos, SP, Brasil, 75-93.

Referências

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